Um tal Cavaleiro escrita por Sabonete


Capítulo 13
O plano deu errado


Notas iniciais do capítulo

O mundo de Dancan cai. Não só o dele.
A partir daqui nada será mais igual.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/753893/chapter/13

Entramos durante a noite, nervosos e preocupados com as consequências do que fazíamos. Passamos por uma entrada secundaria da fortaleza vermelha. Vestíamos roupas escuradas e tentávamos a todo custo não fazer nenhum barulho com a pouca proteção que carregávamos; escudos e capacetes semelhantes aos que eram usados lá.

A fortaleza vermelha era o coração de Reburg, uma cidadela feita inteira com tijolos e pedras vermelhas. O senhor da cidade, juntamente com sua corte, de nobres menos importantes, e seus criados e guardas. É por ela, que a cidade tem o nome que tem.

Nossa preocupação se revelava no teor real de alta traição perante o trono de Dantália. Mesmo que nossos motivos se revelassem, de alguma forma, verdadeiros e corretos aos olhos dos deuses, seríamos sentenciados a morte por estarmos indo contra a própria nobreza.

Mesmo assim confiávamos no plano que construímos nos dias anteriores escondidos em uma casa dentro das favelas, fora dos muros vermelhos da cidadela. Estávamos focados e isso nos fazia acreditar que tudo daria certo.

Nosso alvo era um nobre, que fazia parte da corte, chamado: Sor Hurtan. Além de um Marquês, Hurtan carregava o título de Cavaleiro de Dantália, honraria dada apenas aqueles mais bravos, conquistada através de explorações, grandes feitos e riquezas adquiridas.

Para nossa surpresa, ou não, também, era conhecido como o Leão Vermelho.

Ele era a cabeça da serpente, a quem nós estávamos procurando havia alguns meses. E só o identificamos graças a uma carta anônima, recebida por Houser no forte de Estherburg. O bilhete nos dizia onde e quando ir até um prédio afastado da cidade, com a promessa de nos trazer grandes revelações.

E tenho que ser sincero ao dizer que não acreditaria no que vimos, eu, Pharvra e Houser. No local, o prédio mal cuidado, sob a luz das estrelas, nos deparamos com Lady Arthúria e um homem que carregava um brasão composto por uma torre amarela e um fundo azul escuro. Descobríamos depois que ele era Sor Hurtan.

Mas não era a sua identidade que foi o problema. Até porque encontros secretos entre a nobreza era bem comum. Diziam as más línguas, pelo menos.

O até então desconhecido de forma agressiva tomou Lady Arthúrianos braços e a dominou. Mas não física ou sexualmente, não. Seus olhos brilharam como brasas enquanto seu corpo era tomado por uma aurada cor do vinho tinto. Essa força nefasta se apossou do corpo da dama de Estherburg até chegar a seus olhos. Caiu no chão aturdida e, nesse momento, soubemos o que estava acontecendo.

Desde então, nos preparamos para cortar a cabeça da serpente maligna que havia conspurcado a alma de Lady Arthúria e era o responsável pela crise com os Trusgos, e o reaparecimento dos homens rato. Sor Hurtan se encaixava perfeitamente na descoberta de Luppa, uma das Capitãs da Quarta Legião.

Sabíamos que os aposentos de Sor Hurlan ficavam na ala Oeste da fortaleza, precisamente em um das torres laterais. Por acaso aquele local sempre me provocou calafrios e, agora, eu podiam compreender o motivo. Sempre esteve nas nossas caras.

A capitã tinha acesso livre a fortaleza, por isso, essa primeira provação foi superada tranquilamente. Além dela e de mim, Pharvra também fazia parte da equipe, assim como outros cinco soldados de confiança, que Houser tinha sob seu comando. O próprio ficou em Estherburg, com a missão de manter as aparências e não gerar suspeitas, mesmo que a missão falhasse.

Assim como Houser, Luppa não participaria ativamente da ação. Ela tinha como função, dentro do nosso plano, o suporte. Organizou a guarda da cidadela para que eles não visitassem tanto a ala oeste, assim como nos cedeu um mapa da cidadela e um molho de chave que nos daria acesso a todos, ou quase todo, os cômodos.

