Segunda Chace escrita por Juliana Lestranger


Capítulo 4
Capítulo 03




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Segunda Chance, Capítulo 3.

POV IZZIE

Tempo. O tempo pode ser relativo, ligado ao momento em que vivemos. No hospital o tempo parece não passar, os minutos se arrastam tão lentamente, principalmente, quando estamos esperando. Já faz quase uma hora que acordei depois do desmaio, como médica, eu sei quais são os riscos para a gravidez, mas como mãe, acabo ficando dividida entre as responsabilidades e deveres. Um dos meus bebês precisa dos meus cuidados e carinho a todo momento, o outro ainda está aconchegado e protegido dentro de mim.

Arizona, melhor dizendo Dra. Robbins, não disfarçou a surpresa por me ver aqui, ainda por cima grávida e não nos melhores dias da gravidez... Ela me examinou, fez as perguntas corriqueiras e constatou que o bebe continua bem e saudável. Em compensação, os maiores riscos são comigo, me deu uma bronca e repetiu várias vezes, que eu não posso fazer muito esforço e passar por momentos “agitados”, mas que eu estou bem, só com a pressão um pouco alta, nada que um remédio e um pouco de repouso não resolva. Conversamos durante um bom tempo, contei o que aconteceu nos últimos anos e expliquei o real motivo da minha volta. Não sei qual a ligação dela com o Alex, mas quando falei a paternidade dos meus filhos, ela não parou de chorar, mesmo que na maior parte das vezes, ela fique firme, hoje ela fraquejou e chorou junto comigo.

Não demorou e meu filho voltou dos exames, disfarçamos o que estava acontecendo e ela foi conhecê-lo. Conversaram bastante, Arizona contou uma história para ele, enquanto eu ainda era medicada, assim ele se distraia e não ficava preocupado comigo. Quando eu voltei para o quarto, ele já estava bem melhor, os remédios já tinham feito efeito, ele sorria e brincava para todo o lado. Meu coração se acalmou vendo a felicidade e agitação de criança que a doença roubava dele boa parte do tempo.

— Mamãe. – Correu para a porta assim que me viu entrar, levantou os bracinhos para eu pega-lo. – Me leva para conhecer o hospital?

— Oi meu amor. – O peguei no colo, dando um beijo em seu rosto.

— Você precisa descansar rapazinho. – Arizona sorriu para ele pegando-o do meu colo e me repreendendo com o olhar. – E sua mãe também.

— Eu já estou bem. – Sorriu largamente, disfarçando o cansaço. – Só uma volta.

— George...

— Por favor.

— Tudo bem. – Suspirei, não conseguia negar nada para aqueles olhos castanhos intensos. – Só uma volta.

— Izzie, você tem que descansar. – Arizona me repreendeu novamente, embora seus lábios expressassem um sorriso enquanto falava.

— Stevens, você precisa descansar. – Falou Bailey autoritária, ela tinha me acompanhado até o quarto.

— Eu estou bem. – Sussurrei para ela.  – É só uma volta.

— Eu levo esse rapaz para fazer um tour no hospital.

— Não precisa, eu posso...

— Quem melhor que a chefe para fazer um tour no hospital? – Enfatizou a palavra chefe e me olhou com aquele olhar intimidador, eu já sabia que tinha perdido.

— George, você promete se comportar e obedecer a Dra. Bailey? – Me abaixei para ficar na altura dele, ajeitando a gola de seu casaco de moletom.

— Eu prometo mamãe. – Sorriu e passou seus bracinhos pelo meu pescoço me abraçando.

— Não vai correr, nem se cansar está bem? – Ele concordou e saiu puxando a mão da Dra. Bailey para fora do quarto.

Arizona ficou mais alguns minutos no quarto e saiu para ver um paciente, não demorou e uma enfermeira me trouxe um copo grande de suco e um sanduiche natural, ordens da Dra. Robbins. Sentei na poltrona do quarto para comer, realmente estava cansada, minhas costas e pés agradeceram esse momento de descanso.  Comi devagar e tomei o suco aos poucos, quando terminei olhei na bandeja e vi que tinha uma gelatina verde, fiz uma careta, lembrando quando Alex me obrigava a comer aquilo todos os dias. Acabei sorrindo e decidi come-la, mesmo assim, para relembrar os velhos tempos.

— Você também não gostou, não é mesmo? – Tinha o hábito de conversar com meu bebê, na ultima colherada, senti um chute em resposta. – Eu sei... É horrível.

