Segunda Chace escrita por Juliana Lestranger


Capítulo 6
Capítulo 05




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/751710/chapter/6

Segunda Chance, Capítulo 5.

POV IZZIE

Consequências. Como diz a lei de Newton, toda ação gera uma reação. Todas nossas escolhas tem uma consequência, seja ela boa ou ruim. Devemos aprender a viver os bons momentos, pois eles acontecem em instantes e num instante pode não restar mais nada.

Durante todo o caminho até aqui, fiquei repassando mentalmente como eu contaria para o Alex, não é uma noticia fácil... Hoje ele se tornaria um pai, conheço-o bastante, e independente de tudo o que vivemos, sei que ele fará de tudo para ser um ótimo pai. Se as circunstancias fossem outras, no momento certo eu contaria para meus filhos e daria a eles a escolha de conhecê-lo ou não.

Nunca quis esconder de George seu verdadeiro pai, mesmo ele crescendo tendo o Adam como figura paterna, eu sempre tentei deixar presente a existência de Alex. Nas histórias que eu conto para George, sempre existe um cavaleiro que vive em terras distantes, ele é o pai verdadeiro do príncipe, porém ele está em uma missão e não vive no castelo. Metáfora boba, eu sei... Mas ele sempre esteve presente, mesmo que nunca fosse de verdade.

Céus... Agora não é o momento para me preocupar com isso!

Respiro profundamente, estamos quase chegando, meus pés estão inchados e minha cabeça está latejando, às vezes preciso me segurar e parar por alguns minutos. Hoje foi um dia muito desgastante, não posso mais adiar essa conversa, me sinto sufocada.

Assim que chegamos, fico parada em silêncio. Eu observo o lugar e uma saudade bate no meu peito, aquele lugar tem um significado especial, me fazia recordar dos bons momentos em que tive ali. Olho para o Alex e percebo que ele está inquieto, está na hora de contar toda a verdade para ele.

Que Deus me ajude!

Não demora e ele me pergunta sobre meu filho. Conto o nome e a idade dele, sorrio lembrando do quanto George gosta dessas comemorações. Esse ano no dia do seu aniversário, ele estava internado e eu não consegui fazer uma festa de aniversário para ele, me lembrar disso fez meus olhos ficarem marejados e meu sorriso se desfaz. Saio dos meus pensamentos quando Alex me pergunta sobre o pai do George. Acabo rindo, mas sem humor nenhum.

Será que até agora ele não percebeu?

Meu coração batia num ritmo descompassado. Lágrimas escorriam pelo meu rosto, respirei fundo tentando controlar minhas emoções, nunca é fácil para mim falar em voz alta que meu filho está doente. Conto que George tem LLA e precisa de um transplante de medula, falo que eu não sou compatível e novamente ele me perguntou sobre o pai dele.

Você é muito lerdo Alex.

Sinto a presença de Alex mais perto, seu toque em meu rosto faz um arrepio percorrer todo meu corpo. Ele ajeita meus cabelos, colocando algumas mechas atrás da orelha, isso faz meu coração se aquecer como antigamente. Ele me observa em silêncio, agradeço mentalmente por isso, preciso criar coragem para continuar a conversa. Levanto o rosto e olho dentro dos seus olhos. Aquele Alex, por quem eu me apaixonei estava outra vez na minha frente.

— Você é o pai do George.  – Falo com todas as letras para ele entender.

Várias emoções passam pelo seu rosto, no principio ele pareceu surpreso, depois ficou confuso e por fim assustado. Ele se afastou e ficou parado me encarando. Os minutos passam e ele não fala nada, já estou começando a ficar preocupada.

— Alex? – Tentei me aproximar, mas ele recuou alguns passos.

— Como isso é possível? – Perguntou me encarando confuso.

Ele realmente não se lembra?

— Quando eu recolhi meus óvulos durante o tratamento de câncer, a chance de sobrevivência deles aumentaria se eles fossem fertilizados. E na época estávamos juntos...

— Eu sei. – Me interrompeu descendo os olhos para minha barriga. – Ela também é minha filha?

— Sim. – Hesito por um momento, mas acabo confirmando.

— Nossa! – Ele passa as duas mãos no rosto e suspira.

— Alex, você só doou o esp...

— Eu sou o pai deles, Izzie. – Elevou a voz enfatizando a palavra pai.

— Você não precisa assumir nenhuma responsabilidade aqui. Eu...

— Não diga bobagens. – Falou irritado.

— Eu voltei porque você é minha última esperança para o transplante de medula.

— Quando você descobriu a leucemia? – Era nítido o quão abalado ele estava. 

— Um pouco mais de um ano.

— E o tratamento? Qual o quadro clínico dele? – Ele assumiu aquela pose de médico, estava preocupado.

