Segunda Chance, Capítulo 14.

POV ALEX

Droga, mil vezes Droga!!

Faz tempo que eu não perco a cabeça assim, se não fosse Meredith, eu teria batido nessa cara na frente de todo mundo. Não acredito que Izzie foi capaz de fazer isso comigo. As coisas estavam dando certo, meu filho está melhorando, por que ela faria isso? Agora não importa, sei que está tudo acabado entre nós, mas não vou deixa-la levar meus filhos para longe de mim. Nem que seja a última coisa que eu faça. Evitei ficar com Jo perto dela, tentei não magoa-la e recebo isso em troca. Hoje pensei que me sentiria bem, fazendo-a sentir o que eu senti quando a vi nos braços de outro cara, mas foi o contrario. Ela ocupa boa parte da minha mente e a mágoa em seus olhos me deixou arrasado.

Não consigo continuar beijando Jo pensando em outra, me afasto e sento na cama. Coloco meu rosto entre minhas mãos e respiro fundo, pensando em tudo que aconteceu nos últimos minutos. Sei que Jo não merece passar por isso, mas não consigo dar a atenção que ela quer no momento. Nem sei como ela chegou exatamente nessa hora, pelas minhas contas ela voltaria só amanhã, mas isso não vem ao caso.

— Alex, o que foi aquilo? – Jo ajoelha na minha frente.

— Nada. – Me afasto do seu toque.

— Alex! – Escuto várias batidas na porta. – Alex!

— Vai embora. – Grito sem me importar com quem seja.

— Alex, abre essa porta, senão eu vou derrubar! – Reconheço a voz de Meredith e as batidas ficam mais fortes. Jo me olha e se levanta para abrir a porta.

Droga!

— Você ficou louco? – Meredith entra no quarto pisando forte.

Era isso que eu queria evitar!

— Vai embora Mer. – Respiro fundo sem olhar para ela com um misto de vergonha e raiva.

— O que aconteceu? – Jo cruza os braços e olha de mim para Meredith. – Alguém pode me explicar?

— Wilson, sai. – Meredith aponta para fora do quarto.

— Você não...

— AGORA! – Ela grita e empurra Jo para fora e fecha a porta.

— Não preciso de sermões, Ok? – Sei que ela não vai sair até eu falar alguma coisa. – Eu sei que eu exagerei, mas eu estou com raiva.

— Você falou coisas horríveis para ela! – Meredith me reprova com o olhar.

— Você escutou? – Olho com arrependimento.

— O hospital todo escutou Alex.

Droga!

— Foi tudo culpa dela. – Dou um soco na cama.

— Alex... – Meredith para na minha frente.

— Ela teve que arruinar a festa que fiz para meu filho. Arruinar minhas chances com ele...

— Alex... – Meredith tenta me chamar outra vez.

— Eu me sinto péssimo, ele é meu filho e ela tirou isso de mim. – Sinto meu peito apertar e minha garganta fica seca. – Eu...

— Alex! – Ela chama minha atenção. – Izzie não fez nada disso!

Como não?

— Tá, o fato de o cara existir sim. – Ela revira os olhos e eu a olho confuso. – Mas ela não o chamou, não planejou nada disso, foi pega de surpresa tanto quanto você.

— O que? Claro que chamou. – Afirmo e ela nega com a cabeça, olho para ela pedindo explicações. – Ele me disse com todas as letras.

— Ela não o chamou aqui. – Meredith suspira. – Ele aparecer dessa forma, mas não foi culpa dela, Alex. Ele planejou tudo.

—Você está enganada, ela ligou para ele ontem falando que ia embora. – Franzo a testa confuso e o tom de desespero sai na minha voz. – Ela ia embora de novo Meredith. Vai levar meus filhos embora.

Eu perdi a cabeça.

— Não, Alex! – Ela maneia cabeça. - Adam te manipulou.

— Como você sabe? – Cruzo os braços, sentindo meu coração acelerar.

— Porque ele também me manipulou. – Ela me encara e minha ficha cai. – Ele manipulou todo mundo aqui no hospital.

— Como? – Fecho meu punho de raiva.

— Me conta exatamente o que vocês conversaram. – Meredith sentou do meu lado na cama.

— Foi assim, ele chegou...

30 minutos antes!

— Boa tarde, aqui é a pediatria? Mandaram-me vim até aqui.

— Pois não? – Falo sem olhar para o cara, estou concentrado lendo alguns exames.

