Utilidade para Máscaras escrita por Lady Black


Capítulo 3
Capítulo III - Olá, quanto tempo


Notas iniciais do capítulo

Ei, primeiro queria agradecer cada um dos comentários!
Eles me animaram tanto que acabei terminado esse capítulo ainda hoje (foi mais rápido do que eu pensei, admito).
Vocês são maravilhosos, amei cada palavra ♥
Espero que goste do capítulo, te vejo lá embaixo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/755041/chapter/3

 

 

Tudo se passava muito rápido para mim. Eu deveria tomar a forma de Ladybug? Um sussurro da voz de Tikki foi mais do que suficiente para tirar qualquer dúvida de minha cabeça e me fazer sair devagar do meu refúgio e ir para um canto vazio. Meus amigos estavam seguros debaixo da mesa — eu ao menos esperava por isso, pois o vilão havia apagado todas as luzes e ver um palmo a frente era muito. 

De algum modo, ressuscitando minha antiga capacidade de me transformar escondida consegui fazer o mesmo sem ser vista :

— Onde está Diego? Quero que ele prove do meu novo tempero! — o akumatizado falava aos berros. 

Saltei para o meio do caminho do tal Cozineitor e comecei a rodar meu ioiô :

— Acabou a hora de serviço, creio que o senhor deve se retirar do restaurante. 

Ladybug? — o adversário soltou ao meu ver, e jurei poder ouvir as vozes dos clientes escondidos repetir o mesmo. Qual é, eu dei uma sumida mas só porque não tinha trabalho. 

— Não se esqueça de mim, sou o brilho da festa — e com um salto, que não soube definir se meu coração ou dos pés dele, Chat Noir se posicionou ao meu lado. 

— Vejo que terei que pegar alguns miraculous antes do prato principal — e então, Cozineitor com seus quase dois metros e pele arroxeada puxou lâminas de seu avental e as arremessou. Armas brancas afiadas sendo jogadas em sua direção definitivamente não são legais. 

— Devemos tirar ele daqui, Chaton — disse dando um pulo em direção a saída do estabelecimento. 

— Concordo Lady, — com coragem, Noir avançou perante o adversário e com seu bastão começou a forçá-lo com investidas para a saída. Em determinado momento foi somente questão de eu enroscar meu ioiô em suas pernas e puxá-lo. Sempre tinha sido tão fácil? 

O trânsito de Paris ia parando para dar espaço a cena. Curiosos filmando o retorno do vilão, mas principalmente dos heróis 

Socos. Chutes. Saltos. Esquivas. Mesmo em todo seu tamanho Cozineitor era relativamente um alvo fácil e simples, com uma pitada de observação descobrimos que a borboleta causadora de todo transtorno estava em seu avental e acabamos com a situação sem precisar de habilidades especiais como Cataclysm e Lucky charm

Admito que não saberia contar exatamente o que aconteceu nem que fosse uma questão de vida ou morte; a cena havia sido rápida como um clarão no céu em dia de tempestade e o moço que se libertou da maldição da akuma chorava na rua sem saber bem como tudo havia acontecido. 

Fotos cegavam meus olhos. Aplausos confundiam minha audição. Foi quando vi Chat Noir fazer uma reverência e fugir para a noite parisiense e não pude me conter.

Dane-se qualquer encontro que eu tive hoje, aquele herói felino me ignorava de tantas formas nos últimos anos que eu não suportaria ficar ali parada. Com força, lancei meu ioiô em um poste e me joguei para cima de um prédio :

Chat! — gritei em desespero, meu gatinho estava indo embora — Chat Noir! Espere! 

E desacelerando ele olhou para mim. Olhos verdes reluzentes a luz da noite, cabelos mais bagunçados do que nunca e um corpo refeito em formato de homem adulto. Corri rápido, mas provavelmente só tive chance pois o mesmo estava parado e fiquei frente dele :

— Tudo bem? — perguntou-me com uma voz apressada. 

— Sim, não. Eu não sei — estava nervosa. A situação me lembrava tão bem de nossa última conversa a qual chegamos a conclusão que se não houvessem mais akumas, não precisaríamos mais trabalhar como vigilantes e sendo assim deveríamos deixar causas menores para a polícia. Senti um frio subir a espinha. 

— Tenho que ir, Lady — sua voz saiu com se estivesse frustrado.

— A gente se viu a última vez uns três anos atrás, e a única coisa que você me diz é "Tenho que ir"? — meus lábios agiram rápido. 

O homem observou o céu, e relaxou os ombros antes de levantar uma mão até uma mecha de meus cabelos soltos :

— Você está mais bonita do que nunca, Bugaboo

Dando passos para trás ele se jogou para continuar sua jornada noturna, e anestesiada pela situação ocorrida dei um jeito de voltar a ser a Marinette que nesse exato momento para todas as impressões estava no restaurante que um homem virou vítima de um akuma. 

