Disintegration escrita por Mozart


Capítulo 2
Pictures of You


Notas iniciais do capítulo

primeiro quero agradecer a todos que comentaram, amo vocês!
escrevi a parte final do capítulo ouvindo space song do beach house, então se alguem quiser ouvir essa música no final fica legal também.



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PICTURES OF YOU

 

I've been living so long with my pictures of you
That I almost believe that the pictures are all I can feel*

— Eu não lembro dessa, é do Natal? – indagou James indicando uma fotografia em que Sirius sorria com o braço ao redor de um tímido Remus Lupin.

Sirius apanhou a foto e observou com um prazer melancólico enquanto a timidez de Remus se transformava gradualmente em um sorriso singelo em sua direção.

— É, do Natal...

James o encarou por um momento esperando uma continuação que não veio.

— O quê?!

— Ah, vocês ficaram estranhos depois do Natal e eu nunca soube o porquê – justificou-se Prongs ajeitando seus óculos.

Sirius engoliu em seco, os olhos vidrados no amigo.

— Por que você ta dizendo isso? – perguntou na defensiva.

— Ei, calma, não foi nada. Se você não quer falar, tudo bem – disse erguendo-se de um salto. – Eu tenho que me encontrar com a Lily agora, até mais tarde! – James caminhou até a porta do dormitório e parou um momento voltando-se para Sirius. – Quando quiser conversar, eu estarei aqui, ok? – E saiu sem dar a Sirius o tempo de resposta.

Ao menos, ele não estava bravo, Sirius agradeceu por isso. Não suportaria brigar com mais um de seus amigos em um intervalo tão curto de tempo simplesmente pelo fato de ser um total babaca sem noção.

Agora, ele estava sozinho novamente. Detestava estar sozinho, detestava mais do que estar sozinho se sentir sozinho. O velho clichê de se sentir solitário no meio de uma multidão, esse era Sirius Black. A fotografia permanecia em suas mãos e era incrível como ele conseguia lembrar de todos os detalhes daquela noite.

 

[...]

 

A região ao redor do lago trazia a sensação de se estar em um inferno congelado. Sirius não sabia mais quantos suéteres estava usando, mas eles não eram suficientes para protegê-lo completamente do frio. Remus estava ao seu lado, um amontoado de casacos jogados um por cima do outro, a ponta vermelha do nariz escapava por entre o cachecol cinzento.

— Eu nem sei o que eu to fazendo aqui – resmungou Sirius com os braços cruzados sobre o peito na tentativa desesperada de se aquecer.

— Você está aqui porque nós vamos ver os fogos – disse Remus displicente.

— Eu estou aqui porque você quer ver os fogos e não queria vir sozinho – corrigiu Sirius carrancudo.

Remus deu de ombros.

— Você deve gostar muito de mim, então, para passar por tudo isso só para atender a minha vontade – provocou Lupin.

Sirius não respondeu, mas agradeceu por estar tão escondido debaixo de seu cachecol que não era possível visualizar por completo suas bochechas vermelhas.

— Olha lá, já vai começar!

Assim que Remus terminou a frase veio o primeiro estouro e a primeira explosão de luzes coloridas. Os fogos de artifício encheram o céu noturno competindo com o brilho das estrelas e só pararam após dez minutos consecutivos de explosões.

— Feliz natal, Padfoot – murmurou Remus envolvendo Sirius em um abraço apertado, o perfume amadeirado invadiu suas narinas e ele mal conseguiu pensar com clareza por alguns instantes.

— Feliz natal, Moony.

A sala comunal estava vazia quando os dois marotos retornaram, eles sentaram-se perto da lareira, os corpos muito próximos um do outro.

— Você acha que James está aproveitando esse feriado por nós? – indagou Sirius fitando o fogo.

Remus sorriu e seu sorriso era genuína alegria penetrando no espírito de Sirius.

— Com certeza, ele vai chegar contando milhões de histórias sobre suas primas gostosas do interior – caçoou Remus.

— Isso é muito verdade – riu Sirius.

