Reputation escrita por Jubileep


Capítulo 7
Call it what you want - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Olá xuxus! Não postei final de semana passado, mas aqui estou eu! Espero que gostem e não esqueçam de deixar seus reviews, falta pouco pro fim ♥



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“My castle crumbled overnight, I brought a knife to a gunfight”

Ninguém sabe os dias que mudarão os rumos das coisas. Ninguém acorda e come uma porção de panquecas com xarope de bordo e espera uma avalanche de acontecimentos que podem significar uma mudança considerável na usual estabilidade. Ninguém sabe os dias que ficarão marcados... E são eles que realmente significam alguma coisa.

Rachel não havia dormido nos Fabray naquele dia, Quinn a convencera de que sua frequência na casa poderia levantar suspeita e a baixinha assentiu meio cabisbaixa, mas ainda compreensiva. Fez com que Quinn prometesse que dormiria na sua no próximo final de semana e, após o acordo, foi embora.

Por isso, quando Quinn levantou no dia seguinte ela não tinha um corpo menor que o dela para recorrer, nenhuma mão segurando sua cintura e procurando a barra de sua calcinha. Não havia marcas de chupão pra esconder além das do dia antes daquele, nenhum suéter de veado perdido em algum canto obsoleto do carpete.

A Cheerio desceu as escadas com pressa, após ter acordado vinte minutos depois do despertador. Não havia se dado ao trabalho de passar o uniforme das Cheerios, o que gerou comentários aflitos de Judy – disposta a correr para buscar o ferro de passar roupas no intuito de evitar aquilo que julgava como uma tragédia – e, então, comentários de Quinn; retrucando a mãe por ficar enchendo seu ouvido com detalhes como aquele quando tudo que precisava era de uma carona pra escola.

Judy Fabray lamentou não passar o uniforme da garota, mas deve ter esquecido com rapidez a frustração uma vez que no segundo seguinte ela e Quinn já estavam no carro, conversando amenidades, indo em direção ao McKinley.

Não é como se tivessem uma relação de mãe e filha perfeita, mas também não era necessariamente ruim. Judy tinha tantas expectativas em cima de Quinn, no entanto. A garota lhe observava com as mãos no volante, atenta na estrada, mas ainda fazendo perguntas sobre o clube do celibato, e Finn, e seu futuro impecável.

— Você e Rachel... – Ela começou, e Quinn estremeceu. –... Estão conseguindo terminar o projeto de ciências? – Indagou; claramente interessada. Como ela reagiria quando soubesse que não há projeto de ciências? Nem ao menos uma maquete de isopor mostrando a estrutura de um átomo.

— Na reta final. – Foi tudo que conseguiu formular, um sorriso quase imperceptível no rosto.

Seu estômago embrulhou.

 

[...]

 

Rachel havia acabado de sair de uma aula maçante sobre ligações carbônicas quando Jacob Ben Israel, o perdedor que vivia com uma câmera na mão gravando qualquer ser vivo que tivesse o infortúnio de cruzar seu caminho e sobrevivia para fofocar a respeito dos estudantes em seu blog, brotou bem no centro de seu campo de visão.

A baixinha lhe olhou da cabeça aos pés, subestimando sua existência, apenas desejando que ele sumisse com a mesma rapidez com que apareceu.

— Rachel Berry.

— Jacob? – Ela não se importou em segurar o ímpeto de revirar os olhos. O que diabo ele queria? A última vez que lhe importunou foi na época em que ele apostava todas as suas fichas que Finn Hudson estava traindo Quinn Fabray com ela.

Se ele ao menos soubesse que as coisas tiveram uma reviravolta bem mais interessante...

Rachel travou por alguns segundos, cogitando a possibilidade de ele saber de algo.

— Desembucha! – Pressionou, o garoto transpirava de um jeito que ninguém deveria ter a capacidade de transpirar, suas palmas claramente molhadas, uma gotinha de suor percorrendo o canto do seu rosto. Seus braços não paravam quietos, mas ainda assim, ele conseguiu dar aquele sorriso desengonçado de quem conta vantagem sobre algo.

Berry estremeceu ainda mais, sem evitar a expressão de nojo e preocupação.

— Tenho uma história prestes a ser postada no meu blog sobre você. – Anunciou.

— O que quer de mim? Se não for sobre minha participação marcante na Competição de Corais então nem se importe em coletar uma entrevista. – Berry decretou, pousando as duas mãos sobre a cintura e arrumando o cabelo copiosamente, mesmo com a câmera do rapaz desligada.

— Ninguém liga pro coral. – Jacob retrucou, aquela forma de falar patética como se estivesse prestes a fazer xixi nas calças numa escala constante.

— Então, não há nada pra ser dito.

