Reputation escrita por Jubileep


Capítulo 4
Gorgeous


Notas iniciais do capítulo

Olá! Espero que tenham gostado do último capítulo com um beijinho topssimo Faberry, mas agora elas precisam lidar com o que aquilo significou. Ixi... Vejo vocês nos comentários =D


Capítulo fortemente inspirado na música Gorgeous da Taylor, recomendo que escutem porque é bem carinha de Faberry/Achele ♥



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“You should take it as a compliment that I’m talking to everyone here, but you”.

Fazia três semanas desde que Quinn Fabray havia beijado Rachel Berry numa sala vazia depois da aula e fazia três semanas desde que Quinn Fabray havia decidido deixar o clube do coral e, também, fazia três semanas desde que Quinn Fabray sentia-se vulnerável sempre que via alguém baixinha e morena e tagarela.

Ela via o rosto de Rachel a cada esquina que virava e temia sobre o que seu coração andara aprontando nesses vinte e um dias. Ele já havia causado mais bagunça do que o necessário e agora andava fazendo mais bobagens imprudentes – como perder horas de sua sanidade pensando na garota.

Estava furiosa.

Rachel Berry era relativamente bonita, e meio esquisita, mas, ainda assim, bonita – o tipo de beleza que está ali, mesmo você tendo que forçar os olhos pra achar. E bom, ela tinha esse corpo que Quinn suspeitava ter sido feito para encaixar-se no seu – o que podia fazer se sua mente tentava lhe sabotar com essas afirmações que um dia ela teria achado absurdas?

Às vezes a Cheerio, sem saber se isso era algo bom ou terrível, perguntava-se se um dia morreria momentaneamente de novo com seus olhos colados no dela. Todas as respostas aceitáveis para a perguntas eram demais para ela lidar.

Como poderia fazer a baixinha entender que ela lhe ignorar nos corredores era um sinal de que estava viciada em pensar nela? Como poderia demonstrar que ela estava lhe deixando maluca por não ser sua? Como poderia dizer “hey, você arruinou minha vida, será que podemos nos beijar novamente?” sem sentir o peso da sua reputação sendo esmagada?

Sempre que via Berry queria gritar: te odeio tanto. Deus, você está linda hoje! (E por isso não sei como eu deveria me comportar quando vejo seu rosto). Tão piegas, tão absurdamente piegas… Como deixou isso sair dos trilhos a esse nível?

 Ela dizia a si mesma: okay, Quinn, não adianta chorar pelo leite derramado – mas o leite não parava de ser derramado e não parava de criar bagunças intermináveis em sua cabeça em seu coração e em todos os órgãos que se viam falhar por alguns segundos de tanto se revirar. 1,59 e todo esse furacão… Como ela foi parar ali no centro daquele desastre natural cheio de vida e suéteres de veado e comentários esquisitos e beleza absurda que era Rachel?

Quem sabe fora um erro sair do clube do coral tão repentinamente; talvez fosse prudente ter jogado a questão embaixo do tapete e seguido em frente, como se nada tivesse acontecido. Se ignorasse, quem sabe Rachel também o fizesse… Esse seria o segredo delas e morreria ali, naquela sala com planetas de isopor pendurados teto e mãos mais atrevidas do que deveriam – na sala do coral, com seus olhos bem abertos, porém discretos, ela ao menos poderia observar de longe sua mais nova quedinha. Ou seu mais catastrófico tombo – como queira chamar.

Era quinta-feira e ela esforçava-se para evitá-la nos corredores como andava fazendo já há semanas, mas não havia muito que fazer quanto a ela brotar em sua cabeça praticamente todos os dias. Ficava difícil para seus olhos não tentarem pescar faíscas dela toda vez que uma multidão amontoava-se pelos corredores, por mais estranho que aquilo fosse soar.

