Light — King Kill 33° escrita por Charbitch


Capítulo 3
ATO I:III — A ASCENSÃO ➠ De treze a dezenove anos após a morte de ℒ (Fim do primeiro ato)


Notas iniciais do capítulo

Foi meio sofrido postar essa capítulo. Eu estava diagramando tudo bonitinho até que a página "morreu" do nada e eu perdi a diagramação todinha. Resultado: tive que diagramar tudo de novo. Mas ok, porque agora está tudo bem. Estou tentando fazer uma diagramação cada vez mais caprichada, afinal agora eu tenho duas leitoras e eu não quero fazer feio diante delas, haha ♥ Bom, não estranhem a frase de Hitler no início do capítulo. Eu só a coloquei porque ele foi o tirano mais famoso de todos os tempos – e eu pretendo abordar abertamente neste capítulo a linha tênue que existe entre o poder e a tirania. No mais, espero que gostem.



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ℒight
King Kill 33°❝Que sorte para os ditadores que os homens não pensem❞.
—Adolf Hitler

~*~

ATO I – A ASCENSÃO
•••••••••••••••••••••••••••••••••••••

Treze anos após a morte de ℒ.

ℭLARO QUE NEM TODOS os chefes de Estado quiseram deixar o poder logo de cara. Era de se esperar. Aqueles cães sedentos jamais largariam o osso só por causa de um “pequeno” incidente na imprensa mundial.

Bom, eu não queria ter que esbanjar mais do meu poder, mas se nem mesmo aquela chacina de jornalistas faria cada líder baixar suas armas e entregar a soberania de seu país, eu teria que matar no mínimo metade da câmara de um país importante como os EUA para mostrar serviço.

E foi o que eu fiz.

Eu apostei todas as minhas fichas na ideia de que o medo da morte – ou da morte dos familiares – fosse um medo muito maior para os políticos do que o medo de perder a pompa, o orgulho, a dignidade e o poder.

Dito e feito, os EUA entraram em pânico. Claro. Tratava-se de um país que carregava um ataque terrorista em sua história; o 11 de setembro era uma mancha que jamais sairia. Tanto é que as autoridades fizeram de tudo para melhorar a segurança após aquele dia fatídico, de modo que nada da mesma magnitude viesse a se repetir. Em decorrência disso, fazer terrorismo nos EUA havia se tornado tarefa de mestre. Um míssil enviado de outro país, por exemplo, poderia facilmente ser localizado pelos radares da força nacional e destruído antes mesmo de chegar a território americano.

Contudo, meu caderno podia ser muito pior do que um míssil; quiçá ainda pior do que uma bomba atômica! Havia matado uma série de políticos importantes, independente do tamanho do arsenal americano que poderiam jogar em cima de mim caso soubessem quem eu era. E eu nem precisava explicar o motivo, mas explicaria assim mesmo:

Era impossível impedir um ataque sobrenatural com um brinquedinho real.

Fuzis? Tanques de guerra?

Pfff...

A força do Death Note era uma força invisível e discretíssima. Minha destruição era silenciosa. Nenhuma construção era abalada, nenhuma cidade ficava arrasada, nada necessitava ser reconstruído, nenhum inocente morria “por tabela”. Era a arma mais precisa da história, agindo diretamente sobre o alvo. A única coisa que mudava para pior com a minha ação era o número de covas no cemitério... Mas eu podia jurar sem medo que cada uma daquelas pessoas havia cavado a própria cova, nenhuma delas havia morrido por nada; estava certo disso!

Para mim, não importava quantas ou quais fossem as armas dos homens americanos. Força bruta aplicada indiscriminadamente jamais venceu uma guerra. O que realmente vencia uma guerra era saber usar toda a força disponível... no momento certo. E aquilo exigia paciência, frieza, controle, estratégia, manipulação e... inteligência, o ingrediente principal, tão insubstituível quanto um rei num jogo de xadrez.

