Reputation escrita por Jubileep


Capítulo 3
Look what you made me do - Parte III


Notas iniciais do capítulo

Olá!! Mais um capítulozinho pra vocês, é isto! ♥ Espero que gostem e ~~comentem~~



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“Look what you just made me do.”

— Olhe o que me fez fazer! – Quinn vociferou em direção a menor logo atrás dela; ambas completamente sozinhas no auditório com centenas de assentos vazios em frente a elas. Rachel parecia querer segurar lágrimas, mas tudo que segurava era a barra do próprio cardigã, desejando estar em qualquer outro lugar menos ali.

Fabray parecia enfurecida, a forma como as palavras eram arremessadas em direção a outra também não expressavam nenhuma coisa que não aquilo. Raiva. Seu corpo girou para poder olhar Berry com a mesma maldita fúria que lhe obrigava a cerrar os punhos.

— Você que decidiu entrar no clube do coral. – Rachel acusou, não porque buscava vencer a discussão até porque, deus, Quinn era intimidadora demais para perder sua postura àquela altura do campeonato. Acusava porque não havia mais nada o que fazer, nenhum recurso para escapar daquela situação tortuosa. E ela negava-se ficar em silêncio.

— Porque você ficou trepando no meu namorado!

— Ele nem sequer é seu namorado mais. – Retrucou; farta das contradições da líder de torcida. Por que era tão difícil para ela desembuchar o motivo de tudo aquilo? Do ódio desenfreado, dos desenhos pornográficos com corações idiotas ao redor, da obsessão que parecia nutrir.

Quinn era bonita, era esse pacote inteiro de perfeição que alguém como Berry nunca sonharia em conquistar ou chegar aos pés. Ela não precisava correr atrás de Rachel como se a baixinha quisesse travar uma batalha contra ela – tal ideia era como se Berry decidisse levar uma faca para uma luta de armas de fogo. Por que continuava correndo, então? Por que sempre soava como se Fabray estivesse em seu encalço?

— Por que não me deixa em paz? Não há nada entre eu e Finn, nem nunca teve. Eu sequer gosto de garotos. — Rachel soltou, arregalando os olhos logo em seguida como se o inferno tivesse acabado de cair sobre seus ombros despedaçando qualquer estrutura que ela havia construído. Tampou a boca com as duas mãos, como se o ato fosse rebobinar os segundos que haviam acabado de passar e reverter as palavras que havia dito. –…Sequer gosto de garotos como ele. Meu tipo é… Hm… Intelectuais. – Corrigiu pateticamente.

Quinn estava desnorteada, porque ainda não tinha certeza se havia escutado aquilo com clareza. Seu coração começou a disparar tão rápido quanto a velocidade da luz e ela sentiu esse formigar percorrer desde a ponta de seu dedão até o topo de seu pescoço como uma corrente elétrica.

Ela tentava de forma árdua processar tudo isso enquanto sua parte maldosa planejava palavras ríspidas demais para jogar contra a “adversária”, mas como conseguia ignorar a parte de sua mente que lhe bombardeava com imagens de Berry em situações inapropriadas? Como conseguia falar algo terrível àquela garota e seu amontoado de lágrimas iminentes quando tudo que sua mente cheia de hormônios ficava lembrando era da performance de Push It e desejando com urgência ter sido ela no lugar de Finn Hudson?

Suspirou.

— Rachel. – Foi a única palavra que conseguiu formular após segundos demais em silêncio.

A menor fechou os olhos e franziu o rosto todo como se esperasse pelo pior.

— Você vai fazer minha vida um inferno agora não? Ótimo, te dei mais um motivo para me zoar. – Bufou. –… Eu… Não… Eu não escolhi isso. Ninguém escolhe. Você sempre foi péssima comigo, e não peço que entenda porque você tem qualquer garoto em seus pés… Você não se importa e eu entendo, mas por favor, tenta não se importar em silêncio. – Pediu, sucumbindo ao choro. – Isso não aconteceu, você não ouviu… Continue com seus desenhos pornográficos e seus slushies, só não mencione isso.

— Rachel.

Ela perguntava a si mesma se era tarde demais para bancar a compreensiva quando tudo que fizera nas últimas semanas fora transformar a vida de Berry num inferno na Terra. Talvez devesse recompor-se e atirar para longe todos os pensamentos que diziam coisas sujas demais como “oh oh, essa é sua chance de entrar de sua saia”, porque, afinal, ela nunca tocou naquele assunto.

