— Onde vamos? — Katara perguntou. 

O sol do deserto estava sobre a cabeça dos dois, os pingos de suor caiam na areia e logo evaporavam. Zuko já tinha se desfeito das vestimentas de cima, Katara estava de top, dividiam uma pequena bolsa de água quase vazia, estavam caminhando sem direção a algum tempo.  

— Acho que devemos parar um pouco, é melhor andarmos de noite, é mais fresco e podemos nos localizar pelas estrelas— a garota completou, andava um pouco atrás do rapaz. 

— Tudo bem, vamos procurar algum lugar para ficar. Quanto de água ainda temos? — ele perguntou se virando para encarar a menina. 

— Pouco — respondeu depois de conferir a bolsinha que estava amarrada na cintura — podemos pegar um pouco de água de cacto?! — sugeriu ao avistar a planta não muito longe. 

— Acho melhor não, água de cacto é amarga e pode causar mal-estar estomacal. — disse logo, imaginou a cena deles vomitando e sentindo cólicas, fez cara feia. 

— Experiência própria? — ela perguntou rindo da careta dele. 

— Futuros herdeiros possuem uma boa educação — respondeu e deu um largo sorriso torto. 

Katara sorriu de volta, tomou a frente e seguiu em direção a uma espécie de caverna. Antes de entrar ela conferiu se não havia algum animal, apenas uns insetos voaram para a saída após a menina dominar a água para verificação, depois disso deitou-se sobre a areia gelada. Zuko fez o mesmo, conversaram por um tempo até cochilarem. Acordaram pouco depois com as suas bocas com gosto de areia. O céu estava com poucas estrelas, o vento frio já se fazia presente.  

— Preferia gosto de terra — ela dizia enquanto bebia o resto da água para limpar a boca. O príncipe coçava a cabeça a cada cinco segundos por causa da areia.  

— Nunca mais irei dormir na areia — resmungou jogando o cabelo para o outro lado fazendo um pouco de areia cair. 

Procuraram por algum tempo alguma fonte de água, acabaram achando um rio quase seco. A garota dominou a água até encher a bolsa, ficaram perto do rio até o céu escurecer.  

— Vamos cair fora deste deserto — Zuko falou colocando dois gravetos alinhados na areia. 

— Escolhe a mais brilhante — Katara avisou e se sentou. 

— Tudo bem — respondeu antes de se concentrar em olhar a estrela mais brilhante através da ponta dos gravetos.   

Esperaram um tempo até que ele se levanta dizendo que a estrela foi para esquerda e que estavam na direção certa.  

— Direção certa para onde? — a menina questionou. 

— Para o reino de Omashu — ele respondeu já andando para a direção que a estrela havia guiado. 

— Mas eu quero voltar para minha casa e não ir para Omashu — retrucou brava. 

Zuko respirou fundo e encarou a menina, se aproximou e disse calmamente: 

— Se quiser volte, porém minha irmã estará lá te esperando com fogo nos olhos e não apenas você irá se queimar, mas sua família e amigos também.  Se você quer ser livre para brincar com a água, então sugiro que me acompanhe, o Norte não fica tão longe do reino da Terra. 

— Não vou deixar meus amigos para trás! — respondeu virando as costas. 

A dominadora começou a caminhar na direção oposta, o príncipe continuou o caminho que seguia, pelo menos até sentir o cheiro de fumaça e se virar, encontrando assim os soldados atacando Katara e ela se defendendo com a pouca água que tinha na cintura. 

— Não vamos deixar vocês fugirem desta vez — o soldado falou sacando a espada. 

Zuko fez o mesmo e se posicionou em frente a plebeia, ouviu quando ela sussurrou "não preciso de proteção" e a ignorou. A cada choque entre as espadas uma faísca saia, o guarda girava a espada tentando desarmar o príncipe, porém Zuko possuía espadas duplas e desarmou o soldado com facilidade. Os outros quatros se aproximaram, Katara se preparou para atacar e assim que um dos homens se aproximou ela usou o chicote d'água.  

A batalha continuou, Zuko lutava contra dois soldados com espadas, enquanto Katara utilizava toda a água para se defender do dominador de fogo que atacava. Ficaram assim até Zuko perder uma das espadas e Katara ficar sem água. 

— Te pegamos — um dos soldados disse se aproximando da menina. 

