Reputation escrita por Jubileep


Capítulo 2
Look what you made me do - Parte II


Notas iniciais do capítulo

Oláááá novamente! Fiquei feliz em saber que tem gente acompanhando, e espero que gostem ♥



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“I got a list of names and yours is in red, underlined”

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É de conhecimento geral que Rachel Berry ultrapassava os limites do bom senso quando assunto era roupas e, especialmente, método. Com toda uma vida como cantora e atriz de sucesso pela frente a garota considerava necessário uma organização em relação às pessoas que lhe rodeavam e viriam a lhe rodear – afinal, todos ao seu redor atualmente não faziam ideia de que estavam convivendo com uma futura estrela importantíssima.

Foi isso que ela decidiu fazer enquanto Sr. Shuester não chegava para lhes dar uma bronca inevitável sobre a troca de repertório na assembleia. Sentada numa cadeira próxima à bateria e os demais instrumentos da banda e ouvindo os ruídos de seus parceiros atrás dela Berry decidiu começar a organizar, esforçando-se pra se lembrar das pessoas com quem convivia.

Partiu do pressuposto que ela era a protagonista e considerou que todas as situações que preenchiam seus dias eram apenas formas infalíveis do Universo de lhe desenvolver, lhe moldar para os dias de glória.

O que todo mundo representava, então? Personagens insignificantes? Quem ela poderia considerar um coadjuvante importante o suficiente para ela se importar e quem eram os meros figurantes desse show?

Seus pais com toda certeza representavam essa parcela de sua vida que não estava fazendo de tudo pra lhe derrubar ladeira abaixo, provavelmente os únicos que estavam se preocupando em lhe encaminhar para o estrelato. Seus colegas da escola eram coadjuvantes com histórias que Berry não tinha o tempo para se informar a respeito; exceto por alguns obstáculos entre eles.

Os obstáculos eram basicamente o resto do mundo, que teimava em não lhe tornar uma estrela da Broadway da noite pro dia. Era o mundo que ficava lhe jogando slushie na cara em escalas diárias e era a tão inconveniente Quinn Fabray e seu corpo escultural e suas tentativas de lhe derrubar e suas íris cor avelã que intimidam qualquer um por puro prazer.

Quinn Fabray.

Ah. Lá vinha outra linha de raciocínio.

Rachel não acreditava, de fato, nas bobagens que refletia em momentos maçantes como aquele: é claro que as pessoas eram bem mais do que ferramentas para seu desenvolvimento pessoal, é claro que as pessoas são mais do que classificações que ela inventava no horário livre por entretenimento. Mas por um lado, ela gostaria de pensar que Quinn Fabray era só essa pedra em seu sapato.

Também gostava da possibilidade de colocá-la em seu devido lugar, porque é isso que alguém dentro da classificação “obstáculos” merece. Ela merece que alguém a lembre que apesar de ela ser bonita e alta e super flexível ela não é a rainha de lugar algum.

Quinn Fabray.

Ela era apenas a garota mais bonita que Rachel já conhecera, e ainda que às vezes se perguntasse se a Cheerio era mais do que uma menina superficial com gloss de cereja e rabo de cavalo nunca conseguia concluir tais pensamentos. Quando ela permitia cogitar a existência de uma Quinn menos babaca do que a que conhecia, milhares de lembretes pessimistas criavam uma espécie de bloqueio.

Quinn sempre seria uma garota maldosa e, pelo menos, ali, naquela sala, ela nunca colocaria os pés e nem abalaria suas estruturas.

— Pessoal. – Sr. Shuester entrou de modo repentino no local, ainda que ligeiramente atrasado. Seu olhar não era nada agradável; sua testa estava enrugada de modo que uns dez anos fossem acrescentados à sua idade. Por que Rachel previa que ela seria a principal atingida pela bronca que viria? Bom… Ela meio que era a principal culpada, só custava a admitir.

— Foi pelo bem do grupo! – Disse, antes que o homem pudesse começar o sermão.

Era tão natural para Rachel o dom de enfurecer ainda mais o professor de espanhol.

— Eu estava planejando um discurso sobre como foi errado e como foi uma espécie de traição o que vocês fizeram. Pensei que isso era uma relação saudável, pensei que estávamos de acordo.