— Ele não está respondendo ao tratamento, cada dia que passa ele fica mais doente. – Minha voz estava embargada.

Mantenha a calma, Izzie.  

— Ele está na lista de espera? Não encontraram nenhum doador nesse tempo?

— Nós tínhamos um doador, mas ele sofreu um acidente e morreu semana passada antes da doação.

— Você sabe que pai tem só 50% de chance de ser compatível.

— Alex, se nós tivermos sorte você poderá ser mais do que 50% compatível.

— E seu eu não for compatível?

— Nós precisamos tentar.

Por favor, Alex.

— Ele tem mais chances na lista de espera.  

— Alex, nosso filho pode morrer.

Céus... Como dói falar isso em voz alta.

— Droga! Você acha que eu não sei? – Ele andava de um lado para o outro passando as mãos nos cabelos.

— Eu preciso que você faça o exame, por favor.

— É claro que eu vou fazer o exame. Você achou...

— Obrigada. – O abracei fortemente. Um alívio percorreu todas as células do meu corpo.

— Se tiver qualquer chance de ajudar meu filho eu vou ajudar. – Ele correspondeu ao abraço.

Como eu senti sua falta.

Senti-o tocar minha cintura e aspirar o cheiro dos meus cabelos. Eu já tinha esquecido como era estar em seus braços, era como se eu estivesse protegida e nada mais pudesse me atingir. Encostei meu rosto em seu ombro e fiquei absorvendo aquele momento. Não sei quanto tempo ficamos daquela maneira, mas ele se afastou e me agora encarava magoado, pude notar que seus olhos estavam marejados.

— Eu tenho um filho de quatro anos. – Falou para si mesmo andando de um lado para o outro.

Chegou o momento que eu não queria.

— Como você pode esconder isso de mim? – Sua pergunta saiu carregada de amargura.

— Não havia motivos para te falar.

Ele nunca vai me perdoar por ter escondido isso dele.

— Como não?

— Eu queria ser mãe, Alex. Você não precisava ser pai.

— Durante todo esse tempo, você não me falou nada!

— Eu sei. – Suspirei, não adianta eu falar nada.

Não quero discutir, não posso me exaltar.

— Por que usou os óvulos fertilizados?

— Eu tentei engravidar da maneira natural, mas meu corpo não estava preparado para gerar uma gravidez e eu perdi os bebês. – Uma dor apertou meu peito, ao lembrar da perda dos bebês.

Ele não falou nada, mas percebi que ficou abalado com minhas palavras. Ele desceu o olhar para minha mão e olhou diretamente minha aliança. Involuntariamente, girei o anel em meu dedo e cruzei minhas mãos, escondendo a aliança do olhar questionador dele. Sabia o que estava passando na cabeça dele.

Agora não é o momento falar sobre isso.

— Então eu fui, outra vez, sua ultima opção? – Falou de forma sarcástica.

— Você não foi minha ultima opção, Alex. Foi minha única opção.

Ele precisa entender isso!

— É claro. – Riu irônico.

— Eu decidi fazer a inseminação e na terceira tentativa com meus óvulos congelados, eu consegui engravidar. – Sorri emocionada tocando minha barriga. – Foi um milagre, Alex.

Dois milagres.

— Por que você não me procurou? – Ele franziu a testa.

— Isso não era uma escolha sua.

— Não cabe a você decidir isso! – Ele gritou com um misto de raiva e amargura.

— Você nunca quis ser pai. – Apontei o dedo para ele.

— Eu tinha o direito de saber. – Elevou bastante a voz.

Quem ele acha que é para falar assim comigo?

— Que eu me lembre, foi o Dr. Webber que conversou com você, não foi por iniciativa sua que meus óvulos foram fertilizados.

— Isso não muda nada! - Falou irritado.

— Eu decidi ser mãe, eu sou a mãe deles.

— E eu sou o pai, você querendo ou não.  – Falou em alto e bom som.

— Eu não pedi que você fosse o pai, Alex. – Falei sem pensar.

Droga, não era para eu falar isso.

— Nossa... – Ele me encarou chateado, vi que seus olhos tinham mudado.

 — Não foi isso que eu quis dizer...

— Me responde uma coisa, se o George não estivesse doente, você nunca me falaria deles?

Não era para a conversa seguir esse rumo.

— Se um dia, quando eles tivessem...

— Me responde! – Segurou meu braço com força.

— Não, eu não te falaria. Se eles quisessem te procurar seria por escolha deles, não minha.  – Me afastei dele com raiva.

— Igual foi minha escolha? – Cruzou os braços de forma aborrecida.

Não acredito que ele está achanado que eu sou esse tipo de pessoa.

— Eu nunca iria omitir isso deles, Alex. Nunca!

