Coração Rebelde escrita por Aurora Boreal, Maiah Oliveira


Capítulo 5
Capítulo IV - "Assim como a neve, um reino também cai."


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeeey Zombie!
Tudo em cima? Primeiramente queria me desculpar com vocês sobre a demora, aconteceram algumas coisas e isso acabou se tornando um efeito dominó caótico. Mas estamos de volta! Sim, estamos, quero apresentar a vocês a Lilly, também escritora de Coração Rebelde! Está sendo bem divertido escrever com ela, fora que o incentivo entre nós duas gerou uma organização muuuuuito maior para a fic (acreditem, essa menina é quase maluca!). E agora temos uma forma de não demorarmos mais tanto assim para postarmos. A revisão dela é minuciosa, e suas ideias maravilhosaaaas! Por isso a chamei para entrar nesse barco comigo! Estamos com uma capa provisória, em breve estaremos mostrando a fixa, assim como queremos esclarecer que a troca de atores representantes dos irmãos se fez necessária para questões de organização. Então fica assim: Desmond como Matt Bomer e Vincent como David Giuntolli. Agora fiquem com um recado da Lilly!

Lilly: "Oi gente, aqui é a Lilly!!! Estou muito feliz de ter sido convidada pela Zombie para fazer parte desse projeto e isso tem sido muito gratificante em diversos sentidos. Nossa parceria tem inclusive me ajudado na minha escrita! E espero que a gente consiga manter um cronograma bom de postagens de capítulos. Estou muito animada, com tudo que a gente tem planejado para essa história e para esses personagens!!! E acho que vocês vão curtir também. Apesar da demora, esse é o maior capítulo da fic, então espero que apreciem o comprimento e conteúdo."

Nos vemos lá embaixo...



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CAPÍTULO IV

"Assim como a neve, um reino também cai"

 

 

Dois meses antes...

Se há uma forma mais justa para descrever uma guerra, destruição seria ela e caos, caos é uma ótima segunda palavra. Em meio a todos os escombros, aos corpos lançados ao rio pela simples e pura falta de covas o suficiente para abrigá-los, o conhecimento se perdeu por causa de um ímpeto egoísta de poder. Uma autora, infelizmente já esquecida, como muitos antes e depois dela, afirmou que “Ganhar uma guerra é tão desastroso quanto perdê-la”, e não estavam errados. Mesmo Drakar, o país recém estabelecido pela necessidade política, governado por um grupo seleto, veio a ruir. Não podiam mais batalhar, a Terceira Guerra Mundial passou a ser puramente idealista. Então, veio o fim.

Para o Conselho Nórdico, o fim da guerra foi marcado pelo dia do Ragnarok. Todos conheciam a história, “o destino dos deuses”, a batalha em que mesmo os mais fortes sucumbiriam. Ragnarok era o fim, mas muitos esqueciam que ele também era renascimento. Para os ciganos a carta da morte não significa sempre uma morte física, significa transformação, e foi transformação e renascimento que esse Ragnarok trouxe para o mundo e principalmente seu povo, descendente daqueles que adoravam os antigos deuses nórdicos.

Drakar se transformou e renasceu mais bela e mais forte. Ao amanhecer, a bandeira azul sendo hasteada, com seu cisne e suas oito penas tremulando pela pequena brisa, os soldados largando suas armas, marcava a vitória de um povo.  Valhala era a sede do governo, o lar de heróis, uma honra aos mesmos.

— “Sacia-se no sangue da vida

dos homens predestinados,

pinta as casas dos poderes de vermelho

com sangue carmesim.

Os raios solares tornam-se negros

nos verões que se seguem,

todos os climas ficam traiçoeiros.”

Foram essas as palavras do seu primeiro rei, uma citação há muito conhecida pelos estudiosos daquele povo, não só uma referência aos tempos sombrios que se findaram, mas um grito de glória aos que se seguiriam.

    — Sinto profunda tristeza pelo falecimento de nossos soberanos,

mas é inaceitável transformamos uma cerimônia de coroação em um combate entre irmãos por um poder que apenas um está apto a exercer. O senhor gesticulava enfaticamente ao usar de um tom de voz forçadamente mais firme para expor sua opinião. — Estamos falando de um trono, não de um parque de diversões para que eles brinquem de majestade!

