Segunda Chace escrita por Juliana Lestranger


Capítulo 13
Capítulo 12




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Segunda Chance, Capítulo 12.

                                POV ALEX                                                            

Chegou o dia.

Depois da conversa na noite passado eu decido dormir aqui no hospital com George. Izzie dorme na cama junto com ele e eu durmo no sofá. Assim que amanhece, eu me preparo para a doação de medula, a coleta é realizada em uma pequena cirurgia de 90 minutos, onde serão realizadas múltiplas punções nos ossos da minha bacia e é aspirada a medula óssea. É um procedimento dolorido, mas a recuperação é rápida e em 24 horas poderei retornar minhas atividades. Meredith fica do meu lado enquanto é realizada a coleta, Izzie queria estar aqui, mas sei que ela está muito emotiva e não precisa passar por isso. Peço que ela fique com George até acabar. Eu acompanho todo o processo até a medula ser infundida na veia de George.

Os primeiros dias são os mais difíceis, George sente muitas dores e seu corpo demora a acostumar com a nova medula. Demora um tempo até seu corpo começar a produzir outra vez os glóbulos brancos, vermelhos e as plaquetas em quantidade suficiente, por isso ele tem muitas febres e eu fico com medo dele ter alguma infecção ou hemorragia, por isso passo a maior parte do tempo aqui no hospital.

Ontem George passou mal e Izzie precisou ficar de repouso absoluto por conta do bebê, Bailey me deu licença para acompanhar o caso dele e ajudar Izzie nesse período. Já tinha me esquecido de como era cuidar dela e da nossa rotina juntos.

— Eu já estou bem Alex. – Izzie fala afastando a bandeja de comida que eu lhe entregava.

— Deixa de ser teimosa. – Falo irritado, ela não comeu quase nada.

— Eu não quero comer isso. – Ela me ignora, afastando o prato.

— Você está pior que o George. – Resmungo e ela revira os olhos.

Eu me afasto com a bandeja, sei que ela não irá comer mais nada. George já almoçou, mas ele ainda está muito fraco e agora está dormindo. Quando eu volto para perto da cama, vejo que Izzie está em pé ao lado da cama. Confesso que ontem eu fiquei extremamente preocupado, quando George teve febre alta e vomitou, a pressão de Izzie aumentou e ela passou mal, realmente pensei que minha filha nasceria ontem, ela nem completou 27 semanas e Izzie é teimosa demais para não me deixe ajuda-la.

— Você não pode levantar. – Falo preocupado. – Você tem que ficar de repouso por três dias, no mínimo.

— Eu estou grávida, não doente. – Ela dá alguns passos, mas fica um pouco tonta.

— O que disse? – Falo com sarcasmo ajudando-a se deitar novamente.

— Foi só uma tontura. – Ela cruza os braços. – Normal nesse estágio.

— Droga Izzie. – Ela tenta se levantar outra vez, mas eu a impeço. – O que você quer?

— Eu estou com vontade de comer algo. – Ela resmunga cruzando os braços, igual uma criança.

— Me fala o que é. – Reviro os olhos, tudo isso por causa de um desejo estupido.

— Não preciso que você busque, eu posso muito bem buscar. – Ela se senta na cama e pensa em sair outra vez.

— Izzie. – Eu a encaro e ela suspira irritada. – Eu vou buscar, me fala o que é?

— Quando sua noiva estiver grávida, você busca. – Ela me encara com os olhos semicerrados. – Não preciso que você busque nada para mim.

Como ela é teimosa.

— Ela não está grávida e você está. – Falo e ela fecha a cara. – Vai me falar ou não? Não quero que minha filha nasça com cara do que quer que seja que você quer comer.

Nunca acreditei nesse ditado, mas vai que ele resolve acontecer comigo.

— Você vai rir. – Ela vira o rosto.

— Prometo que não.

— Quero comer... – Ela começa a falar e me olha, seus olhos parecem brilhar e sua boca saliva. – Azeitona com brigadeiro.

Credo, que combinação estranha.

Não foi difícil não é? Me seguro para não rir. – Vou buscar.

Enquanto eu espero o elevador, fico repassando mentalmente tudo que aconteceu nesses últimos dias. Eu ganhei dois filhos, George tem leucemia e já recebeu o transplante de medula óssea. O sentimento que eu tenho por ele é muito grande, não podia imaginar que eu amaria tanto uma pessoa em tão pouco tempo, afinal, quando descobrimos que seremos pai, temos toda a gravidez para nos acostumarmos com a ideia e desenvolvermos o sentimento. Mas George é uma criança tão encantadora e especial que é difícil alguém não gostar dele.