— Acho que meu filho está internado aqui. O nome dele é George, minha mulher deve estar aqui com ele.

Minha mulher? Meu filho?

— George? – Levanto o olhar na mesma hora e uma aflição invade meu peito. – Quem é você?

—Dr. Adam Smith. – Ele estende a mão esperando que eu o cumprimente. – E você é?

— Dr. Alex Karev. – Respondo e mesmo sem vontade aperto sua mão.

— Hm, Karev. – Ele me analisa por alguns instantes. – Então você é o cara que doou o esperma para minha mulher.

O que? Quem esse cara pensa que é?

— Na verdade ela era minha esposa e eu fertilizei os óvulos dela. –Sinto meu sangue ferver, mas tento falar o mais normal que eu consigo.

— Ah, agora isso tem outro nome. – Ele ironiza e ficamos nos analisando sem dizer nada.

Idiota!

— Ela me falou muito sobre você. – Ele quebra o silêncio e chama minha atenção.

— Ah, é mesmo? – Arqueio a sobrancelha com ironia.

— “Alex”... O cara que traiu ela e a deixou no meio de um tratamento de câncer. – Ele balança a cabeça me julgando.

— O que disse? – Cruzo os braços, esperando que ele continue. – Não foi exatamente assim que aconteceu.

— Se você está dizendo. – Ele dá os ombros. – Só estou falando o que ela me contou.

— Ela mentiu sobre isso. – Falo com raiva.

— Então você não a traiu enquanto ela estava fazendo tratamento? – Ele arqueia a sobrancelha esperando que eu me contradiga.

— Eu, não...

Teve a Lexie meses depois que ela foi embora.

— Foi o que imaginei. – Ri irônico. – No começo éramos só amigos... Então ela me falou muita coisa sobre você, desabafou horas na cama comigo.

— Por que você está aqui? – O interrompo e respiro profundamente tentando me controlar.

— Vim leva-los para casa. – Ele fala sem se importar e começa a andar.

— Espera. – Eu vou atrás dele com raiva. – O que?

— Ela me ligou ontem. – Ele para de andar e se vira para mim. – Pedindo para eu busca-los hoje. Só não esperava chegar no meio de uma festa para George.

Não posso acreditar nisso.

— Leva-los embora? – Sinto meu coração acelerar e me sinto sufocado.

Ela ia embora outra vez.

— Ela falou que meu filho estava bem e já podia vim. – Ele fala e dá duas batidinhas no meu ombro.

— George é meu filho. – Afirmo e me afasto rudemente.

— Só biologicamente, mas isso não tem muita importância. – Ele ri ironicamente. – Aliás, obrigado pela doação da medula, Izzie estava preocupada de você não ser compatível.

— Perai, você sabia o tempo todo? – Meneio a cabeça, ela me falou que ele não sabia de nada.

— É claro que sim. – Ele ri outra vez, me deixando mais irritado. – Quem você acha que deu a ideia de te procurar?

Ela me enganou esse tempo todo.

— Eu até quis te procurar quando descobrimos da doença, mas ela não quis. – Ele encolhe os ombros. – Sabe como é, queria evitar o desgaste emocional.

— O que? – Não acredito que ela deixou George chegar a esse ponto por orgulho.

— Ai, ela quis engravidar outra vez para conseguirmos a medula através do cordão umbilical do bebê.

— Ela não faria isso. – Não me conformo com isso, passo as mãos nos cabelos.

— George piorou rápido demais e eu a convenci a te procurar. – Ele toca meu ombro e eu o encaro com raiva. – Ainda bem que deu certo, George está melhor, então já podemos ir.

— Você não vai levar eles daqui. – Paro na frente dele com os braços cruzados.

— Eu só vim busca-los, Izzie já está arrumando as coisas para irmos embora. – Ele fala dando os ombros.

Isso não faz nenhum sentido.

— Ela não me falou nada. – Franzo a testa.

— Ela queria evitar discutir com você, só isso.

— De qualquer forma, vocês não vão levar George, ele é meu filho e vai ficar aqui. – Respiro fundo, só a possibilidade deles irem embora me faz entrar em pânico.

— George já sabe que você é o pai dele? – Ele arqueia a sobrancelha e me encara.

— Não, nós íamos contar hoje... – Eu paro de falar e analiso a situação. Se ela iria embora hoje à tarde, não iriamos falar com George.

— Ela esperou até hoje, porque não queria que George soubesse. – Adam conclui e minha ficha cai.

