Reencontro escrita por Lucca


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Um pouco de Jeller porque esse casal é tudo de bom.
Rich e Patterson trabalhando juntos é outra coisa que adoro então também trouxe pra esse capítulo.
Acharam que eu tinha esquecido a Tasha, não é? Nada disso, vamos juntar essa ponta agora.
E mais algumas surpresas para vocês.
Boa leitura.



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Jane começou a despertar se sentindo estranhamente leve e segura. Por duas vezes ela se negou a abrir os olhos e se permitiu continuar ali, envolta naquela sensação. Aos poucos, a realidade a sua volta foi se tornando mais concreta. O cheiro dele, aquele ronronado típico do seu sono, o calor do corpo dele envolvendo o seu. Kurt estava ali e, com ele, toda a segurança e sentimentos bons que seu amor por ele fazia brotar nela.

Ela abriu os olhos e ficou o observando por alguns momentos. Como ele era lindo! Mesmo as linhas mais fortes de seu rosto, sinais da idade avançando, montavam uma combinação perfeita.

 Jane suspirou. As lembranças da noite anterior a assaltaram. Impossível continuar na cama. Ela se levantou cuidadosamente e foi até o banheiro. Após jogar água no rosto, parou para observar os novos hematomas de seu rosto no espelho. Não parecia tão ruim. Nos últimos anos ela já teve ferimentos piores. Aliás poucas foram as vezes em que se olhou no espelho por outro motivo que não avaliar seus ferimentos.

Percebendo isso, ela resolveu dar mais atenção ao conjunto total do reflexo de sua imagem. Avaliando seus olhos, nariz, boca, concluiu que os anos foram muito mais gentis do que a vida para ela. Não era simplesmente beleza que ela via, mas a força e determinação que seu rosto passavam. Rapidamente seu olhar correu para a imagem de fundo no espelho: Kurt dormindo na cama do casal. Ele fazia parte dela e ela parte dele agora. Voltando os olhos para sua própria imagem ficou claro: não importava que circunstâncias e dores a trouxeram até ali, importava o que ela faria de si mesma a partir de agora. Então se virou e voltou para o quarto.

Aproximando-se da cama, ela se abaixou e depositou um beijo suave nos lábios de Kurt. Eles resmungou sonolento e um leve sorriso se formou nos seus lábios. Jane se divertiu com a reação e repetiu o beijo acrescentando num sussurro um “oi”.  Antes que ela pudesse se acomodar para observar a expressão no rosto dele, as mãos de Kurt a alcançaram e puxaram para cima dele. Ela soltou um leve grito de surpresa e, em seguida, seu riso encheu o quarto. Ele abriu os olhos e sua mão acariciou o rosto dela para ter certeza de que tudo aquilo não era apenas um sonho.

— Bom dia! _ disse antes de colar seus lábios aos dela exigindo um beijo mais profundo.

Ela só respondeu com a reciprocidade do beijo. Quando se separaram, ele se virou de barriga para cima, levando-a a se sentar sobre seu quadril e comentou:

— Se existe uma forma melhor de despertar do que essa, eu desconheço.

Jane revirou os olhos e questionou:

— Eu acho que já acordamos de formas mais gostosas.

Kurt fez olhar interrogativo:

— Acho que não me lembro, talvez seja melhor você refrescar minha memória.

Jane forçou uma expressão de espanto:

— Será que amnésia por ZIP é contagiosa e sexualmente transmissível?

— Talvez... eu ainda me sinto eufórico toda vez que estou assim com você, como se fosse a primeira vez.

— Hum... Vou fechar com você nesse diagnóstico: sinto o mesmo.

Os dois ficaram se entreolhando pro alguns segundos até Jane lembrar:

— Precisamos ir trabalhar...

— Precisamos?

— Oh, sim. Precisamos! Eu quero ter muitos anos de vida para poder ficar assim com você incontáveis vezes. Então, precisamos encontrar a famigerada cura!

Kurt deslizou as mãos para cima e para baixo pelas coxas de Jane num gesto carinhoso:

— É tão bom te ver assim empolgada. Esse é o espírito para vencermos tudo isso. Vai dar tudo certo!