— Ninguém estava de acordo, Sr. Shuester. Só o senhor. – Rachel continuou.

— Preciso concordar. – Hummel, sentado a duas cadeiras longe da garota, disse levantando uma das mãos. – Você queria que performássemos Le Freak!

— Não posso mais confiar em vocês. – Decretou claramente aborrecido.

— Sr. Shuester… – A estrela do clube do coral tentou iniciar.

— Já sei o que vai falar, Rachel. Que fizeram pelo bem do grupo. – E ela concordou, acenando a cabeça de leve; sem saber se estava ou não encrencada. – E agora, pelo bem do grupo, por ordens do diretor, cantaremos apenas músicas de igreja. – Estava.

Todos ficaram quietos e boquiabertos, aquilo era suicídio social. Eles tinham conhecimento que estavam no fundo do poço e até estavam aprendendo a lidar com aquele estado; essa “novidade”, no entanto, faria com que eles chegassem ao núcleo da Terra com uma rapidez vergonhosa.

— Como isso pode ser pelo bem do grupo? – Rachel perguntou, alterando o tom de voz mais do que deveria. Atrás dela, Finn Hudson fazia um barulho irritante ao pisar de forma ansiosa. O garoto novamente viu aqueles pensamentos de desistência pulando em sua cabeça… Como diabo manteria sua reputação cantando músicas de igreja com “balões” e “deus” e “arco-íris milagrosos” num mesmo título?

— Para manter o grupo precisaremos cantar apenas essas músicas. Ou, sem clube do coral. – Sr. Shuester pousou as folhas com o novo repertório no piano de forma calma demais para Rachel conseguir processar a informação. Nada poderia ficar pior… Talvez Quinn estivesse certa: eles nunca gostariam do ND. – Está contente, Rachel? – O professor provocou.

— Não, não estou contente. Não sei se vou conseguir me adaptar a essa for-

— Não tem problema, eu me esqueci de falar pra vocês… Temos novos integrantes. Ou melhor, novas. – O homem apontou para a porta, quase feliz por poder esfregar aquilo em sua aluna mais pretensiosa (ainda que internamente enfurecido por ter que cantar músicas escolhidas pelo grupo de oração do Diretor Figgins). – Sejam bem-vinda, meninas. E já que vocês não deram conta, as garotas parecem bem dispostas a seguir as ordens dadas pela direção do colégio.

Da porta, Quinn Fabray e suas fiéis seguidoras adentraram no cômodo. O mesmo olhar prepotente que elas despejavam pelos corredores, o mesmo veneno quase escorrendo no canto do lábio de cada uma – exceto quando olhavam para o Sr. Shue, em tal situação elas soavam desumanamente doces e adoráveis.

— Olá pessoal. – Fabray cumprimentou, deu uma piscadinha e engoliu em seco ao encarar uma Rachel Berry nada feliz com as pernas e os braços cruzados enquanto uma mecha rebelde caía sobre o canto de sua bochecha. – Hey, Rachel. – Acenou, e todos desviaram o olhar para a menor. Ela preferia estar a sete palmos do chão do que ali naquele exato momento e em todos que se seguiram.

Brittany, a outra loira da trindade profana, apertou o botão de play no rádio e voltou com prontidão ao seu posto. Elas formavam uma espécie de triângulo onde Quinn se encontrava no centro e com dois passos à frente, uma perfeita abelha rainha – as outras duas pousando uma mão sobre seus ombros e a outra mão nas próprias cinturas.

Elas cantaram I Say A Little Prayer, causando pensamentos complexos demais nos outros estudantes para serem expressos. Sempre souberam que as Cheerios os odiavam, e de repente, as garotas mais populares do colégio estavam fazendo uma audição para entrarem em seu fracassado clube.

Era algo que deveria ser fantástico e excitante, mas nova competição não apenas tirava a possibilidade de ter solos de Tina, Kurt, Artie e Mercedes, mas também abalava as estruturas de Rachel e Finn – o garoto que, por sua vez, não tinha certeza se gostaria de ter a namorada lhe assistindo cantar e fazendo as coreografias que só Sr. Shuester conseguia fazer.