Por mais que doesse falar isso, se as circunstancias fossem outras, eu não voltaria para Seattle. Passei anos reconstruindo minha vida, firmando minha carreira e fortalecendo meu relacionamento. Não consigo manter a estabilidade emocional que eu costumava ter longe daqui, longe dele. Só o fato deu estar aqui agora, sinto que tudo está escapando pelos meus dedos. 

— Eu tenho o direito de fazer parte da vida deles. – Ele passou as mãos nos cabelos irritados.

— Se o George quiser te conhecer, será uma escolha dele, não sua.

— Eu sou o pai, você querendo ou não! – Ele repetiu a frase, aborrecido.

— Você não pode simplesmente chegar e impor sua presença. – Preciso deixar claro que o George tinha uma figura paterna presente. – Ele já tem um pai na vida dele.

— É claro que tem. – Ele riu irônico, disfarçando seu incomodo.

Como nossa conversa chegou a esse ponto? Céus.

— O que eu podia esperar de você não é mesmo? – Vi seus olhos ficarem frios.

Não continua Alex... Por favor, não termina essa frase.

— Se você quer colocar um homem na sua cama, beleza. Só não venha colocar um na vida dos meus filhos. Eu sou pai deles e vou assumir o meu lugar.

Se sua intenção era me machucar, você conseguiu Alex.

Sei que o modo de defesa dele é ficar indiferente com a situação e tentar magoar o outro, mas esse não era o momento para isso. Aquelas palavras me magoaram profundamente, entraram diretamente no meu intimo e espremeram meu coração, consigo sentir o nó se formando na minha garganta. Meus olhos queimavam tentando segurar as lágrimas, eu respiro fundo tentando controlar minhas emoções, não vou chorar na frente dele outra vez. Não posso perder o controle agora.

Inspira, expira... Inspira, expira.

— Alex... – Tentei falar, mas minha voz estava embargada.

— Eu nunca vou te perdoar por isso. – Essas foram as ultimas palavras dele antes de sair dali, me deixando sozinha.

Quando ele saiu do meu campo de visão, as lágrimas escorreram pelo meu rosto e eu chorei. Toda a dor voltou à tona, chorei tudo que eu tinha segurado nessa conversa, eu precisava me libertar desse sentimento de angustia. Foram anos de luta, anos de omissão, embora eu estivesse noiva, eu guardava a maior parte das minhas dores só para mim. Não era fácil.Não sei quanto tempo passou, mas já estava de noite.

Oh céus, George.

Meu filho já deve estar preocupado com minha ausência, eu preciso me recompor e voltar para o quarto.  Respirei profundamente, limpei meu rosto e decidi voltar. Tinha coisas mais importantes naquele momento do que meus sentimentos.

Recomponha-se, Izzie!

Fiz o trajeto de volta, cada lugar que eu passava mais lembranças voltavam a minha mente. Muitas coisas mudaram nesses anos, algumas pessoas ainda se lembravam de mim, fico feliz por isso. Entro no elevador e fico olhando os ponteiros mudar à medida que passávamos pelos andares.

Por coincidência do destino, o elevador parou em um andar conhecido, a ala da oncologia. Precisava descer nesse andar, o lugar onde eu conheci o outro lado da medicina, aqui eu não era médica, eu era paciente... E posso dizer que prefiro mil vezes ser médica. Passo pela sala de quimioterapia, comprimento as pessoas que estão ali e continuo meu caminho.

Durante todo meu tratamento eu nunca perdi minhas esperanças, já vai fazer seis anos que não faço mais quimioterapia, ainda tenho alguns resquícios de câncer, mas agora é o mais próximo que eu poderia de estar curada. Faço acompanhamento a cada três meses e nunca mais voltou nenhum tumor. Sorrio agradecida, sei o quanto foi uma luta difícil, mas hoje eu estou aqui viva.

Chego ao quarto e sorrio ao ver que Bailey mandou colocar outra cama no quarto, nem sei se ela pode fazer isso, mas como chefe deve poder, amanhã eu a agradeço. Aproximo-me da cama e vejo que meu filho já está dormindo, deito ao seu lado na cama, aconchegando-o em meu corpo, hoje eu preciso ter ele junto de mim. Começo a fazer uma caricia em seu rosto, ele parece tão tranquilo e essa paz me tranquiliza. Aos poucos vou me rendendo ao sono, amanhã será um novo dia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oii, gente....
Mil desculpas pela demora, estou meio corrida, estudando para concurso e confesso que fiquei um pouco sem foco para escrever.

Alex sendo como é e ambos sendo cabeça dura...Essa conversa não podia ser diferente, não é mesmo?

Espero que gostem do capítulo!! Comentem ♥

Quanto mais comentários, mais inspirada eu fico...
Gosto de saber a opinião de vocês ♥

Beijos :*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Segunda Chace" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.