Reputation escrita por Jubileep


Capítulo 6
Dress


Notas iniciais do capítulo

Meus amores! Espero que tenham gostado das fofuras do capítulo passado, ah... o amor... a felicidade... ah... Esperemos que continue assim, certo?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/756812/chapter/6

“Our secret moments in your crowded room. They got no idea of me and you”.

— Meninas, não se atrasem para a aula! – A voz melodiosa da mãe de Quinn ecoou da sala e o lado mais paranoico de Fabray jurava ter ouvido seus tamancos subindo as escadas e rumarem para seu quarto. Seu coração saltou e ela levantou-se de supetão da cama, correndo até a saia das Cheerios no cabide ao lado do espelho.

Rachel estava meio desconcertada, sentando-se gradativamente na cama e esperando mais uma crise passar.

Por quatro meses Rachel Berry era apenas sua colega de classe. A garota que a mãe de Quinn achava ser sua parceira num projeto de ciências que parecia não querer acabar nunca, ela era apenas uma amiga que às vezes ficava ali para fazer o que melhores amigas fazem: usar pijamas e falar de meninos desenfreadamente como se a existência delas dependesse de garotos patéticos.

Rachel não reclamava porque o medo de Quinn era o mesmo que o dela. Não sabia se estava preparada para caminhar fora do armário no McKinley, onde todos adoravam uma fofoca para se deliciar e adoravam oferecer opiniões nada convenientes na vida alheia.

Ela não sabia se estava pronta para os olhares e para se esquivar do dobro de slushies.

Suspirou, ela poderia superar algumas crises como essa para ficar ao lado de Quinn. Quem sabe estivesse fadada a fingir ser a parceira de um projeto escolar tolo pelo resto do Ensino Médio, mas tudo bem; ela conseguiria sacrificar um pouquinho de seu conforto em troca de todo o resto, certo?

— Ela não tá subindo. – Sussurrou, mas arrependeu-se no segundo seguinte. Quinn lhe fuzilou com o olhar e respirou fundo em seguida, mantendo a calma porque há cinco minutos estavam num momento bom demais para atirar contra a parede.

— Ela pode estar. Não quero correr riscos.

— Tá bem.

— Não vai ficar chateada, vai? Já conversamos sobre isso.

— Eu sei. – Rachel sorriu discretamente. – Ninguém precisa saber. Pro nosso bem. – E Quinn concordou hesitante. O que aquilo deveria significar afinal de contas?

— Pro nosso bem.

[...]

Quinn sentou-se ao lado de Santana e Brittany como fazia todos os dias no refeitório, os garotos populares as rodeavam e sua visão era poluída por Cheerios e jogadores de futebol com suas conversas superficiais e suas preocupações absurdamente rasas.

A abelha rainha tentava se concentrar na bandeja em sua frente e em comer aquelas gororobas que apenas Sue Sylvester poderia inventar no intuito de manter suas garotas magras e “perfeitas”.  Enquanto isso, do outro lado do refeitório, o clube do coral – exceto por Finn, que precisava revezar com o pessoal do futebol – se reunia numa mesa estreita num canto nada privilegiado.

Eles ficavam junto aos esquisitões, porque bem... Eles também eram os esquisitões. O que não anulava o fato de que até mesmo os geeks e as crianças vira-latas tinham certa vergonha de serem associadas com as crianças do coral. Musical é pra perdedores!

Quinn suspirava frustrada sempre que aqueles pensamentos brotavam em sua mente como pop-ups de sites suspeitos. Ela tentava soprá-los pra longe da superfície de pensamentos, mas eles continuavam a aparecer cada vez mais.

Estava vivendo um Romeu e Julieta contemporâneo ou estava apenas sendo dramática demais? Ela não queria morrer. E ela não iria literalmente morrer, mas, em sua cabeça, estar naquela situação era quase tão grave e terrível como tal coisa.

— Não aja como uma bichinha. Se não é melhor ir para o clube do coral! – Um garoto zombou do colega por algum motivo que Quinn não havia se dado o trabalho de prestar atenção. Eles vestiam orgulhosamente suas jaquetas do McKinley Titans porque ser parte de um time que vinha perdendo vários jogos seguidos era bem melhor do que ser de um clube como o ND. Fabray bufou baixinho e revirou os olhos impaciente; fingir que estava tudo bem tornava tudo mais e mais exaustivo. – Você sabe o que eles fazem no clube do coral? Cantam músicas sobre amor entre dois caras, aposto que você adoraria.—Completou.

— Sabia que o Sr. Shue não aceita heterossexuais no clube? – O outro comentou, como se a informações fosse verídica. – Heterossexuais não sabem dançar, estão ocupados demais trepando com as meninas gostosas. – E os demais riram.