No assunto de que talvez ela talvez quisesse beijar meninas com a mesma vontade que ela queria beijar meninos. No assunto de que talvez ela quisesse beijar Rachel Berry bem mais do que um dia quis beijar Finn Hudson ou Noah Puckerman.

Ou não. Talvez ela devesse ser a mesma HBIC de sempre – as coisas se desenrolariam com bem mais facilidade.

— Vou sair do clube do coral. – A menor decretou, antes que Quinn tivesse a oportunidade de formular uma sentença decente e não apenas seu primeiro nome num tom de voz hesitante demais. A Cheerio sentia-se estúpida, para onde havia ido todo seu vocabulário quando ela precisava?

— Você… – Massageou as têmporas. Como enfiara ambas naquela confusão? Oh, sim. Olhando demais para Rachel nos últimos meses. Se não tivesse reparado demais, e se concentrado demais, e analisado demais. Se tivesse apenas deixado passar suas esquisitices e sua voz dos deuses e suas pernas que ficavam tão bem numa minissaia. Se tivesse apenas ignorado sua existência e não dedicado algum tempo para notá-la quem sabe não estaria ali agora. –… Não é você quem deve sair do clube do coral. Eu fiz merda.

— Está decidido. – A outra deu de ombros, querendo soar inabalável, mas indo a baixo junto a uma lágrima que não conseguiu se manter firme na beira de seus olhos. Depois da primeira lágrima, milhares a seguiram, rolando pelo rosto e pingando em seu queixo. – Eu escondi isso por tempo demais e então soltei isso para Quinn Fabray, a garota mais prepotente e cheia de si e de ódio desse colégio. A garota que mais me odeia nesse Universo. O que eu tinha na cabeça? – Choramingou. – “Vou cometer suicídio social”, é isso que devo ter pensado.

— Você fala demais. – A maior resmungou, evitando lhe olhar diretamente nos olhos. – Não vou falar merda nenhuma, Berry. Sério. Se recomponha antes que eu mude de ideia.

Rachel não era muito bonita chorando, Quinn se lembrou de constatar. Ela franzia todo o rosto e seu nariz parecia aumentar como nunca. Fabray levantaria tais análises em voz alta se a vontade de humilhá-la não tivesse desaparecido como num maldito passe de mágica.

— Talvez eu não seja tão prepotente quanto você acha que eu sou. – Retrucou furiosa, firmando a bolsa das Cheerios no ombro e indo em direção à coxia que levava até a saída do auditório. Quando se cruzaram, seus ombros se esbarraram como se estivessem prestes a começar uma briga de rua, mas nada aconteceu.

Rachel continuou chorando sozinha desejando que tivesse alguém para se segurar. E Fabray desapareceu.

[…]

Quinn havia acabado de finalizar mais uma reunião do clube do celibato e seu estômago estava forrado. Ela sentia-se estranha, como se estivesse comido um burrito fora da validade. Ela havia comido brócolis e suco de laranja, ela devia estar sentindo-se absurdamente vazia, mas não prestes a vomitar.

Havia acabado de fazer orações e prometido que não pensaria em nada inapropriado antes de casar com esse homem maravilhoso que seria pai de seus filhos perfeitos, mas enquanto dizia para as dezenas de meninas sobre os atos pecaminosos que não deveriam cometer antes de achar “o” escolhido ela pensou em tudo que havia acontecido.

Em Rachel chorando como uma maldita criança, saindo acidentalmente do armário (quase como se estivesse lendo sua mente e descoberto as imagens nada inocentes que Quinn mantinha dela em sua imaginação e dissesse “veja só, essa é sua chance”) e em tudo que envolvia o maldito nome que começava com R.

O que Quinn sabia sobre isso? Desde que transformara-se na abelha rainha do colégio as coisas tornaram-se tão simples que ela não lembrava mais como era ficar angustiada por algo tipicamente adolescente. Ela não lembrava mais como era questionar-se daquela forma e sentir-se como se não soubesse qual era sua verdade.

Ninguém lhe ensinou a lidar com isso, porque tudo estava tão acertado, tão na linha.

Por que alguém – e logo Rachel Berry – tinha que chutar seu traseiro para fora da estrada e lhe fazer levantar todos esses detalhezinhos que sua cabeça sempre tentou evitar?

