— Eu não vou desistir!  Eu não vou desistir, pode acontecer o que for eu juro você será sim real!

— ei escritora você sabe né que tá em público?  Ficar repetindo isso sem tomar uma atitude é de fato ser perturbada das ideias!

Eu corria. Estava como sempre atrasada para a aula, havia saído um pouco tarde do trabalho,  enfrentei um trânsito, começara a chover e para completar eu havia passado a noite quase inteira escrevendo.

—Ah tô tão cansada. .. Acho que vou desmaiar.

—Quem te mandou ficar lá mais apagado do que escrevendo!  

— Sabe que eu não controlo!  Não poderia perder a inspiração!

—Sabe que esse lance de vida dupla tá te matando né? Agora foca na faculdade, é a vez da escritora e pare com os devaneios!!

Cheguei na aula faltando meia hora para terminar, bem em outras situações eu iria desistir, voltar para casa e ficar reclamando de minha má sorte.Todavia não queria rever "meus momentos épicos " os quais o porquinho ama jogar em minha cara, quando descobriu  que isso é bem mais dividido do que me jogar lama separou junto da coruja não só os momentos, mas também as consequências de minhas fugas e juntou tudo que eu já perdi pela minha falta de atitude. Oportunidades, relacionamentos e tempo tudo negado por mim, eram bons presentes de meu melhor amigo. .. O amor incondicional frustrado com minha falta de entendimento.

No dia em que se juntaram, Alai manipulou minhas emoções com o objetivo de expor os momentos mais sentimentais e bem difíceis juntamente com os opostos, desta forma separando em duas categorias: a primeira as situações que eu não consegui vencer, as que me frustrou e as que simplesmente não consigo encarar. A segunda as que eu superei e venci.

Alai montou joguinhos de situações, duas positivas e uma negativa de mesmo valor, é claro que havia mais momentos difíceis do que bons por isso ela completou com situações retiradas de exemplos, pessoas que eu admiro e  experiências de outras fontes (filmes, livros, musicas e etc.).

A coruja destrancou desta forma uma parte de meu coração, um quartinho de “bagunça” o qual  sempre escondo este momentos ou situações, os jogo lá e tranco, desta forma o que me fez mal ignoro e o que me frustra tento esquecer cometendo os mesmos erros... porém lá  se amontoam e se transformam em pequenos monstrinhos que fogem pelas frestas. Ela deu a chave ao porquinho e permitiu que ele entrasse lá e retirasse um ou outro monstrinho escondido.  

 Acredito que eu já deveria está em uma posição bem melhor que estou, sei que tecnicamente com a idade que tenho já deveria ter alcançado tantas coisas. Eu tenho sentido um olhar de cobrança, um ar de falta de confiança em minhas habilidades e no meu potencial, este último ocasionado por eu estar sempre a sonhar, sempre tão distante e por eu errar em coisas tão bestas como algo tão simples como contar páginas! Um de meu momentos épicos que se tornaram uma espécie de maldição que me faz perder a confiança em mim mesma juntamente com minha segurança o que faz eu continuar neste círculo vicioso e como consequência fico patinando em minha vida, sem conseguir seguir dando o meu melhor. .. Rever em minha mente estes momentos ou melhor ser forçada a encarar cada monstro que eu escondi em mim mesma naquele quartinho. Bem Billy tem entrado lá e soltado os monstros, cada vilão tão épico quando os erros que os geraram,não foram só os erros mas também a falta de interesse de ser de fato melhor, aceitando uma condição que pensaram ser a minha. .. A verdade sobre mim ou qualquer pessoa ou coisa é que tudo pode se transformar, tudo é mutável e tudo tão relativo que somente um ser superior, energia ou seja o nome que use pode saber o que é de verdade, pode julgar ou determinar o fim.

Ser constantemente julgada incapaz por pessoas que não vêem minha verdadeira essência é como uma vez Virtude me disse ou melhor em um de seus relatos. "Uma semente de mostarda é o que sou ", pareço apenas um pontinho de carvão, algo tão tão talvez insignificante? Sem potencial talvez ou algo que deve ser descartado por não ter utilização?mas a verdade é que tenho em mim a linha dourada que me liga ao meu Mestre, tenho como lonely uma vez falou tenho em mim um jardim de flores que venho cultivando e sou regada pelo rio que setenta. Serei em breve uma árvore e esta é a minha maior certeza. Vou sim quebrar esta ampulheta e serei a garota dentro dela.

Eu sei que é péssimo usar as aulas  para terminar o meu artigo ainda mais quando o professores são tão  bons,porém tive duas semanas para o escrever e eu precisei de metade do tempo para estudar como iria começar  ou melhor como expor este mundo de maneira académica. Tive de mudar o assunto principal ao invés de falar de meu mundo escrevi sobre o meu curso o combinando com a internet, este maravilhoso mundo que conecta todos os milhares e milhares de outros mundos como o meu.

Foi assim que encontrei pessoas como eu, é tão surreal a ideia de permitir que outros entre em meu mundo ao mesmo tempo que eu viajo para outros.Mais ainda é está inserida em grupos de escrita. Ah como é bom escrever,postar e vê um comentário.

