WSU's: Renascida escrita por Nemo, WSU


Capítulo 11
A História Nunca Contada




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Antes de falar sobre mim, irei contar a você a origem do clã da meia noite. E ela começa com Salazar, em 1747 na Espanha, Madri. Por toda a sua vida, meu avô viveu de forma miserável, trabalhando em serviços mal remunerados, tentando sustentar a si e a sua esposa.

 O ponto da virada começou quando ele teve seu primeiro filho, Ruan e posteriormente meu pai, Gregório. No entanto minha avó faleceu ao dar à luz a este. E isso resultou num sentimento de ódio para com o mesmo. E assim a vida dos três seguiu normalmente, enquanto Ruan, se tornava um comerciante, meu pai era um faxineiro, e Salazar trabalhava como marinheiro.

 Mas numa poderosa tempestade, o navio do qual meu avô aos 67 anos trabalhava sofreu avarias, e ele perdeu ambos os olhos. Inicialmente, Salazar pediu a Deus que o salvasse. Mas nos dois dias seguintes de pura tempestade, Deus nada fez, Salazar então chamou o diabo.

 E ele veio, um contrato foi firmado, mas Salazar, foi descrente para com Mefisto, e este o condenou a permanecer sem olhos e velho, mesmo sendo um vampiro. Um reajuste de acordo, digamos assim. Salazar, então foi obrigado a fazer um acordo que amplificasse seus sentidos, em troca de algumas alminhas. Para sobreviver a tempestade, ele drenou cada companheiro seu. Tornando-se, portanto, o último sobrevivente.

 Ao voltar para casa, ele contou tudo aos seus filhos, mas não os transformou de cara, afinal ele queria netos. Ele desejava uma família, portanto só os transformou quando já tinham filhos. Com o passar do tempo nossa família tinha se tornado dona de uma frota mercante, estávamos ricos. Mas algumas pessoas começaram a fazer perguntas, e a estranhar, o fato de Salazar, e seus filhos não mostrarem sinais de estarem envelhecendo, portanto, abandonamos o negócio e minha família veio para o Brasil.

 Inicialmente passaram bem com toda a fortuna acumulada, até que o dinheiro foi gasto. Salazar, teve que trabalhar de empregado para fazendeiros, junto com a família. Um ano antes da primeira guerra mundial, eu nasci. Mas nossa vida miserável continuou, e eu cresci sem nada.

 Até que minha família começou a trabalhar para uma família japonesa, imigrantes, como nós, a diferença é que eles eram ricos e tinham uma fazenda. Ali nós tivemos uma melhora considerável de vida. Quando a segunda guerra começou e o Brasil se envolveu, meu avô foi chamado para compor um grupo especial da Força Expedicionária Brasileira.

 Com o tempo, adquirimos dinheiro, o dono da fazenda morreu, então começamos a crescer e a adquirir influência. Pelo menos, Salazar, Ruan e Lorenzo, fizeram isso, já que meu lado da família sempre foi sujeito a uma vida de obscuridade e miséria.

 Meu pai sempre falava que um dia nossa situação iria mudar, ele acreditava que um dia o velhote reconheceria nosso valor. Por décadas acreditamos nisso. Mas meu pai estava errado, e foi aí que decidi fazer algo a respeito. Decidi que formaria um exército e que tomaria o que era nosso.

 Mas antes de qualquer coisa, eu precisaria de uma comandante, uma mulher forte, independente e corajosa que lutasse por mim e comigo. Mas essa geração atual é fraca, mulheres assim são mais raras do que se consegue imaginar.

 Foi então que aleatoriamente olhando reportagens na internet encontrei uma notícia de desaparecido na minha região de operação. Decidi dar uma olhada, talvez fosse um vampiro rival. Mas em meio as fotos das buscas eu vi uma garota, estava triste e por isso, era uma presa fácil.

 Eu passei a seguir seus passos, até nos encontrarmos em uma festa em Itapeva, com o tempo passamos a nos ver cada vez mais. Embora existisse saudade e luto em seu coração, eu consegui conquistá-la. Tudo foi plenamente bem no nosso relacionamento, mas ela não desejava se casar comigo, dizia que era cedo demais para isso.