Segurou o fichário na altura de seu quadril com as duas mãos, o olhar seguindo as pequenas frestas entre os pisos do corredor enquanto guiava-se pelo mesmo caminho rotineiro até seu armário. Seu pensamento tão alto que, ao virar-se para olhar as salas vazias pelas janelas em cada porta, quis xingar o Universo com todas as ofensas possíveis.

Era só manter o olhar fixado nas frestas e ignorar o resto do mundo.

Por que seu olhar caiu sobre uma Rachel Berry desolada fitando os planetas de isopor pendurados sobre sua cabeça numa sala vazia?

Revirou os olhos. “Não se importe, siga em frente, saia dessa merda. Quinn Fabray, quem é você?”, sua mente estava agoniada, quase entrando em pânico – mas parte dela tinha o plano minucioso de lhe sabotar e, bem, essa parte estava se saindo bem-sucedida nos últimos tempos.

— Ainda super desolada com seu problema enorme? – Perguntou, querendo soar mais maldosa do que preocupada ao escancarar a porta e fechá-la atrás dela segundos depois. – Já disse que não vou contar nada sobre o que disse no auditório, será que pode não ficar sendo um cachorrinho abandonado com esse olhar triste por aí?

— Por que você se incomoda tanto? – Quinn pôde ouvir Rachel suspirar exausta, sem lhe fitar de verdade. – Nem é mais horário de aula. Você não tem uma oração pra fazer ou um comentário babaca pra deixar no meu MySpace?

— Não sei mais do que te xingar.

— Huh… Aposto que você sabe. – Retrucou, finalmente direcionando o olhar para Fabray. Seu olhar era bem menos intimidante do que o usual, mas ela ainda parecia inalcançável e mandona (e absurdamente bonita). – Tem bastante xingamento pra gente como eu.

— Falando assim até parece que você tá implorando pra eu te puxar do armário.

— Cala boca.

— Não, é sério. Se insiste, tudo bem. Rachel Berry gosta de garotas. Vou espalhar isso pro mundo… Como se o mundo desse a mínima pra quem é Rachel Berry. – Ela gesticulava enquanto o tom de voz aumentava gradativamente e a outra fechava mais o rosto.

Oh, obrigada. Isso me deixou muito melhor.

— Mas é verdade, Berry. – Revirou os olhos novamente. Dá pra perder a visão fazendo isso? Se sim, Quinn deveria começar a se preocupar. – Nem sei direito porque eu dou a mínima. – Confessou, emburrada por ter que o fazer. – Você só… Você é esquisita, tá bem? Mas eu também já fui. Sr. Shue está errado… Somos parecidas no fim das contas.

Aham. Você foi esquisita e somos parecidas. E Papai Noel existe assim como o Coelhinho da Páscoa. O que mais vai dizer?

— Você realmente não sabe escutar, não é? Como alguém te aguenta? – Quinn enfureceu-se novamente, jogando o fichário numa carteira com força e causando um pequeno estrondo. “Olhe a porcaria de seu suéter e seu cabelo e sua tiara e sua saia e suas pernas e… Suas pernas. Oh-oh.”

— Okay, Quinn. Estou ouvindo. Estou escutando… Mas antes, só me responde porque me odeia tanto.

A maior bufou.

Ela não tinha exatamente uma resposta. Nada bom o suficiente para justificar o que andava causando.

— Eu não sei. Olha tudo que me fez fazer. Olha a situação que nos metemos.

— Oi? De novo essa discussão? Eu não te fiz fazer nada. – Interrompeu.

— Não diretamente. Eu sei. — Quinn se aproximou, parando em frente a uma Berry sentada na mesa com os dois braços jogados pra trás apoiando o peso de seu corpo. Dava pra ver a trilha de algumas lágrimas passadas e sua bochecha estava meio avermelhada, talvez por vergonha ou pelo choro que havia feito uma bagunça por ali. Era difícil lê-la mesmo com Rachel sendo uma tagarela daquelas. Era por isso que a odiava, ou tentava a odiar. – Eu sou a abelha rainha por aqui, certo? Acho que você sempre quis ser isso, por isso senti que deveria te odiar. Mas… Não é verdade. Quem é você?— Engoliu em seco. – Foi mal. O que quero dizer é… Te odeio por me fazer me sentir ameaçada, como se você fosse roubar as chaves do meu reinado. Te odeio porque se te vejo como uma ameaça faço coisas estúpidas como entrar pro clube do coral e cantar um dueto com você e terminar com Finn Hudson.