Não haviam muitas pessoas dentro daquela sala. Todas acomodadas ao redor de uma mesa de madeira escura, encaravam a conversa que se seguia esperando de algumas das opiniões expostas, aquela que os convenceria de sua posição mediante o que estava sendo debatido. O homem de cabelo branco, que assistia a tudo de forma imparcial, decidiu se levantar, sua mera menção a discursar calando todo o burburinho que acontecia ali.

— Quero que lembrem-se que, apesar das circunstâncias, não houve nenhuma infração nas leis de nenhuma das partes. Pelo contrário, não estamos lidando mais com crianças. Eles sabem perfeitamente o que fazem, estão cientes de tudo o que debatemos aqui. — Sullivan era um homem de ideologias firmes, uma visão mais realista da situação do que muitos do que já sentaram naquelas cadeiras. — Mas, se querem de fato contestar a lei regida desde o início do Conselho Nórdico, quando nosso território ainda era fragmentado, sintam-se a vontade para se colocar perante a justiça com suas acusações.

— Ministro Sullivan, se acalme.

Quem se manifestou foi uma das poucas mulheres sentadas naquela mesa. Seus traços claramente asiáticos não se alteraram no mínimo ao se pronunciar em um tom suave, calmo e firme, sem sequer se levantar, mas direcionando indubitavelmente toda a atenção da reunião para si mesma, como era próprio da Ministra de Relações Exteriores e Grã-Duquesa, Isadora de Médici.

— Ninguém está contestando leis tão antigas quanto o próprio conselho, estamos questionando a imprudência de usar essas leis em uma manobra, fracamente temerária. Este tipo de atitude cria uma situação de instabilidade desnecessária em um momento em que precisamos mostrar ao povo uma frente unida diante da enorme tragédia pela qual toda Drakar está passando.

— Só espero que ninguém aqui esteja contestando o poder de nossos futuros reis.

Sullivan observou toda a sala, sua atenção voltada aos homens que sabia quererem uma forma de descentralizar o poder monárquico. Por fim, repousou seu olhar na Grã-Duquesa, acenando a cabeça em aceitação ao ponto colocado.

— Não esqueçam que juridicamente foi lhes dado um ano de luto após a morte dos nossos falecidos regentes. Um ano em que o Congresso regeria o país. Ao final de 365 dias, se nenhum dos nossos herdeiros reivindicasse o trono, seríamos forçado a buscar uma solução. Desmond entregou sua carta ao palácio, ele se apresentou ao trono como herdeiro. Mas ainda temos tempo até que Vincent se manifeste de uma forma ou de outra.

— Se um dos príncipes já manifestou seu desejo pela coroa, simplesmente não podemos permitir que o outro também decida que quer ser rei e assim iniciar uma disputa que pode abalar todo o país — falou um nobre empertigado de forma muito dramática.

—  Estamos falando do trono de Drakar, não um leilão de quem dá mais ou uma disputa de primeiro lugar, vossa excelência — disse Sullivan, com uma nota de desdém na última parte. — As leis são muito claras…

— Sabemos o quão claras as leis são Ministro Sullivan, todos nós — a Ministra Isadora interrompeu, direcionando seu olhar de forma incisiva na última parte ao nobre que tinha interrompido o Ministro. — Mas o questionamento feito é válido também, como eu disse a situação pela qual passamos é muito delicada, mas lei é lei.

Alguns dos nobres ensaiaram protestos, pela última declaração, mas logo foram silenciados com apenas um olhar da Ministra.

— Por isso proponho usarmos nosso Festival de Inverno, que dá início a nossa temporada e estendermos o convite a outras nações importantes no cenário geopolítico atual, para participarem da temporada de Drakar.

Exclamações chocadas e de surpresa abrangeram toda a mesa. Afinal, a temporada que a Ministra se referia era a temporada social de Drakar, um dos costumes que Drakar tinha assimilado do velho mundo. Onde durantes os meses de inverno a aristocracia oferecia bailes, festas dos mais variados tipos. Dentre outras reuniões sociais com o objetivo de não apenas se divertir, mas especialmente para verem e serem vistos, bem como seus muito nobres herdeiros, com o intuito de arranjarem bons casamentos, novos acordos ou boas alianças políticas.

Sullivan teve que contar a vontade de rir. Ah, Isadora era de fato muito brilhante, ela ia matar dois coelhos com uma cajadada só. Ela sem dúvida, sabia exatamente o que fazer, para calar a todos e enfim conseguir o que estava a meses querendo, que era melhorar as relações exteriores de Drakar e conseguir novos, melhores e mais interessantes acordos e alianças para o país.