Coloquei a mão onde tinha acabado de sentir seu toque, fechei meus olhos e sorri, absorvendo cada detalhe desse momento. Gerar uma vida é um milagre, toda mulher deveria ter a oportunidade de ser mãe. Um simples movimento dentro de si... Faz valer a pena, toda dor e o cansaço. Fiquei acariciando minha barriga, aproveitando ao máximo a calmaria e silencio. Sai dos meus devaneios quando escutei alguém entrar no quarto.

— Dra. Robbins, eu já comi tudo...

— Izzie. – Aquela voz, reconheceria mesmo que passasse um milhão de anos.

— Alex. – Abri os olhos surpresa, ele estava parado a poucos metros de mim.

— Então você voltou. – Falou baixo me observando.

— Voltei. – Confirmei no mesmo tom baixo que ele usava.

Levantei da poltrona ficando na mesma altura dele, meu coração estava acelerado, esperei tanto tempo por esse momento e não imaginei que ele seria dessa maneira. Passei meus olhos pelo seu corpo e parei em seu rosto, observando cada detalhe, ele continuava do mesmo jeito, apenas alguns anos mais velho. Ele falou algumas palavras, mas eu não prestei atenção em nenhuma, fiquei concentrada observando seus lábios mexerem e pronunciarem meu nome algumas vezes me fazendo voltar para realidade e prestar atenção no que ele estava falando.

— O que você disse?

— Você está grávida. – Ele desceu os olhos para minha barriga.

— Sim. – Fechei meu casaco e abracei minha barriga, tentando me proteger dos olhos questionadores dele.

— Por que você voltou? – O modo como ele falou parecia tão distante, eu não conseguia decifrar o que se passava na sua mente.

— Eu precisei voltar. – Me virei, não podia encarar ele naquele momento e não contar a verdade sobre tudo.

— Por onde você andou? – Perguntou se aproximando mais de mim.

— Eu construí minha vida em outro lugar. – Fui vaga em minha resposta, ele não precisava saber detalhes do que aconteceu depois que me mandou sair da vida dele.

— Você deveria ter dado notícias.

— O que? – Ele não podia estar falando sério.

Eu deveria mandar noticias para ele? Oi?

— Você sumiu durante todos esses anos. – Franziu a testa como ele tinha o costume de fazer.

— O que você esperava Alex? – Gesticulei com os braços, não entendendo onde ele queria chegar com aquilo.

— Que você não desaparecesse. – Falou como se fosse a culpa fosse minha.

— Nós nos divorciamos, eu não tinha obrigação de te dar nenhuma noticia sobre minha vida.

— Você está sendo injusta.

— Eu injusta? – Ri ironicamente passando as mãos nos cabelos. – Você me mandou embora...

— Não foi bem assim.

— Você desistiu de mim. – Completei, sentindo um aperto no peito, o ar do ambiente parecia mais pesado, já estava ficando com dificuldade para respirar e controlar as emoções ao mesmo tempo.

— Eu não desisti de você. – Falou com a voz mais elevada e grossa.

— Você acha que eu não via o modo como você me olhava? – Encarei o rosto dele, minha voz saiu rouca e meus lábios estavam trêmulos.

— O que você está falando? – Pareceu confuso.

— Depois que eu fiquei doente e perdi meus cabelos você parou de me tocar, de me beijar, de fazer sexo... – As palavras saíram ásperas, eu precisava tirar aquela mágoa que eu guardei dentro de mim durante todos esses anos.

— Izzie...

— Você me olhava com pena e repulsa. – Senti minha garganta arder tentando segurar as lágrimas que insistiam em sair dos meus olhos.

— Eu nunca te olhei assim. – Falou passando as mãos nervosamente nos cabelos. – Eu te amava.

— Me amava? – Passei os dedos tentando limpar as lágrimas que escorriam pelo meu rosto.  

— Você sabe que sim. – Tentou se aproximar de mim, mas eu recuei um passo. – Eu sempre te amei.

— Me amou tanto que transou com outras enquanto eu lutava pela minha vida. – Gritei com raiva apontando o dedo para ele.

— Eu pensei que você tivesse me deixado.

— Isso não justifica você transar com outras, Alex. – Falei sentindo o amargo das palavras saírem da minha boca.

— Não teve outras, foi só uma. – Ele andava de um lado para o outro, tentando se controlar.

— O pior de tudo é que eu estava disposta a te perdoar e recomeçar nossa vida juntos, mas você não estava satisfeito com o que tínhamos e preferiu desistir.

— Você foi embora, não venha colocar a culpa toda em cima de mim.

— Eu não suportava sua indiferença! – Elevei minha voz irritada.

— O que você esperava que eu fizesse? – Ele também elevou a voz, chamando atenção de quem estava do lado de fora.

— Eu esperava que você fosse atrás de mim!