— O que eu ser uma ameaça tem a ver com terminar com Finn?

Quinn suspirou. Ela nem sabia mais o que estava tentando dizer, o que faria em seguida, o que estava acontecendo.

— Você não tá entendendo que tipo de ameaça. – Respirou fundo. – Você não me fez entrar pro clube do coral, mas por qual motivo além de Rachel Berry eu entraria no clube do coral? Te odeio por me obrigar a fazer essas coisas estúpidas.

— Você entrou no clube do coral por mim. Pra me vigiar? Por causa de Finn? Você terminou com ele cinco minutos depois de entrar no ND! – Lembrou, jogando os braços para os lados. Ela encontrava-se sentada sobre uma das carteiras e, talvez fosse uma repentina claustrofobia, mas era como se Fabray estivesse propositalmente se aproximando dela.

— É porque eu penso em você, droga! – 100% de seu corpo perfeito enrubesceu; a vergonha lhe consumia, mas por algum motivo ela continuava vomitando as palavras que lhe faziam se sentir dessa forma. – Não que eu goste de você. Eca! Não que eu goste de pensar em você… Digo, droga, que merda eu tô tentando expressar? Quero dizer que quando você pensa demais em alguém seu subconsciente te influencia a querer ficar por algum motivo besta perto da pessoa apenas por ficar… E isso é tão constrangedor! – Quinn fechou o rosto, sentindo uma imensa raiva de si mesma. – Por que abri a boca? Enfim, será que entendeu? É por isso que entrei no coral, porque você está sempre brotando na minha cabeça como uma maldita erva daninha.

— Você é péssima tentando ser gentil. 

— Não estava tentando ser gentil. Estava tentando explicar porque te odeio. 

— Então me odeia mesmo?

— Não sei bem. 

Rachel sentiu a palma da mão formigar e o sentimento de que a loira havia se aproximado ainda mais dela mostrar-se verdadeiro. Ela quase podia sentir sua respiração e até o aroma vago de cereja em seu gloss começava a entrar em suas narinas.

— Como garotas como você conseguem complicar tudo, Quinn?

Suspirou.

Era a pergunta do século, pergunta esta que fez arrepios percorrerem seu corpo.

Por que estava complicando tudo?

Fabray não soube responder a pergunta assim como não soube explicar como seu corpo estava colado no de Berry no segundo seguinte. Ela nem conseguia lembrar com precisão como suas mãos conseguiram alcançar as coxas da menor com tanta habilidade e como sua língua alcançou a dela num segundo que parecia não acabar nunca.

Foi a coisa mais louca que já fizera em sua vida impecável e cheia de regras a seguir. Ela não se sentia culpada mesmo com parte dela dizendo que era assim que devia sentir. Todo mundo tem essa parte do cérebro que pensa mais do que deveria e se preocupa mais do que o cabível.

Essa parte dela preocupou-se com coisas como “e se eu for rejeitada por Rachel Berry?”, mas Rachel tinha suas mãos em sua cintura e seus lábios lhe correspondendo. Quando se separaram brevemente Quinn soltou um suspiro tão fundo que era como se o pulmão estivesse sem funcionar por tempo demais – deus, havia tanta coisa pra controlar dentro dela que Quinn nem sabia que havia tantos lugares que arrepios podiam alcançar.

Rachel a afastou de forma delicada mas ainda desconcertada, o batom claro e quase imperceptível parando no canto de sua bochecha sem entender como fora parar ali. Seus olhos enormes e pretos alinharam-se com o avelã esverdeado de Quinn Fabray sentindo tudo que pensou que não dava pra sentir.

— O que…

Quinn estava sem reação.

— Merda. – Fechou os olhos, a realidade batendo à porta e gritando seu nome. – Olha o que me fez fazer.

 

 

 

 

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Notas finais do capítulo

Se alguém aqui me conhece por The Faberry Mission e achou que ia demorar oitocentos capítulos pra rolar um beijinho só digo uma coisa: achou errado, otário! skapkdsokds ENFIM como elas lidarão com isso? Espero comentáriozinhos e até a próxima!
Beijossss



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