— Dessa forma vamos poder restabelecer antigas alianças, fazermos novos acordos, intermediar muitos outros e quem sabe fazermos alguma importante e poderosa aliança através do casamento — argumentou astutamente Isadora, antes que o choque e surpresa em torno da mesa acabasse e todos voltassem a falar ao mesmo tempo.

— Esse festival, mais do que qualquer outro, precisa então ter uma atenção especial voltada aos visitantes internacionais, a fim de fecharmos acordos com alguns desses países para que demos início a contenção de revoltas no país. E, ao fim das doze semanas, teremos a coroação daquele que se mostrar digno a reger o país — continuou Sullivan sem perder o compasso.

— E talvez até coroemos uma nova rainha também — finalizou Isadora com um sorriso satisfeito, enquanto ouvia os nobres comentarem animadamente sobre todas as possibilidades que essa temporada daria a Drakar.

Não pôde deixar de perceber ao ouvir as suposições presentes naquela discussão que, essa temporada “internacional”, seria não apenas muito eficaz em distrair o povo, mas também aqueles mesmo homens que a discutiam agora. Sullivan sorriu, as coisas tinham saído bem melhor do que havia imaginado. Olhou para a Ministra que sorria e não pode deixar de sorrir também ao ver a satisfação da mulher, ela poderia não saber, mas talvez seu plano pudesse dar uma chance real de Drakar ser salva.

***

Oriente Médio, 08:47 A.M. Dias atuais...

 

— Israel definitivamente é uma nova experiência para mim. — O homem que desceu do carro carregava evidentes traços ocidentais. E, diferente dos costumes que a festa exigia, trajava um terno claro e segurava seu óculos escuro enquanto observava melhor a grande tenda que erguia-se diante de si. Suas palavras se limitaram a um diálogo unilateral com o segurança que muito provavelmente não entendia sua língua, então caminhou em direção as festividades sem esperar uma resposta.

Tecidos finos cobriam as paredes, e por um momento se limitou a prestar atenção no pequeno brilho que exibiam ao tremular mediante a luz do Sol. Caminhar por aquele caos era um desafio que não sentia a mínima disposição para enfrentar, mas estava ali por um único objetivo, então decidiu ser direto.

A bela mulher estava afastada, seu vestido em cores fortes a destacavam em meio a multidão. Claro, sem contar a beleza e imponência que a mesma exibia, mesmo cercada por homens que buscavam naquela comemoração proteger a sobrinha de seu khalifa. Mas nenhum se opôs a aproximação de algumas crianças, essas que corriam desordenadamente por todo o pátio. Infelizmente, o mesmo não aconteceu com Yvon.

— Parece que Israel ainda não acredita nas palavras da Rússia, não é? — Perguntou com diversão aos homens que a cercavam, esses que se afastaram para que Rafsa se aproximasse de seu ilustre convidado.

— E deveríamos? — Questionou com sagacidade, o que arrancou um sorriso de satisfação de Yvon. — Por muitos anos tivemos uma política muito conturbada com relação às disputas pelo nosso território, czarevich. E a Rússia se colocou no meio deste conflito aumentando ainda mais o caos que ele naturalmente traria para nosso povo.

— Esse é um pensamento limitado para uma mulher que sabe o preço da guerra. — Yvon acompanhou a Shaykah para uma área menos barulhenta do local e a observou com a atenção que só se daria a uma bela mulher. — Acho que deveria felicitá-la sobre suas iminentes bodas — O tom sarcástico que usou deixava muito clara sua opinião sobre o assunto, mais que clara até.

Tal questionamento fez com que sua acompanhante suspirasse.

— Pensei que seria mais inquisitivo. Mas eu o compreendo, assim como meu tio, você é um homem da política. — Observando a paisagem do deserto da sacada que os dividia de um lago artificial, colocou seus cabelos negros atrás da orelha, de modo que pudesse observar Yvon e o horizonte melhor. — Meu noivo não é um homem ruim, pelo contrário, meu tio o escolheu a dedo. Depois da Primavera Árabe*, não podemos correr o risco de enfrentar mais revoltas dentro do país e você sabe que eu tenho um papel chave nesse conflito, que não pode ser ignorado. No final das contas, estou supondo que regredimos a Idade Média no que diz respeito a resolução de questões internas e externas.