Nem a Cheerio saberia explicar direito: lhe evitava, mas queria desesperadamente ver seu rosto. Não queria encontra-la, mas se o fizesse tentaria guardar cada detalhezinho. Desabaria se a visse, mas apreciaria a queda.

Quinn adentrou no banheiro feminino com passos firmes demais até para uma abelha rainha feito ela, o peso de seu mundo desabando de forma inaudível dentro dela era o silêncio mais agonizante que ela já havia experimentado – e parecia ter se intensificado assim que o som de conversas e passos do corredor foi substituído por um banheiro quieto demais.

Pousou a bolsa das Cheerios no mármore, se viu respirar fundo de modo que seu peito fizesse o uniforme subir e abaixar na altura do busto. Tirou a necessaire que guardava ao lado dos livros e do desodorante e começou a retocar a maquiagem – ela podia estar cheias de questões, mas ao menos estaria impecável.

Impecável e com a mente longe. Quando seu delineado chegou ao fim ela nem se recordava como havia chegado ali, nem se lembrava do percurso de entrar no banheiro e tirar a necessaire e buscar um oxigênio que nunca era suficiente.

A única coisa que lhe puxou de volta para a realidade foi o barulho de uma das cabines atrás dela sendo aberta de repente. Ela queria focar apenas em seu próprio reflexo como costumava fazer em todas as vezes; no entanto tornara-se impossível não ser atraída pela figura atrás dela.

Respirou fundo.

Rachel Berry.

Precisava de mais ar.

— Ah… – A menor soltou baixinho, tão surpresa quanto Quinn. Ela encarou aquele rabo de cavalo e então os olhos de Fabray através do espelho lhe fitando com certa hesitação, gradativamente virando-se para lhe encarar de verdade e não por um pedaço de vidro. – Quinn.

— Rachel.

— Você saiu do clube do coral.

A Cheerio acenou que sim, suas mãos tremiam e ela tratou de lhes esconder atrás do próprio corpo.

— Eu… Ando ocupada com as Cheerios. E com o clube do celibato. E com os preparativos para o baile e…

— Já entendi. – Interrompeu, com um sorriso discreto daqueles que não se mostra os dentes e se dá apenas por educação. – Agenda ocupada. Entendi.

— Você… Você contou pra alguém? O que aconteceu aquele dia… – Quinn penou-se em seguida pela pergunta mal formulada, pelo tom preocupado demais como se estivesse se importando com sua reputação mais do que com o estado de Berry.

Ela queria perguntar como a menor estava, queria até abraçá-la, pedir desculpas pelos desastres que trouxe para a sua vida – desde o falso ódio até o beijo incrivelmente genuíno. Queria segurar sua cintura e lhe conduzir até a cabine e fechar a porta e… Deus, repetir o que acontecera na sala há três semanas.

Rachel, a alguns passos dela, bufou e revirou os olhos ofendida.

— Sua reputação está salva, relaxa. – Cruzou os braços como fazia ao ficar emburrada. – Não falei para ninguém, nem vou falar.

A baixinha olhou para baixo tentando não soar como esse cachorrinho cabisbaixo e carente que secretamente implorava por atenção, mas que não conseguia evitar. Para prevenir desabar mais um pouco decidiu continuar do jeito que Fabray optou por três semanas: ignorando a situação.

Rumou até a porta, desejando ter sido mais rápida para não ouvir a outra sussurrando seu nome de forma quase inaudível.

— Rachel. – Repetiu, então, em seu habitual tom de voz. Que merda é essa, Quinn Fabray?

Quinn… – Sua mão estava pousada sobre a maçaneta, prestes a abri-la e almejando que algo a fizesse ficar.. –...Posso perguntar algo? – Tomou a iniciativa; Quinn permaneceu em silêncio. –… Sei que disse que não, mas… Você sente algo por mim? Ou pelo menos… Sentia? Ou foi só uma coisinha pra você explorar seu lado “bi curiosa” já que você sabia que gosto de garotas de qualquer forma?

Silêncio.

Barulhento silêncio.

