Segunda Chance, Capítulo 2.

POV ALEX

Finalmente chegou ao fim o meu longo e cansativo plantão. Antigamente era comum passar 36 horas dentro do hospital, correndo atrás de casos, brigando por cirurgias... Hoje vejo que o tempo está passando e os traços da idade chegando, estou exaustou. Antes de sair da ala pediatra, confiro novamente os sinais e resultados da minha paciente que nasceu prematura e está na UTI neonatal há três dias, lutando pela vida, cada dia que passa ganha mais peso e fica mais estável, isso faz valer a pena todo o cansaço, é gratificante poder saber que eu faço a diferença na vida desses bebês.

— Alex, você ainda está aqui? – Caminho até o elevador e acabo esbarrando em Jo que parece assustada.

— Meu plantão terminou agora.  – Suspiro cansado. – O que você está fazendo aqui em cima? Pensei que estivesse de serviço com o Owen hoje.

— Eu estava, mas já terminou e eu vim te procurar. – Sorriu maliciosa me puxando para dentro de um quarto no corredor, por sorte estava vazio. – Estou com saudades.

Jo passou os braços em volta do meu pescoço me beijando ardentemente, fazia alguns dias que não fazíamos sexo por conta da correria do hospital. Algo nela estava diferente, ela parecia apressada, sedenta, mas não reclamei, apenas entrei no ritmo dela, caindo na cama com Jo por cima de mim. Ela não parava de me beijar e tirar minha roupa, primeiro meu jaleco, depois minha camisa. Inverti a situação e fiquei por cima dela, tento igualar a situação, desço meus lábios por seu pescoço e tiro sua camisa passando-a por seus braços, volto a beija-la intensamente. Depois de alguns minutos nos separamos e eu começo a descer sua calça. Somos interrompidos com o bip do meu pager, me afasto um pouco para verificar o aparelho, mas sou impedido pelos lábios de Jo.

— Esquece isso.  – Fala ela me beijando e quando ficamos sem folego ela me olha profundamente. – Eu quero me casar com você. 

— O que? – Toda a minha atenção se volta para aquelas palavras e o sorriso que vinha com elas.

— Eu quero me casar com você. – Sorriu daquele jeito dela. – Podíamos sair daqui e nos casar hoje. O que acha?

— Os papéis do seu divorcio ainda não saíram. – Falei confuso com essa mudança repentina dela.

Vou explicar o que aconteceu nas últimas semanas, para quem não recorda, Jo se casou na adolescência com um cara que com o tempo passou a bater muito nela e depois de alguns anos, quando deu oportunidade ela conseguiu fugir e construir sua nova vida, essa que vocês conhecem, com outro nome e se formando em medicina. Algumas semanas atrás o ex-marido dela apareceu aqui no hospital, embora legalmente ainda sejam casados, ela não queria nada com ele o que causou muitas brigas e confusões, eu quase fui preso outra vez quando vi ele partir para cima dela.

Foi uma semana complicada e intensa, mas depois de muita negociação, quando ele soube que eu tinha um dinheiro guardado e fazia parte da diretoria do hospital... para quem não sabe quando a Cristina saiu de Seattle transferiu sua parte do hospital para mim e com isso eu ganhei voz na diretoria e com o tempo fui guardando um pouco de dinheiro... Mas voltando a Jo, depois de algumas negociações e uma boa quantia de dinheiro, ele aceitou dar entrada nos papeis do divorcio e deixa-la livre. Desde daquela semana, preferi aguardar os papeis do divorcio saírem e esperar o momento certo para pedi-la em casamento outra vez, durante esse período ela não tinha comentado nada de casamento, até hoje.

— Eu amo você Alex. – Falou passando os dedos pelo meu rosto. – Eu quero você só para mim.

— Eu também amo você. – Beijei seus lábios e novamente meu pager bipou. – É a Arizona.

— Ah... Deve ser só mais um paciente e seu plantão já acabou. – Falou se sentando na cama. – O que acha de irmos para casa?

— Aqui diz falou que é urgente. – Levantei da cama procurando minha camisa e a vestindo em seguida. – Preciso ver se não é minha paciente.

— Alex. – Me chamou se levantando também. – Eu não estou me sentindo muito bem... Vamos para casa.

— O que você está sentindo? – Perguntei preocupado e me aproximei dela. Realmente algo tinha acontecido, ela está muito estranha.

— Eu só quero ir embora, estou com dor de cabeça. – Falou fechando os olhos e colocando a mão na testa, se eu não a conhecesse diria que ela está fazendo drama.

