Segunda Chace escrita por Juliana Lestranger


Capítulo 5
Capítulo 04




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Segunda Chance, Capítulo 4.

POV ALEX

 Droga... O que foi que eu fiz?

Eu nunca acreditei em coincidências, mas há algumas semanas apareceu um grupo de pessoas que me fez lembrar nossa antiga turma de internos e uma delas era uma moça loira muito parecida com Izzie, enquanto acompanhava seu caso, fiquei imaginando como ela estaria atualmente, se estava casada, feliz, se já tinha filhos... E hoje ela está aqui na minha frente e eu estraguei tudo outra vez.

— Alex? – Senti alguém tocar meu braço e me puxar. – Você está bem?

Minha mão estava doendo, só percebi que os nós dos meus dedos sangrando porque senti alguém passar um algodão com álcool. Fiquei um tempo parado na frente da porta do banheiro olhando para o nada. Quando fui expulso do quarto, precisava extravasar minha frustração de alguma maneira e a mais rápida que encontrei foi dar um murro na parede.

— Alex, deixa eu ver sua mão. – Jo me puxou para um quarto.  

— Eu já estou bem. – Respirei fundo puxando minha mão de volta e me afastando.

— Você está louco? – Ela estava com os braços cruzados. – Quer ser expulso do hospital?

— Me deixa. – Fui em direção à porta.

— Você não vai procurar ela de novo.  – Ela me impediu de sair.

— O que?

— Você não vai atrás daquela mulher outra vez.

— Você sabia que ela estava aqui e não me falou? – Perguntei irritado.

Não acredito que ela escondeu isso de mim.

— Ela é sua ex- mulher Alex, o que você queria que eu fizesse? – Elevou a voz irritada parando na minha frente.

— Isso não é um assunto seu.

— Você é meu noivo, claro que é um assunto meu.

— Ah claro... Casamento. – Ri ironicamente. – Foi por isso que aceitou meu pedido?

— Claro que não, aceitei porque te amo. – Falou passando os braços pelo meu pescoço tentando me beijar.

— Eu preciso de um tempo. – Me afastei de seus braços e sai do quarto. Escutei sua voz me chamar, mas não dei atenção.

Preciso ver a Izzie, Arizona não pode me impedir de entrar no quarto, ela foi minha esposa, eu tenho esse direito.

Não tenho?

— Onde ela está? – Perguntei para enfermeira que trocava os lençóis da cama do quarto.

— Dra. Robbins levou a Srta. Stevens para fazer uma USG.

— Obrigado. – Sai correndo em direção à sala de exames.

Antes de entrar na sala, parei por um momento, não podia entrar daquela maneira, precisava de um pouco de ar. Respirei profundamente, coloquei meus pensamentos em ordem e entrei na sala. Ela estava deitada na cama com um lençol cobrindo seus seios e pernas, deixando exposta apenas sua barriga.

— Dr. Karev, você não pode entrar na sala. – Arizona me repreendeu quando me aproximei. – Saia, por favor.

— Tudo bem, Dra. Robbins. Ele pode ficar. – Izzie falou sem olhar para mim, seus olhos permaneceram fechados desde o momento em que entrei.

— Sem brigas e discussões por aqui, por favor.  – Arizona me olhou séria, enquanto passava o gel na barriga de Izzie.

— Tudo bem. – Me aproximei da cama e fiquei ao seu lado. – Me desculpa Izzie.

— Uma hora ou outra iriamos que ter essa conversa. – Suspirou abrindo os olhos e me olhando. – Melhor que fosse antes. – Sussurrou para si, mas eu acabei escutando a última parte.

— Antes? – Franzi a testa, não entendendo o que ela queria dizer com aquilo.

— Então vamos ver como está esse bebe. – Arizona pigarrou nos interrompendo e começou o exame.

Enquanto Dra. Robbins passava o aparelho em toda a extensão de sua barriga, seu olhar estava fixo na tela do exame, ela franzia levemente a testa em sinal de preocupação. Izzie parecia cansada, seu peito subia e descia num ritmo constante, conhecia esse exercício usado para controlar a ansiedade. As gostas de suor escorriam pela sua testa, fazendo os fios de sua franja grudar uns nos outros.

— Izzie todo o estresse e tensão que você passou hoje fizeram os batimentos cardíacos do bebê acelerassem devido a uma...

— Descarga de adrenalina chegasse à placenta através da corrente sanguínea. – Izzie completou fechando os olhos, sua voz estava embargada.

— Ele está bem Izzie, só está agitado e isso tá causando as dores. – Arizona olhou para mim preocupada.

— Tudo culpa minha. – Ela começou a chorar.