Alai havia falado que este acesso pode conectar os diferentes mundos e este projeto seria apenas o começo. Também disse que está havendo uma ligação bem maior, enquanto o nome da moça é falado no mundo real o meu tem de mesma forma surgido em outros mundos paralelos, outras ampulhetas que estão se envolvendo neste novo elo. Algo semelhante ao diário de lonely (contei seus relatos na fic em busca da solidão) o que vem quebrando as barreiras e construindo pontes!

Duas principais ampulhetas com suas escritoras no mundo real se juntaram a mim através do mundo virtual, primeiro a árvore cujas as pétalas de suas flores eu fui a cada dia colhendo e me alegrando  e a outra chamada por mim de rainha da treta por escrever histórias cheias de drama.

confesso que devido aos meus devaneios por um longo período de tempo acreditei que fosse apenas mais um fruto de meus pensamentos, que não poderia esta acontecendo. Encontrar pessoas no mundo real como eu, pessoas que pensam e têm os mesmos interesses e além disso ajudam sem ganhar nada em troca!

Lembro-me do primeiro contato cerca de dois anos atrás, escrevendo bem pior que hoje numa tentativa desesperada de ajudar a lonely escrevendo seus relatos aqui. Estava explorando este novo mundo sem nenhuma experiência, conhecendo cada lugar com muito mais muito mesmo receio, todavia usando o nome da moça eu meio que ganhei uma confiança a qual permitiu buscar respostas. Tinha crescido com diversas questões e aqui eu me senti livre para buscar soluções, pois não era a escritora que o fazia…

Minha essência livre a viajar por este mundo até que a encontrei, mesma história alguém do mundo real que resolveu revelar sua essência através de uma ampulheta, com outro nome buscando também por respostas.

Um ano escrevendo todos os dias e um ano a árvore passou me presenteando com suas lindas flores, é estranho estar do outro lado da tela no mesmo mundo real, mas tão distante, desertos que se conectaram através deste mundo... Bem ela não foi a primeira pessoa do mundo real que encontrei aqui que me encorajou em minha busca, mas sinto em dizer que a primeira pessoa a comentar meus textos sumiu deixando um sentimento de perda e saudades com um pouco de curiosidade em saber como é no mundo real.  

A vergonha dos primeiros passos desajeitados que dei neste mundo foram se transformando em orgulho devido a sensibilidade e como posso dizer?  devido ao enorme coração e caráter que não julgaram meus textos como algo ruim e maus feitos ou se inrritaram com os constantes assassinados ao velho e bom português, mesmo que eu já tenha idade suficiente e uma obrigação em não errar nisto, é de fato uma obrigação o conhecimento das estruturas textuais e como dar andamento a uma narrativa tal responsabilidade ainda maior se eu sou uma escritora, talvez tenha se irritado com isto mas não desistiu de mim.

É tão tão motivador  ver este singular jogo de situações que Alai mostrou-me primeiro, sim a coruja usou esta experiência para comparar com todos os anos que andei sozinha e tão julgada inferior por outros tão estranha e boba, tão deslocada no mundo real sempre na contramão…   

Era alguém como eu que percorreu caminhos semelhantes, alguém do mundo real que não me julgava pelo contrário acreditou em mim e buscou ajudar-me a melhorar meus textos dedicando seu tempo a ler coisas com uma preocupante falta de compromisso com o português e muitas das vezes sem lógica, sem organização e que vergonha… eu fui uma terrível  vilã…

Meus dois primeiros livros tão pobres ao olhar literário, mas ricos em sentimentos… Foi assim que minha leitora viu e não desistindo de mim foi encorajando mais e mais até que eu não tenho como mais voltar, não posso retornar mais só tenho a minha frente um futuro onde irei de igual maneira contribuir.

Uma linha dourada ligada, uma flor da amizade que nasce onde menos esperava... penso nisto tudo enquanto tô aqui na aula que cheguei atrasada e sem prestar atenção ao professor sinto-me um pouco envergonhada como Billy disse preciso focar no mundo real e parar com os devaneios, como falei ao invés de prestar atenção ao fim da aula eu teimo em continuar a escrever.

quando a aula terminou e o professou chama-me eu então mostro o que tenho feito, claro que apenas o que tenho convertido em trabalho acadêmico, nada de relatos …

— Então é nisso que vem tirando a sua atenção e também é por isso que deixou de ser representante de sala…

— Sim é isso, eu meio que estou empolgada demais com este projeto.

— São pouquíssimos os alunos que se interessam em escrever um artigo e desenvolver um TCC como o que vem se dedicando, pois estão focados nas matérias e em apenas se formar. Já você não está assim tão preocupada em se formar não é?    

— Desculpa professor é que eu penso que só ter o diploma não me fará ter um bom emprego ou ser uma pessoa melhor. Penso que como aluna tenho vantagens as quais não vou mais ter quando me formar, há muito envolvido.

— Eu sei eu li alguns de seus textos e acredito em seu potencial, mas não deixe a peteca cair, e não falo isso por você estar tão distante de minha aula, falo por ser tudo um conjunto.

— Obrigada professor.

Ele se despediu de mim e o próximo professor entra e eu de novo focada em escrever. 

Quando cheguei em casa eu apaguei na frente do notebook.