— Vocês foram deixados cair de cabeça quando eram recém-nascidos ou suas bocas apenas gostam de competir com a bunda de vocês em relação a quem solta mais merda? – Disse Quinn, sorrindo e os olhando com aquela simpatia encharcada de fúria.

— Vai defender o clube do coral, Fabray? Pensei que os odiava por ter deixado Finn gay. – Continuou provocando o rapaz mais alto, cujo nome se Quinn não estava enganada era Azimio Adams. Ele e vários copos de slushies acumulavam vítimas entre os membros do ND.  

— Não estou defendendo o clube do coral, só estou suplicando para que você fique em silêncio pela porra de cinco minutos, Azimio, porque tudo que você sabe falar é que “não sei quem é uma bichinha” e que você é super másculo e incrível, mas todo mundo sabe que Kate terminou com você porque você chegava rápido demais. – Todos ficaram em silêncio, Santana Lopez sussurrou um “pegou pesado” para ela entre algumas risadinhas maldosas de orgulho e Quinn engoliu em seco, decidindo se deveria ou não continuar falando. – E é tão frustrante te ver falando do clube do coral e da sexualidade de Finn como se você tivesse algo pelo que se orgulhar. Então... – Respirou fundo, tentava manter a postura. –... Isso não é sobre defender o clube do coral, é sobre você ser extremamente frustrante de escutar.

— Aposto que você queria sentar na cara daquela duende que canta no coral. Quinn Fab-gay. – Vociferou.

— Você é patético, Azimio. – Foi Santana quem disse, enquanto comia uma jujuba que havia roubado de uma novata, mesmo tentando evitar os açúcares. – É sério, Q está certa. Você é repetitivo demais nas suas ofensas, é meio cansativo. E a história de Kate é meio que verídica, então... – Ela deu de ombros. – Adios!

E o garoto saiu ao lado de David Karosky; enfurecido. Assim que eles desapareceram o resto dos populares que se reuniam ali começaram a gargalhar e complementar sobre toda a fofoca envolvendo a ejaculação precoce alheia. Quinn também ria, ou tentava rir.  Quinn Fabgay. A voz do garoto ecoava em sua mente como se houvesse dezena deles proferindo isso contra ela.

Poderia ser dezenas dele proferindo isso contra ela caso ousasse sair do armário.

Respirou fundo.

Era só um mecanismo de defesa do jogador de futebol. Ele não fazia ideia do que estava falando. Ninguém sabia de nada...

[...]

— Soube que defendeu o clube do coral hoje. – Rachel disse, aparecendo repentinamente no campo de visão de Quinn, que guardava seus livros no armário de metal. Dezenas de estudantes cruzavam seu caminho e quando a voz de Berry chegou aos seus ouvidos ela enrubesceu. – Tá tudo bem?

— Hm... Tá sim. É que... Não sabia que tava permitido a gente se falar nos corredores e na frente de todo mundo. – Disse, pondo as duas mãos pra trás e desviando o olhar para qualquer ponto no cenário que não fosse os dois olhos arregalados de Rachel que caíam sobre ela e tentavam sugar sua alma.

— Nossa... – Sussurrou; mais pra si mesma do que para a maior ouvir. –... Só vim agradecer. É legal da sua parte.

— Eu não tava defendendo. É só que – deu de ombros – Azimio é tão irritante! Não podia ficar quieta vendo ele daquele jeito.

— Parece que alguém não quer admitir que é uma boa pessoa. – Zombou Berry, as duas agora andando lado a lado pelo corredor movimentado. Um rapaz mais alto que ambas vestindo uma calça cáqui e uma blusa verde de listras esbarrou no ombro de Quinn e continuou andando sem pedir desculpas. Quem ele pensava que era?

A abelha rainha se virou, ignorando completamente qualquer palavra que estivesse saindo da boca de Rachel e encarando o rapaz que continuava seu percurso. Uma garota apressada, no entanto, também não fez questão de pedir licença quando passou pela HBIC.

Quinn segurou o fichário com força contra o próprio corpo e encolheu-se frustrada. Aquilo não era pra estar acontecendo. Quando a terceira pessoa não se importou em praticamente levar o ombro da loira junto a seu caminho a mente de Quinn dividiu-se entre dois pensamentos: 1) todo mundo está apressado demais hoje e 2) estar com Rachel Berry estava lhe tornando invisível ou, então, desprezável o suficiente.

— Tá me ouvindo, Q?

— Hm?

— Desculpa, eu- eu me distraí. Preciso ir pra aula de Química agora. – Sua cabeça em outro lugar.

