The New World escrita por xMissWalkerx


Capítulo 19
A Cirurgia


Notas iniciais do capítulo

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PONTO DE VISTA – REY

 

Eu estava em casa, indo pegar um copo d’agua, quando escuto minha mãe gritar. Corro em sua direção e vejo ela dilacerada no chão, eu grito desesperadamente não acreditando no que estou vendo. Há sangue e tripas por todos os lugares, estou completamente sozinho.

“Rey”...uma voz me chama...

Eu grito, e grito mais um pouco, completamente desolado e desnorteado.

“REY!”

Abro meus olhos assustado. Carley está de frente pra mim e me segura pelos ombros, não consigo ver direito sua expressão naquela escuridão. Olho em volta e me lembro que ainda estou preso na escola junto com meus amigos. Me lembro que um apocalipse começou e que o que eu acabara de “ver” era apenas um pesadelo.

Um pesadelo não tão longe da realidade que vi hoje...

— Você está bem? – Carley diz em um sussurro. Escuto respirações próximas a mim e vejo que todos estão dormindo na escuridão. O único ponto de luz vinha do celular de Carley, encostado na carteira em que ela estava sentada anteriormente fazendo vigia. Me levanto lentamente e coloco as mãos no rosto tentando esquecer o pesadelo horrível.

— Tô – consigo responder para ela, mas mesmo com as mãos ainda no rosto, consigo sentir seu olhar pairando continuamente sobre mim.

— Você estava gemendo...tendo uns espasmos... – ela diz. Eu tiro as mãos do rosto e fico olhando ao redor, tentando acordar e processando o meu pesadelo.

Elas estão bem. Sua mãe e sua tia. Ouviu a Carley, elas estão seguras. Não vão sair do apartamento e mesmo se saíssem iriam voltar correndo. Elas tem água e comida.

Você está bem pior.

— Pesadelo. – eu explico a ela – eu sabia que ia ter pesadelos.

Ela fica em silêncio e tira as mãos do meu ombro. Ela continua a me fitar, e eu sei bem o que ela está fazendo.

Está me avaliando.

— Você não foi o único que eu escutei gemendo. Acordei Matt e Mary em intervalos diferentes também. – ela diz e se vira para olhar nossos amigos que dormem – Acho que em vez de vigiar a porta, acabei vigiando vocês. – Carley sorri fraco.

Começo a me levantar, mas ela se apoia em meu ombro novamente:

— Sabe, se você quiser dormir mais um pouco, eu posso cobrir o seu turno. Não vou dormir de qualquer jeito mesmo. – ela diz.

— Não, não, eu vou fazer o meu turno. Você vem deitar aqui. Todo mundo aqui falou que não ia conseguir dormir, mas ninguém vence o próprio cansaço, não é mesmo? – eu me levanto apoiando minha mão em seu ombro e começo a me direcionar na carteira onde ela estava anteriormente.

— Estou mais preocupada com minha fome, isso sim. – ela diz ainda aos sussurros. Me surpreendo ao ouvi-la me seguindo.

— Nem me fale. – respondo a ela. Estou morto de fome. Penso que deveria ter aproveitado melhor minha última refeição decente.

Ela se senta no chão, ao meu lado. Ela se senta com cuidado, pois Rob está dormindo próximo a ela. Ficamos em silêncio por um tempo até que ela decide falar novamente:

— Eu tenho mais um plano a sugerir amanhã antes de tentarmos ir pra minha casa, sabe? – ela diz baixo no silêncio da noite. A essa altura a chuva já havia cessado, mas ainda podíamos escutar alguns grunhidos atrás da porta que agora eu estava vigiando. Fico curioso com o que ela acabou de dizer.

— Mais um plano? – pergunto sussurrando – O que está pensando?

— Eu fiquei aqui pensando por um tempo e... – ela começa a dizer, mas não termina.

— E? – chamo sua atenção ao perceber que ela ficou longos minutos sem completar a própria fase.

— Acho que devo testar o método antes. – ela fala aos suspiros. Como se tivesse tirado um peso dos ombros.

— Testar o método? Como assim? O que quer dizer? – pergunto extremamente confuso. Não estou entendendo onde esse papo todo vai chegar.

— É cara. Testar o método. Você sabe, aquela coisa envolvendo o sangue... – ela diz soando impaciente. Tento estudar sua expressão.

Ela parece determinada com o que diz...mas ao mesmo tempo não tem tanta certeza do que está propondo.

Parece insegura.

— Como vamos testar a teoria? – digo

— Eu vou testar. Vocês não. – ela diz e eu entendo agora o que ela quer fazer.

Isso é ridículo. Não.

Só...não.

— Nem pensar. – eu digo, tentando tirar essa ideia da cabeça dela.