— Então o convite de Drakar caiu como uma luva em uma pacificação dentro de Israel? — Yvon era perspicaz. Não precisou mais do que alguns segundos para saber do que se tratava a carranca no rosto de Rafsa, gerada por um ciclo político que nunca teria fim. — Sim, de fato você possui um papel chave nesse conflito. Mas não se preocupe, vai poder ter minha companhia para te distrair de algumas das frivolidades políticas que seremos obrigados a testemunhar.

Depois da clara surpresa em suas feições, seu rosto foi suavizado por uma expressão de satisfação.

— Casamentos, temporadas sociais e negociações políticas, nós certamente estamos dando uma volta inequívoca a tempos bem menos civilizados. — A ironia em sua voz não foi perdida para nenhum dos dois.

O comentário não arrancou nada mais do que uma risada interna do russo, esse que saboreava o gosto forte e amargo de uma bebida que não conseguia identificar. O nome da Shaykah foi pronunciado diversas vezes, e um grupo de pessoas acenavam para que pudessem falar com a moça. Yvon então a encarou, um leve sorriso surgindo em sua expressão geralmente tão séria, que não durou mais do que alguns segundos, pois logo o homem se afastou com as mãos nos bolsos.

***

— Eu convoquei essa reunião para discutirmos como estão os preparativos para recebermos nossos ilustres hóspedes — começou Isadora que encabeçava a reunião da corte de Drakar como sempre fez, firme e direta ao ponto.

— Grã-Duquesa... — iniciou o homem que logo se interrompeu ao ver a sobrancelha levantada da mulher, todos sabiam que ela não gostava de ser referida pelo seu título em reuniões da corte — Quer dizer Ministra. Todos os convites foram mandados conforme foi solicitado, apenas para os mais importantes países presentes no cenário mundial — respondeu um homem atarracado ao lado encolhendo levemente em sua cadeira desejando por um breve momento sumir para não ser alvo do olhar da mulher.

— Houveram outros que assim que souberam do evento pediram para participar e houve aqueles que recusaram — disse Pietra com leve desdém, entrando no recinto e assumindo seu lugar a mesa, como uma das coordenadoras do evento. — Desculpe o atraso Ministra, estava recebendo mais uma carta de recusa de última hora da África do Sul.

— Sim, fiquei sabendo através do seu companheiro, Lorde Thaulow — disse indicando com a cabeça o referido Lorde Thaulow, também conhecido como Eric. — Inclusive aceitei solicitações de alguns países, nunca se tem aliados demais e nunca se sabe quando o jogo pode mudar nessas disputas de poder — falou a última parte intencionalmente para a jovem evitando qualquer contestação de sua parte.

— Não me impressiona que África do Sul tenha recusado o convite, de fato suas justificativas foram muito válidas. O rei foi bem claro quando mencionou as revoltas que o país tem enfrentado após a reestruturação da política com a monarquia. — Eric mantinha uma postura firme ao indicar no mapa o sul do país, deixando claro a situação em que o mesmo enfrentava ainda que possuísse um forte império. — É completamente aceitável que disponham de seus mantimentos para equilibrar a situação social do país. Isso inclui suas aeronaves e o combustível que seria usado em uma viagem até Drakar.

Era de conhecimento comum que as fontes de energia haviam se esgotado com as últimas guerras, que tinham criado um panorama totalmente reestruturado fruto de um mundo sob novas diretrizes. A energia não funcionava como antes da guerra, não se tinha fontes teoricamente inesgotáveis.

As fontes de energia hidráulicas, aquelas que supriam grande parte do mundo, haviam se tornado um poço escasso de água, os ventos já não eram os mesmos, radiação sequer foi uma opção, biomassa necessitaria de um custo que o mundo não conseguiria pagar, petróleo levaria quem sabe milênios para voltar a preencher o fundo dos mares. Se havia um outro método de uma fonte realmente capaz de suprir todas as necessidades do planeta, não havia sido descoberta até então. Desta forma, o mundo retrocedeu ao momento em que estavam divididos entre a luz e a trevas, assim como no iluminismo.

— Sim, de fato é muito compreensível, Pietra envie as nossas cartas de agradecimentos pela atenção ao nosso convite, como foi feita aos outros que recusaram.

Pietra assentiu silenciosamente, anotando o pedido da Ministra em seu bloco de notas.

— A ala oeste já foi reservada para os dignitários dos países convidados?

— Sim, Ministra. A ala leste já está reservada para a nobreza de Drakar e tomamos cuidados extras de configurar os quartos dos dignitários estrangeiros levando em consideração os conflitos e disputas como a senhora pediu — respondeu Eric.