Era seguro concordar que inteligência nunca me faltou, felizmente. Do contrário, eu não estaria calmo e feliz no Japão, assassinando boa parte do congresso americano... Enquanto metade do mundo tentava inutilmente mandar seus “melhores” investigadores atrás de Kira – e a outra metade implorava por clemência.

Curvem-se perante a mim!

Se nem o maior detetive do mundo me venceu, quem vencerá?

Mísseis não são nada comparado ao meu poder!

Me observem, terroristas. É assim que se faz a maior potência do planeta pôr o rabinho entre as pernas!

Em suma, naquele momento crítico, delicado e fundamental, eu tinha cada vez mais nações aos meus pés, todas apenas aguardando o momento de serem usurpadas por mim. Mesmo assim, eu precisava ser cauteloso para não permitir que o meu ego revelasse a minha identidade antes da hora. Nada podia dar errado naquele momento, ou Light Yagami se tornaria o homem mais procurado do mundo.

Não me apetece ser bombardeado pelas nações que ainda não se entregaram..., pensei. Portanto, era melhor aplacar a minha sede de poder em pequenas doses; doses aquelas não tão cavalares para mim, mas letais para qualquer outro humano cujo nome eu soubesse. E, em caso de eu não saber qualquer nome, Misa seria os meus olhos... Ah, Misa... Os olhos de Shinigami dela eram o único motivo pelo qual eu ainda mantinha aquela estúpida por perto. Óbvio. Era inviável que eu namorasse alguém com o QI tão abaixo do meu... por amor.

Informações adjacentes à parte, Misa Amane era, em geral, uma peça-chave em muitos de meus planos... Não obstante, ela como pessoa não merecia o meu respeito, pois tudo naquela mente tinha a ver com nutrir sentimentos por mim; sentimentos aqueles que eu só nutria em retorno quando precisava da ajuda dela, ou quando ela ameaçava se matar se eu não transasse com ela. E eu juro pelo meu Death Note que eu só transava com ela porque não queria perder os “meus” olhos de Shinigami... Já ela era tão estúpida que achava que eu cedia a todas aquelas chantagens emocionais porque valorizava a vida e a companhia dela.

Bullshit.

Misa era uma boa aliada, entretanto às vezes eu precisava ter pulso firme com aquela garota, ou toda a falação nonsense dela sobre amor, casamento e filhos poderia me distrair e me prejudicar no futuro.

Hunf, como se eu quisesse passar os genes burros dela adiante... Se eu realmente quisesse ter um filho, daria um jeito de conquistar uma mulher que fosse tão inteligente quanto eu. As chances de ter um herdeiro decentemente inteligente para meu reino seriam maiores se eu escolhesse a dedo uma parceira com o QI elevado.

— Haha, nunca que eu ia querer um filho desmiolado como a Misa... – pensei alto – Se um dia eu fizer um filho na Misa, mato o moleque, pois ele certamente jogaria o meu império no buraco se viesse a herdar o trono.

— Mas lembre-se de que é impossível você fazer um filho numa mulher tão inteligente quanto você, Light. Ela certamente seria inteligente o bastante para saber que você estaria apenas se aproveitando dela e te daria uma bela rasteira antes mesmo de você conseguir transar com ela, haha! – implicou Ryuk.

— Vai comer as suas maçãs e não me enche o saco, Ryuk – resmunguei.

Onde eu estava mesmo?

Hum, deixe-me ver, deixe-me ver...

Segure só mais um pouco o seu ego, Light... Você está quase lá!

Abuso de poder nas circunstâncias erradas levou muitos políticos à lama. E eu até abusaria do poder em algum momento, mas nas circunstâncias certas.

Enfim, meus planos de me tornar o deus do novo mundo estavam prestes a se concretizar, pois não houve guerra civil. A população de nenhum país se revoltou em número grande o suficiente após seus líderes terem abandonado seus navios, ou melhor, seus países. O mundo inteiro estava com medo de protestar e acabar assassinado por Kira. Nenhuma estatística relevante a respeito de uma revolta popular foi levantada pela mídia. Até porque nenhum jornalista seria louco de divulgar uma rebelião contra Kira e ter o mesmo destino de seus colegas de trabalho...