— Alguém tem que testar. Não podemos ir na cara e na coragem no meio deles sem ter a certeza absoluta que iremos conseguir chegar no nosso destino  - ela fala. Nossos rostos estão voltados um para o outro na escuridão, com apenas um feixe de luz iluminando nossas silhuetas.

— Quem disse que alguém precisa testar alguma coisa. Você tá louca se acha que eu...se acha que nós vamos deixar você sair sozinha por aquela porta. Vai funcionar, ninguém precisa testar nada. – falo

— Como tem tanta certeza disso? E se o sangue não foi o responsável pela “segurança” daquele cara que estava lá fora? – ela rebate fazendo aspas com as mãos ao falar a palavra “segurança”.

— Tem que ser. – eu me mantenho firme no meu argumento. Preciso faze-la desistir da ideia.

— E se não for? – ela continua com a ideia. Seu tom é firme, e eu acabo cedendo a insegurança.

E se não for?

— E se descobrirmos tarde demais que o sangue não funciona? E se foi alguma coisa que o cara fez e não vimos daqui de cima? E aí? – ela continua. Eu bufo me negando a concordar com ela por mais que pense que ela talvez esteja certa.

— Tanto faz. Você não vai sair sozinha. Temos que ficar todos juntos, lembra? Não era esse o plano? – rebato a ela

— Exatamente. Temos que ficar todos juntos. Então, eu não vou sair sem a garantia de que todos nós vamos chegar sãos e salvos na minha casa. Se você tiver alguma outra ideia de como podemos por isso em prova adoraria escutar. – ela responde. Eu a encaro pensativo.

Ela não vai ceder tão fácil.

— Eu também estou preocupado, tá legal? Não me sinto confortável com a ideia de ficarmos andando com sangue por aí. Mas acredite em mim, vai funcionar. Foi muita coincidência o fato dos zumbis terem notado o cara lá fora bem na hora que o sangue começou a ser lavado dele, Carlie – eu digo tentando fazer mais argumentos contra a ideia dela.

— Temos que testar antes por outro motivo também! – ela diz cerrando os dentes abafando sua voz para não acordar os outros.

— Que outro motivo? – pergunto impaciente com aquela conversa toda.

— Falamos agora pouco. A fome! – ela diz e eu me pego franzindo meu cenho em confusão.

— Não temos mais nada praticamente. Todos devem estar com fome e com sede já que temos só meia garrafa de agua. Imagina se estamos no meio da rua e alguém desmaia ou passa mal? Tenho que descer até a cantina e pegar algo para nós antes de irmos! – ela diz.

— Podemos ir todos juntos – eu digo – já disse que não vou deixar você ir sozinha.

— Muito arriscado todo mundo ir lá. Pouca gente chama pouca atenção, vocês vão ficar aqui pra abrir a porta pra mim quando eu bater.

Eu abro minha boca pra rebater, mas nada sai. Afasto meu olhar dela e começo a pensar no quanto isso é necessário.

Ela tem razão em querer pegar comida...realmente...ir lá fora sem nada além de amendoins e salgadinhos no estomago não é uma boa ideia. Sem falar da agua, estamos desidratando a cada segundo que passa.

Mas eu não consigo deixar ela ir sozinha lá. Não sei o que está acontecendo na cabeça dela pra ela se oferecer a ir...ela tá louca? Não está com medo? Sei que ela tem medo por mais que ela não fale sobre ele.

Ela sempre preferiu manter as coisas para si, mas ela não me engana mais. Aqui são anos de amizade e ela não pode me enganar com essa historinha de se fingir de durona.

— Não vou deixar você sair lá fora sozinha sendo que cada um de nós temos a chance de ficarmos em pânico se encararmos eles separadamente. – digo e me lembro do que daquilo que costumava ser a professora Tasha me atacando. Meus pelos do braço se arrepiam e meu estômago dá cambalhotas.

— Não vou ficar em pânico. – ela diz rapidamente.

— Carley. – eu a olho novamente e levanto uma sobrancelha.

— Não vou. – ela repete.

— Pra mim você não consegue aplicar esse jogo, Carlie. – depois que falo isso, os olhos dela se arregalam um pouco. Penso por um momento que ela está indignada com o que acabou de ouvir.

— Eu. Não. Vou. Ficar. Em pânico. – ela diz pausadamente e não tira os olhos de mim enquanto diz isso. Seu olhar é confiante.

Eu respiro fundo enquanto olho pra ela. Ficamos nos encarando na escuridão.

Não adianta. Sozinha você não vai.

— Tá bom. – me viro pra frente.

Ela vai ver só.

— Tá bom? – ela repete o que eu disse confusa.