Quinn pálida, sem nenhuma prepotência e arrogância servindo de base para sua aparência. Ela era só uma garota no banheiro, tentando não soar como uma criança amedrontada por ter sentimentos que supostamente não deveria ter.

— Ah… Entendi. – Rachel deu de ombros, pensou que talvez desistir, naquela situação, fosse o mais saudável a fazer.

— Rachel.

— Hm?

— Acho que sim… Acho que eu sentia algo por você. Algo que não queria sentir. – Confessou, como se um peso fosse arremessado para longe de seus ombros. – Eu só não queria admitir... Podemos deixar pra lá e seguir com nossas vidas, eu nas Cheerios, você no clube do coral... – Sua voz era quase um sussurro, incerto das palavras que eram proferidas. Quinn queria deixar pra lá?

Quinn queria seguir sua vida como garota mais popular namorada do quarterback e sua casinha de bonecas e seus sentimentos de plástico e seu precioso clube do celibato?

Berry mordeu o lábio inferior.

— Ainda sente? – Foi o que conseguiu indagar depois de um tempo processando o que escutara. – Ainda sente algo por mim? Mesmo não querendo admitir...

Silêncio.

Quinn olhou pra cima como se pedisse uma resposta a qualquer um que estivesse sobre ela, mas nada além dela poderia definir o que diria em seguida. Ela sabia a resposta, por mais desagradável que fosse.

— Talvez. Acho que... Sim? Droga. — Praguejou.

Rachel virou-se com rapidez, como se uma faísca nela houvesse lhe fornecido essa carga de coragem para virar-se e encarar Quinn Fabray como ela queria já fazia algum tempo. Ela nunca havia visto a garota soando tão vulnerável, mas aparentemente havia primeiras vezes para tudo.

— Gosto de você, Q. – Disse mais séria do que gostaria, como se as palavras estivessem esperando um clique para que elas fossem desembuchadas. – Odeio suas atitudes, mas gosto de seu rosto, gosto de suas mãos, e da sua gargalhada, e gostei de beijar de você. Gosto até de como entrou naquela sala mesmo sem precisar ter ido me consolar porque você sempre foi uma babaca mesmo e não havia motivo pra mudar. E eu sempre te vi como alguém sem coração… Acho que três semanas foi tempo demais pra pensar, tempo demais pra eu ficar te olhando de longe no refeitório, tempo demais que agora eu meio que quero muito que você tenha um coração porque até que gosto de você. O suficiente para eu ficar pensando nisso. 

— Eu… – Seus olhos estavam arregalados, ela estava morrendo de medo, ela odiava aquela coisa que sentia.  Ela odiava apreciar aquela situação caótica porque isso significava sair dos trilhos perfeitos que ela havia traçado para sua via. –… Tenho um coração.

Berry engoliu em seco.

— Fico feliz em ouvir isso. – Disse, um sorrisinho brotando e indo embora na fração de segundo seguinte. – E ainda assim você coordena o clube do celibato. – Lembrou, decepcionada. – Como consegue? Não estou te julgando, Quinn, acho razoável que você odeia sentir algo por alguém como eu, mas... Mesmo se você se apaixonasse por alguém popular feito Santana Lopez ou Brittany, como conseguiria continuar num clube que ignora todos os hormônios inevitáveis que temos com 16 anos?

Deus, como consegue transformar tudo numa palestra, Berry? – Suspirou, checou a porta do banheiro certificando-se de que nenhuma aluna estava prestes a entrar e aliviou-se quando viu que a maioria dos estudantes já havia entrado nas salas (mesmo isso significando estar atrasada para aula de Inglês) e então voltou a apoiar-se na pia – Acho que me acostumei a mentir bem, okay? Acho que ainda faço reuniões semanais num clube que não acredito porque preciso me convencer de algo... Mesmo sabendo que não vai funcionar. – Se permitiu relaxar os ombros e olhar no fundo da íris escura da cantora. – Rachel… Como resolvemos essa bagunça?