— Eu fui atrás, te liguei... Eu quase perdi meu emprego, esperando noticias suas.

— Eu precisava de um tempo. – Um flash de lembranças passou pela minha cabeça.

— Agora você diz isso... Um tempo – Ironizou irritado. – Você não me deu uma satisfação, simplesmente sumiu durante meses do nosso casamento.

— Casamento? – Ri amarga, fechando os olhos, as lágrimas escorriam pelo meu rosto diante de toda a dor que estava reprimida durante todo esse tempo.  – Aquilo nem foi um casamento. Você só se casou comigo por pedido da Meredith.

— Como? – Falou surpreso diante do que eu tinha falado.

Ele acha que eu não sei da história.

— Você só se casou comigo porque eu estava MORRENDO. – Gritei sentindo meu coração acelerar e minha cabeça começar a doer.

— O que? – Olhou dentro dos meus olhos, só agora que notei que lágrimas também escorriam pelo seu rosto.

— Admite Alex, que se não fosse minha doença a gente nunca teria se casado. – Alterei minha voz.

— Izzie...

— Admite! – Gritei, eu precisava saber, precisava que ele negasse tudo o que eu passei anos remoendo dentro de mim.

— Nosso casamento foi por impulso, mas não foi só esse o motivo que eu me casei com você. – Aquelas palavras entraram como uma navalha dilacerando meu coração.

— Não precisa dizer mais nada. – No fundo eu queria que aquelas palavras fossem diferentes.

— Eu me casei porque eu te amava.

— Mas o amor nunca foi o suficiente, não é mesmo? – Parei diante dele, próximo o suficiente para sentir a respiração acelerada dele.

— Eu não podia viver achando que você ia me deixar. – Falou irritado. – Você assinou uma NR*, sem nem se importar com o que eu pensava.

— Aquilo não era uma decisão sua! – Gritei me afastando dele.

— Você morreu nos meus braços! – Falou chorando segurando meu braço. – Foi a pior sensação que eu tive.

— Vai embora! – Me afastei do seu toque, eu já não tinha controle das minhas emoções.

Senti uma forte dor no meu ventre me deixando sem ar, me apoiei na cama sentindo minhas pernas fraquejarem. “Não” fechei os olhos, aquilo não poderia estar acontecendo.

— Izzie. – Alex se aproximou preocupado.

— Se afasta. – Falei firme, eu não podia sentir o toque dele outra vez, não depois de tudo.

— Deixa-me te ajudar – Ele tentou segurar meus braços, mas eu me afastei sentindo outra forte pontada.

— SAI. – Me virei, ele não podia me ver daquele jeito.

— Alex, saia do quarto. – Nesse momento Arizona entrou no quarto e veio ao meu auxilio.

— Arizona, você não pode...

— Ela é minha paciente. Eu ordeno que você saia desse quarto. – Falou séria expulsando-o do quarto. – Agora.

Depois que ele saiu do quarto, uma enfermeira me ajudou a deitar na cama, a dor parecia cada vez mais forte, eu não conseguia parar de chorar. Meus batimentos estavam acelerados e meu pulmão queimava cada vez que eu puxava o ar.

— Izzie, você tem que se acalmar, senão você pode entrar em trabalho de parto prematuro. – Arizona pegou na minha mão tentando me acalmar. - O que você está sentindo?

— Eu estou com fortes pontadas na barriga e falta de ar. – Falei com dificuldade abraçando minha barriga.

— Eu falei para você não se estressar nesse momento. – Falou preocupada enquanto apalpava minha barriga me examinando.

— Não quero que nada aconteça com meu bebê. – Fechei os olhos, sentindo os dedos dela me tocarem. – Me ajuda, por favor.

— Eu prometo que nada vai acontecer com vocês.

O destino deve estar brincando comigo, eu como médica obstetra não conseguia cuidar nem da minha própria gravidez, se algo acontecer com o bebê, eu nunca vou me perdoar.


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Notas finais do capítulo

Oii meus queridos leitores ♥

Desculpe a demora para postar o capítulo, estava viajando, prometo não demorar a postar o próximo. Não sei quantos capítulos a fic vai ter, não quero enrolar muito com os acontecimentos :)

E ai, o que acharam do encontro da Izzie e do Alex? Eu sempre imaginei que seria agitado, pelo modo como a relação deles é intensa. Ela estando grávida com as emoções a flor da pele, ele surpreso pela volta dela.

Espero que vocês gostem do capítulo e continuem acompanhando a história. Próximo capitulo será emocionante e menos agitado que esse, será bem emocionante.

Até o próximo capitulo! Obrigada pelos comentários!! :*



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