Um tal Cavaleiro escrita por Sabonete


Capítulo 11
Onde fui me meter?


Notas iniciais do capítulo

Tive um pouco de dificuldade de organizar esse capítulo, mas ele é importante por dois motivos.

A princípio, não consigo ter certeza se ele se encaixa perfeitamente na narrativa, com seu estilo, mas vendo a história, como uma junção de todos os contos, ele se faz muito necessário.

Espero que vocês gostem mais dele, do que eu gostei!



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A pequena casa não deixava muito espaço para nos locomover, mesmo que para seus donos fosse realmente enorme. Apoiando nas paredes tracei todo o trajeto a até saída, ignorando as palavras de minha tenente e do meu, até então, captor.

Cheguei até a porta. Digo a portinha. Tentei abri-la, mas nada, parecia tão sólida quanto à pedra rustica. Por maior que fosse a força que usasse, ela não se movia.

"Dancan, calma"— Pharvra falou com doçura na voz, enquanto tocava meu ombro. O pequeno ser se aproximou indeciso de sua próxima ação.

"Ele se chama Perligan"— E continuou a falar, apontado para o pequeno. "É um morador da floresta, e usou sua feitiçaria para nos ajudar"— Completou, tentando encorajar alguma atitude mais tranquila.

O pequeno ser com um sorriso contido, completou, dizendo que além de tudo, a chave da porta estava em sua bolsinha. O observei por um instante deixando o terror de lado. Era tão pequeno, tão frágil, que eu sabia que com um único chute o derrubaria e, então,  poderia roubar a chave e sair correndo dali.

Que idiotice. Puni-me mentalmente pelo pensamento.

Pergunto com muito receio por meus homens. Mesmo havendo poucos, era meu dever como Capitão acudir aqueles que eu pudesse. Minha tenente me olhou aliviada enquanto o recém nomeado Perligan, o pequeno, me olhava desconfiado. Avaliou-me de cima a baixo enquanto eu desviava o olhar sem notar.

Quando percebi o pequeno estendia a mão para mim, oferecendo a chave. Ele dizia que tínhamos começado com o pé errado e gostaria que eu me sentisse em casa. Não hesitei e peguei a chave. Logo que passei pela porta, Perligan comentou que meus homens estavam ao lado da casa, de baixo das árvores com as folhas verde esmeralda.

Nunca respirei um ar tão puro quanto aquele que encontrei ao sair da pequena morada de Perligan.

Todos estavam deitados, de forma bem confortável, sob a imponente árvore. Alguns outros pequenos cuidavam de seus ferimentos. Ao meu lado, Pharvra, me explica que aquele lugar deve ser algum veio da Majestosa, a maior das florestas, que corta toda a terra conhecida.

Dandália fica numa parte do mundo conhecido pouco abastecido pela mais magnífica floresta, mas esses poucos locais são de belezas impares. De verde esmeralda brilhante, cores vivas, tudo o que nasce lá é maior e mais vistoso, assim como mais saudável. A madeira das árvores, de alta qualidade, era usada, pelos antigos, para construções que duravam séculos, nunca apodrecendo ou perdendo seu aspecto vivaz.

Perligan passa por mim, enquanto procurava algo em sua bolsinha. Ele retira um frasco de cor azulado e então, fala sobre um grupo de pessoas que há alguns anos visitou o lugar e deixou aquilo cair. Para ele parecia uma garrafa, mas para mim, não passava de uma mínima dose de algum tipo de elixir curativo, como os que os curandeiros de Estherburg carregavam.

A tenente e eu nos olhamos rapidamente. Aguardamos até que ele voltasse a falar.

"Aqueles monstros.. eles viviam bem longe daqui" — Comentou o pequeno ser da floresta, guardando o pequeno frasco azul na bolsinha. Sua voz um pouco desapontada se torna mais soturna quando nos contou que surgiram na mesma época que o frasco foi encontrado, pouco tempo depois do grupo de pessoas passarem por lá.

Primeiro pensei que era algo sem relação. Mas quando Perligan nos explicou de suas investigações, junto de seus amigos, suspeitei de que ele queria nos convencer de que a presença dos Trusgos lá, tão perto de Dantália, era algo planejado e orquestrado já há bastante tempo.

"O leão vermelho estava lá" — Foram as palavras que me fizeram dar crédito ao que dizia. Pharvra não reagiu a aquele nome, deduzi que não tinha ideia do que ele representava. Sabia, graças a poucas conversas e algum tempo de leitura, que quem carregava esse título eram estudiosos do oculto e da feitiçaria, vindos de Redburg. Apesar de dizerem que eram apenas histórias, eles eram ligados aos antigos contos, com deuses, magias e seres míticos.

Engoli seco ao resgatar tais memórias.

Quando Pharva perguntou como era possível eles saberem de tantas coisas, o pequeno contou-nos que havia dezenas de outras comunidades como aquela, onde estávamos, pela Majestosa, que serviam como uma rede de informação.

Sentei-me, escorando nas paredes da madeira macia, enquanto o pequeno e a tenente conversavam sobre a extensão da comunidade dos, agora nomeados, Hullys. Buscava algumas respostas em minhas lembranças. Os povos do Norte diziam que os Trusgos, apesar de agressivos, jamais tinha saído dos vales cavernosos e gelados onde viviam e, raramente havia algum enfrentamento. Remoí as memórias, me lembrando que a Majestosa Floresta não só corta o mundo, como era, teoricamente, a melhor forma de se chegar em algum lugar, já que haviam veios verdes que ligavam todos os lados.

Não era possível. Mas, e se fosse?

Interrompo, de forma até grosseira, a conversa dos dois, perguntando como ele, Perligan, imaginava que o grupo do Leão Vermelho pode ter feito os Trusgos saírem de seu território e começarem a atacar tudo em seu caminho.

Pharvra sugestionou a própria magia, mas o pequeno ser da floresta foi quem complementou a resposta. "Sim, com a magia, mas não a dos homens"— disse. E, se eu já tinha medo de qualquer feitiçaria, algo que não era feita por nós, homens, me fazia perder o controle de minha respiração e meu coração disparar.

Perligan diz que pelo conhecimento reunido pelo povo Hully, só há uma coisa, na majestosa floresta, capaz de tamanho feito; um Antigo Senhor.

 Tanto eu, quanto Pharvra, não tínhamos ideia sobre o que era aquilo e possivelmente nossas expressões confusas o fez explicar.

Se até mesmo minha tenente ficou temerária, eu não sei descrever o pavor interno que tive ao compreender aquilo. Principalmente, quando pequeno ser da floresta, nos contou que após a viagem que a grande maioria dos Antigos Senhores fizeram, alguns insistiram em permanecer aqui, por seu egoísmo, ou medo de deixar para trás tudo o que tinha construído. E por isso, foram atingidos pela passagem indescritível de tempo, a solidão e assim, mudando, se tornando forças caóticas de aparência e moral profundamente deturpadas.

Naquele momento, pensava apenas em onde fui me meter.


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Notas finais do capítulo

O mundo é um lugar bem maior do que Dancan podia imaginar. Ele, sem dúvidas, compreende isso nos acontecimentos futuros a este conto, que se encaixa na sequência do capítulo 7 'Maldito Jhon Lander'.

Torço por vocês terem curtido a leitura e logo postarei mais um!



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