— Ótimo, tudo o que não precisamos é de dois dignitários de países em conflito, serem vizinhos de quarto e ocasionarem um incidente internacional — comentou a Ministra com ironia.

— Estamos também organizando os eventos que serão realizados durante essa temporada, para entretermos nossos convidados. Acredito que vai ser do agrado de todos os presentes. — Se pronunciou Pietra.

— Ótimo espero que vocês tenham finalizado suas ideias dos eventos que estão planejando na minha mesa depois de amanhã — disse se dirigindo a Pietra e Eric. — Mas agora temos que decidir sobre o baile de abertura do Festival de Inverno. Eu verifiquei as atrações que vocês selecionaram para esse baile e aprovo. Nesse primeiro baile algo mais discreto é o mais recomendado, parabéns pela escolha. Vocês podem cuidar dos detalhes, confio no discernimento de vocês.

— Ministra… — começou Pietra hesitante.

— Sim?

— Eu tive uma ideia sobre o baile de abertura, com a qual meu colega Lord Thaulow, discorda. Por isso, estamos em um impasse. Gostaria de saber sua opinião sobre a questão. — Eric lançou um olhar atravessado para Pietra, mostrando claramente o que pensava de sua ideia.

— É uma besteira Ministra.

— Se for, gostaria de avaliar por mim mesma Lord Thaulow. — o tom da Ministra continuou uniforme, mas a advertência não foi perdida por ninguém daquela mesa.

Pietra sorriu discretamente para Eric, antes de expor sua ideia.

— Eu estava pensando que nesse primeiro baile, que vai ser basicamente uma grande apresentação dos dignitários que aceitaram o convite de Drakar ou pediram por ele... — Pietra disfarçou a nota mínima de desdém na última parte de sua fala, já tendo aprendido sua lição e não querendo ser reprimida novamente pela Ministra como uma garotinha de escola. — Que seria muito interessante, se fizéssemos um baile de máscaras. — disse a última parte com leve entusiasmo.

A Ministra franziu o cenho com a proposta.

— E porque um baile de máscaras, Lady Lindseth?

— Para dar um ar lúdico e divertido, mas principalmente para quebrar o gelo entre pessoas que virtualmente são pouco mais que conhecidos ou virtuais desconhecidos. Acredito que usar uma máscara e esconder sua identidade por trás dela, vai incentivar todos a interagirem uns com os outros, sem o peso de seu nome ou sua herança, talvez aproximando pessoas que em um primeiro momento mal trocariam um cumprimento. E para manter a aura de mistério e garantir que ninguém seja reconhecido, sugiro que deixemos as luzes a uma quantidade mínima. E ao fim do baile, todos retirariam suas máscaras e nós é claro aumentaríamos as luzes, para que todos revelassem suas verdadeiras identidades.

— Sua ideia tem mérito Lady Lindseth, um grande mérito. O que acha, Ministro Sullivan?

— Falarei com a segurança sobre a cobertura da área. Se me derem um sinal verde, acredito que a recepção possa ser feita. — O homem encarou todos da sala, e então depositou sua atenção nos papéis que havia trazido, colocando um lembrete para entrar em contato com a guarda real e o serviço de inteligência.

—  Então está decidido teremos um baile de máscaras, iniciando o Festival de Inverno. — encerrou Isadora em um tom definitivo.

Discutiram mais alguns pontos sobre a recepção dos convidados e as altercações políticas que alguns tinham, com os outros. Mais rápido do que se imaginava a reunião acabou e os membros daquela comissão foram deixando a sala com tarefas e atribuições já definidas. Mas não Sullivan, ele demorava mais do que o necessário na organização de suas canetas e seus papéis eram, pela terceira vez, organizados sobre a pilha de pastas que trouxera consigo proveniente de outro encontro envolvendo as questões monárquicas de Drakar.

— Você adora certamente adora me colocar em situações difíceis, não é Isadora? — O homem sorriu ao constatar que havia no lugar apenas ele e Isadora, que mantinha o mesmo processo que ele, no que dizia respeito a organização de seus pertences.

— Vamos ser sinceros Ministro, você nunca prestou atenção a nenhuma das reuniões dessa comissão. — Isadora comentou em um tom provocativo, sem encará-lo.

— Bailes e recepções não são o meu ramo de especialidade, você bem sabe Isadora. Eu apenas me limito a cumprir minha função, tanto politicamente quanto de tio. — Sullivan então se aproximou, ainda que mantendo uma distância respeitável da mulher. — Estou mais preocupado em não causar uma Quarta Guerra Mundial do que seguir os caprichos que esses jovens de hoje em dia apreciam tanto.