Depois daquela aproximação no quarto, Izzie não se aproximou mais de mim daquela maneira. Melhor assim, não sei se eu conseguiria conter meus sentimentos se nos reaproximássemos outra vez. Nunca mais toquei em sua barriga, só vejo de longe George conversar com a irmã e contar várias histórias para ela.

Se anos atrás, me falassem que hoje eu estaria indo buscar coisas estranhas para satisfazer o desejo de uma grávida, eu iria rir e ignorar completamente, mas ver o olhar de desejo de Izzie... Melhor dizendo, um desejo diferente do que eu estou acostumado a lidar, sem ter sexo e nada do tipo, despertou um sentimento novo... Como se eu tivesse, alias, como se eu quisesse dar tudo para satisfazer suas vontades. Não tive a oportunidade de ver o desenvolvimento de gravidez desde o inicio, mas estou gostando de acompanha-la agora, mesmo que seus hormônios estejam bem aflorados e dificultem mais as coisas.

Finalmente o elevador chegou.

Assim que eu entro dou de cara com Dra. Bailey, ela me olha de cima embaixo e me dá espaço ao seu lado. Alguns dias atrás ela teve um infarto, você acredita? Um infarto e não avisou a ninguem aqui no hospital, procurou o Seattle Press e se tratou lá, sorte que Maggie e Dr. Webber desconfiaram de sua ligação e foram até lá para ela não ficar sozinha. Ela já está bem e nos proibiu de falar para qualquer pessoa do hospital, não queria parecer fraca ou algo do tipo. Ignorei sua ordem, mas preferi não dizer nada para Izzie, porque ela está muito emotiva e ficaria muito preocupada, assim como eu fiquei.

— Como a Stevens está hoje?  - Ela fala tentando parecer indiferente, mas não tem muito sucesso.

— Teimosa. – Respondo dando os ombros.

— Por que você está aqui e não está lá? – Ela cruza os braços.

— Ela teve um desejo. – Encolho os ombros. – Vou lá buscar.

— Quem diria... – Ela me encara com sua expressão típica Miranda Bailey. – Alex Karev fazendo as vontades de uma grávida.

— Ela é minha mulher, fazer o que? – Ela arqueia as sobrancelhas e me olha surpresa, só agora que percebi o que falei. – Quero dizer, ela já foi minha esposa e está grávida. Estou fazendo pela minha filha.

— Sei. – Ela maneia a cabeça e fica em silêncio.

— Não temos nada. – Resmungo ao ver sua cara de desconfiada.

— Eu não falei nada. – Ela me encara sugestivamente.

— Droga! – Cruzo os braços, irritado.

— Só lembre que tem duas crianças no meio. – Ela fala saindo do elevador e coloca a mão no meio antes das portas fecharem. – Não vá fazer besteira, Karev.

— Não vou. – Se tivesse acontecendo alguma coisa, tudo bem, mas não estava acontecendo nada, principalmente nada que justificasse a desconfiança.

— Wilson volta hoje? – Dessa vez é Meredith que pergunta entrando apressada no elevador.

Droga, porque meu andar não chega?

— Amanhã. – Falo de mal humor.

— Ok. – Meredith me olha pelo canto do olho e não fala nada.

Falando em Jo, vou atualizar vocês... Depois daquele dia que discutimos, ela ficou sem falar comigo uns três dias, só nos reaproximamos no dia que o ex-marido dela, Paul Stadler, deu entrada no hospital. Descobrimos que ele estava em Seattle, foi atropelado por um motorista bêbado e trazido aqui para o hospital. Ele foi tratado e quando estava se recuperando tentou avançar para cima de Jo, acabou escorregando e batendo a cabeça na lateral da cama, tendo uma morte cerebral. Ele não tinha dado entrada nos papéis do divórcio, descobrimos pelo advogado dele, Jo ainda era legalmente sua esposa e decidiu doar os órgãos. Como ele era médico conhecido, possui alguns imóveis e dinheiro guardado, ela precisou ir para Washington resolver os documentos da morte dele e os bens que ficariam para ela. 

— Preciso dela na minha pesquisa. – Meredith interrompe meus pensamentos e eu reviro os olhos. – Por isso perguntei.

— Hoje ela me ligou e falou que chegaria amanhã. – Respondo melhor.

— Ok.

— Já conseguiu a patente? – Pergunto mudando de assunto.

— Não. – Ela suspira. – Mas não vou desistir, Wilson me deu algumas ideias. E a Izzie?

— Está bem.

