Coração Rebelde escrita por Aurora Boreal, Maiah Oliveira


Capítulo 4
Capítulo III - "Navegando em águas misteriosas"


Notas iniciais do capítulo

Hey Zombie!
Primeiramente: EI, VOCÊ QUE SUMIU ESSA SEMANA, TEM UM CAPÍTULO ANTES DESSE, TÁ? Então dá uma conferida antes de ler esse, é importante!
Vamos lá: Muahahahahahahaha, se preparem. As coisas vão começar a esquentar. E não se preocupe se o seu personagem ainda não apareceu, tenho algo planejado para todos eles, só não quero atropelar as coisas. Enfim, aproveitem!
Nos vemos lá embaixo...

Aqui é a Lilly, com o capítulo editado - 21/04/18
P.S.: Tenho que dedicar esse capítulo a Chosokabe Motochika, que já veio me perguntar sobre ele kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk S2



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CAPÍTULO III

"Navegando em águas misteriosas"

 

 

A decoração da cabine, apesar de se encontrar em um navio mercante, era de imenso bom gosto. As estantes carregavam uma grande variedade de livros do mundo inteiro, o globo com detalhes intrincados em ouro refletindo os restos da luz do sol daquele dia, criava sombras quase fantasmagóricas naquele lugar. Os pequenos pontos de luz amarela associados aos tons dos móveis de mogno faziam com que ele passasse uma sensação extremamente intimista. O que permitia que o capitão daquele navio e tantos  outros de seus tripulantes relaxassem o suficiente para se inclinarem para trás, de modo a apoiarem ambos os pés cruzados sobre a escrivaninha.

O bom capitão estava pensativo. Não lembrava a última vez em que não estivera assim, porém, naquele momento, suas preocupações ultrapassavam o habitual. Quase poderia ser considerada ansiedade vendo a forma com que girava duas bolas de chumbo em suas mãos. Mas a inquietação lhe tirava o sossego, da mesma forma que o impedia de exercer suas funções dentro de sua tripulação como de costume, tal constatação o desagradava profundamente.

Nenhum de seus homens ousou sequer o perturbar de suas reflexões, muito menos tirá-lo da cabine. E por um mísero momento, avaliou se não queria que o tivessem feito, assim poderia ter ocupado sua mente. Já não aguentava caminhar de um lado para o outro e sua expressão, sempre tão peculiarmente autoritária, estava distorcida em profunda meditação, seus dedos inquietos sobre o metal fundido que lhe feriam as mãos. Não sabia dizer se aquela deveria ser a postura que o capitão de O Viajante deveria ter.

Quando a porta de seu escritório foi aberta, por uma figura esguia, sentiu uma onda de alívio tomar seu corpo, da mesma maneira que percebeu sua expressão mudar, agora carregando em um leve sorriso sarcástico.

Agora, já estava em seu quarto copo e o whisky já estava apresentando seus efeitos no comportamento do capitão.

— O bom filho à casa torna, então. — Por um lado, sabia que não deveria provocá-la.

A mulher permaneceu calada até que estivesse acomodada em um sofá próximo aos vitrais que iluminavam o lugar durante o dia, mas que naquele momento exibiam um mar negro, seu rosto quase indecifrável perante o homem. Fascinação atravessou o olhar do capitão, de modo que ele se inclinou para frente para prestar atenção em seus movimentos.

— Não posso voltar — disse por fim encarando o homem loiro com uma espécie de súplica, afinal, devia sua vida a ele.

De forma exasperada, jogou seus cabelos loiros para trás com o intuito de tirá-los de seus olhos claros, então, o fitou novamente.

— Preciso descobrir o que aconteceu, Jacob — continuou com firmeza.

O homem levantou de sua cadeira, não de forma brusca e irritada, mas de modo que deixasse claro sua oposição ao pedido da mulher. Bem sabia que não poderia impedi-la, mesmo que ela se limitasse a obedecê-lo caso decidisse que deveria permanecer a bordo. Mas desfrutavam de um profundo entendimento, por isso sabia que seu pedido, não era dirigido por impulso ou excesso de ímpeto, mas de um desejo muito mais profundo. E ele a amava tanto, que se encontrou incapaz de impedi-la de concluir seu objetivo.

— Precisarei voltar. Não poderei protegê-la aqui, Arcádia! — Sabia que seu argumento não a convenceria, o olhar da moça o confirmando de sua teoria. Por um momento sentiu a dor de seu passado compartilhado, lágrimas nublando seus olhos, se de raiva ou de pesar, não sabia dizer. Seu coração estava partido, um coração que não sabia que estivera ali durante muitos anos. — Estará fora de meu alcance.

— Não é mais perigoso do que permanecer escondida aqui enquanto vistoriam a embarcação! — Arcádia mantinha a graciosidade de seus gestos ainda que estivesse claramente exasperada.

— Quando foi que deixei que algo acontecesse a você? — Socou a mesa, fazendo com que Arcádia se assustasse, estava tão tomado pela fúria e outro sentimento que não conseguia e talvez nem quisesse nomear, que mal registrou a reação de Arcádia. — Nunca ninguém tocou sequer em um fio de cabelo seu. Confio em meus homens, mas sei de muitas coisas que eles fariam a uma mulher como você. Acha mesmo que não irei protegê-la? Arcádia, se eu a quisesse morta, acredite, você estaria.

