Reencontro escrita por Lucca


Capítulo 27
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Juro que queria ter o dom de escrever capítulos totalmente fofo como aqueles que leio aqui em outras fics. Mas sou incapaz. Talvez por experiência pesssoal.
Enfim, fevereiro é aniversário dessa história e eu queria presenteá-los com um capítulo lindo, recheado de coisas boas para os personagens que amamos. Comecei a escrever e adivinhem? Não coube num capitulo só. Então, aqui está a primeira parte. Farei de tudo para publicar a sequência em breve.

Uma semana de paz para nosso casal, em casa e com suas filhas.

Boa leitura.



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Os planos de Jane e Kurt para receberem Avery e Bethany no próximo final de semana precisou esperar. A mais velha teria provas, mais nova vacinas. E uma missão um pouco complicada que exigiu horas extras do casal em campo. Fim de jogo para a ideia de reunir a família.

Felizmente tudo se resolveu e, na semana seguinte, a nova casa parecia muito mais viva com a presença das filhas. Tê-las por perto levou o casal a pedir uns dias de folga para aproveitar melhor a ocasião. Reade jamais lhes negaria isso.

Allie trouxe Bethany e resolveu ficar para conversar um pouco com Jane. Avery se esforçou em convencer a pequena a se divertir com Kurt para também poder participar. Elas se acomodaram no balcão da cozinha que permitia uma linha direta de visão para o quintal através da vidraça. Petiscos e suco esperavam pelas visitas.

— Nossa, como Bee cresceu! As vídeo-chamadas não nos deixam ter real noção do tamanho dela. – Jane disse com um sorriso no olhar que contemplava Kurt e a filha que já corriam pelo quintal - Parece que faz uma eternidade desde a vi pela última vez. – e se volta para Allie – Prometo que as visitas serão mais frequentes a partir de agora, Allie. As coisas fugiram um pouco do nosso controle, mas já estamos colocando tudo de volta nos eixos.

Allie levou sua mão até a de Jane para tranquiliza-la:

— As visitas mais espaçadas não significaram que vocês estiveram menos presentes na vida de Bethany. Sempre encontraram meios de demonstrar o quanto a amam. Sei que passaram por momentos difíceis e confesso que até me preparei para explicar a ausência de vocês à ela. Mas nunca foi necessário. As vídeo-chamadas, os presentes, as cartas com bilhetes diários! – Allie revira os olhos – Vocês foram surpreendentes. Para Bethany, vocês são tão presentes quanto eu e Connor.

— É muito bom saber que meus problemas não fizeram ela se sentir abandonada... isso significa muito para nós.

— E você, como está?

— Bem. – e uma rápida retrospectiva passar pela cabeça de Jane lembrando o quão delicada sua saúde estava nos últimos meses. – Há muito tempo que não me sentia tão bem. O tratamento teve resultados muito positivos.

— Percebi assim que te avistei no aeroporto. Na minha última visita, fui embora tão preocupada. Você estava sem cor. E aquelas medicações dolorosas? Odiava aquilo. Ainda bem que você está livre de tudo isso agora. – Avery falou sem olhar diretamente para a mãe e focada nos petiscos.

Jane deu um sorriso um pouco forçado e procurou fixar sua atenção na rapidez com que a garota conseguia devorar os petiscos. Ela sabia que Avery e Allie precisavam saber que o tratamento, apesar de positivo, não tinha sido capaz de curá-la. Mas, por outro lado, estava tentada a deixar aquela tarde transcorrer sem informações que quebrassem a alegria de estarem reunidos como uma família normal.

Seu leve desconforto não passou despercebido pelas duas que trocaram um olhar quase que instantaneamente. Allie sentiu que era melhor deixar para aprofundar o assunto outra hora, talvez com Kurt. Avery, entretanto, tinha urgência em saber mais:

— Hei, o tratamento resolveu o problema, não é? – olhar, tom de voz e postura decidida se associaram numa combinação que tornava quase impossível não ver o elo genético entre mãe e filha.

Jane respirou e deixou as palavras trilharem o caminho que ela tinha evitado:

— O envenenamento retroagiu consideravelmente. Os sintomas desapareceram e não devem voltar tão cedo. Madeline estima que teremos quase dois anos até que um deles volte a incomodar.

— O tratamento não te curou?! – Avery disse num sobressalto. – Então temos que tentar repeti-lo. Eu posso doar de novo quantas vezes forem necessárias.

Foi a vez de Jane alcançar a mão da filha e dar um leve aperto de gratidão.