— Espero que tenham gostado. Somos um time agora! – Quinn anunciou, ao fim da música. O som da trovoada havia chegado aos ouvidos de Rachel.

— Isso é inadmissível. – Decretou Berry, levantando-se da cadeira. O olhar da capitã das Cheerios obviamente pousou-se sobre ela, haviam inúmeros adjetivos agradáveis que Rachel poderia atribuir ao rosto da menina, mas as quantidades de ofensas que poderia usar para falar de seu caráter ainda os superavam.

Os cochichos dos outros membros se cessaram.

— Todo mundo sabe que elas só querem prejudicar o clube.

— Foi você quem prejudicou o clube, Rachel. – Sr. Shuester lembrou, decidindo ignorar os comentários da garota dali por diante (ele sabia que demoraria algum tempo até Berry parar de reclamar e fazer suas saídas dramáticas demais). – Enfim, para a próxima assembleia faremos um dueto e um número em grupo. Estamos tendo sorte de ter mais uma chance, pessoal. Não estraguem tudo dessa vez.

Os cochichos se iniciaram novamente, apenas que desta vez os cochichos já nem poderiam mais ser classificados dessa forma – todos falavam alto e sugeriam a si próprios pra cantar o dueto. Mercedes parecia excitada com a possibilidade de Rachel Berry estar de castigo – tornando-lhe a escolha óbvia para Sr. Shuester. Ela já havia decretado milhares de vezes para o professor de espanhol, mas aparentemente seu gel de cabelo em abundância estava prejudicando seu juízo: “Eu sou Beyoncé, Sr. Shue. Não me trate como Kelly Rowland.”.

Kurt, o melhor amigo dela, soava tão animado quanto – imaginando um cenário onde ele e Finn fariam um dueto sobrecarregado de carga emocional, para quebrar os paradigmas preconceituosos de Ohio (no processo, ele montaria um plano minucioso para o quarterback se apaixonar por ele, ou algo assim).

Tina e Artie, por outro lado, temiam ser colocados como líderes vocais – ainda que achassem que tal possibilidade fosse mínima, já que Mercedes e Kurt praticamente gritavam sobre como eles eram os mais aptos para assumir o posto. Sair da zona de conforto que envolvia fazer “ooh” e “aah” atrás de Rachel e Finn soava como um passo grande demais para ser dado, ainda que fosse algo que ambos almejassem para o futuro no clube (num futuro que não envolvia receber slushie em literalmente cada corredor do colégio, todos os dias da semana, apenas por fazer parte do coral).

Talvez o ND estivesse agora passando por sua fase “vergonha culposa”; todo mundo tem dessas, afinal – jogos de tabuleiro, boybands e (exceto por parte do Sr. Shuester) músicas dos anos 70.

— Pessoal… – O professor tentou pôr ordem.

— Eu e Rachel faremos o dueto, certo? – Finn Hudson finalmente prontificou-se, após segundos com uma expressão meio desnorteada em seu rosto. Era difícil definir, na verdade, porque o garoto sempre parecia confuso em relação a tudo. Em sua frente, próxima ao piano, Quinn Fabray lhe olhava sem expressão alguma. Por que diabo ela continuava com ele? – Ou eu e Quinn, afinal, somos namorados. – Corrigiu prontamente, como se fosse esta uma sábia atitude.

Não somos mais namorados. — Decretou a líder de torcida, revirando os olhos para o rapaz.

— O quê?

— Você tem notas absurdamente baixas, só pensa em tocar nos meus peitos e vive falando de garotas como se fôssemos objetos. – Ela poderia ter resumido tudo a “eu só estava com você pela popularidade”, no entanto, os demais argumentos também se mostravam realidades.

Rachel puxou a barra da saia xadrez roxa em direção ao joelho, desconcertada por ver o término de “Fuinn” ao vivo e a cores, bem na sua frente. O que aquilo deveria significar? Por que Quinn estava ali senão pra vigiar Hudson? Isso significava que ela não a detestava mais ou que seu desprezo por Rachel superava seu relacionamento com o quarterback?

Tal resposta nem Quinn Fabray conseguiria saber.

