Para: Mike escrita por João Cheshire


Capítulo 3
Primavera


Notas iniciais do capítulo

Bom gente, eu realmente me esforcei nesse capítulo e espero que vocês gostem
Ah e lembrem se que existe o intervalo de uma semana entre cada capítulo
E outra coisa, os vícios de linguagem são naturais por conta de ser uma carta "sincera" ok?!



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Bom... olá Mike, eu não si muito bem como começar essa carta, mas eu posso garantir que eu tenho muita coisa pra falar.

A minha semana não foi como a semana passada, apesar de todas as merdas continuarem, não foi tão ruim quanto as outras.

Minha mãe não esta me pressionando tanto quanto antes, e a Joyce... bom essa parte sim eu vou ter que explicar em detalhes. 

Depois de ter escrito a carta, eu me senti mais seguro pra falar com os outros, e decidi falar com a Joyce, e ela teve uma reação bem inesperada. Quando eu a encontrei eu disse pra ela que eu sempre confiei nela, e depois eu expliquei que eu estava me sentindo traído e trocado, e depois disso ela simplesmente começou a chorar horrores e falar coisas de um jeito desesperado enquanto soluçava, depois de um tempo ela disse que está se preparando pra me contar toda a verdade. Depois disso eu fiquei meio mal, mas preferi acreditar nela e esperar ela ficar pronta pra dizer o que tiver que dizer. Eu pensei sobre isso, e notei que eu estava disperso de tudo, inclusive das pessoas que eu gostava, quando você sumiu eu perdi o foco de absolutamente de tudo, eu parei de dar valor aos meus sonhos e as outras pessoas que eu amava, eu não quero me sentir culpado por isso, mas eu espero que no fim tudo isso se resolva.

Outra coisa que aconteceu é que eu voltei a falar com uma pessoa. Você lembra do Gustavo e da Wendy não é?! Bom, lembra de quando nós ficamos quase o dia todo conversando, mas depois perdemos todo contato?! Bom basicamente eu voltei a falar com ele, e me senti um pouco melhor.

Bom, nós voltamos a nos falar de um jeito bem engraçado, e sempre que lembro do que aconteceu eu sinto como se você tivesse um dedo nessa história.

Eu estava, pela milésima vez na pracinha atrás da rua onde você morava, e como você sabe, geralmente eu fico lá pra grafitar as árvores e até brinquedos e construções , e nesse dia a rua não tinha ninguém, quer dizer, ela nunca tem, mas dessa vez parecia até uma rua pós apocalíptica, e por isso eu me senti ainda mais a vontade pra fazer meus desenhos, e foi o que fiz, e depois e muitos minutos fazendo vários desenhos, alguém simplesmente grita "Ô MENOR, QUEM TU PENSA QUE É?!".

E quando eu ouvi isso, foi óbvio que eu levei um susto, e quando me virei, é... era o Gustavo e a namorada dele, a Wendy (agora você entendeu porquê eu disse que parecia ter seu dedo nisso). Os dois estavam um pouco longe, andando na minha direção, eles estavam com umas três garrafas de cerveja e alguns cigarros e baseados.

Quando os dois chegaram perto começaram a rir e me cumprimentaram. Os dois tinha aquele cheiro de maconha de 5 reais misturados com um incenso de canela e algum doce que eu não consegui identificar. Depois disso nós todos sentamos e começamos a conversar.

Depois de um bom tempo conversando, o Gustavo perguntou: "E como tá o Mike?", e bom... eu falei tudo que tinha acontecido até então. Os dois ficaram meio surpresos, mas mesmo assim tentaram me animar dizendo que tudo ia ficar bem e que você ia aparecer de qualquer jeito. 

E depois de breves dois ou três minutos, a Wendy me ofereceu uma garrafa de cerveja meio cheia que os dois estavam dividindo, mas preferi me manter completamente sóbrio. Depois de um bom tempo conversando, os dois acenderam um baseado e dividiram. A Wendy até perguntou se eu ligava deles fumarem ali, e eu falei que não tinha problema, na minha escola os caras fumam até na sala.

