"Então este é o sofrimento? Então este é o sofrimento?
O arrependimento que recolhi e juntei se transformaram em lágrimas, oh, querida"

" A terceira vez em que conheci Alec Lightwood, talvez tenha sido de longe a mais dolorosa e longa. 
Eu o encontrei em um bar, o rapaz estava bem vestido enquanto fazia caretas ao tomar o conteúdo do copo, que eu tinha quase certeza ser whisky. Me aproximei como quem não quer nada, sentando ao seu lado e trazendo sua atenção para mim. Conversamos durante horas naquela noite e eu descobri que o mais novo não tinha o hábito de beber e que só estava ali para tentar se distrair ja que havia levado um belo chifre da ex-noiva. 
Nos despedimos com a promessa de sairmos novamente na sexta-feira seguinte, naquele mesmo bar. 
Isso acabou virando um hábito nosso.
Com o tempo outros encontros foram acontecendo, as vezes íamos tomarr café em uma padaria perto da minha casa, em outras vezes íamos jantar em um restaurante vietnamita maravilhoso que ficava próximo a casa dele.
Lembro como se fosse ontem o nosso primeiro beijo, ele aconteceu no nosso 26º encontro e por incrível que pareça, foi por pura iniciativa dele. Ok, talvez meus flertes tenham ajudado nisso.
Em pouco tempo ele praticamente morava em meu apartamento.
No aniversário de um ano do nosso primeiro encontro, eu lhe contei a verdade, que era um feiticeiro com alguns séculos de vida. Sua primeira reação foi assustadora e ele sumiu por uma semana até voltar pedindo desculpas sobre como havia reagido a dizer que isso não mudaria nada. Porque ele me amava. Aquela foi a primeira vez em que colocamos em palavras nossos sentimentos. 
Esse amor e felicidade durou mais dois anos, sete meses e duas semanas. Já faziam alguns meses que Alec havia se tornado distante, que saia sem me dizer a onde ia e voltava tarde. Que nossas discussões começaram a se tornar mais frequentes e então em uma manhã quando eu voltei da caminhada matinal, ele estava com suas coisas arrumadas em grandes malas vermelhas, me esperando sentado no sofá, me entregou sua aliança e a cópia da chave de casa, dizendo que não suportava mais aquela situação, que não estava mais feliz naquele relacionamento e que não me fazia mais feliz e que eu, um imortal, não merecia perder tempo com um mortal que em breve envelheceria e só lhe traroa problemas. Eu quis gritar com ele, dizer para ficar, dizer que o amava mais que tudo nessa vida, que só conseguia ser feliz com ele ao meu lado. Mas eu simplesmente lhe desejei boa sorte e virei as costas seguindo para o quarto. 
Se arrependimento matasse, talvez eu já estivesse morto a algum tempo.
Por meses eu pensava em procura-lo, mas eu nunca fiz isso. Por egoismo, por orgulho ferido e acima de tudo, por medo de que ele estivesse feliz longe de mim.
Quase 6 meses depois de sua partida, recebi um estranho envelope azul que me lembrava os grandes olhos de Alexander. 
Era uma carta do meu menino, uma carta de despedida. Seu último adeus, me explicando todos os motivos e desejando que eu tivesse uma linda vida, me agradecendo por ter feito seus últimos anos os mais felizes. 
Ali, com toda a certeza, meu mundo desmoronou. 
Eu poderia ter mudado seu destino, eu poderia ter feito diferente, poderia ter sido mais atento e quem sabe assim perceberia o que tirou Alec dos meus braços. Mas eu não fui.