 Então firmei um contrato extra com Mefisto, para que eu pudesse controlá-la. Pode soar cruel, mas afinal, por que esperar um tempo? Isso era frescura. Quando ela soube que eu era um vampiro e qual eram meus propósitos, ela endoidou de vez, queria me entregar, mas existem lições para isso. Fiz o melhor para nós. Eu sei que ela me amava.

 Tudo seguia com o plano calmamente, iria dar tudo certo, após nosso casamento, o plano seria posto em prática, mas o desgraçado do Soldado se meteu entre nós. Ele voltou dos mortos só para perturbar a mente dela, e então matou toda a minha família.

João foi partido ao meio, meu pai teve o braço decepado inicialmente e depois o outro e por fim foi assassinado. Mamãe teve as pernas cortadas e então ele cravou uma espada em sua garganta. E minha irmã... ele perfurou seu crânio com a mesma arma. O desgraçado atingiu meu peito com a arma e me deixou vivo, para contar a história, ou para cumprir um certo papel, que até hoje eu não faço ideia de qual seja.

 Eu sobrevivi me esgueirando pelas cidades, tentando recuperar a minha psique enlouquecida pelo horror da perda, eu os amava.  E eu juro que eles serão vingados. Vivi uma vida ainda mais miserável que a anterior, mas conforme os meses se passaram, me recuperei totalmente e decidi que seguiria com o plano sozinho.

 É claro, eu não esperava pela presença dela aqui, eu sempre pensei que nosso reencontro seria posterior, e eu me vingaria dela também por ser uma ingrata miserável.

— Sabe, tem uma música do latino que fala exatamente sobre isso” Renata ingrata, trocou meu amor por uma ilusão” — diz Manoela, embora em pensamento: Nesse caso ela trocou seu amor por um Soldadão.

— Olha, Manoela, eu não conheço essa porcaria de música nem quero conhecer. O ponto é que algumas peças não deveriam estar no tabuleiro, com Renata aqui, existe o risco da Frente Unida bater a nossa porta. Se a garota Maximus fosse nossa, tudo isso já estaria acabado.

Agora vamos ter que seguir o plano convencional, deixar eles acreditarem que vencerem. E tomar as rédeas quando as oportunidades estiverem abertas. Salazar, Ruan e Lorenzo, falharam numa coisa. Eles desejavam apenas se acomodar na sociedade, afinal sempre tiveram uma vida comodista, mas não seguirei esse exemplo.

Eu vou acreditar no sonho de meu pai e eu irei torná-lo a mais palpável realidade, nós somos o futuro e os humanos, serão nosso gado.

Finalizando esses dizeres, ele sai da sala de administração onde estava, fita a fábrica e vi que aquilo era bom, sua horda estava quase pronta, e os humanos o que poderiam fazer? Além de perecer?

O braço feminino o envolve, e ele é levado novamente ao quarto.

 

 

*******

 

— Renata, você é dona da catana agora, portanto, terá o conhecimento de meus ancestrais, que é a chave para controlar a espada, e não ser controlada por ela. — diz Asami.

A velha samurai continuou:

— Sabe qual é a diferença de uma pedra e um homem?

— A pedra não é babaca? — questiona ela de forma divertida, em seguida respondendo seriamente. — Uma é morta e o outro tem vida?

— Precisamente, temos uma alma e temos energia correndo por nosso corpo. — responde Asami. — Não apenas uma energia física, mas outra que não é visível aos olhos, a aura.

— E o que ela faz?

— Ela te dá parte da sua sustentação, é algo físico, mas com uma pincelada espiritual. Todos os seres vivos dispõem dessa energia, não importa a espécie. O que importa é o grau de controle que se tem sobre, para isso é preciso racionalidade. E muitos anos de treinamento.

— Entendi, mas ainda não compreendo como isso pode me ajudar. — responde a vampira, um tanto sem interesse.

— Para que a espada não te domine, é preciso que você tenha um controle pleno da sua parte boa e má, seus sentimentos...

— Tipo Ying e Yang?

