Um tal Cavaleiro escrita por Sabonete


Capítulo 15
Esperança Cega


Notas iniciais do capítulo

Nessa capítulo descobriremos o nome da bebida tão aclamada pelo nosso protagonista e, o que ele faz para ela se tornar ainda melhor!

Essas, entre outras coisas, serão reveladas hoje, em A Vida...não, er... em Um tal Cavaleiro!



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Estávamos sós, nos dois escorados mureta da torre mais alta do forte, sob o céu nublado, observando a cidade a nossa frente, não tão iluminada quanto era de costume. Pela primeira vez em muito tempo via Pharvra sem o uniforme, a armadura e a espada na cintura. Era seu dia de descanso e ela foi obrigada, não só por mim, a pegar leve.

Diferente das demais vezes em que ficávamos juntos, estávamos calados. A notícia que a carta trouxe e a solução que Jhon Lander tinha desenvolvido deixou um ar de pouca perspectiva.

Já não fazia tanto frio quanto nos meses anteriores e ficar ali era quase agradável, mas o mesmo vento gelado que açoitava a torre, permitindo que eu pudesse tomar a especiaria que chamavam de chocolate quente, que eu gostava tanto.

Até que de súbito, ela, minha tenente, pergunta se eu vejo alguma solução prática para aquela situação. Pharvra faz o contexto e explica que não acha que pagar para ver, como nosso comandante ordenou, enquanto é montada uma equipe para caçar quem mandou a carta daria resultado.

Além disso, ela ainda estava abalada pelo episódio com a bruxa e como Jhon Lander lidou com isso. Eu não posso culpa-la, a feitiçaria deixou nos dois impossibilitados e, se não fosse pela arrogância da mesma, quem sabe o que aconteceria?

A reação de Jhon Lander a receber a notícia de nossa missão na pequena Brum era desanimadora, e com certeza ajudava com aquela atitude da Pharvra.

Um babaca.

Nosso comandante ignorou nosso relatório, nos dizendo que havíamos sonhado ou bebido demais. Afirmava que bruxas não são reais e que a vila estava sofrendo de histeria em grupo e que quando bebemos de seu álcool e comemos de sua comida, adquirimos momentaneamente o mesmo quadro.

Eu tentei convence-lo, mas foi em vão. Tive, novamente, vontade de parti-lo em dois, com minha espada ou com a porta e o batente. Contive-me, quando ficou claro que ele ignorava veemente a existência da feitiçaria, como eu, e todos fariam até algum tempo atrás. Percebi que um homem como ele não mudaria de ideia. O comandante, babaca, era um cético que talvez só mudasse de ideia vendo com seus próprios olhos. Respirei fundo nesse momento, me perguntando se não seria melhor que ele realmente nunca visse.

Escorado na mureta, não sabia como lidar com ela. Simplesmente estava tão assustado quanto ela, eu só tinha maior experiência nisso. Em ter medo.

Faço algo que talvez eu me arrependa agora.

"Eu sei de algo que ninguém mais sabe"— Falo com a voz baixa, em meio a um logo gole da iguaria de sabor doce e de alta temperatura. Pharvra me olha esperando que eu continue a falar.

Pego um vidro pequeno, de uma bolsa que carregava e jogo seu conteúdo dentro da minha caneca. Digo a ela que é um pouco de conhaque.

Era coragem.

Conto sobre Lady Arthúria, sobre minhas primeiras dúvidas, sobre as novas certezas e, principalmente, sobre os pontos que ligavam tudo aquilo. Termino explicando que não sei como proceder com aquela questão.

Ela sorri para mim. É raro ver um sorriso de Pharvra.

Primeiro ganho um bom soco na cara. Mas não me surpreende depois que me levanto. Esperar um beijo, ou um abraço seria muito além de qualquer expectativa. O soco vem por esconder algo dela, não pelo o que eu escondia. Quando ela se tornou minha tenente fizemos um acordo, contaríamos tudo que fosse importante para nós, como soldados, um para o outro. E ela vinha cumprindo com a parte dela.

Quando ela me pergunta se acho que devemos invadir o palácio expor ou mesmo, matar, Lady Arthúria eu quase engasgo. Não poderíamos fazer aquilo sem provas, digo, e tento explicar o quanto esse detalhe vem me corroendo desde o dia em que os soldados foram envenenados no forte.

Pharvra sabe disso, mas reconheço que adoro sua impulsividade e suas soluções fáceis. Talvez isso resolvesse tudo, apenas nos colocariam como os assassinos mais procurados de Dantália. Mas, de certa forma, seria um preço pequeno a pagar pelo bem estar de todos. Ela mesma concordou comigo logo depois de minhas palavras, mas preciso ser sincero, essa ainda é uma boa opção, variando de para com quem tivéssemos que agir.

Aquela noite continuou tranquila. Não sabíamos que na manhã seguinte receberíamos a informação sobre Lady Arthúria e o misterioso homem que sempre a encontrava no mesmo lugar. Foi Houser que nos trouxe a informação e sem sequer imaginar, caímos na armadilha.

Acreditávamos que estávamos seguros dentro do nosso próprio círculo, mas nunca se sabe de onde a facada mais perigosa pode vir, ela geralmente vem de onde não esperamos.

A Rosa Escarlate esperaria um pouco mais, Jhon Lander nem notaria nossa ausência, já que nos manteve em nossas funções comuns. Nada estaria entre nós e o fim dessa situação terrível. Lady Arthúria, a vítima seria liberta das amarras da feitiçaria do maldito Sor Hurtan.

Em meio a nossa esperança cega, sequer podíamos imaginar até onde essa feitiçaria maldita já tinha invadido o nosso mundo.


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Notas finais do capítulo

Um capítulo que explica algumas coisas e liga mais pontos da história.

Tá tocando um pagodinho na rua e eu só consigo pensar em onde essa história vai dar. Mas espero que vocês estejam gostando!

Obrigado por acompanharem até agora meus contos sobre a vida do Dancan!



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