A menor engoliu em seco, e de forma hesitante se aproximou de Fabray. Ela também apoiou a lateral de seu corpo no mármore de modo que seus corpos ficassem apenas há um passo de distância. Podiam ver cada mísero poro uma da outra, podiam sentir suas respirações quentes, ofegantes e sem ritmo inspirando e expirando. As pontas dos dedos de Rachel alcançaram a mão da Cheerio sobre a pia e Quinn praguejou baixinho.

Por que diabos não pensa na consequência de você tocar na porra da minha mão numa situação dessas? Mas que dro… Você é tão bonita, merda!

— Não sei. Acho que não tenho uma palestra pra te responder nessa, Quinn. Sorte sua, ou azar o nosso.

— Você não deveria ficar tão perto assim, está bem? Eu ainda sou Quinn Fabray. – Disse. – E se alguém entrar...

— Não vou te morder, Quinn. Ninguém vai entrar, e ninguém precisa saber que nos beijamos e que sentimos o que sentimos. Eu não quero que ninguém saiba e você também não quer. Isso não significa que não quero... – Respirou fundo. –... Isso não significa que não podemos, sabe, repetir.

— Tá maluca? Isso é suicídio social.

— Há cinco minutos você disse que sentia algo por mim!

— Algo que eu não sei o que é. Há um mês eu achava que era ódio mortal! Agora acho que não é ódio, nem nojo, é algo próximo a uma parte de mim que eu nunca encarei e... E isso não quer dizer que vou jogar tudo pro alto para viver um romance com Rachel Berry.

— Você tem certeza sobre ter um coração? Tenho minhas dúvidas. – Bufou. – Em minha defesa, não quero viver um romance com você. Falei que gosto de você, do tipo... Do seu rosto, e do seu corpo. Se dependesse das suas atitudes... – Disfarçou. Se falasse demais estava certa de que acabaria elogiando sua aparência de modo desenfreado. – Você realmente acha que queria me sentir atraída por alguém que sempre foi cruel comigo? Não tem nada a ver com quem você é, não quero ser sua amiga e ouvir seus dilemas de garota rica. Tem a ver com... Com isso tudo. – Apontou para a garota como um todo; o corpo perfeito. A bochecha quase enrubescendo.

Quinn revirou os olhos.

— Também... – Olhou pra cima, encarando o teto por um segundo como se resgatasse as palavras ou, quem sabe, a coragem pra falar. – Também gosto de seu rosto, Berry... De seu corpo e das suas pernas. Argh... Por que me obriga ter que dizer essas coisas em voz alta? – Será que não percebe as consequências de andar por aí sendo atraente mesmo com essas roupas esquisitas?— Mas de qualquer forma, se alguém descobrir...

— Não estou te pedindo em namoro, Quinn, credo. – Rachel gesticulava, insegura, com medo da rejeição. Ela havia esperado três semanas por aquela conversa, por mais aterrorizante que ela soasse. –  Estou só dizendo que se você sente algo por mim e eu sinto algo por você… Que estaremos fazendo se só nos ignorarmos? Digo, é difícil achar essas coisas recíprocas, não é meio errado fugir quando se acha esse tipo de raridade?

— Se alguém nos ver juntas e deduzir que...

Rachel bufou, mais furiosa do que gostaria de expressar.

— Só estou avisando que… Vou estar no auditório hoje às 16 h. Sozinha… A não ser que queira me fazer companhia.


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Notas finais do capítulo

Okay... Um capítulo só de conversinha e nenhum amasso nenhuma mão boba! Não fiquem frustrados, elas ainda possuem muita bagunça nessa atração recém saída do ódio mortal. Só resta saber se Quinn vai aparecer no auditório ou se Rachel vai ter que tomar medidas mais drásticas... ~~~~ comentem suas apostas ~~~~ ♥
Beijos, até o próximo e feliz páscoa!



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