Você sabe que eu não achava maconha uma deusa imaculada, na realidade tinha uma pequena aversão, mas estaria mentindo se eu dissesse que não tive nenhuma vontade de fumar, mas eu não precisei, eu já estava entorpecido pela perda, minha droga era outra.

Depois disso, os dois ficaram em um silêncio confortante, e os dois me ofereceram um trago, eu peguei e encarei o baseado, mas depois de um tempo devolvi pro Gustavo, nós conversamos sobre os grafites e livros, e por alguns minutos eu esqueci do resto.

Depois eu fui embora pra minha casa, e fiquei um pouco pensativo, como foi bom fazer algo que não era sofrer.

No dia seguinte, os dois me chamaram pra ir no shopping, e eu fiquei com um pouco de dúvida no início, mas depois eu decidi ir. Provavelmente graças a minha carência, eu acabei me sentindo acolhido e acabei me "entregando" rápido demais. Mas de qualquer forma, eu sinto que foi algo bom.

Eu me senti bem... mas aquele desejo de ter você aqui continua... eu ainda preciso de você aqui...

Mike... lendo as duas cartas anteriores, eu pude perceber uma coisa... pude notar o quão egoísta eu estava sendo.

Era tudo sobre mim... era sempre os meus problemas, sobre como eu me sentia, era sempre eu que precisava de ajuda, você estava ali sempre, e nunca mostrava o seu lado "ruim", nunca mostrava seus problemas de fato... era sempre sobre mim... eu sei que você não fazia questão de falar sobre seus problemas pra mim, mas eu não perguntava nada pra você... eu sinto que fiz parecer que você tinha o dever de cuidar de mim, e sinto que acabei fazendo você esquecer de cuidar de você... 

Eu não quero me culpar e fazer um drama... mas aqui é o único lugar que eu sinto ter a liberdade de falar o que eu sentir... e eu passei a me sentir assim...

Mike, você era o centro do meu mundo, por quê você sempre estava lá pra me ajudar... mas eu sinto como se eu estivesse fazendo você se sentir pressionado a me ajudar a esquecendo de pensar em seus próprios problemas... ou pedir ajuda...

E foi assim que eu percebi que é assim que eu sou... carente, egoísta, infantil, dependente... eu notei que eu preciso sim de ajuda, mas eu preciso parar de olhar só para os meus problemas. Eu sinto que você precisava de ajuda sim... mas estava focado demais em me ajudar, em ser meu porto seguro.

Para mim você sempre foi, e ainda é, uma pessoa quase perfeita, sem grandes defeitos e sem grandes problemas, e até um momento cheguei a pensar que você nem ao menos era real... cheguei a pensar que minha mente te criou como uma forma de tornar a minha vida mais fácil.

Eu sempre era o centro da sua vida, como alguém dependente de você, e você era o centro da minha vida como alguém que eu dependia cem por cento...

Eu até não me surpreenderia se você não tivesse ido embora por conta disso, ou ter se mudado sem me falar nada pra precisar de espaço...

Mike... você me deixou... mas eu estou começando a sentir que eu nunca estive lá pra te ajudar... eu sinto como se eu só estivesse lá pra te cobrar... pra precisar de você...

De qualquer forma, eu quero que você esteja aqui, a cada minuto que passa, eu ainda sinto que preciso de você, então essa auto reflexão se mostrou bem inútil na realidade.

Eu sempre vou precisar de você... de alguma forma eu sei que vou, e por incrível que pareça, eu não estou mais mal daquele jeito... eu me sinto melhor, me sinto como se tivesse florescido.

Bom, eu acho que pensar que alguém vai estar sempre com você não é um absurdo, é algo natural, é algo que todo mundo pensa quando começa a amar alguém... mas para mim, isso sempre vai parecer uma mentira.


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Notas finais do capítulo

Bom, o capítulo não ficou tão longo quanto eu esperei, mas a história não é do tipo que dá para escrever muuuito sauhsuh
Bom, eu espero que tenham gostado e deixem um feedback
Bjs ♥



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