 

***

 

    Levantar naquela manhã de sábado fora estranho, sentia que havia piscado e não dormido. Estava de fato com um problema em relação a noção temporal. 

Bebendo um café forte, sem açúcar eu parei em frente ao noticiário da manhã que passava na televisão com manchetes chamativas. “Defensores de Paris: O retorno”. 

Revistas online se punham a públicar fotos com uma qualidade relativa de Chat Noir e LadyBug lutando,  e o famoso “LadyBlog” recebia a sua primeira atualização após anos. 

A volta de heróis significava que vilões existiam, a população não estava totalmente satisfeita e o prefeito havia somente expedido um agradecimento por termos salvo os civis que poderiam ter se ferido caso não intervissemos :

— Está tudo uma bagunça, Tikki — falava em desespero sonoro, me sentia novamente recebendo meu miraculous. 

— Mas Mari, sua vontade não era justamente voltar a ser Ladybug? — inocente a kwami comia um biscoito. 

— De fato Tikki, mas isso significa que Hawk Moth está de volta ao mundo. — paralisei ao botar meu raciocínio em voz alta — Sabe que isso significa que ninguém mais está em paz, novamente? Chat e eu não conseguimos nem sequer descobrir quem era a pessoa por detrás disso tudo na época. 

— Ei, relaxa. — flutuou até perto do meu rosto — Você não está sozinha, e dessa vez vamos descobrir quem está com a miraculous da borboleta e entregar de volta para o Mestre Fu. Vamos acabar com o que começamos. 

— Chat parecesse não querer conversar comigo Tikki — suspirei e sai andando em direção a pia da cozinha. 

— Bem, lembra que três anos atrás ele disse que iria focar na vida dele e não estaria tão disponível caso algo acontecesse? Talvez seja isso — cheia de hipóteses ela me disse. 

— É, faz sentido. — forcei um sorriso nos lábios — Talvez ele tenha uma vida de casado agora. 

— Chat Noir, casado? — a kwami riu — Estamos falando do mesmo herói? 

Comecei a lavar a caneca que havia usado :

— Quem sabe, não é mesmo? Ele sempre foi legal, não duvido que tenha conseguido encontrar um amor e talvez até tenha um filhinho para cuidar agora — meus pensamentos foram longe, um pequeno loiro de olhos verdes bem falante me invadiu a cabeça. 

— Acho que você devia pensar em um problema de cada vez — a bolota rosa disse me trazendo um pano para secar a louça. 

— Concordo, mas qual primeiro? 

— Bem, Alya e Nino não caíram nada no seu papo que você ficou com medo e acabou saindo de perto deles por causa da sua claustrofobia. 

Dei um suspiro enquanto colocava a caneca no armário e saia da cozinha, tinha que tirar os pijamas que ainda estava usando :

— Tem razão, minha única sorte foi Adrien não ter ficado lá embaixo e ter gerado perguntas também. 

Meu apartamento era tão pequeno que em dois passos já estava no quarto procurando uma roupa. Acabei por pegar um vestido já que não pretendia sair de casa, onde havia um ótimo aquecedor inclusive. 

— E o Adrien? Eu ouvi ele jogando indiretas em você — sorriu animada enquanto virava de costas para me dar privacidade enquanto me trocava. 

— É interessante essa situação, mas sabe, acho que eu não idealizo mais ficar com ele. — comecei a pentear o cabelo — Acho que devo usar o cabelo solto mais vezes. 

— Você é confusa Marinette — dando risada de mim a pequena foi para a sala. 

É, eu era uma confusão de certa forma mas quem não era um pouco? Refletindo sobre o que havia acabado de escutar, peguei meu celular de cima da cama e olhei a última mensagem recebida. 

[“Espero que salve o meu número e me mande mensagem, A. Agreste” — 10:32, número desconhecido] 

Surpresa com o texto soltei um sorriso, talvez aquelas palavras fossem me fazer mais confusa do que já estava. Salvei o contato como “Adrien”, parecia íntimo pois não usava o sobrenome o que também não parecia pretensioso por não ser um apelido. A mensagem de resposta foi o mais complicado, escrevi e apaguei uma série de vezes até me dar por satisfeita e poder enviar. 

[“Seu número foi salvo com sucesso! Inclusive, chegou bem em casa ontem a noite?” — 10:41, Marinette] 

Queria narrar como passei o dia assistindo tevê, e conversando com meu ex-quedinha dos tempos da escola por mensagem, entretanto, meus pais me ligaram preocupados devido ao incidente do restaurante e me chamaram para passar algum tempo com eles. 