Ela sorriu e se abaixou para roubar outro beijo dele.

Laboratório de Patterson

Rich entrou animado no laboratório e encontrou Patterson compenetrada numa pesquisa:

— Bom dia, Patsy Patty! O que ocupa essa sua cabecinha surpreendente hoje? _ e se aproximando, vasculhou os monitores.

— Sh Sh Sh, Rich. Tenho um assunto importante aqui. Silêncio ajuda._ e enfatizou:_ Discrição também.

— Você está pesquisando sobre os Krugers de novo? Já fizemos isso várias vezes. Não há nada lá. Fizeram um trabalho muito bem feito apagando o passado da família. E por que temos que ser discretos?

A loira parou de digitar virando-se para o amigo e jogou o cabelo para trás:

— Você quer falar mais baixo! Que não há nada sobre a família eu sei, Rich. O que você não sabe é que ontem Jane disse que tinha outro irmão: Christofer...

— Outro Kruger? Céus, que notícia maravilhosa. Mais jovem ou mais velho? Quem se importa, não é mesmo? Outro humano com aquele DNA é uma obra prima da natureza com certeza. Temos que descobrir tudo: Alto como Roman? Cabelos negros como Jane? Talvez não tão heteronormativo... Vamos, Patterson! Temos muito o que investigar!

A loiras gesticulou interrogativamente com ironia:

— Como eu ia dizendo antes de você me interromper, RICH, não temos nada sobre a família. Também não sobraram arquivos do orfanato, mas só procuramos por um casal de irmãos. Se vasculharmos novamente todas as informações disponíveis atrás de outras crianças que foram encaminhadas para famílias e instituições naquele num período de 6 anos em torno das datas que temos.

Rich sorriu de forma presunçosa:

— Desenvolvo um algoritmo de buscas rapidinho. A pesquisa pode ser “abrangente”?

Patterson pigarreou e disse balançando a cabeça de forma assertiva, mas ao mesmo tempo disfarçando seu gesto:

— Bem... sim. Faça o... melhor. _ e se voltou novamente para os monitores por algum tempo.

— Patt

A loira revirou os olhos:

— Não me chame de Patt! O que foi agora?

— Não é estranho que Jane não tenha mencionado isso antes?

— Ela não se lembrava dele, mas agora que ela recuperou suas memórias, isso veio à tona. Não gostei da reação de Madeline ao ouvir sobre o terceiro irmão, por isso quero manter isso em sigilo.

Os dois continuaram suas pesquisas pelo resto da manhã.

Logo após o almoço, Jane e Kurt chegaram ao SIOC e, assim que Patterson soube da presença dos dois, os chamou para uma conversa em seu laboratório.

Antes de iniciarem a exposição, Patterson tomou algumas precauções:

— Como você está, Jane?

— Bem melhor. E animada para fazer o que for preciso para descobrir a cura o quanto antes. Fizeram progressos.

— Na verdade... fizemos muito progresso em outras pesquisas que talvez ajudem. Ontem você mencionou Christofer, então resolvemos fazer uma varredura atrás do possível paradeiro dele. E as descobertas foram surpreendentes!

Weller abraçou a cintura de Jane oferecendo apoio diante das informações que estavam por vir.

— Nunca imaginamos que mencionar Christofer fosse relevante. _ Kurt comentou._  Jane teve os primeiros flashs na Africa do Sul.

Rich tossiu chamando a atenção para si mesmo:

— Ela teve ajuda. Minha perspicácia foi fundamental. Apesar de não termos nada concreto ainda, tenho que dizer que estou profundamente emocionado em poder reunir você à alguém de sua família, Jane.

Jane ficou um pouco constrangida e disse:

— Mas Chris está morto, Rich.

— Morto? _ tanto Rich como Patterson pareciam surpresos com a notícia.

— Sim. Ele foi assassinado junto com meus pais._ Jane transpareceu o pesadelo que viveu durante o relato que se seguiu_  Era dois anos mais novo que Roman. Chorou demais no momento em que nos aprisionaram e executaram meus pais.