Eles permaneceram em silêncio. Em seu íntimo Sirius sentia-se inquieto.

Olhou Remus e ele estava tão próximo que podia beijá-lo, tudo o que precisava era de vinte segundos de coragem insana. Engoliu em seco e tentou se aproximar, mas recuou imediatamente, Remus estava perdido nas chamas. Respirou fundo, imaginou tudo o que podia acontecer de trágico após aquilo e quase soltou uma gargalhada amarga, não havia opção segura. Aproximou-se novamente, mas dessa vez foi em direção ao pescoço do outro, seu perfume o intoxicou novamente. Remus voltou-se em sua direção lentamente, seus rostos nunca estiveram tão próximos como naquele momento.

— Você cheira a madeira molhada, Moony – disse simplesmente.

Não foi preciso vinte segundos de coragem insana, pois Remus tomou seus lábios antes que tivesse tempo de reagir. Separou-se rapidamente, ofegante, os olhos castanhos com uma mistura de culpa e desespero.

— Me desculpa – proferiu depressa, os olhos baixos.

Sirius sorriu com sarcasmo e o agarrou pelo pescoço puxando-o para outro beijo, dessa vez mais longo e envolvente. Remus o empurrou para o tapete subindo em cima de seu abdômen logo em seguida, mas parou um momento olhando ao redor.

— E se alguém chegar?

Sirius girou os olhos.

— Vamos para o quarto! – exclamou de imediato, apanhou as roupas no carpete e saiu arrastando Remus escada acima.

 

[...]

 

Sirius guardou a fotografia no baú e se jogou na cama.

Ele sentia muito por si mesmo e aquele era o sentimento mais egoísta que podia pensar em ter naquele momento.

Se fechasse os olhos ainda podia ver Moony a sua frente, os olhos castanhos carregados – de cansaço, de ódio, de tristeza, de confusão. Se mantivesse o silêncio podia ouvir sua risada, podia sentir seu cheiro e recordar seu toque.

A porta do dormitório se abriu e Remus adentrou no cômodo sem proferir uma palavra. Caminhou até sua cama – localizada exatamente de frente para a cama de Sirius – e jogou-se por cima dos lençóis.

Havia aquele silêncio cheio de significado pairando no ambiente, palavras não-ditas entaladas na garganta, sentimentos conflitantes, vazio.

Se eu tivesse pensado nas palavras certas poderia ter o seu coração.

Sirius queria ser capaz de dizer tudo o que estava sentindo, tudo o que estava pensando, gostaria de conseguir externar o seu arrependimento por ter dito aquelas palavras no pub e por não ter tido coragem no momento em que deveria. Mal conseguia se considerar um grifinório de verdade depois daquele dia.

Mas por mais que estivesse tomado por todos aqueles quereres e anseios por fazer a coisa certa, ou mesmo, por simplesmente fazer aquilo que queria com a pessoa que queria, havia uma trava moral que bloqueava seus sentidos.

Tudo o que restava era a angústia e esta não servia para nada além de ser um merecido incômodo para um covarde.

— Eu não fiquei com ninguém depois de você – foi o que conseguiu dizer após tanto ponderar e arrependeu-se quase que imediatamente do feito.

Por um momento teve esperança de que fosse ouvir uma resposta doce ou mesmo resposta nenhuma, o que seria menos doloroso do que o que viria a seguir.

— E por que você acha que eu me importo?


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Notas finais do capítulo

* (tradução do trecho no início do capítulo) Eu vivi por tanto tempo com minhas fotografias de você que quase acredito que as fotografias são tudo o que posso sentir (tradução feita por mim, portanto, provavelmente não está perfeita, mas enfim)

bom, gente, eu precisava escrever um momento fofo dos dois, pois não só de tristeza e decepção vive o homem, então arranjei uma forma de colocar alguma coisa assim e também dar uma ideia de como foi exatamente que tudo ocorreu (sim, eles transaram depois daquilo, mas não achei necessário fazer uma descrição detalhada do ocorrido).
enfim, deixem suas impressões sobre o capítulo aqui embaixo. beijos! ♥



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