“E se você estiver propensa a ser akumatizada Marinette? Não saberia como reagir, e eu estou com saudades. Venha passar o sábado e o domingo conosco”. Essas eram as palavras da minha mãe que me vinham a cabeça como um mantra. 

Paris estava em um frio avassalador fora de época, e em minha inocência somente coloquei meu fiel sobretudo e calcei minhas botas que não combinavam com meu vestido.

Esperando — morrendo de frio — o táxi que eu havia chamado por um aplicativo eu me botava a pensar em minha vida nesses últimos anos e como eu deveria agir agora. 

[“Cheguei bem em casa ontem sim, e você? Ficou tudo bem depois de eu te deixar em casa? PS : desculpa a demora para responder, estava com visitas em casa” — 11:02, Adrien] 

Sorri achando a mensagem fofa, e a sorte me abençoou com o táxi parando em minha frente :

— A senhorita que chamou o táxi? — a taxista perguntou. 

— Eu mesma! — e abri a porta da parte de trás — obrigada por não demorar. 

— Imagina, estava aqui perto. — a mulher respondeu — Padaria Dupain-Cheng, certo? 

O carro ia se movendo e eu afivelando o cinto de segurança. Peguei o celular com a mão esquerda e comecei a pensar em minha resposta para Adrien :

— Sim, padaria Dupain-Cheng — afirmei simpática. 

— Meu filho ama os macarons daquela padaria, sugiro que peça um — tirei a atenção do smartphone com sua frase. 

— Bem, nós da casa Dupain-Cheng agradecemos a preferência por nossos macarons — dei risada. 

— Espera, é da sua família? Eu amo aquele lugar — ela sorriu sincera, pude ver os cantos de sua boca fazerem pequenas rugas inclusive. 

— Sim, meus pais que comandam — senti orgulho do fundo do meu coração — Venha com o seu filho um dia desses, talvez a gente se encontre novamente.

Conversei com a taxista até chegar ao meu destino, e quando percebi já estava pagando a corrida e andando em direção a porta da padaria e recebendo um abraço em família. Meus pais são demais. Nostálgica atendi alguns clientes, brinquei com meus progenitores e contei baboseiras do estágio. 

Em determinado momento, subi para meu quarto atrás de alguma coisa mais confortável do que minhas botas e não resisti a tentação e me joguei em minha cama como nos velhos tempos e meu celular quase saltou para o chão :

— Ei, nada de quebrar — falei sozinha e me lembrei de responder determinada mensagem. 

[“Fiquei bem sim depois que me deixou em casa, e obrigada pela carona mesmo sendo fora do caminho da sua casa e do apê que o Nino e a Alya estão ficando. PS : desculpa a demora em responder, meus pais me convenceram a vir passar o final de semana com eles” — 12:36, Marinette] 

Me coloquei em pé para procurar um par de chinelos que tinha certeza que deviam estar perto da minha mesa, mas antes mesmo de achar ouvi o apito de nova mensagem e não resisti a tentação de não ler logo. 

[“Está na padaria? Acho que vou passar aí para comer alguma coisa então hehe” — 12:37, Adrien] 

Mordi um pedaço do meu lábio inferior enquanto digitava contente da vida. 

[“Uhul, pode vir, garanto o melhor atendimento da França! :)” — 12:37, Marinette] 

Certamente de você olhasse por minha janela me veria dançando como não dançava há tempos, pulando balançando os ombros e dando risada. Estava adorando aquela história toda de trocar mensagens, e quando dei por mim Tikki já estava voando em torno de mim comemorando :

— Eu vou ter um surto ainda — comemorei feliz, e indo até meu rádio ligando em alguma estação. 

— O efeito Adrien Agreste está de volta! — a pequena comemorava. 

— Já devo colar os pôsteres nas paredes? — falei fazendo uma carreta apaixonada. 

— Dessa vez você deveria emoldurar alguma foto, é mais adulto — a kwami sugeriu seria, e depois nos jogamos em uma risada exagerada. 

Calcei meus chinelos, e quando olhei para a janela da minha varanda o seco invadiu minha boca :

Se esconde, Tikki.

Se ela entendeu de primeiro momento eu não sei, somente sei que sem entender muito bem o que estava fazendo fui para a sacada ignorando o frio que fazia. Olhei para a figura em minha frente e fiquei sem reação, e o mesmo soltou seu sorriso travesso :

— Olá, quanto tempo — se colocou em minha frente e pegou minha mão para soltar um leve beijo. 

— Olá, Chat Noir. 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ufa, espero que ninguém me mate por fazer um suspense no final dos capítulos hehe
Queria agradecer mesmo a todos que comentaram, vocês fizeram meu dia!
E também queria saber se vocês se incomodam muito com mensagens no texto. Não pretendo usar muito, mas acho que é sempre bom saber kkkk

Enfim, muito obrigada por ler! ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Utilidade para Máscaras" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.