No começo ela pensou que aquilo seria para provar pra Finn que ela também sabia ser emocionante e cheia de sentimentos como Rachel, isso tudo sem nem ao menos precisar vestir-se como uma senhora de setenta anos. Então, refletiu sobre como, do fundo do coração, nunca deu a mínima para o que o jogador de futebol americano sentia a respeito dela – foi sempre a Cheerio que liderou a relação, de qualquer modo.

Em seguida, pensou que aquilo seria para destruir o ND por dentro, como nos filmes de espiões e agentes duplos – mas sem as armas no tornozelo e saltos agulhas pretos como se fosse humanamente possível correr com aquelas coisas sem parecer desesperada para fazer o número dois.

Enfim, pensou sobre como entrar no clube do coral era a forma perfeita de provocar Rachel Berry, era tirar o único doce que aquela criança um dia viria a segurar. Tirar a única coisa onde ela era a protagonista, onde ela era a estrela – por mais patética que a coisa em questão fosse. Mas nem mesmo desse motivo Quinn tinha tanta certeza.

Sabia que se parasse pra pensar demais, sua mente lhe sabotaria. Seria um soco no estômago se Fabray admitisse pra si mesma a possibilidade de querer ficar perto da pessoa que por meses a fio achou detestável. Ela havia dedicado tanto de seu tempo analisando-a apenas para criar ofensas geniais sobre sua pessoa que, talvez, em uma dessas vezes que a analisou seu cérebro leu tudo errado.

Sabia que se parasse pra pensar demais, talvez visse que ter desenhado caricaturas pornográficas e depreciativas de Rachel nas folhas atrás de seu caderno até mesmo nas aulas que ela geralmente prestava atenção e também nas cabines dos banheiros – às vezes com estúpidos corações ao redor – fosse um sintoma de que estava ficando louca.

Por isso, ela estava evitando parar para pensar.

— Você podia ter tido essa conversa comigo sem milhares de pessoas ao nosso redor. – Finn protestou baixinho, com as bochechas tão vermelhas quanto dois tomates suculentos. Mas Finn não era suculento ou saudável, ele era mais como um garoto de dezesseis anos (ou seja, meio esquisito e sempre suando demais).

— Tem oito pessoas ao nosso redor, Finn. – Quinn lembrou, passando o olhar por todos os presentes na sala. O garoto se encolheu na própria cadeira, não que isso fosse literalmente possível, mas ele ao menos tentou. Finn era desproporcional demais para a cadeira cor bordô da sala do coral, um quarto de seu corpo ficando para fora dela; quando ele se encolhia ele apenas juntava os dois braços e os enfiava entre os joelhos de modo que seus ombros se aproximassem (um quarto de seu corpo continuando pra fora).

— Podemos não falar sobre isso?

— Sim, podemos. – Foi Sr. Shuester que se intrometeu. – Pessoal, vocês precisam aprender a me escutar antes de sair por aí cantando músicas inapropriadas; e isso tem que começar aqui, nessa sala. Quando eu digo que temos um dueto e um número em grupo é porque já sei como tudo vai funcionar e vocês precisam aprender a me ouvir antes de começarem a gritar como um bando de loucos.

Quinn, Santana e Brittany estavam com uma postura ideal – os ombros alinhados, as costas retas e as duas mãos em frente ao corpo. Soavam como alunas perfeitas – que Rachel queria poder mandar para bem longe dela.

— O dueto seria Rachel e Finn. – Admitiu o professor e Mercedes bufou tão forte que uma cadeira poderia muito bem ter caído. – Seria, se não fosse pelo desastre de ontem.

— Foi Berry quem nos convenceu. – Jones apontou para a baixinha, recebendo dela um olhar mortal.

— Eu imaginei… – Sr. Shuester suspirou, desapontado ao olhar para a garota. – Por isso o dueto será cantado por Quinn e Rachel. Acredito que você tenha muito que aprender com a senhorita Fabray aqui, Rachel.

E então, naquele momento, Berry entendeu o que as pessoas sentiam quando afirmavam com convicção de que sim, tudo sempre, sempre, pode piorar.

 


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Notas finais do capítulo

Dueto Faberry? Será que realmente vai rolar? Será que as meninas vão querer ir em frente com isso? Cena das duas sozinhas por aí??? COMENTEM O QUE ESTÃO ACHANDO XUXUS ♥ Vejo vocês semana que vem!



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