Rachel virou-se, a cortina de fios pretos quase acertando o rosto do estudante, enquanto ele tentava guardar na memória o pouco do aroma de lavanda que a baixinha emanava. Era o mais próximo que teria dela, de qualquer forma.

  – É sobre você e Quinn Fabray.

O percurso da baixinha foi interrompido assim que o nome com Q alcançou seus ouvidos e seu cérebro processou a frase do rapaz como um todo. Elas haviam tomado todo tipo de cuidado: checavam centenas de vezes se alguém estava no auditório antes de se encontrarem, nunca iam juntas para casa, se escondiam com maestria. Nem mesmo seus pais, que estavam tecnicamente sob o mesmo teto que elas quando davam uns amassos no quarto, suspeitavam de uma movimentação estranha na relação das duas.

Como Jacob Ben Israel poderia ter noção de alguma coisa?

Ele não sabe de nada.

Rachel virou-se mais abruptamente do que gostaria, parte dela esforçando-se para soar calma e com tudo sob controle. Ela tinha nada sob seu controle, tudo que tinha era o nervosismo impregnado em cada mísero átomo de seu corpo, o coração acelerando-se e prestes a pular pra fora de seu corpo minúsculo.

— O que poderia haver entre eu e Quinn Fabray? – Indagou, desejando que Jacob ainda estivesse muito afundado em todo aquele drama Fuinn de cinco meses atrás.

— Você sabe. – Seu tom era irritante e malicioso, se não fosse eticamente errado ela derrubaria o garoto no chão e o socaria o máximo que pudesse. Rachel era pequena, mas naquela circunstância, ela sabia que tinha força suficiente para pelo menos quebrar seu nariz.

— Não, não estou ficando com Finn Hudson. E sim, ele e Quinn terminaram. Essa história morreu há décadas. Eu e Quinn não nos falamos. – Revirou os olhos mais uma vez. – Se atualiza, JBI.

— Não tem nada a ver com Finn.

Rachel estremeceu. Permitiu finalmente aceitar que talvez Jacob soubesse de alguma coisa de verdade, algo que não fosse um rumor mal construído. Sua mente tentava refazer qualquer deslize que ela pudesse ter cometido; qualquer ato imprudente nessa bagunça.

Daria qualquer coisa para que não houvesse nada pra esconder e começou a respirar ofegante quando se lembrou do deslize que talvez tivesse desencadeado aquilo.

Quinn iria lhe odiar pra sempre.

E ela choraria mais que o humanamente possível.

E nada de bom parecia estar vindo.

— Posso adiar a notícia por uma semana se me der uma calcinha sua.

 

[...]

 

 

— Quinn! Precisamos conversar! – Rachel alcançou a garota no corredor, que lhe lançou um olhar mortal por gritar seu nome de forma tão chamativa, quase como se não se importasse de atrair toda a atenção para elas. Recompôs-se em seguida, deu um oi beirando ao amigável e limitou-se a imitar a expressão de aflição da menor.

— Deve ser urgente pra quebrarmos essa regra. – Seu tom de voz andava numa corda bamba de repreensão e deboche. Não queria ofendê-la, mas não queria mais olhares direcionados a elas do que o necessário.

— Jacob sabe.

Rachel não teve tempo para fechar a cara e ficar emburrada com a frieza do comentário anterior da Cheerio, naquele momento sua cabeça era uma montanha russa que estava quase lhe obrigando a vomitar. Seu mundo girava, e ela sabia que Quinn ficaria furiosa quando processasse as duas palavrinhas.

— Jacob? Sabe...? Do que você...? – Fabray começou a arfar, torcia agarrada a um otimismo descomunal à ideia de que havia interpretado errado. Mal lembrava quem era Jacob, mas torcia para que ele soubesse qualquer coisa, menos aquilo. — Isso não... ?

Se não houvesse centenas de estudantes cruzando seus caminhos com seus fichários cheios, suas fofocas fervendo na ponta de suas línguas e os olhares tão atentos quanto de predadores Rachel a abraçaria ali mesmo, naquele corredor repleto de armadilhas, e então começaria a implorar por seu perdão. Era uma batalha que ninguém deveria precisar ter que enfrentar.

Como que sentir algo bom por alguém pudesse desencadear uma guerra?

— Vamos conversar em outro lugar. – Rachel decretou, de modo quase inaudível.

E elas tentaram atravessar despercebidas pela manada de adolescentes até uma sala vazia, logo elas que sempre almejaram por uma reputação invejável desejavam que fossem invisíveis naquele momento.

Perfeito. — Quinn soltou, ironicamente, ao entrar na sala onde havia beijado Rachel pela primeira vez. Milhares de pensamentos pessimistas alcançando a superfície. 