Ah... Finalmente! Havia dominado tanto o âmbito político quanto o midiático – e numa só cartada!

Cartada de mestre.

Sabe por quê?

Porque eu sempre fui um mestre, um mestre dos estratagemas... E eu sabia disso desde o princípio. Porém, fazer o mundo inteiro reconhecer a minha genialidade era um passo à frente; era uma sensação orgástica pela qual eu já ansiava há anos, e que eu nunca havia experimentado... ainda.

Eu já até conseguia imaginar o meu discurso de posse:

“Que os cidadãos da Terra estejam preparados para a ascensão do maior império da história!

O reinado vitalício de Kira está chegando...”

~*~

Quinze anos após a morte de ℒ.

ᗩPÓS TODAS AS NAÇÕES terem abandonado suas respectivas soberanias, tomei uma série de precauções até poder mostrar o meu rosto sem risco de sofrer um atentado:

Passo número 1:

Recrutar um exército para Kira. Como a mídia estava em meu poder, era simplíssimo divulgar qualquer coisa. Fiz como ℒ e coloquei apenas uma letra K num telão – K de Kira, óbvio – e robotizei minha voz. A fim de não correr o risco de algum investigador se candidatar para tentar me pegar, os tais servos não teriam contato direto comigo, nem saberiam a minha identidade. Apenas seguiriam as minhas ordens de longe, com a máxima discrição possível.

Seriam meus espiões.

Passo número 2:

Meus servos coletariam o arsenal do mundo inteiro e construiriam um galpão gigantesco em alguma ilha ou continente onde tudo coubesse. No caso, o galpão seria de segurança máxima; apenas eu poderia entrar, usando as minhas dez digitais das mãos.

Passo número 3:

A ciência também estaria ao meu lado! Sob minha ameaça, cientistas parariam seus projetos inúteis para se dedicarem a desenvolver aparatos que beneficiassem Kira, como a instalação de câmeras no mundo inteiro, por exemplo. O sistema de câmeras estaria ligado a um servidor que proveria informações importantes aos meus espiões locais. Não haveria ponto cego. Qualquer plano anti-Kira seria interceptado antes mesmo de ser posto em prática. Além disso, tecnologias de proteção e segurança também seriam amplamente evoluídas, de modo que, depois que eu revelasse a verdadeira identidade de Kira, ninguém mal intencionado seria capaz de invadir meus domínios e tentar me assassinar.

Adendos importantes: ninguém teria permissão para sair do território onde antes era seu país. Ninguém poderia praticar qualquer religião que não tivesse a ver comigo. Ninguém teria acesso a meios de comunicação modernos como telefones celulares – muito menos à internet. Por último, só haveria um canal de TV no mundo todo: o meu. Ele transmitiria os ideais de Kira, logo faria propaganda positiva de meu governo. Apenas isso. Apenas... isso.

Obviamente meus servos de confiança e eu seríamos uma exceção àquelas regras rígidas. Teríamos nossos próprios celulares com acesso ilimitado à internet, embora ela em breve fosse se tornar só um monte de lixo eletrônico, já que a maior parte da humanidade não estaria presente para colocar novas páginas na web e, por sua vez, mantê-la atualizada.

De qualquer maneira, as únicas atualizações de que eu precisaria seriam as dos meus servos; eles me manteriam informado de quaisquer possíveis rebeliões – e seria aquela a única utilidade da internet.

Passo número 4:

Elegi a Catedral de São Basílio, na Rússia, como a sede de meu futuro governo. Sempre quis presidir num lugar suntuoso como aquele. Muito em breve meus servos colocariam lá o meu trono cravejado de diamantes e eu, enfim, ostentaria toda a graça e poder de minha opulência!