— É. Pode ir dormir agora. Amanhã a gente se fala. – digo rispidamente.

Ela mal pode por esperar. Quer ir lá fora tentar bancar a salvadora e testar o método? Tá certo. Apoio.

Mas não sozinha.

— Qual é. Não vai me dar gelo. – ela diz pra mim.

— Não estou te dando gelo, só quero encerrar esse papo. – falo sinceramente.

— Já sei pra onde isso vai. – ela diz e eu a olho novamente.

— Que bom. É sério, vai descansar um pouco. Daqui a pouco a gente acaba acordando eles. – falo e gesticulo com meu dedo apontando para meus amigos adormecidos.

Ela abre a boca pra falar, mas nada sai. Ela revira os olhos, se levanta devagar e vai para onde eu estava dormindo anteriormente. Ela se deita com a barriga pra cima e cruza as mãos em cima da barriga. Seus polegares ficam batendo um no outro freneticamente como se estivessem numa briga.

Eu volto a encarar o nada. Fico escutando os grunhidos próximos a porta e decido me levantar e pegar uma das pernas que retiramos das cadeiras. Com uma delas em mãos, volto ao meu lugar, percebi que enquanto voltava, Carley parou de bater os polegares.

Depois de algumas horas, estava na hora do turno de Mary começar. Eu dei graças a Deus porque eu estava em completo tédio, mas preciso assumir que acordar Mary foi o mesmo que deixar um filhotinho abandonado na rua. Assim que eu a toquei, ela se levantou assustada e afastou minha mão de seu ombro. Eu a acalmei e lhe lembrei que ela estava bem, ela demorou um pouco, mas se levantou e se sentou na carteira onde eu estava anteriormente. Eu lhe entreguei o cano em minha mão.

Enquanto tentava dormir, escutei Mary dizer algo do tipo “o que está fazendo?”. Abri meu olhos e vi que Carley não estava mais deitada, ela agora estava de pé, na janela dos fundos, olhando para a escuridão lá fora.

— Não consigo dormir. Não se preocupe comigo, Mary. – Carley respondeu a ela bem baixinho. Mary pareceu confusa, mas não disse nada. Fiquei deitado vendo a silhueta de Carley na janela até que peguei no sono.

Novamente tive pesadelos envolvendo sangue, mas dessa vez minha família não estava lá.

Abri meus olhos lentamente depois de sentir certa movimentação próximo a mim. Vi que Harry estava sentado onde vi Mary pela ultima vez. Carley e Rob estavam próximos a mesa que havíamos colocados todas as “armas brancas” que conseguimos produzir.

Me sentei e me espreguicei dolorosamente graças ao chão duro no qual eu acabara de dormir em cima. Matt fazia o mesmo, e Mary por sua vez, estava na janela da parte da frente da sala, próxima a mim.

— Oi. – ela disse quando viu que eu a observava.

— Oi... – respondi ainda sonolento e com os pesadelos na cabeça. Acabei colocando as mãos no rosto na tentativa de esquece-los.

— Tá. Como vamos fazer isso? – Rob perguntava receoso a Carley

— Da maneira que você tá imaginando, Rob. – ela respondeu.

— Jesus amado. – ele colocou a mão na testa e fechou os olhos – não sei se vou conseguir ver.

— Vamos ter que ver eles de uma maneira ou outra Rob, supera – Harry disse secamente – ou agora ou depois.

Me levantei com o estomago roncando e a boca seca. Procurei a garrafa de agua e vi que ela tinha ainda menos liquido do que eu me lembrava. Eu a peguei.

— Gente, posso acabar? – eu disse, implorando para que dissessem sim. Todos olharam para a garrafa da mesma maneira que uma leoa olha para uma zebra em perigo.

— Pode. – Harry disse. Os outros demoraram um pouco, mas acabaram falando que podia também. Tomei a agua, mas me senti insaciado.

— Todo mundo vai sair daqui hidratado e de pança cheia. Não se preocupem. - Carley começou a ir em direção a professora Tasha enquanto segurava um dos suportes da cortina. Na ponta havia uma forma pontiaguda que dava um certo estilo pro suporte.

— Quê? – Matt falou. Ele agora estava caminhando até Carley junto com os outros. Me juntei a eles.

— Ah. Sim. Ela vai. – eu digo para que todos possam ouvir, recebo um olhar fuzilante de Carley mas não me importo.

Ela mal pode por esperar.

Sinto o medo surgir na minha espinha assim que me lembro do meu pequeno “plano” contra essa doideira da Carley sair sozinha.

— Não estou entendendo nada – Harry fala.

— Eu menos. – Rob diz.