— Você precisa ficar tranquila... Isso vai fazer o beber se acalmar. – Falei o mais calmo que eu conseguia, tentei segurar sua mão, mas ela se afastou do toque.

— Não foi culpa sua... Você está passando por um momento estressante. – Arizona pegou na mão dela e apertou de leve. – Olha o rostinho dele.

Arizona tinha colocado a imagem 3D, revelando perfeitamente os traços do bebê, Izzie limpou as lágrimas com as costas da mão e abriu os olhos. Ficou observando a tela e aos poucos foi se acalmando, tocou os dedos levemente na tela contornando a imagem do rostinho do bebê.

— Vamos escutar o som desse coraçãozinho? – Arizona falou e logo a sala foi invadida pelo batimento acelerado do bebê.

Não sei dizer o que eu senti quando aquele som invadiu meus ouvidos, já ouvi milhares de batimentos, mas esse foi diferente, um arrepiou passou pelo meu corpo e aqueceu meu coração. Olhei para o rosto de Izzie e vi que ela estava sorrindo, as lágrimas ainda escorriam, mas aquele sorriso iluminava o seu rosto. A paz interior que aquele som trazia, fazia você esquecer-se de tudo e se concentrar só naquele momento.  

— Izzie, você não comentou se já tinha visto o sexo do bebê, você já sabe?

— Na última vez que eu fiz o exame, ele estava com as perninhas cruzadas e com a correria do trata... – Ela parou de falar e olhou para mim, mas logo desviou o olhar para tela. – Eu não tive tempo de fazer outro exame.

— Hoje ele está na posição, você quer saber se é uma menina ou menino?

— Sim. – Ela concordou e olhou com expectativa para tela.

— Está vendo aqui? – Arizona apontou na tela, Izzie sorriu e olhou para mim.

— É uma menina Alex, uma menina. – A intensidade que ela me olhava e sorria fez meu coração acelerar.

Aquele olhar trouxe um sentimento diferente para mim. Eu nunca me importei com esses momentos, sempre acreditei que as pessoas exaltavam demais coisas simples. Olhei para a imagem na tela e vi aquele bebê tão pequeno, imaginei como ela seria, provavelmente, uma cópia da Izzie, teria seu sorriso e seus olhos, teria os cabelos cacheados e loiros, seria meiga e gentil, amaria com toda a intensidade e iluminaria cada ambiente em que estaria. Senti a mão dela tocar a minha, ela nem tinha se dado conta do nosso toque, só olhava para tela e acariciava a barriga com a outra mão.  

Droga, o que está acontecendo comigo?

Eu não imaginei que poderia viver esse momento, parecia surreal, o grande amor da minha vida está aqui grávida, segurando minha mão, em um dos momentos mais esperados da gravidez. Nem em um milhão de anos, eu imaginei que essa seria a sensação. Izzie ficou alguns minutos dessa maneira e quando percebeu que estava segurando minha mão, as maçãs de seu rosto ficaram rosadas, ela sorriu sem jeito e afastou a mão da minha.

Dra. Robbins terminou de examinar o bebê, pediu repouso e um chá para ela ficar mais tranquila. Eu só escutava, em silêncio, o que elas falavam. Ainda estou me perguntando o motivo para ela ter voltado, quando ela segurou minha mão vi o anel de brilhantes que estava em seu dedo, não consegui disfarçar o incomodo e amargo que subiu pela minha garganta. O que eu esperava? É claro que ela já estava casada. Fui estupido de imaginar outra coisa.

— Licença, Dra. Robbins, aqui estão os resultados do George. – Levi, um interno novato que usa óculos, entrou na sala entregando alguns papeis para Arizona.

George? Quem é George?

— Quem é George? – Perguntei sem perceber que tinha falado alto.

— Obrigada Dr. Schmitt.

— Ah Srta. Stevens. – Ele estava saindo do quarto e voltou fazendo Arizona e Izzie se olharem. – Dra. Bailey, pediu para avisar que seu filho já está no quarto. – Ele falou antes de sair.

Espera ai... Filho? O que está acontecendo aqui?

— Alex, vamos sair e deixar a Izzie terminar de se arrumar. – Arizona pegou meu braço e me pediu para sair.

— Filho? Que história é essa de filho? – Já não me importava com o que Arizona dizia, eu queria saber o que estava acontecendo. – Izzie.

— Alex, precisamos conversar. – Ela falou séria, eu sabia que algo realmente estava acontecendo.

— Izzie, você não pode se aborrecer esse não é o momento certo. – Arizona segurou a mão dela, as duas se olharam como se estivessem conversando entre si.