— Oh, Jane, sinto muito. _ Patterson se sentia tão culpada por trazer aquilo de volta ainda mais da forma como aconteceu.

— Por favor, não se sinta culpada. Eu devia ter mencionado.

— Bem...ainda assim conseguimos algumas informações que podem ser úteis, apesar de não mais da forma que pretendíamos... Descobrimos que a rede de Crawford não envolvia só orfanatos. Algumas crianças foram encaminhadas para famílias com um poder aquisitivo considerável e frequentaram instituições de ensino de excelência associado aos planos de estudo extra. Enfim, parece que os orfanatos pretendiam formar os soldados, a força coercitiva, enquanto essas outras crianças estavam sendo formadas para serem a força científica da nova ordem que Crawford pretendia comandar. Rastreá-los pode ser importante. Aposto como desse grupo, como os bioquímicos e médicos tem pesquisas com as drogas experimentais  usadas pela organização como o ZIP.

Weller ficou muito empolgado:

— Ótimo trabalho, pessoal. Vamos em frente! O quanto antes descobrirmos mais sobre isso, melhor!

— Não é tão simples assim, Stubbles. _ Rich resfriou os ânimos_ Ainda não conseguimos identificar essas crianças para localizarmos os adultos que se tornaram agora. E provavelmente, depois da queda de Crawford, muita coisa sobre elas se tornou apenas mais um ponto cego nas nossas investigações.

As próximas horas seguiram sem nenhum avanço nas investigações seja sobre o esquadrão científico de Crawford ou novas quebras das tatuagens de Roman. Bem no final da tarde, todos estavam reunidos na sala de Reade para uma conversa informal quando Brianna entrou:

— Diretor Reade, Zapata está lá embaixo pedindo autorização para subir. O segurança disse que ela está acompanhada por um homem e parece muito aflita.

Todos na sala se entreolharam apreensivos. Não era algo que esperavam. O que Zapata estaria fazendo ali depois de tudo? Mesmo diante o quanto todos estava decepcionados com ela, de uma coisa tinham certeza: naquela família, sempre estariam abertos ao diálogo, principalmente se um deles precisasse de ajuda. Reade disse:

— Brianna, por favor, autorize a entrada dela. Quando ao acompanhante, cuide para que seja levado para uma sala segura e coloque a segurança em alerta durante a visita deles.

Minutos depois ainda no SIOC

Tasha entrou no saguão de cabeça erguida, disposta a não aceitar acusações sem antes ter a oportunidade de falar a que veio. Entretanto, seus olhos se fecharam após cruzar com os de Jane. Pela primeira vez, a latina não se sentiu intimidade por aquele olhar. O que ela viu e a fez recuar foi a dor da perda de Roman estampada no verde dos olhos daquela que um dia foi sua amiga.

— Estou aqui como uma aliada. Precisamos conversar. Tenho informações relevantes que serão fundamentais para resolver tudo isso. _ Ela disse.

— Melhor que essa conversa seja no meu escritório, então._ Reade sugeriu já acenando em direção à sua sala onde teriam maior privacidade.  

Reade se sentou na cadeira principal e Tasha ocupou o assento à sua frente. Todos ofereceram o próximo assento à Jane, mas ela recusou. Contornou a mesa e se posicionou atrás de Reade para olhar diretamente pra latina. Como sempre, ela preferia encarar seus problemas de frente. Patterson, então, sentou-se na outra cadeira.  

— Ele tem mesmo que ficar aqui?_ Zapata disse apontando para Rich que estava em pé ao lado de Weller e respondeu à latina com uma careta.

— Rich faz parte do team e lutou conosco todo esse tempo. Provou sua fidelidade, ao contrário de você. _ as palavras de Patterson fizeram Zapata fechar os olhos e sugar o ar tentando manter a calma para prosseguir.

— Por favor, Tasha, quanto mais adiamos para começar, maior a tensão. Fale! _ Reade foi objetivo.