— Estou surtando! – Rachel desembuchou assim que fechara a porta atrás de si, ela nem havia percebido a infeliz coincidência, sua mente mal conseguia raciocinar por onde seus pés andavam e o que Quinn falava. – Jacob sabe sobre nós duas, ele está segurando uma matéria no seu blog idiota por enquanto, mas não sei até quando...

— Quem é Jacob mesmo? – A Cheerio indagou.

— Baixo. Estranho. Vive suando. Está no clube do celibato pra ver a calcinha das meninas?

— Ah... Jacob. – E revirou os olhos ao ter sua memória refrescada. – Rachel, você não está dizendo coisa com coisa, não tem como ele saber...

Mas Quinn também não acreditava no que ela mesma dizia, havia milhares de formas de saber se alguém fosse astuto o suficiente. Se alguém tivesse a infeliz coincidência de entrar no auditório, ou de passear embaixo das arquibancadas durante seus encontros secretos.

Fabray queria ordenar para que os pensamentos desesperadores fossem embora, saíssem pela porta o mais rápido possível. Mas lá estava ela, tornando-se uma ligeira imitação de Jacob Ben Israel e começando a transpirar por qualquer parte do corpo que conseguisse o fazer.

—... Ou tem como ele saber? – Quinn questionou, assim que a dúvida percorreu por cada átomo de seu corpo.

Silêncio. 

Oh-oh. 

— Tem. – Rachel fechou os olhos com força, apertando-os como se quisesse esmagar suas próprias córneas. Após JBI lhe chantagear por uma peça de roupa íntima, lhe explicou superficialmente e entre gaguejos como conseguira aquele furo milenar, aquela fofoca estrondosa.  – Foi há alguns dias – começou, sem saber se conseguiria chegar ao fim antes que a lágrima pudesse lhe alcançar e lhe arrancar as palavras. – Nós estamos na mesma sala em Biologia; e eu estava pensando no que escrever atrás da nossa foto de quatro meses em uma dessas aulas. Não dava pra ver, eu juro, meu corpo cobria tudo que tinha na minha carteira...

— Rachel... – Sua cabeça parecia querer explodir com tantas informações movimentando-se pra lá e pra cá num vai e vem nada agradável.

—...Eu pensei e pensei e pensei. Nem fazia ideia que Jacob estava naquela aula! E a sra. Pickett parecia não querer calar a boca, explicando a mesma coisa de volta e de volta, eu levantei para questioná-la sobre o trabalho que ela havia passado porque minha dupla estava com catapora e eu queria saber se podia ir com outra pessoa. Catapora, Q. Quem tem catapora com dezesseis anos? Não posso acreditar que Suzie ficou com catapora... Não acredito que uma doença de criança pôde... causar tudo isso.

— Vá logo aos finalmentes, Rachel! – Quinn decretou; ela não queria soar maldosa, não queria colocar a mão na cintura de forma prepotente como a antiga Quinn faria, mas inconscientemente as posicionou; enquanto os pés agoniados pareciam querer começar uma valsa.

— Passei cinco minutos tentando explicar para ela, e a sra. Pickett ficava se distraindo com a bagunça e meu deus, foi insuportável! – O choro encaminhando-se na voz de Rachel era visível, e a enrolação era claramente sua última forma de evitar o inevitável. – Quando voltei pra carteira Jacob estava mexendo nas minhas coisas, quando me viu voltando ele parou imediatamente e disse que...

— E você não fez nada?! Tinha uma foto nossa passeando nas folhas do seu caderno e você achou conveniente deixar ali? Achou que Jacob Ben Israel xeretando suas coisas não era nada demais? O cara que sobrevive de fofocas? Você foi imprudente! — Acusou.

— Ele vive tentando colar de mim, Q! Disse que queria os exercícios da última aula e eu dei uma bronca de que ele deveria ter me avisado e não saído mexendo nas minhas coisas. Eu não realmente pensei... Não pensei que ele veria aquilo.

Quinn suspirou, começou a andar pela sala apressadamente como se as quatro paredes e o teto decorado de planetas de isopor pudesse lhe dar uma solução. Pensou como adoraria voar para qualquer lugar que lhe tirasse do Planeta Terra naquele momento.

— Mas isso é a única coisa que ele tem sobre nós, certo? Podemos... Podemos inventar que viramos amigas; que somos melhores amigas. É ruim, mas é melhor que... Você sabe. – Sugeriu, tentando soar otimista enquanto as palavras cortantes dilaceravam os sentimentos de Rachel.

“É ruim, mas é melhor que... Você sabe.”