— Auditório, hoje, às quatro?

— S-Sim!

— Até... – Suspirou ao ver que Fabray já estava indo com passos apressados pra aula, o rabo de cavalo acompanhando o ritmo rápido das pernas. –... Até mais.

[...]

— Tem certeza que ninguém nos viu entrar aqui, certo? – Foi a primeira coisa que Quinn disse ao entrar no auditório, como sempre falara durante os quatro meses que se encontravam ali a tarde. Ela pousou a bolsa das Cheerios sobre um assento e subiu no palco onde Rachel a esperava.

A baixinha mordia o lábio inferior com certa impaciência, talvez porque pela primeira vez em quatro meses tal questionamento lhe irritara  mais que o habitual. Não sabia se tinha permissão de sentir aquelas coisas... A insegurança e o medo de que tudo pudesse acabar em questão de segundos.

— Acho que ficamos boas em nos esconder, relaxa. Ninguém tem ideia sobre eu e você. – Suspirou, Quinn sorriu discretamente e beijou sua bochecha. Rachel apertou o nó dos dedos com uma ansiedade incomodativa, principalmente porque a Cheerio sempre lhe recebia com um selinho mais carinhoso.

Será possível que depois de tudo Quinn ainda lhe considerasse uma amiga? Ou um experimento?

Elas nunca haviam conversado sobre isso durante os meses que tiveram se encontrando seja na casa de uma ou de outra ou no auditório e embaixo das arquibancadas do colégio. Elas se beijavam e dormiam juntas e divagavam sobre a vida, mas nunca mencionavam o fato de estarem juntas – exceto por algumas declarações que não resolviam a bagunça.

O futuro ainda era uma incógnita, e Rachel estava começando a se frustrar com o fato de que não sabia qual seria o próximo passo a dar. Esperar até o fim do Ensino Médio parecia uma escolha tortuosa, mas razoável se ela fosse otimista o suficiente para pensar que aquilo seria levado para a vida adulta de ambas.

Ela imaginava que se fossem pacientes poderiam viver uma vida mais pública e confortável em um apartamento em NY ou em LA, onde construiriam suas carreiras brilhantes e poderiam adotar gatinhos cujos nomes seriam de artistas que elas admiravam.

Mas então ela lembrava que se fossem pacientes demais, quem sabe, elas – especialmente Quinn – se acomodassem com viver aquilo por trás das cortinas. E se depois que adiassem o relacionamento para o fim do Ensino Médio elas acabassem, por pura comodidade, adiar para o fim de seus cursos na faculdade? E então decidissem adiar apenas até a primeira boa oportunidade de emprego e assim por diante? Quem sabe se assumissem antes de darem entrada num asilo, mas nem isso ela tinha como garantia.

— Eu trouxe algo. – Rachel anunciou. – Me sinto um pouco patética, mas mesmo assim, você sempre me achou um pouco patética de qualquer forma... Então... – Ela rumou até a própria bolsa e caçou algo dentro da mesma.

— O que é isso? – Quinn questionou ao que Berry lhe entregou, meio hesitante. Ela raramente calava-se, mas no momento a baixinha só se preocupava em capturar a reação da outra. Fabray abriu o envelope, era só uma foto das duas. “Só”.

Elas nunca tiravam fotos juntos porque elas raramente deixavam rastros de que estiveram juntas, o que fazia aquela em específico ser uma das únicas que mantinham de seus encontros. Metade do rosto de Quinn estava branco por causa do sol, haviam fios atrapalhando a visão de Berry e se emaranhando em seu rosto – tudo parecia ter sido planejado pra ser um desastre, exceto que não era.

Quinn sorriu e puxou Rachel pela cintura, ambas com o olhar sobre a fotografia entre os dedos finos da loira.

— “Feliz quatro meses sendo ‘algo’” – Quinn leu em voz alta ao virar a foto e encontrar as palavras gravadas com canetão preto.

— É que não somos namoradas então... Você disse que “isso não é algo” há quatro meses. Mas acho que meio que é algo, nem que seja algo pequeno. É algo. – Deu de ombros, sentindo-se na obrigação de se justificar enquanto o lábio se contraía timidamente.

— Isso é algo. – Concordou, lhe olhando dos pés à cabeça no momento seguinte.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Okay, vamos admitir que esse final foi fofo... Mas será que deu pra sentir uma certa tensão entre elas?
Espero que comentem e façam teorias sobre o que aguarda o futuro de Faberry. Será que elas serão Endgame?

P.S.: Falando em endgame, acho importante ressaltar que estamos caminhando para os últimos capítulos! (Ou seja, aproveitem para me encher de felicidade com reviews agora huahauha)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Reputation" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.