— Isso aí é chinês, mas também serve para ilustrar. — rebate Asami. — A espada vai usar seus sentimentos negativos para se libertar, você precisa da aura para ter equilíbrio interno. A paz interior.

— Entendi, tem alguma coisa que essa aura faz?

— Tem muitas coisas que ela faz, mas o tempo mínimo de aprendizado são cinco anos, disso para 25 ou 30 em alguns casos, depende da sua versatilidade. — reitera Asami — Mas não vá pensando que é algo fácil, é um potencial de todos, mas ele exige muito... e também cobra muito, basicamente sua saúde física e mental. Não estou certa, senhor Rodrigo?

— Perfeitamente. — diz ele adentrando no quarto. — Como sabia que eu estava próximo?

— Você não é nada furtivo, faz mais barulho que um urso de patinete. — responde Renata.

— Qual seu assunto aqui? — indaga Asami.

— Curiosidade, a aura não me é estranha, mas não tenho um conhecimento profundo, as vezes eu sinto que sei, mas me sinto bloqueado. — responde ele — Mas também, não é só por mim, meu amigo está mal, e eu preciso tentar ajudá-lo, para isso preciso conhecer a natureza da aura.

— Você maneja apenas uma habilidade específica? — indaga a anciã.

— Sim.

— Então sente-se, vou ensinar aos dois. — Ele obedece. Asami, sentia o desespero do rapaz, ele estava às cegas e precisava de ajuda, além de que ele sabia alguma coisa, e isso facilitava as coisas. Poderia agilizar o futuro treinamento de Renata.

— Como eu já disse, existe em todos, mas poucos detém o conhecimento para utilizar e ensinar.

— Em alguns casos bem raros e específicos surgem pessoas como você, senhor Rodrigo, com algo a mais, que é despertado mediante certa situação. Embora para você o poder tenha sido inserido por uma divindade.

Ela continua:

— Também desconfio que o estilo e o modo de uso sejam diferentes, mas deve haver alguma semelhança. — diz a japonesa. — Creio que terei que despertar os dois, mas não será hoje. Afinal, leva mais ou menos duas semanas para vocês se recuperem do efeito, e eu estou sendo otimista por que vocês são diferentes.

— Mas e se a espada me possuir? — pergunta a vampira.

— Lembre-se do treinamento menina, vai te ajudar muito, e não se preocupe, no começo você não tem que se preocupar. — Asami, faz uma pausa enquanto toma um gole de chá — É conforme as semanas forem passando que você será tentada, mas eu lhe asseguro, hoje a espada vai te ler e tentará encontrar seus pontos fracos.

— E a algo que ela possa fazer? — questiona Rodrigo.

— Permanecer com o espírito calmo, a paz interior, isso vai dificultar as coisas. — responde Asami. — Se sairmos vivos desse conflito, eu irei dar assistência aos dois.

 

 

*******

 

 

Enquanto o grupo de Salazar, se prepara, seu inimigo faz o mesmo no galpão de Henrique. Eles se arrumam para o combate eminente, alguns com armas de fogo, outros vão lutar com unhas e dentes, literalmente.

O alvoroço para, quando seu líder, trajando suas vestes vermelhas e sua espada aparece junto com seus escolhidos, ele iria dar sua ordem.

— Irmãos, hoje finalizaremos o que começamos, iremos provar a verdade única que a humanidade parece não compreender. Eles foram feitos para serem governados, para serem servis, eles não têm o direito de guiar o mundo.

Ele continua:

— Nossa realidade está afundando no caos, a eles já não detém os freios do mundo, a humanidade não é digna disso, esse direito é nosso, pois é nós que somos superiores, iremos melhorar este mundo. Eu trarei a ordem, eu trarei a paz, e uma vida digna a cada um que me seguir.

Ele é aplaudido e gritos de aprovação são ouvidos, por todo o complexo:

— Vocês estão comigo? — questiona ele gritando de forma incentivadora.

— Sim, senhor! — Foi o grito em uníssono de mais de duzentos vampiros.

— Então que a morte, o fogo e a dor recaiam sobre está cidade! — responde ele. “Afinal, este é apenas o começo. ”

 


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