Zuko viu de relance e percebeu que, mesmo estando sem munição, a menina continuava com um olhar forte e sem medo. O soldado dominou o fogo mais uma vez e mostrou algo parecido com o chicote d'água, o homem tinha a raiva estampada nos olhos, estava sem piedade em ataca-la. 

— Só precisamos do príncipe — disse antes de lançar o fogo em direção a garota. 

Zuko não hesitou em utilizar a dobra para defende-la, todos o encararam ao ver o disparo de fogo através dos dedos do príncipe. Os guardas que atacavam se afastaram. 

— O-O se-senhor é um dobrador? Mas-Mas o senhor é o príncipe. — Um dos soldados disse gaguejando. 

— Como pode? O rei odeia dobradores e o príncipe é um — o outro completou 

O rapaz não respondeu, respirou fundo, apanhou a espada que estava jogada na areia e enquanto as guardava, caminhava em direção a casa do tio. Desta vez, Katara o seguiu deixando para trás os soldados sem entender nada. 

— Como... Como você pode ser um dobrador se odeia dobradores? — ela perguntou depois de um tempo andando. Os guardas ficaram para trás, até pensaram em segui-los mas sabiam que não conseguiriam lutar contra dois dobradores. 

— Meu pai odeia dobradores, e eu não sou ele. — respondeu friamente. 

— E porque voltou para me ajudar? Porque me defendeu sabendo que aquele soldado estava certo, eles só precisavam de você. 

— Eu, como príncipe, aprendi que devo proteger o meu povo. 

— Não ensinaram isso ao seu pai?— ela retrucou e recebeu um olhar de reprovação. 

— Meu pai não teve a mesma sorte que eu... — respondeu baixo. 

Encerraram a conversa por aquela noite, conferiram se não estavam sendo seguindo e com a ajuda das estrelas confirmaram se estavam na direção certa. 

— Azula! — Ty Lee abraçou a amiga assim que avistou. 

— Nos chamou, princesa — Mai disse com um ar de respeito e irônia. 

— Preciso de vocês para uma missão — Azula falou, todas estavam dentro do quarto da princesa, quando a última camareira se retirou a menina voltou a falar — Zuko fugiu de casa... 

— O que? Como assim? Mas porque ele faria algo assim? — A menina da longa trança questionou, interrompendo a amiga. 

— Cale a boca Ty Lee! Ele discutiu com papai, e contou sobre o nosso segredo. Agora, a mandado do rei Ozai, devemos trazer o Zuzu de volta para casa, para que eu possa ocupar o meu trono. — Azula deu uma pausa e encarou Mai — ele irá se casar com a princesa Yue, do Norte, para fortalecer os laços do reino, provavelmente, ele irá reinar lá. 

Mai torceu o nariz ao ouvir a última parte, encarou furiosa a princesa, essa não abaixou o olhar. O clima no quarto começou a esquentar aos poucos. Por mais que tentasse a filha do governador não se conteve. 

— Porque eu ajudaria você a trazer o Zuko de volta para ver ele se casando com outra?! 

— Essa paixão pelo Zuko não deve interferir na nossa missão. 

— Nossa missão? Azula, você só se lembra se suas "amigas" quando precisa de algum favor. Essa missão é SUA e não NOSSA, não irei te ajudar nisso, sinto muito. — Mai disse e se virou para a porta. 

— Vá então, corra atrás do Zuko, porém saiba que ele NUNCA irá ficar com alguém como você! 

— Calma meninas, por favor não briguem. — Ty Lee falou na esperança que as amigas a escutassem. 

Mai continuou indo até a saída, mas Ty Lee segurou o pulso a impedindo de sair.  Agarrou também a mão de Azula. 

— Somos uma equipe, e não podemos brigar. Mai, — ela se virou para a amiga — por favor, Azula precisa da gente, ela é nossa amiga e irá se tornar rainha. — Encarou a princesa — E Azula, entenda o lado de Mai, ela gosta do seu irmão e saber que ele irá se casar com outra é difícil.  

Mai e Azula se encararam, apenas com o olhar se desculparam. Ty Lee abriu um largo sorriso e puxou ambas para um abraço apertado. 

Assim como Sokka, Toph e Suki, as três resolveram ir para o Norte. Azula queria conhecer a suposta "cunhada" e tentar ajudar Mai a sair vitoriosa.