Quando entramos, Luppa devia estar em seus aposentos, junto dos demais capitães da Quarta Legião, em um prédio anexo ali mesmo, dentro da cidadela. As chaves, o mapa e o tempo que a capitã nos deu foram muito bem usados.

Apesar da tensão da missão secreta, pensamentos sobre aquele homem tomavam a minha mente. Ele era o culpado disso tudo, tudo por conta daquela maldita feitiçaria. Jhon Lander, ao lado dele, não era nem um pouco babaca.

O portão pintado com a torre amarela e de fundo azul escuro indicava onde começavam os aposentos de Sor Hurtan. Como esperado, não havia ninguém guardando o local, não provocávamos sons, nem passamos por lugares onde nossas tochas pudessem entregar nossa presença.

Tudo começou com aquele sorriso, aquela maldito sorriso.

Um dos soldados de confiança de Houser que nos acompanhava se chamava Curtis e se ofereceu para abrir a grande porta. Sua autoconfiança era tão visível que concordamos sem pensar muito.

O estalo da trava indicou que o portão foi aberto, Curtis, com maestria deixou-o encostado e ofereceu iniciativa para nós. Um outro soldados avança e empurra a porta, que se mostrou bem pesada. Ao abri-la, revelou-se totalmente escura. Outros dois soldados, munidos, agora de tochas entraram pela abertura.

Antes que pudéssemos segui-los, somos alertados pelo o som dos gatilhos de bestas disparando. E quase instantaneamente nossos companheiros logo a frente são alvejados e caem.

Pharvra grita para nos protegermos, enquanto avanço impulsivamente para atacar os atiradores. Sabia que a recarga daquela arma era lenta, e eu poderia chegar neles antes disso.

Uma risada ecoou pelo lugar, seguida de um som de porta se fechando. Imaginei que era Sor Hurtan, recuando.

Pharvra só chegou até mim protegida em formação junto de Curtis e os outros soldados. A claridade das tochas que traziam mostravam cinco corpos no chão, além dos dois soldados que foram mortos, na entrada.

Saber que mais homens morreram por minha culpa me trouxe de volta a realidade, após o episódio de brutalidade que tinha protagonizado segundos antes.

A morte era quase uma certeza em qualquer desfecho que não fosse o êxito.

Recolhemos os corpos e trancamos a porta e logo em seguida voltamos a missão, mas dessa vez muito mais atentos, sabíamos que ele estavam nos esperando.

A segunda onde de ataques aconteceu logo, em um corredor com uma bifurcação. Pharvra liderou a defensiva, enquanto eu me separei do grupo me guiando pelo mapa. Fui para a direção oposta, justamente a que dava nos aposentos do Marquês e, cavaleiro Sor Hurtan.

Estava bem claro que aquilo era um convite, mas até aquele momento, eu não tinha ideia do de como, ou mesmo do por que. E não me cabia avaliar a situação, estando em uma missão.

Fui recebido com um sorriso  por Hurtan, que me aguardava após o último lance de escada., Vestia um traje imponente, com a cabeça de um leão sobre sua cabeça e sua juba, sobre seus ombros.

"Ora ora, se não é Dancan White"— Ele falou enquanto eu erguia minha espada em uma posição defensiva.

"Lady Arthúria estava correta, Houser é um ótimo peão"— Aquela frase tomou meu corpo. E durante esse breve momento de hesitação, Hurtan tem seus olhos transformados em brasa.

Avanço em sua direção.

O combate entre Pharvra e os guardas é interrompido por um estrondo que faz pó cair das paredes. Ela sozinha, nota que Curtis não está mais ali.

O plano tinha dado errado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não sei quando vai rolar a sequência. Não é uma questão de inspiração, mas to meio sem animo de continuar a escrever - e isso é uma bela bosta. Mas, ainda assim, essa semana eu ponho um novo, só não garanto que seja nessa pegada de 3 dias.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um tal Cavaleiro" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.