— É apenas uma questão de tempo até que aconteça, Jacob. — A mulher levantou, seu vestido balançando com o movimento. — Quanto tempo até que eles me usem como uma espécie de sacrifício? Eu vi. Você me proibiu de sair de seu quarto, mas eles mataram aquela mulher. Você estava lá, e não fez absolutamente nada!

— Eu não podia! — De fato, aquilo era verdade. Mas, entre decidir pela vida de Arcádia ou a conclusão de seu objetivo, preferia protegê-la a todo custo concluiu sem qualquer hesitação.

— E por que isso mudaria agora? — A mulher esperava uma resposta que ele sabia ser incapaz de dar.

Suspirou. Um suspiro cansado, porém orgulhoso. Então, ultrapassando tudo o que os separava, a abraçou. Segurou-a incapaz de ser egoísta, mas sabendo reconhecer a dor que sentiria ao ter que se despedir. Arcádia parecia tão pequena em seus braços, lembranças da primeira vez em que a viu, inundando sua mente, o fazendo segurá-la mais forte, sobretudo como um pedido não dito, para que ela não se afastasse. De alguma forma, ainda se perguntava em como lidaria com isso, mas naquele momento, só precisaria segurá-la o máximo que pudesse.

— Me deixe pelo menos designar um de meus homens para cuidar de você. — Pelo menos, deveria tentar, apesar de concordarem que ela não precisava de fato responder para que ele soubesse o que pensava. Afinal, eram apenas os dois, uma confiança mútua que já durava alguns anos ele a conhecia bem demais.

Não houve uma resposta. Não houve uma palavra sequer. Ele apenas observou Arcádia, enquanto ela embarcava o pequeno bote que a levaria até a costa. Viu o pequeno bote se afastar de sua frota de navios, sua pequena lamparina sendo o único resquício de sua posição naquela imensidão. Respirou fundo e massageou seus pulsos, como uma forma de acalmar-se.

Estava sendo tomado por uma dor de cabeça, arrependido de ter bebido, mesmo que esse fosse um hábito que apreciasse. Os seus homens manipulavam o navio sem que precisasse deixar ordens claras, seu imediato responsável por verificar o andamento da viagem. Então, apoiou uma de suas mãos no mastro e jogou sua cabeça para trás, tentando anular a névoa que preenchia sua mente.

— Pensei que fosse acompanhá-la. — Seu tio surgiu suavemente, observando o mesmo ponto que o rapaz. Seu tom de voz era calmo, quase pesaroso, mas isso não o impediu de prosseguir. — Na verdade, você quer isso, mas teme despertar a ira de Arcádia.

— Ela tem seu próprio futuro. — declarou, mesmo que lhe custasse acreditar naquelas palavras.

— Mas nós sabemos o que ele a reserva. — A sabedoria do mais velho o preencheu, chamando enfim sua atenção para o rosto do homem que exibia pleno conhecimento da situação em que se encontravam. — Se lhe for tirado a vida, a culpa não seria igualmente sua?

Jacob o encarou por longos segundos, se arrastando contra a ventania que assolava o navio indicando uma iminente tempestade, observando o pequeno ponto de luz deslizar em terra firme. Se ela soubesse, pensou consigo mesmo. E, tomado pela culpa, adentrou uma última vez seu navio, de modo que pegasse apenas seu sobretudo a fim de partir também a cidade luminosa que se estendia no horizonte.

— Aguardem meu regresso — indicou ao senhor de idade, que apenas assentiu quando o capitão aterrissou no pequeno barco de madeira.

***

Ao longe, o homem observava, tomando as rédeas de seu cavalo enquanto acompanhava o trajeto dos dois pequenos barcos que surgiam diante da escuridão negra do horizonte, cada qual iluminado por uma pequena lamparina. Pensou por um momento em tudo o que estava em jogo, enquanto sentia a brisa marinha para clarear suas ideias. Então, longos minutos depois, guiou seu cavalo em direção a uma larga pista de terra, esta que o levaria até Valhala.

Galopava com tanta velocidade, que sequer viu o que o atingiu. Por longos minutos, permaneceu deitado, completamente consciente de que seu cavalo se fora e já sofrendo de uma tremenda dor de cabeça. Então, usando seus braços para erguer-se, riu ao observar uma sobra a sua frente.

— Detesto ser seguido. — Sua companhia comentou, erguendo uma espada em sua direção. A luz da lua deixava evidente os cabelos loiros de Jacob. Um sorriso cansado tomou o rosto do homem, que o encarava, ainda deitado.

— Detesto ter que segui-lo, capitão, mas infelizmente possuímos o mesmo objetivo esta noite. — Se erguendo e batendo a poeira de seu casaco, o homem fixou seus olhos verdes em Jacob. — E, acredito eu, de agora em diante.

Então, como se compartilhassem um segredo em comum, o capitão abaixou sua espada, mesmo que não se sentisse seguro para abrir mão de sua atenção a todos os movimentos do cavalheiro.

 


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Perdão se o capítulo ficou pequeno, eu não estou tendo muita noção da quantidade de palavras por escrever pelo Gmail, mas qualquer coisa é só falarem que eu visto minha roupa de sapo e dou meus pulos. Falem comigo, eu sou legal, me dêem um feedback. Isso deixa um autor muito feliz, viu?
É isso, até semana que vem!
Xoxo,
~Zombie Geek

P.S.: Se preparem, logo estarei chegando com um Tumblr reformulado e com uma nova capa para a história :3 (Quem sabe um trailer também, né?)