— Você fala como se não entendesse o mundo em que vivemos hoje, Frédéric. O que antes era responsabilidade hoje é convertido em prazer e eu temo o rumo que tais comportamentos possam trazer para o futuro de Drakar e do mundo. Não podemos deixar que o trono seja tirado dos Sigurðarson. Isso traria uma fragmentação do Conselho Nórdico e uma crise na economia mundial. — Suas palavras carregavam preocupação. — Desmond e Vincent entendem isso, mas apenas demonstram rebeldia com seus comportamentos.

— É por isso que você tem permitido que a corte tenha exercido tanto poder? — perguntou casualmente, muito casualmente para ser de fato casual.

— Não use esse tom comigo Frédéric, você me conhece bem, não estou aqui para favorecer os caprichos de ninguém, seja de nossos soberanos ou da corte. Estou acima de tudo ao lado de Drakar. E até a pouco tempo o melhor era a corte centralizar por algum tempo o poder do nosso país, até que um dos herdeiros à coroa estivesse pronto para assumir a coroa. No entanto, ambos estão se mostrando menos que adequados a esse papel no momento. E eu espero sinceramente, que muito em breve essa situação mude. Drakar e seu povo precisam de um rei — disse enfatizando claramente a última parte. — Mas se nenhum dos dois se mostrar o que Drakar precisa, então a corte tentará ser tudo o que Drakar precisa.

— Não simpatizamos com o proibido por um simples ato de egoísmo, mas sim pelo ímpeto dessa emoção, que enfim sacia nossas verdadeiras ambições. — E com essas últimas palavras ambos se separaram trocando um olhar carregado de significado e muitas palavras que não deveriam sequer serem pronunciadas.

Havia toda uma história que circundava Drakar, não só de conquistas, mas de mistérios. O que para todo o povo poderia parecer patriotismo, para Sullivan não passava de uma mera tentativa para reaver o trabalho árduo de seu irmão. Não uma mera conquista de território centralizada em um poder, mas sim um ímpeto de esperança que para ele valia mais do que tudo. Não era o trono que almejava deixar para seus sobrinhos e sim o legado da dinastia Hardrada, a dinastia de sua família, muito sangue havia sido derramado para que isso viesse a acontecer e muito desse sangue pertencia a sua família. Por isso, sua vida inteira foi dedicada a um único objetivo: Revanche.

 

***


*Primavera Árabe foi uma onda revolucionária de manifestações e protestos que ocorreram no Oriente Médio e no Norte da África a partir de 18 de dezembro de 2010.


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Notas finais do capítulo

Sei que sumi, realmente não pude aparecer por esses dias mas estamos nos esforçando para que isso não venha a acontecer mais! Mas também queremos falar da questão do acompanhamento, sei que temos bastante coisa para fazer, mas para os criadores de personagens a participação de vocês é muito importante! Por exemplo, hoje teremos uma ficha e ela será de extrema importância para trabalharmos os personagens.
Fizemos uma revisão (mentira, Lilly fez e eu fiquei babando pelo perfeccionismo dela) e se quiserem conferir, já estão todas postadas. Inclusive, queria comentar sobre o sobrenome dos príncipes. Mesmo que não seja condizente com a realidade, decidimos dar um sobrenome reconhecido a família real para poupar todos vocês de uma looooonga explicação política desnecessária.

Link do questionário: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfAcsj01OnNL6hbtq1f6oCvloeEoksMAbIK9O356THQ3OEsQQ/viewform

"Aqui é a Lilly, espero que tenham curtido o capítulo!!! E nos digam o que acharam dele. Nosso tumblr está em reforma/manutenção, já que focamos em postar esse capítulo primeiro. Mas logo ele estará funcionando e vocês vão conhecer todos os personagens. Agora queria pedir a colaboração de vocês para nós colocarmos conteúdos (como gifs e imagens) no tumblr sobre seus personagens. Eu gostaria que vocês nos enviassem por MP no mínimo 3 links de gifs na melhor qualidade possível dos seus personagem no tamanho igual ou maior a 500 x 230 e 3 imagens dos acompanhantes também na melhor qualidade possível no mesmo tamanho ou maior do que 500 x 230. Qualquer dúvida mandem uma MP para mim ou a Zombie."

Então é isso! Nos vemos em breve e esperamos o feedback de vocês...

Xoxo,
~Zombie Geek