— Tenho certeza disso, Avery. Mas, no momento, uma nova dose não traria qualquer benefício. E agora temos uma expectativa de vida bem ampla pra trabalhar. É tempo suficiente para encontrarmos outras formas de resolver o problema de uma vez por todas. – e sorriu procurando demonstrar confiança.

Avery assentiu e se afastou:

— Vou arrumar minhas coisas no quarto e descansar um pouco.

Jane sorriu para ela e deixou que a garota fosse para o quarto. Sabia que a filha precisava de espaço para assimilar as novas informações. Seus olhos a acompanharam através das escadas e continuaram fixos ali até ouvir o som da porta se fechando. Então, ela fechou os olhos e suspirou. Foi quando sentiu a mão de Allie alcançar seu ombro:

— Eu sinto muito, Jane. Tenho certeza que Patterson e a equipe médica encontrarão algo que seja definitivo.

Jane abriu os olhos e encarou Allie. Depois voltou a olhar as escadas para ter certeza que Avery não retornava. Por fim, olhou para Kurt brincando com Bethany no quintal.

— Eles acreditam que células-tronco retiradas do cordão umbilical de um descendente direto poderiam ser potencializadas em laboratório me dando 100% de chances de cura.

— E você pode gerar esse bebê ainda tendo ZIP no seu sistema nervoso?

— Patterson calculou cerca de 96,4% de chances do bebê ficar totalmente seguro durante a gestação.

— Uau! Isso é ótimo! Então, logo a família vai aumentar. Acho que não foi um bom momento para ter as meninas atrapalhando vocês... Ou já providenciaram o novo bebê?

Allie parecia tão empolgada que Jane se sentiu sem ar.

— Não, não. Na verdade, eu acho que não posso...

— Não pode engravidar? Detectaram algum problema?

Jane riu meio sem jeito.

— Sem problemas quanto à isso, eu acho. As casas decimais na probabilidade do bebê estar protegido é que me assustam. 100% seria muito mais animador. Eu não sei se posso lidar com esse risco...

Foi a vez de Allie puxar o ar considerando tudo que ouviu

— Como Kurt tem reagido à isso? Sei que ele é um cara incrível, mas também sei que seu maior medo é te perder.

Jane balançou a cabeça e sorriu:

— Kurt... – e aquele amor imensurável que ela sentia se apoderou dela ao se lembrar das reações do marido – ele tem sido meu porto seguro. Não me cobra nada. Eu sei que o desejo de me ouvir dizer que aceito gerar esse bebê está lá, mas ele simplesmente esconde isso de mim a todo custo porque entende o quanto tem sido difícil pra mim. – e uma lágrima escapou e foi seca rapidamente com a mão. Então ela olhou para a escada que dava acesso aos quartos novamente e completou – Não sei se Avery entenderá... Por favor, vamos manter isso entre nós. Eu quero muito que nessa semana sejamos apenas uma família normal...

Allie torceu a boca pensando sobre toda aquela situação.

— Eu vi os números de forma tão otimista que me esqueci que tudo com você gira em torno da exceção. Engravidar é uma decisão difícil com ou sem ZIP. Bem, eu vou me despedir da Bee porque tenho compromissos com Connor. Ficaria muito feliz se você pensasse numa coisa: quando nos apegamos excessivamente aos padrões considerados normais, pode faltar felicidade. – e se despediu com um beijo rápido no rosto de Jane para, logo em seguida, acenar para Kurt que entrou trazendo Bethany.

A despedida foi rápida e a garotinha não pareceu nem um pouco triste porque ficaria sem a mãe por alguns dias. Era sempre assim. Bethany amava visitar o pai e Jane. Quando Avery também estava em NYC, ela ficava ainda mais feliz porque via a garota como criança também.

Não demorou até que os três estivessem correndo pela casa e depois ganhassem o quintal. Brincaram ali por algum tempo. Kurt tinha feito balanços embaixo da árvore e também uma pequena casa de madeira que Jane estava decidida a pintar e decorar com seus desenhos nessa semana com as meninas. Bethany parecia em êxtase correndo de um lugar para o outro até que se deteve na grade que dava acesso à piscina. O casal aproveitou para se aproximar e alertá-la sobre isso:

— Temos uma piscina. Vamos nos divertir muito lá. Mas você só pode passar dessa grade com um adulto. Nunca sozinha. Não queremos que você se afogue. – Kurt foi firme, mas extremamente amoroso nas palavras.

Bethany sacodiu a cabeça afirmativamente:

— Bee é pequena e afunda.

— Isso, muito bem! – ele disse cheio de orgulho.

