coisas não ditas escrita por Lyn Black


Capítulo 1
PRÓLOGO


Notas iniciais do capítulo

Não sei como acabei aqui, mas bora viver o momento, né?
Espero que gostem do prólogo, vejo vocês nos comentários, hein.
As citações que virão em itálico embaixo do título do capítulo são fragmentos do diário do Albus.



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PRÓLOGO

“eu te amo, I love you, je t'aime; é verdade, mas de maneiras que vão além da sua imaginação.”

 

 

Albus coçou a cabeça, piscando os olhos fortemente ao entrar no pub, se acostumando com sua ambientação. As luzes amareladas, a música de fundo indie que ele definitivamente não conhecia e as mesas amadeiradas, rodeadas pela conveniente penumbra: as pessoas ainda estavam no começo de suas noites, dessa forma, ainda era possível escutar as conversas baixas, umas risadas estridentes e distinguir sorrisos carregados de malícia entre alguns dos ocupantes da bancada do bar. Se olhasse por sobre os seus ombros, veria as expressões satisfeitas de Oliver e Siana Finnigan, ele tinha certeza. Ou seja, Albus tinha a certeza de que estava completa e absolutamente ferrado naquela noite.

Veja bem, o Potter não estava tecnicamente de coração partido. O seu melhor amigo desde uma festa chata no Ministério quando tinha uns nove anos só iria se casar em três meses. Uma semana antes, Albus muito dignamente não comparecera ao jantar de noivado, recebendo sete ligações não atendidas em retorno. A garota atrás dele empurrou seu ombro pouco suavemente, indicando para que se movimentasse:

— Albus, eu não preciso nem te olhar pra ver que você ‘tá com uma cara de bunda.  – ele escutou a voz fina junto do tom repreensivo.

— Eu saí de casa, achava que assim você ficaria satisfeita, Sia. – o garoto tentou remendar seu tom irritado, mas a quantidade de exasperada gesticulação para simplesmente elaborar essa frase já o entregara.

Às vezes, parece que a convivência permite que você sinta as expressões alheias sem nem mesmo precisar torcer o pescoço, e foi assim que tanto Albus quanto Siana sentiram Oliver Finnigan, o mais novo e mais maduro dos três, revirar os olhos.

— Siana, para de perturbar o Albus. – a irmã mais velha (por um minuto e meio, eram gêmeos) bufou baixo. - Albus, você não vai encontrar ninguém aqui disposto a te aturar se continuar com essa cara de defunto.

Oliver ia falando e andando, desviando do aparente corpo estagnado do amigo, e assim conduzindo o trio para umas das mesas ao centro do estabelecimento, bem posicionada e visível a todos os curiosos olhos, os quais os examinavam com interesse.

Albus Potter jogou seu peso numa das cadeiras, causando um granido por parte da madeira velha, e Siana simplesmente arqueou uma de suas sobrancelhas, olhando-o com ceticismo através de seus óculos de grau. Já Oliver, simplesmente girou o corpo e soltou algo sobre “Ir pegar algumas bebidas para tentar suportar os dois naquela noite”, desaparecendo em um piscar de olhos.

Podemos dizer que o menino que era parecido demais com o próprio Harry Potter encontrava-se numa delicada situação. Afinal, não era exatamente a sua culpa se Scorpius havia ido, nos últimos dez anos, de uma paixonite de dois meses no seu segundo ano em Hogwarts, o que causara muitos acidentes com feitiços quando Potter se distraia na presença do loiro, para o resumo do romance mais fracassado da história dos Potter. Era simplesmente mais forte do que ele.

Siana Finnigan ajustou sua jaqueta jeans, olhando de esguelha para o seu melhor amigo. Ela nunca conseguira lidar como gostaria com os dramas dele, mas agora estava finalmente solidarizada com o sofrimento de Albus. Passou a mão pelos seus cabelos azuis cacheados, cutucando-o com o seu pé. Ele olhou rapidamente para o rosto ovalado de Sia, desviando a atenção das bandejas de copos vazios flutuando ao seu redor.