Não falamos mais nada, quando o elevador parou era o andar que eu ia descer, ainda bem que Meredith ia para outro lugar, não queria ter que ficar me justificando para ela também. O que tem de tão grave assim? Izzie só esta com vontade de comer umas coisas estranhas, não pode sair da cama e eu vim buscar... Simples!

Comprei um pote de azeitona e uns dez brigadeiros... Deve dar. Subi novamente para o quarto e Izzie não está mais na cama. Olho para George e ele continua dormindo, mas ela não está aqui.

Droga!

— Izzie? – Chamo preocupado. – Izzie?

— To aqui. – Ela responde do banheiro, me aproximo e escuto o barulho do chuveiro ligado.

Menos mal.

— Tá tudo bem ai? – Bato na porta, ela não responde, tento abrir, mas está trancada. – Izzie!

— Eu estou bem, Alex. – Ela abre parte da porta e o aroma do banheiro invade o quarto. – Agora posso terminar de tomar banho, em paz? – Arqueia a sobrancelha e sorri fechando novamente a porta.

— Tá. – Resmungo e vou até o sofá e me deito.

Nem percebi que estava tão cansado e acabo cochilando. Quando abro os olhos, vejo que Izzie já tinha saído do banho e estava sentada na cama com as pernas cruzadas, em sua frente está o pote de azeitona sem caroço e os brigadeiros. Ela não notou que eu estou a observando, acho até engraçado, ela coloca três azeitonas na boca e em seguida um brigadeiro. Fecha os olhos e degusta aquele sabor, a expressão de prazer em sua cara chama minha atenção. Cada mastigada parece ser tão gostosa que eu até esqueço-me da mistura inusitada que é. Quando ela engole, ela suspira e repete a sequencia outra vez.

— Quer experimentar? – Ela fala depois de repetir três vezes, ainda com os olhos fechados.

— Como você sabe que estou acordado? – Me levanto do sofá e vou até ela.

— Você não é tão silencioso dormindo e eu sei quando você acorda Alex. – Dá os ombros e olha para mim sorrindo. – Obrigada, o sabor era exatamente o que eu imaginei.

Aquele sorriso iluminou todo o ambiente, senti meu coração acelerado, o perfume dela está em cada canto desse quarto. Vejo que ela está com uma blusa rosa de manga comprida e calça de moletom, o frio de Dezembro já marcava a proximidade do Natal. Paro ao lado da cama e roubo um brigadeiro dela, ela tenta pegar da minha mão, mas eu sou mais rápido e coloco na boca. Ela acompanha meus movimentos e vejo que sua pupila dilata, conheço esse olhar de desejo... Não desejo de gravidez, desejo de mulher.

— Viu como é gostoso? – Ela me olha e sorri de lado. Nunca uma frase fez um efeito tão rápido em mim.

Como médico, sei que a gravidez potencializa a libido da mulher, ou seja, aumenta a vontade de sexo. Nunca transei com uma grávida e esses pensamentos estão resultando em uma sensação desconfortável nas minhas calças.

Droga!

— Mais tarde eu volto. – Tenho que sair daqui, antes que ela perceba o que causou em mim.

Saio do quarto e tomo um banho frio, depois desse episódio evito certos tipos de pensamentos. Já faz um bom tempo que não faço sexo e estar no mesmo quarto que a Izzie não me ajuda muito. E para ajudar Jo me liga falando que deu problema em um documento e ficaria mais alguns dias. Por isso decido ocupar minha mente com outras coisas, lembro-me da Izzie comentar sobre o aniversário de George, como ele não teve festa, então decido fazer uma surpresa para ele, quando ele melhorar ficará feliz e tira um pouco do peso da culpa que Izzie diz ter por não ter feito esse ano.

Alguns dias depois...

Já faz três semanas que George está aqui e quase duas semanas do transplante de medula, nesses últimos dias ele está bem melhor, não teve mais febre e sua medula já está produzindo sozinha, o que aumentou sua imunidade. Falta uma semana para o Natal, então hoje é o melhor dia para a festa surpresa. Pedi ajuda de Meredith, ela reclamou um pouco falando que quem era criativa era Izzie e não ela, mas me ajudou mesmo assim, pois também era surpresa para Izzie. Ela já está bem melhor e anda para todo lado, fez até amizades com algumas pacientes grávidas, por isso difícil esconder dela. Arizona é a mais empolgada, desde cedo está enchendo os balões e decorando o ambiente com a ajuda de Sofia e Zola.