~*~

— ᦓEM QUERER CORTAR SEUS devaneios de reizinho, mas você não acha que o objetivo desse seu plano é um tiro no pé? Que tolice, Light! Logo você, um homem tão inteligente...

— Por que está dizendo isso, Ryuk? – indaguei.

— Light, você mesmo disse que, por ser uma entidade desconhecida, não há como atacar Kira. A não ser, é claro, que alguém descubra quem é Kira. Até lá, tudo segue às mil maravilhas. Você pilhando nações inteiras, tirando a privacidade de cada cidadão, deixando todos com medo... etc. Mas o seu maior trunfo é poder ver todos, enquanto ninguém pode te ver. Do contrário, você estaria morto agora, ou atrás das grades, no mínimo. E agora você de repente muda uma estratégia que estava dando certo e resolve se entregar assim, de bandeja? Pense em quantos líderes gostariam de ter a vantagem que você tem: a vantagem do anonimato! Por que vai revelar a sua identidade ao mundo a troco de nada? Você pode muito bem concretizar o seu plano de um mundo melhor só agindo por baixo dos panos! Sei que você acha isso coisa de gente covarde, mas é melhor não agir precipitadamente. Ser um deus anônimo é muito mais seguro. Ainda que você tenha tomado todas as precauções para não haver retaliação, declarar abertamente que você é o Kira não terá vantagem nenhuma, muito pelo contrário: só te tornará mais vulnerável! É arriscado demais, até para alguém prepotente como você.

— De que adianta fazer algo por esse mundo decadente se eu não puder ser aclamado por isso?

— Ah, o ego, sempre o ego...

— O que está insinuando?

— Que o reinado de Kira vai terminar tão rápido quanto começou.

— Você fala demais para um Shinigami, sabia? São muitos questionamentos para um deus da morte que estava apenas procurando uma distração para afugentar o tédio. Está pensando em se colocar em meu caminho, Ryuk?

— E acabar com a minha maior fonte de entretenimento? – ele gargalhou o mais alto que pôde – Nem por um milhão de maçãs!

~*~

Dezenove anos após a morte de ℒ.

ℚUANDO MOSTREI MEU ROSTO pela primeira vez, foi há um ano, numa transmissão mundial de TV. Tudo seguia conforme o planejado, portanto não havia chance de atentado. Lembro-me de como as pessoas estavam alienadas demais para se impressionarem com a maior revelação do século: a descoberta da identidade de Kira.

— Eu realmente pensei que a minha audiência fosse dizer algo, mas o silêncio reinou. O medo foi maior que o deslumbre.

— Pensando alto de novo, Light? – perguntou Ryuk.

— Ah, hoje faz um ano desde que fiz o meu discurso de posse... Ainda sei tudo de cor... – apoiei a cabeça na palma da minha mão, sorrindo nostálgico.

— E quem não se lembra? Foi brilhante! Muito melhor do que o de qualquer outro golpista. Você é mesmo muito inteligente, Light. Sabe que eu cheguei a pensar que mostrar o seu rosto seria um tiro no pé. Mas eu estava errado: isso só aumentou o respeito que o seu povo tem por você. Eles agora te veneram nas ruas, construíram templos em sua homenagem. Todas as igrejas do mundo removeram suas estúpidas imagens de deuses de papel e, no presente momento, ostentam o seu rosto. Logo, te questionar já não me cabe mais. Você é...

— O deus do novo mundo.

ℱIM DO PRIMEIRO ATO.


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Notas finais do capítulo

E lá se vai o primeiro ato. Nele contei o caminho que Light trilhou até chegar ao poder, incluindo todas as suas estratégias para não sofrer retaliação. Eu diria que "A Ascensão" gira em torno de evidenciar a inteligência e o carisma dele, que é a faceta que todos veem primeiro. No próximo ato, cujo título não revelarei agora, tratarei mais dos efeitos causados pelo poder na psique de Light Yagami, afinal ninguém consegue ser o mesmo após dominar o mundo, certo?



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