A garotinha se afastou voltando para a casinha. Jane sugeriu:

— Talvez seja bom eu aproveitar a semana para ensiná-la a nadar. Pelo menos algumas noções básicas que garantam a ela sobreviver no caso de uma queda acidental na piscina.

Kurt a envolveu pela cintura e beijou seu pescoço sobre a tatuagem de pássaro:

— É uma ótima ideia. Tenho certeza que ela vai adorar. Talvez eu deva ter algumas aulas também...

Jane revirou os olhos:

— Kurt! Você nada muito bem. Esqueça! As aulas serão exclusivamente para a Bee. – e, virando-se para ele e passando os braços ao redor de seu pescoço, continuou – mas você pode estar conosco na piscina.

— Hum, bem melhor!

Antes que pudesse aprofundar o beijo, a garotinha já estava pedindo a atenção dos dois e voltaram às brincadeira.

Assim que Bethany se cansou e concordou em ver TV com o pai, Jane foi até o quarto de Avery. O chamado baixo na porta foi atendido prontamente por um “Entre!” da garota.

Passando pela porta, Jane pode ver a filha deitada de bruços na cama e abraçada ao travesseiro. Ela suspirou pedindo que não lhe faltasse sabedoria para conduzir a conversa. Aproximou-se devagar e viu Avery se deslocar para o canto num claro convite para que ela se sentasse. Jane atendeu e ousou levar a mão até as costas da filha e acaricia-la enquanto disso:

— É quase hora do jantar. Se você achar melhor, posso preparar um lanche e trazer aqui no quarto...

Num ímpeto, Avery se sentou na cama, cruzando as pernas e trazendo o travesseiro para o colo.

— Me desculpe... Eu deveria estar lá embaixo com vocês. Eu insisti para ficarem com essa casa porque queria que tivéssemos bons momentos pra lembrar aqui e agora tô aqui trancada...

— Não precisa se desculpar. Sempre que precisar de tempo e espaço, você terá. Sei que não disse o que você queria ouvir sobre o tratamento...

Antes que Jane pudesse concluir sua fala, a garota a envolveu num abraço apertado que ela retribuiu. Momentos de afeto como esse entre as duas ainda não faziam parte da rotina e, especialmente agora, tinha um significado ainda mais especial.

Jane aproveitou para acalentar a filha como fizera logo após seu nascimento. Sua mão descrevia movimentos suaves em suas costas e ela inalava o cheiro de Avery que ainda era familiar como a 18 anos atrás. Naquele passado distante, sua bebê parecia tão vulnerável em seus braços, alheia da árdua luta que ela e Roman travavam com Shepherd tentando mantê-la na família. Uma luta que eles perderam. Agora sua filha parecia tão forte, mas tão sensibilizada pelo medo de uma nova e irreversível separação.

Se Avery soubesse que existia uma chance real de cura que eu não quero tentar, ela se sentirá abandonada novamente?” Esse pensamento fez Jane estremecer e abraçar a filha mais apertando. Ela precisava encontrar um outro tratamento o quanto antes.

— Temos muito mais tempo agora, Avery. Vai dar tudo certo. – sussurrou para a filha que permaneceu em silêncio.

Pouco depois as duas se soltaram e trocaram sorrisos que escondiam seus medos e angústias.

— Eu vou descer para jantar com vocês. – a garota disse se levantando e puxando Jane pela mão.

Ao segui-la, Jane esbarrou na mesa de cabeceira derrubando uma pasta e espalhando seu conteúdo pelo chão. Instintivamente, se abaixou e começou a recolher os cartões. Avery tentou dissuadi-la, mas era tarde, então se abaixou e começou a ajudar a mãe.

“Save de date!” dizia a inscrição marcando uma data distante pouco mais de um ano no futuro.

— O que é isso?

— Não é nada importante. Vamos deixar isso aqui. É só um evento da faculdade que estou ajudando a organizar.

Jane voltou a olhar atentamente os cartões. Seria uma reunião dos pais para conhecerem o campus universitário e as pesquisas dos filhos. Seu coração se partiu em mil pedaços ao imaginar sua filha organizando um evento ao qual os pais que a criaram não poderiam participar. Instintivamente, sua mão segurou o braço da garota:

— Hey, é muito bonito de sua parte fazer parte da organização de um evento como esse. Eu sinto muito que...

— Não. Por favor, não diga nada. Nem era assim tão importante para mim. Eu não quero que você se canse numa viagem longa e com a agenda chata lá da faculdade...

Jane sentiu seu coração disparar de uma forma que parecia que saltaria do peito. Ela também seria convidada? Avery estava dizendo que esperava que ela fosse ao evento como sua mãe?

— Você quer que eu vá como sua ... mãe?!