Após um leve aceno assertivo com a cabeça, a latina prosseguiu:

— Logo após nossos desentendimentos pelo caso da libélula, Roman entrou em contato comigo. Ele tinha uma proposta. Relutei, era óbvio que ele sabia da minha fragilidade diante das revelações, mas também queria ouvir o que ele tinha a dizer tentando testar até onde ia sua sociopatia. Tudo o que ouvi parecia completa loucura, mas costurada por uma estranha trama consistente. Por isso acabei concordando em fazer parte do plano.

— Deus, Tasha. Explique logo isso de forma mais clara._ Reade insistiu.

— Roman tinha certeza que era uma questão de tempo até Crawford desmascará-lo e, mesmo tendo se apaixonado por Blake, tinha dúvidas sobre o caráter dela. Eu seria o plano B para o caso dele não levar a HCI Global abaixo antes de morrer. Ele sabia que todas as informações dos drivers não seriam suficientes para isso ou para a cura do envenenamento por ZIP. O tempo dele não seria suficiente para levantar as informações necessárias já que Crawford estava atento às suas ações e só precisava de um deslize seu. Até mesmo sua morte fazia parte desse plano._ e nesse ponto ela ousou olhar para Jane que ficou visivelmente pálida e levou a mão à cabeça para conter as pontadas de dor.

Kurt, sempre atento à esposa, se colocou ao seu lado e envolveu os braços ao redor dela para dar apoio e ser capaz de sustentá-la se o mal estar ficasse pior. Zapata continuou:

— Eu me aproximei de Blake e ganhei sua confiança expondo Roman. Depois disso, abri caminho para ter acesso às informações necessárias e  continuar o trabalho dele, agindo por dentro da HCI Global. Trocamos os jogadores e não a estratégia para a organização.

— Você ficou sozinha depois que Roman morreu! Fazer tudo isso sem um backup de fora não é simplesmente loucura, é inconsequente e irresponsável. _ Patterson tentou disfarçar sua preocupação com acusações.

— Eu não agi sozinha, Patterson. Tive apoio o tempo todo. Ele está aqui comigo e foi fundamental para chegarmos até onde chegamos e para darmos o próximo passo. Agora precisamos de proteção para continuar com isso.

Todos se entreolharam.

— Não vejo nada que impossibilite um acordo se você apresentar provas concretas para agirmos. _  Reade assegurou após o olhar assertivo de Weller sobre o assunto.

— Nós temos isso.  _ e colocou dois drivers sobre a mesa. _ Um deles tem informações necessárias para agir legalmente contra a HCI global e destruir a organização. As provas dos crimes contidas ali são consistentes o suficiente para impedir qualquer agência subornada de se calar. O outro driver tem pesquisas que apontam a cura. O ZIP foi usado nas experiências com crianças que a organização realizava por muito tempo. Quando a substancia foi identificada no organismo de Roman, ele foi desmascarado. Mas é claro que Crawford não colocou essa carta na mesa. Deixou o jogo correr. Enquanto Roman ficou desacordado no hospital, exames serviram de base para testes que foram realizados nas vítimas que a instituição ainda mantém. Muitos deles foram promissores e meu parceiro é especialista no assunto, com espaço para trabalhar com Madeline, teremos a cura em dias.

Kurt que beijava a cabeça de Jane diante das boas notícias, parou para questionar sobre sua mãe:

— Como minha mãe está envolvida nisso?

— Ela trabalhou com Roman, vocês já sabem. Por favor, vocês podem liberar meu parceiro agora para que ele se junte à nós. Se queremos a cura, precisamos dele.

— Primeiro preciso ter certeza de que ele não está envolvido em nenhum crime. _ Reade foi firme.

— Ele foi só mais uma vítima de Crawford. Não esteve num dos orfanatos, mas do outro lado da experimentação da HCI Global: criar o suporte científico para a nova ordem mundial que pretendiam instaurar. _ a latina parou por um instante e fixou o olhar me Jane como se suas palavras pudesse lhe trazer alguma forma de redenção _ e ele também é seu irmão, Jane.


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Notas finais do capítulo

Espero a história esteja mais clara a partir depois desse capítulo.
Teremos muita coisa legal à frente.
Obrigada pela leitura
Comentários são sempre bem vindos.



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