— Eu não posso mais esconder isso, está me sufocando. – Ela respirou fundo. – Não vou me exaltar, prometo não me exaltar.

— Tudo bem. – Ela abraçou a Izzie e cochichou algo em seu ouvido, ela só balançou a cabeça em resposta.

— Você pode me esperar lá fora? – Ele pediu enquanto se levantava da cama, segurando o lençol que cobria seus seios.

— Tudo bem. – Foi a única coisa que eu consegui pronunciar.

Sai do quarto e fiquei esperando por ela, Arizona saiu logo atrás e conversou um pouco comigo, falou sobre o estado da gravidez da Izzie, que tínhamos um assunto sério para conversar, mas que não era para eu me exaltar e não posso deixa-la nervosa, ela já tinha passado por um momento muito estressante hoje e não podia ficar assim outra vez.

— Alex... – Izzie saiu da sala e me chamou, ela usava uma roupa diferente da que eu encontrei com ela mais cedo, o macacão que ela usava ressaltava ainda mais sua gravidez, ela estava linda.

Ela pediu para que fossemos conversar em um ambiente mais reservado, fomos para o corredor que costumávamos ficar no primeiro ano de internos, ela andava devagar e às vezes se apoiava nos corrimões, mas em nenhum momento deixou que eu a ajudasse. Ela parecia nervosa, seus dedos estavam entrelaçados uns nos outros, ela estava de costas para mim. Eu só conseguia ver o movimento da sua respiração. Ficamos em silêncio, ela não falava nada e isso estava me incomodando, já não estava aguentando mais esperar.

— Você já tem um filho? – Fui direto ao assunto que estava me atormentando.

— Sim. – Ela respondeu baixo, sem me olhar.

Depois de tudo ela me responde isso? “Sim”?

— Quem é George? – Perguntei quando vi que ela não estava falando mais nada.

— É o nome do meu filho.

Claro! Por que seria diferente? Sua criatividade sempre me surpreendeu.

Eu não podia negar que senti um incomodo e ciúmes. George sempre tinha que estar no meio.

Perai, ciúmes? 

— Ele tem quatro anos. – Ela continuou me tirando dos meus pensamentos.

— Onde ele está? 

— Fez quatro anos semana passado. – Ela me ignorou e sorriu se lembrando de algo.

— Onde está o pai dele? – Perguntei, embora as palavras saíssem sufocadas.

Ela apenas olhou para mim e riu, mas não tinha humor nenhum, seus olhos estavam marejados. Ela observou meu rosto, sei que ela tinha mais algo para falar, mas não conseguia. Eu a conhecia bem o suficiente para saber que ela estava buscando a maneira de me falar o que estava acontecendo.

— Izzie... O que está acontecendo? – Ela hesitou por um momento, mas prosseguiu.

— Alex, o George tem LLA. – Ela parecia firme enquanto falava, mas sua voz estava embargada.

Leucemia Linfoide Aguda.

— Ele não está respondendo ao tratamento. – Ela levantou o olhar e me encarou.

O que? Isso não podia ser verdade.

— Eu voltei porque minha ultima saída era... – Ela parou de falar e respirou fundo.

Eu não conseguia falar nada, meu coração estava acelerado, o ar parecia pesado demais para entrar nos meus pulmões. Sei que estava sendo egoísta, pensando só em mim. Olhei para seu rosto e vi finas lágrimas escorreram de seus olhos, ela não conseguia continuar. Precisava fazer algo para ajuda-la, me aproximei o suficiente para sentir sua respiração. Coloquei algumas mechas de seus cabelos atrás de sua orelha e contornei seu rosto com a ponta dos meus dedos. Ela levantou o olhar para mim, aquele olhar, que fez meu coração falhar algumas batidas. Limpei as lágrimas que escorriam pelo seu rosto e a incentivei a continuar.

— Minha última saída era você.

— Eu? – Agora realmente fiquei confuso.

Como assim eu?

— A chance de encontrar um doador de medula compatível é maior com os pais ou irmãos.

— Você não é compatível? – Perguntei e ela balançou a cabeça negando. – E o pai, já fez o teste?  

Por que ele não está aqui agora?

— Alex, eu voltei porque eu preciso que você faça o teste. – Ela falou chorando, tudo o que ela tinha segurado até agora desabou.

— O que? – Não podia acreditar no que ela tinha acabado de falar para mim.

— Você é o pai do George.


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Notas finais do capítulo

Boa Tarde gente...

Espero que gostem do capítulo, ele está recheado de emoções... muitas coisas estão acontecendo, rs.
E ai, o que esperam da reação do Alex?

Até o próximo capítulo. Beijos. :*



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