— Você e Kurt, ora essa. Mas isso foi antes de saber que você ainda não está curada. Agora o foco é manter a sua saúde e bem estar. O resto não importa.

— Avery, eu não perderia isso por nada!

Foi só quando ouviu o tom emocional na voz da mãe que Avery olhou para ela e se deu conta do quanto Jane estava surpresa.

— Bethany tem dois pais e duas mães. E eu tenho também. A ordem natural das coisas é você e Kurt repetirem isso dezenas de vezes para nós e não nós termos que repetir para vocês, Jane Doe! – e sorriu para a mãe.

As duas riram e trocaram um rápido abraço antes de descerem de volta à cozinha.

Os dias passaram de forma leve e descontraída, marcando todos os momento com muita paz e intensa alegria. Os quatro riram juntos, brincaram juntos, se dividiram em duplas diferentes para algumas atividades, se reagruparam para outras. Bee surpreendeu a todos nas aulas de natação. Jane e as meninas pintaram e decoraram a casa de bonecas com seus desenhos. Kurt descobriu a alegria de dormir sozinho no quarto de hóspedes porque suas três meninas estavam entrelaçadas e adormecidas na sua cama após assistirem Moana pela milésima vez.

A casa que o casal julgou enorme na primeira visita, de repente, estava cheia, completamente cheia do amor que os quatro compartilhavam. Histórias tão diferentes, mas uma só família que nasceu completamente fora dos padrões, mas dentro dos laços que só o amor constrói.

Impulsionada por aquela normalidade tão atípica para eles, numa noite, já na cama, Jane se permitiu pesquisar mais sobre detalhes de uma gestação. Ela sabia pouco. A única vez que foi ao médico durante a gravidez de Avery foi para o parto. Tentou esconder ao máximo sobre o bebê para evitar conflitos com Shepherd.

A rápida pesquisa a surpreendeu. Aquele 0,6% de probabilidade apontados por Patterson eram muito menor que outras probabilidade de tudo dar errado numa gestação absolutamente normal.

Quando Kurt se deitou na cama, foi inevitável ver o assunto que a tela do laptop destacava. Jane proferiu uma reprimenda mental a si mesma por estar tão absorta na pesquisa e nem percebeu que ele se aproximava. Ela não queria alimentar nele esperanças. Ainda mais agora diante de números tão desencorajadores. Sem poder voltar no tempo e desfazer seu deslize, preferiu encarar a situação:

— Olhe esses números. São tantas possibilidades de tudo dar errado numa gravidez ...

Kurt levou a mão até a mesa de cabeceira e alcançou seu óculos. Quando pode enxergar melhor, observou as tabelas e gráficos.

— É, quando olhamos a partir desses números, é desanimador. Mas também é possível olhar os números que não aparecem aí. Para cada probabilidade de 12% para uma determinada má formação, existem 88% de chances de um bebê saudável vir ao mundo. E a superpopulação mundial confirma isso.

Aquelas palavras tão simples foram capazes de lançar tanta esperança para ela. Ele sempre fazia isso. Kurt Weller, aquele agente do FBI que um dia ela observou num memorial e se sentiu tão sensibilizada pela devoção que ele dedicava à procura de Taylor Shaw. E, mesmo depois de tê-lo usado e ferido, aqui estava ele, trazendo luz à sua noite. Ele não desistiu de Taylor por 25 anos e também não desistiria dela. Como retribuir tanto amor? Como demonstrar sua gratidão? Ele faria tudo por ela. Como superar seus próprios medos e dar a Kurt o que ele merecia? Jane fechou o laptop e se virou para o marido:

— Eu te amo. – disse aflita.

— Eu também te amo. O que aconteceu?

— Essa semana foi tão perfeita... – e fechou brevemente os olhos – Eu não quero abandonar Avery de novo.

— Janie, você não vai abandoná-la. Não pense nisso.

— Mas não é só isso. Eu quero estar aqui, Kurt, bem aqui, em cada uma das visitas de Bethany. E eu quero mais. Mais tempo. Mais de nós. Mais por nós. Eu quero envelhecer ao seu lado...

— Eu sei, Janie. Vai dar tudo certo. – ele se deitou e a puxou acomodando-a no seu peito enquanto seus braços a envolviam.

Jane se aconchegou à ele, inalou seu cheiro, deixou-se embalar por sua respiração, mas nada parecia ser capaz de acalmar a tempestade dentro dela. Inquieta, ela ergueu a cabeça para olhar para o marido e foi surpreendida pela imagem dele com uma mão atrás da cabeça e ainda de óculos, olhando os raios que a luz da lua projetava no teto escuro. Ela riu da situação. Ele sequer tinha percebido que o óculos ainda estava no seu rosto. Provavelmente adormeceria novamente com ele como ocorreu tantas vezes nas noites em que ele lia romances policiais na cama. Como ela amava cada defeito desse homem!