 Ela me enganou esse tempo todo.

— Eu vou procurar um advogado. – Falo com raiva, ficando com falta de ar.

— Por que você faria isso? – Ele fala com sarcasmo.

— Eu era casado com ela quando fertilizei os óvulos, eu sou legalmente e biologicamente o pai deles e tenho esse direito. – Falo alto sem me importar.

— Você acha que com seu histórico de violência, você conseguiria alguma coisa? – Ele ri e isso me deixa possesso.

— O que você está dizendo? – Pego ele pela gola da camisa e o empurro contra a parede.

— Se depender de mim, você nunca mais verá nenhum deles. – Ele fala em tom de ameaça e me empurra.

Eu vou para cima dele, mas a mãe de um paciente aparece no corredor em que estamos e eu recuo. Ele me encara com um sorriso maldoso e se afasta. Fecho minhas mãos em punho, tentando me controlar, não posso bater nele aqui, sinto adrenalina em todas as células do meu corpo. Meu coração bate acelerado, respiro profundamente tentando levar ar para meus pulmões que parecem me sufocar. Eu engulo em seco e vou atrás dele. Não tem mais ninguem no corredor e eu o empurro novamente contra a parede.

— Eles não vão embora com você. – Falo entredentes.

— Karev, você não vai me impedir. – Ele dá um sorriso de lado. – Para George você é apenas mais um médico que apareceu na vida dele, enquanto eu continuo sendo o pai dele. Você não vai conseguir mudar isso.

— Vamos ver então. – Aperto um pouco mais meu antebraço em seu pescoço e o solto com raiva.

— Ah Karev. – Ele se afasta um pouco e depois se vira. – Esse lance de paternidade não muda nada...

Lance de paternidade?!

— Izzie continua sendo minha. – Ele completa e os cantos de sua boca formavam um sorriso malicioso.

Eu fico parado vendo-o se afastar, não acredito que isso está acontecendo. Esse cara realmente quer tomar tudo o que é meu, não basta estar com Izzie, também quer tomar meus dois filhos de mim. Antes eu não sabia, agora que sei... Não vai ser tão fácil quanto ele pensa. Meu coração acelera quando vejo ele se aproximar na porta do salão em que está acontecendo à festa de George, corro e paro ao seu lado a tempo de ver George correr na direção dele o chamando de pai.

De todas as dores essa foi a pior que eu senti, fechei meus punhos tão fortes que minhas unhas cravaram a carne de minha mão. Vejo a reação de todos olhando para mim, todos aqui sabem que George é meu filho e mesmo assim ele correu para os braços de outro cara. Saio daqui antes de cometer uma loucura na frente do meu filho. Meredith me encontra e me aconselha a procurar Izzie e conversar com ela antes de qualquer conclusão, quando apareço no quarto vejo os dois se beijando e a cara de vitória dele confirmou tudo o que eu tinha pensado.

***

— Foi isso que aconteceu, o restante você já sabe. – Termino de falar, Meredith faz alguns comentários enquanto eu conto a história.

— Dra. Bailey me falou que ele tinha ligado semana passada, ele sabia de todo o procedimento. – Meredith me olha com pesar. – Ele sabia de tudo, antes mesmo de aparecer aqui.

— Eu vou acabar com ele. – Levanto da cama, irado.

— Alex, não. – Ela me impede de sair e eu dou um soco na parede fazendo os nós dos meus dedos sangrarem.

— Estou com muita raiva Meredith! – Resmungo abrindo e fechando minha mão sentindo a dor.

— Você só vai ser expulso do hospital e perder qualquer chance de ter seus filhos. Não esqueça que você acabou de sair de um processo por agressão por causa do DeLuca.

— Eu já perdi todas as chances de tê-los. – Respiro profundamente, sentindo uma dor maior no meu coração.

— Não, claro que não. – Meredith para na minha frente. – Izzie precisa saber que foi manipulada.

— Mesmo assim, eu que falei aquelas coisas para ela. – Falo baixo. – Eu pensei que ela tinha feito tudo isso, falei na hora da raiva.

— Ela já te perdoou antes, você só precisa se mostrar arrependido e pedir desculpa. – Ela me encara por um bom tempo.

— Como eu vou fazer isso? – Falo irônico. – Ela não vai me deixar chegar perto dela tão cedo.

— Usa o elevador. – Meredith sorri de lado. – Derek sempre usava o elevador.

Elevador... Como não pensei nisso antes?