Ser sua amiga era ruim, mas ser algo a mais? Ser sua namorada? Ser a garota que beija seus lábios? Ser a garota que dorme com Rachel Berry? Ser a garota que conhece seu corpo? Ser a garota que gosta de garotas? Quinn não conseguia nem dizer, e estes pensamentos fizeram o coração de Berry inundar-se em desesperança.

Mesmo se superassem aquela crise terrível causada por Jacob, Quinn ainda achava absurda a ideia de ser qualquer coisa com ela. Como poderia haver alguma saída razoável para aquela situação? Como poderia haver uma realidade onde elas eram genuinamente felizes e sem nenhum segredo amarrado em suas pernas como aquelas esferas de ferro amarradas nas canelas de presidiários?

— O que ele pediu em troca? O que ele quis pra segurar essa fofoca? – Fabray questionou.

— Pediu uma calcinha minha. – Torceu o nariz, de nojo, de vergonha. Torceu o nariz porque soava tão bobo: por uma peça íntima ela poderia evitar uma avalanche que acabaria com a reputação de duas pessoas.

— Só piora.

Quinn revirou os olhos, parte dela querendo exigir um arsenal de calcinhas de Rachel Berry para manter essa história debaixo de tapete pelo tempo que fosse necessário, outra parte morrendo de ciúmes que alguém que não fosse ela pudesse ter acesso à  tal conteúdo e outra processando sobre como a situação era um absurdo sem tamanho.

— Me desculpa, me desculpa, me desculpa. Por nos colocar nessa situação. – A menor avançou sobre ela sem aviso prévio, o choro já caindo como uma cachoeira pelo seu rosto delicado, seus braços envolvendo seu pescoço como se Quinn pudesse ser sua salvação, mesmo sendo parte de seus problemas.

Rachel a abraçava e esperava sentir suas mãos passeando pelas suas costas até o braço poder lhe envolver completamente, esperava que a líder de torcida fosse agarrar sua cintura com a mesma urgência que Berry o fez.

Apenas retribua o abraço, droga!” gritava internamente. “Apenas finja que está tudo bem por dois segundos, estou desabando aqui, será que não consegue entender?”.

 – Você não respondeu, Rae... – A voz de Q saiu trêmula, amassada, exausta, prestes a perder-se no mesmo choro de Rachel. –... Isso é a única coisa que ele tem sobre nós? Uma foto que ele viu no seu caderno?

Quinn não a abraçou.

Rachel soluçava, mas estava em um silêncio tortuoso.

— Não. – Soltou, após algum tempo, como se tivesse custado caro para as três letrinhas conseguirem serem cuspidas pra fora.

Foi o suficiente para Quinn lhe acompanhar no choro, ela finalmente retribuiu o abraço, e Berry por dois segundos achou que a outra seria capaz de quebrar suas costelas com tamanha a força que depositava. Depois de algum tempo ambas se desvencilharam e Fabray caminhou para o lado oposto do cômodo, afundando o rosto em suas mãos.

Sentia seu coração prestes a quebrar em dez mil pedacinhos, já começava a pensar como faria para recolher todas as suas pecinhas quebradas depois.

— Jacob nos seguiu até o auditório depois que viu a foto... – Completou. – Ele disse que isso rendeu algumas fotos. – Berry não tinha certeza de como conseguia falar àquela altura do campeonato, mas as palavras não paravam de sair, ainda que carregadas de nervosismo. – Me desculpe.

Você garantiu... Você garantiu que tinha checado se alguém estava lá.

— Eu chequei! Mas... Mas fazemos isso com tanta frequência, e nunca ninguém está lá. Eu ‘tava tão preocupada... tão preocupada... Se você ia gostar. Eu só queria saber quais as palavras usar. Eu... Eu... O que vamos fazer, Quinn? – Perguntou finalmente. Como se uma das duas pudesse ter alguma ideia de consertar aquela coisa toda.

— Você sabe.

— Eu não sei. – Mas era óbvio que ela sabia.

— Não me obrigue a ter que fazer isso, Rae. Por favor. — Suplicou, segurando-se para não desabar em si mesma novamente.

— Não sei. Eu não sei. Eu não sei. — As lágrimas voltaram a rolar como se não houvesse fim, como se ela fosse capaz de produzir mais litros e litros de lágrimas de tão desestruturada que se encontrava. – Eu não sei.

— Você sabe. – Voltou a afirmar, evitando olhar diretamente nas suas íris escuras e no seu rosto inchado de tanto chorar. – Não podemos mais nos ver. 

— Está terminando comigo? Nunca me pediu em namoro... Mas está terminando comigo? Eu... Quinn... 

— Rachel... Você... Você sabe a resposta.


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Notas finais do capítulo

Iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiih será que dá tempo de consertar essa bagunça? Comentem ♥