Quando ela se sentou na cama, Kurt retornou das ondas de seus próprios pensamentos e olhou para ela:

— Tudo bem?

Jane torceu o lábio numa expressão de falsa irritação que ele já conhecia bem:

— Dormir usando óculos não estava no nosso contrato nupcial. Nem prometi nos meus votos aguentar isso. – disse já levando a mão até o rosto dele e tirando delicadamente o objeto para depositá-lo na mesa de cabeceira.

— Infelizmente não posso prometer que não acontecerá novamente. – ele riu e alcançou a cintura dela com a mão – Mas fora isso... quer conversar sobre o que está te incomodando?

— Kurt, eu ainda não me sinto segura para engravidar...

— Janie, por favor, você sabe que eu não vou exigir nada de você, muito menos algo assim.

— Mas eu também não quero desperdiçar a chance de cura que eu tenho. Roman lutou tanto para isso. Patterson, Madeline, Christofer... Nós, nós lutamos tanto para chegar até aqui.

Kurt apertou os olhos tentando focar no rosto da esposa agora iluminado pela mesma luz oscilante da lua que entrava pela janela. Ele se sentia confuso e com medo de entender onde ela queria chegar.

— Se você concordar, eu quero que paremos de evitar deliberamente uma gravidez... – Jane foi surpreendida pelo salto que Kurt deu na cama, sentando-se frente pra ela e levando sua mão até seu rosto. Mesmo na penumbra do quarto, os olhos dele pareciam brilhar mais que a lua lá fora, isso foi determinante para aumentar sua confiança nas palavras que acabara de proferir.

— Você tem certeza que quer isso?

— Mais que tudo! Por nós!

— Eu vou estar aqui com você o tempo todo. Vai dar tudo certo. Eu prometo!

Ela também levou a mão ao rosto dele. Uma súbita onda de esperança invadiu seu peito e ela sussurou:

— Eu sou uma pessoa horrível, Kurt. Estou determinada a conspirar deliberadamente para agravar o problemas da superpopulação mundial.

Ele deu seu sorriso torto já a puxando para mais perto:

— Você é a pessoa mais corajosa e forte que eu conheço. E também é minha terrorista favorita. Dessa vez, faço questão de fazer parte de sua conspiração, vou participar de cada detalhe.

O beijo que se seguiu foi longo e intenso, semeando o sonho que os dois compartilhavam. Quando Kurt deslizou os beijos para a clavícula de Jane, ela o afastou e, tocando seu queixo, direcionou seu olhar para ela. Não havia nenhuma inocência na sua expressão, apesar das palavras tentarem camuflar o desejo indescritível que se apoderava dos dois ao menor toque:

— Hey, não é um pouco cedo para começarmos a tentar? O implante ainda está aqui.

Kurt a puxou com força para ainda mais perto. Seu olhar era declarava suas intensões:

— Se o problema é esse, eu posso arrancá-lo com os dentes! – e deu uma mordida suave no ombro dela.

Jane riu alto o que fez Kurt colocar o dedo indicador sobre seus lábios:

— shshshshshiu... Regra do silêncio. As meninas estão em casa. - sussurrou para ela.

— Hum... – ela respondeu também sussurrando – Silêncio é outra coisa que precisamos exercitar. Terá que virar rotina num futuro bem próximo.

— E esse é nosso ponto franco.

— Mas não há nada que não sejamos capazes juntos.

— Terá que ser um treinamento longo e intensivo.

— Concordo! Sugiro que comecemos logo. Agora!

É hora de sairmos do quarto para eles treinarem sozinhos...


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Notas finais do capítulo

Agradeço a leitura ao final de cada capítulo, mas como essa é uma publicação de aniversário, quero deixar aqui um agradecimento ainda mais especial a cada um de vocês que tem acompanhado essa história por tanto tempo.
Se me dissessem há um ano atrás que ainda estaria escrevendo Reencontro hoje, provavelmente eu teria desistido por conta da ansiedade que tenho em finalizar uma história. Mas o carinho de vocês por ela com comentários aqui, no Twitter, no WhatsApp e no Instagram, me dá ânimo para prosseguir e escrever cada capítulo com o mesmo carinho que recebo.
Muito, muito obrigada pela leitura.
Sugestões ou críticas são bem vindas! Deixe um comentário aqui.



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