— Desculpa se eu tô sendo meio merda em relação a isso. – ela falou, mexendo as mãos e indicando Albus, o que fez um sorrisinho pequeno despontar pelos olhos do garoto - Eu não deveria ter ficado insistindo, é que me ajudou muito sair de casa depois do término com a Abbie.

Ele dispensou a fala dela com um meneio da sua mão.

— Eu admito que ter me enfiado no seu sofá por uma semana não foi muito iluminado da minha parte.

— Quantas vezes nós vamos ter que repetir que é o nosso sofá, Albus? – Oliver sorriu e sentou-se, entregando uma cerveja para cada um.

Potter passou a mãos pelos cabelos, bagunçando ainda mais a franja incontrolável que mantinha desde os dezessete anos. Por ideia de Malfoy. Nunca tivera tanta vontade de simplesmente raspar a cabeça quanto agora.

— Semana que vem, juro, eu saio do apartamento de vocês.

A garota de olhos castanhos riu tanto que até chegou a bater a mão na mesa, atraindo a atenção das pessoas ao redor.

— Primeiro de tudo, Al, você fala isso faz uns cinco meses.

— Seis, na verdade. – Oliver corrigiu, interrompendo o gole longo que tomava da sua bebida. Siana riu um pouco, apoiando o queixo nas mãos, ainda de sorriso no rosto.

— E, em segundo lugar, nós não queremos que você saia. Você é o melhor companheiro de quarto que eu já tive. – os olhos dela brilhavam em divertimento.

— Ei! – foi a resposta do irmão gêmeo, - Você só fala isso porque ele sabe cozinhar bem.

Albus riu levemente, balançando a cabeça. Siana recostou-se na sua cadeira, causando outro rangido, mas que foi abafado pela música.

— E, em terceiro, eu preciso citar a cara que o seu Malfoy fazia quando eu o relembrava que você largou a mansão luxuosa dele pelo meu apartamento de dois quartos.

Por talvez um masoquismo renegado, Albus sentiu o calor quente invadi-lo, fazendo seu coração se apertar e doer, mas sorriu do mesmo jeito, brindando-a com o copo e virando-o de uma vez. Goela abaixo. Porque é isso que as músicas de pop diziam, e era isso que ele faria: afogar seus amores falidos na bebida. Ele apostava que as marcas de cerveja amanteigada e uísque de fogo encomendavam aquelas músicas-chiclete, isso sim.

— Ele não é o meu Malfoy, pelo amor de Merlin.

Tudo aconteceu em algumas frações de segundos, como é programado nas comédias românticas que Scorpius o convencera a ver milhões de vezes.

A primeira coisa que Albus sentiu foi o calor de outro corpo se expandindo e fundindo-se nos seus ombros. Mas, o cheiro indistinguível de perfume feminino e tardes ensolaradas entregou quem se apoiava atrás de Albus, o hálito saindo da boca e batendo diretamente na sua bochecha.

— Falando de mim, Albus? – a voz causou arrepios imediatos na sua espinha.

Ou, é possível, que o que tenha entregado a última pessoa que Albus tinha a intenção de encontrar ali foram os olhos arregalados de Siana e a expressão alarmada de Oliver. Ambas disfarçadas em questão de instantes, substituídos pelos sorrisos falsos e constrangidos da dupla (mas que só eram distinguíveis por Albus).

“O universo conspira ao nosso favor, meu querido.”, era a citação encravada no diário que Scorpius lhe presenteara quando atingira a maioridade. Malfoy já havia saído de Hogwarts, mas foi como se ele houvesse o acordado em presença, como fizera nos últimos anos. Albus engoliu o xingamento que já escapulia da sua boca antes de virar levemente o rosto, tomando cuidado para não esbarrar nos lábios dele (era só o que faltava!).

O universo definitivamente estava agindo contra todas as suas preces.


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Notas finais do capítulo

E, aí? O que acharam? Querem um próximo capítulo?



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