A festa aconteceria no fim da tarde, quando deu o horário todos já estavam em seus lugares, eu só preciso buscar George e Izzie. Assim que eu chego ao quarto, vejo que Izzie está sentada em um sofá e George está em seu colo brincando no celular, sorrio com a cena. Entro no quarto e ela me olha, tento disfarçar. George quando me vê sai do colo dela e corre para me abraçar. Ainda não falamos para ele que eu sou o pai. Com toda a correria e recuperação dele, eu achei melhor esperar um pouco mais.

— Izzie, preciso que você venha até o salão das crianças. – Eu falo sério e ela franze a testa.

— O que aconteceu? – Ela se levanta e ajeita o vestido que estava usando.

Como sua barriga cresceu nessas três semanas.

— Parece que uma paciente grávida caiu e precisa... – Começo a inventar.

— Vamos lá. – Ela me interrompe e começa a andar até a porta. – E George?

— Eu vou com ele, vamos.  – Suspiro aliviado quando vejo que ela não pergunta mais nada.

Eu seguro a mão de George e caminhamos atrás de Izzie até o salão onde está a festa. Assim que entramos as luzes são acesas e as pessoas gritam surpresa e soltam alguns balões. George fica fascinado por ver que a festa era para ele e Izzie fica sem palavras, vejo seus olhos ficarem marejados. George entra animado e eu os acompanho. Cantamos os parabéns e minutos depois percebo que ela sai do salão, vou atrás dela.

— Você está bem? – Pergunto preocupado, ela me puxa para um quarto vazio. – Aconteceu alguma coisa?

— Por que você fez isso? – Ela me olha profundamente.  

Droga... Deveria ter falado com ela.

— Me desculpa. – Começo a ficar preocupado. – Eu pensei que George fosse gostar. Você comentou...

— Obrigada! – Ela me abraça emocionada.

Izzie passa os braços em volta do meu pescoço e ficamos assim alguns minutos, ela afasta o rosto e me olha intensamente. Vejo seus olhos descerem para minha boca e isso desperta uma imensa vontade de beija-la. Aproximo o rosto do dela e toco seus lábios com os meus, ela corresponde ao beijo com a mesma vontade. Coloco uma mão em sua cintura e a puxo para mais perto. Desço meus lábios pelo seu pescoço e a sinto suspirar.

Como eu senti sua falta.

Sinto um arrepio em cada terminação nervosa do meu corpo, já nos beijamos várias vezes, mas esse beijo é diferente. Volto a beija-la com mais intensidade, roubando cada suspiro seu. Percorro minha mão por suas costas e sinto a maciez e calor de sua pele. Entrelaço meus dedos em seus cabelos e ela inclina o pescoço aprofundando o beijo, seus dedos começam a desabotoar minha camisa.

— Izzie... - Murmuro levantando lentamente sua blusa.

Somos interrompidos pelo bipe no meu pager, tento ignorar, mas ela se afasta e fica de costas para mim. Ela se recompõe, mas ainda não me olha. Paro na frente dela e vejo que seu rosto está vermelho e seus lábios estão inchados.

— Alex, não podemos fazer isso. – Ela me olha.

— Foi só o momento. – Seguro as mãos dela, tentando acreditar nas minhas próprias palavras.

Ela se afasta e eu me amaldiçoou mentalmente, fui rápido demais. Penso que agora não é o melhor momento para conversarmos, por isso decido sair daqui. Ela segura minha mão e eu paro, olho para seu rosto e vejo um sorriso.

Não to entendo nada.

— Vamos conversar com George hoje. – Ela me olha com expectativa.

— Hoje? – Pensei que tivesse estragado tudo.

— Hoje! – Ela me beija outra vez, mas agora foi só um tocar dos lábios. Ela sorri e sai da sala me deixando sozinho.

Hormônios... Quem vai entender?

Respiro fundo, não entendi o que aconteceu aqui, mas gostei. Fico alguns minutos no quarto tentando controlar as reações que o beijo dela provocou em meu corpo. Me bipam novamente e eu vou até o balcão da pediatria ver porque estão me chamando. Enquanto aguardo a enfermeira voltar, aproveito e dou uma olhada nos resultados do exame do meu paciente. Estou lendo os papéis e nem percebo a presença de uma pessoa ao meu lado.

— Boa tarde, aqui é a pediatria? – Um cara se aproxima de mim, eu só confirmo com a cabeça. – Mandaram-me vim até aqui.

— Pois não? – Falo sem olhar para o cara, estou concentrado nos papéis.

— Acho que meu filho está internado aqui. – Ele fala e eu não dou muita importância. – O nome dele é George, minha mulher deve estar aqui com ele.

Minha mulher? Meu filho?

— George? – Levanto o olhar na mesma hora e uma aflição invade meu peito. – Quem é você?

— Dr. Adam Smith.

Isso não pode estar acontecendo.


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