— Eu só vou ver o que a Arizona quer falar comigo e depois vamos embora. – Abri a porta do quarto, mas ela me impediu de sair segurando meu braço.

— É só uma grávida. – Falou rapidamente. – Nem é sua área, você não é obstetra. Não deve ser nada demais.

— Como você sabe? – Pergunto confuso.

— Karev. – Escutei a voz de Arizona atrás de mim. – Preciso falar com você. Venha comigo, por favor.

— Eu já estava indo, desculpe não responder o pager. – Falei me justificando e saindo do quarto. Acompanhei Arizona até uma sala vazia e percebi que Jo vinha atrás de mim.

 — Dra. Wilson, esse assunto é particular entre mim e o Dr. Karev. – Arizona falou de maneira firme, não parecia à mesma pessoa que sempre estava sorrindo.

— Eu só...

— Por favor, saia. – Pediu ríspida esperando ela sair e fechar a porta atrás de si.

— Aconteceu alguma coisa? – Perguntei confuso, já não estava entendendo mais nada. Observei o rosto de Arizona mudar, seus olhos estavam vermelhos, ela parecia ter chorado e tentava se controlar.

— Alex, te conheço há muito tempo, conheço sua história, presenciei grande parte do seu crescimento e batalha aqui dentro. – Começou ela devagar, desviando o olhar do meu. – Sei do seu temperamento, por isso eu preciso que você se controle e tenha calma com o que eu vou te dizer.

— O que está acontecendo? – Perguntei novamente um pouco mais alto, já estava ficando preocupado com essa enrolação, me desculpei diante do olhar de reprovação dela.

— Hoje uma pessoa voltou e como uma hora ou outra vocês vão se encontrar... – Prosseguiu em um tom baixo, tentando passar tranquilidade, parecia buscar as palavras certas.

— Quem?

— Devido ao estado delicado dela, você precisa...

— Quem? Quem voltou? – Me aproximei mais dela olhando dentro de seus olhos, sua expressão mudou revelando antes mesmo de suas palavras saírem.

— A Izzie voltou.

— Izzie? – Um arrepio percorreu meu corpo, segurei as mãos de Arizona esperando uma resposta. – Minha Izzie?

— Sim. – Confirmou com os olhos lacrimejados. – Com ela veio um...

— Onde ela está? – Perguntei correndo até a porta. – Por favor, eu preciso vê-lá.

— Apartamento 302.  – Ela falou indo atrás de mim. – Alex... – Tentou falar mais alguma coisa, mas eu não entendi porque já tinha a deixado para trás.

Sai da sala passando por Jo que tentou me segurar, eu só me esquivei e corri até o elevador, apertei várias vezes o botão para ver se chegava mais rápido, mas não aguentei a espera e desci correndo os andares pela escada. Eu precisava ver com meus próprios olhos, precisava me certificar que era ela mesmo que estava aqui. Em todos esses anos, eu sempre imaginei o que tinha acontecido com ela, onde ela estaria... Me arrependo de ter sido fraco e ter mandando-a ir embora, ter desistido dela.

Porque ela voltaria agora?

Meu corpo não obedecia meus comandos, quando dei por mim eu já estava parado em frente à porta do quarto, sentia meus pulmões queimando por conta do esforço físico que eu tinha feito, fiquei alguns minuto tentando recuperar meu fôlego e colocar ordem nos meus pensamentos. Olhei pela janela de vidro do quarto e a vi, linda, do mesmo jeito que eu me lembrava, só com os cabelos um pouco maiores, na altura do ombro, o mesmo tom dourado que prendeu minha atenção e me fez me apaixonar desde da primeira vez que a vi. Ela estava com os olhos fechados e sorria... Outra vez me perdi em seu sorriso, que tantas vezes me acalmava e iluminavam meu dia.

O tempo fez bem a ela, os traços de sua beleza enalteceram a mulher que ela sempre foi. Percorri meus olhos por seu corpo, mas algo chamou minha atenção, parei para olhar onde sua mão estava parada, ela acariciava a barriga arredondada que ficava marcada pela blusa. Meu coração acelerou, um choque paralisou meu corpo, ela estava grávida. Eu sempre soube que ela seria uma mãe maravilhosa, mas ver ela parada a poucos metros de mim, esperando um bebê, foi como um balde de água fria do destino. Respirei fundo e entrei no quarto, sem me importar se ela estava acompanhada ou não. Eu só precisava dela.