— Resumo da ópera: Cheguei a conclusão que precisamos testar esse nosso método antes de andar uma longa distancia. São 30 minutos andando até minha casa, se isso falhar enquanto estamos na rua, estamos mortos. Então, preciso testar. E vou aproveitar o teste e faze-lo útil – ela diz para todos e volta a encarar a professora no chão. Percebo que suas mão estão tremendo, e que a professora fede horrivelmente.

— Testar?! Como assim?! – Mary pergunta, e logo Carley é metralhada por várias perguntas de “como assim?” “que?” “faze-lo útil?” vindas de nossos amigos.

— Escutem! – ela diz erguendo as mãos pra cima – Antes de irmos, eu vou sair por aquela porta, coberta de sangue e vou até a cantina pegar comida e agua para nós. Tudo lá deve estar intacto, se eu for rápida consigo resolver dois problemas com um taco só: Testar o método, e nos impedir de passar mal ou desmaiar na rua por conta da fome e desidratação.

— Você deve tá louca! – Harry diz – Você não vai sair sozinha!

Carley abre a boca pra responder mas é interrompida:

— Não vai mesmo! Todos juntos, lembra? Você disse que iríamos sair todos juntos e é isso que vamos fazer! – Matt diz.

— Isso! Esse é o propósito não é? Temos duas opções: Ou juntos e seguros ou separados e em perigo. Você tá se separando! – Mary diz.

— Não estou me separando! Pelo amor de Deus! Eu quero garantir a segurança de todo mundo! – Carley rebate, vejo que ela está impaciente.

— Ela não vai sozinha. – eu digo e todos os olhares vão pra mim. Eu encaro Carley e ela me encara de volta, e pela cara que fez, ela sabe perfeitamente o que eu tenho planejado pra ela.

— Não. – ela diz.

— Parem de meter o louco imitando o Charles Xavier vocês dois e falem com a gente! Chega de telepatia! – Harry diz, nervoso.

— Eu vou com ela. Ela não vai sozinha. – eu digo e todos me olham horrorizados. Quase consigo ver chamas no olhar de Carley.

Vamos juntos.

— Você é surdo, menino?! Escutou o que acabamos de dizer?! SEMPRE. JUNTOS. – Rob diz e dá dois tapas na própria mão, marcando suas palavras.

— Eu vou sozinha, Rey. Você fica. – Carley diz pra mim, mas eu a ignoro.

— Eu escutei. Na verdade, Carley me disse desse plano dela ontem a noite. Ela está certa, precisamos resolver essa questão de estarmos com fome e com sede. Se ficarmos desmaiando lá fora, isso vai chamar a atenção e só vai nos prejudicar e possivelmente matar a todos nós. Já que Carley quer se arriscar pelo grupo, e todos nós sabemos que ela é cabeça dura, eu vou com ela. Em dupla podemos cobrir um ao outro se necessário, e temos que ter vocês aqui pra abrir a porta pra gente e vigiar lá fora caso algum carro de policia chegue. – eu digo.

— Gente, vocês não podem sair. Todos. Juntos. – Rob diz novamente.

— Vamos sair todos juntos Rob. Mas riscos precisam ser corridos pra que isso aconteça. E EU vou correr esse risco já que fui EU que tive a ideia. – Carley diz e me encara – e EU não vou deixar ninguém correr um risco desses sendo que a ideia foi MINHA.

— Ou vamos nós dois ou ninguém vai. Simples assim. – rebato

— Rey. – ela diz cerrando os dentes e apertando o maxilar.

— Carley. – respondo a ela no mesmo tom. Os outros nos acompanham como se estivessem vendo uma partida de pingue pongue.

Ficamos nos encarando por um tempo até que ela respira fundo, fecha os olhos e passa a mão livre no rosto enquanto fica de costas para nós.

Ok. Você vai fazer isso. Vai sair, pegar uma comida e ir embora depois. Você vai estar com ela, vão estar os dois na mesma aventura.

Acalme-se.

Lembra que não são pessoas de verdade.

Não mais.

— Gente, não sei não... – Matt diz.

— Alguém tem que fazer. – eu digo.

— Porque não sorteamos então? Seria mais...justo. – Mary fala em meio a suspiros.

— Porque a ideia foi minha. – Carley se vira para nós finalmente, sua expressão está fechada – e eu não vou simplesmente deixar um de vocês se arriscar por uma coisa que EU prôpus.

— Já disse. Ou vamos os dois ou- começo a dizer, porém sou interrompido.

— Vamos nós dois. Vocês vão ficar. – Carley diz pra mim e logo em seguida aponta para nossos amigos.

— Porque isso não é justo? Entendi toda a coisa de ser sua ideia e tal, mas e você Rey? – Rob diz

— Exatamente gente. Vamos sortear que é melhor... – Harry começa a dizer.

— Escuta pessoal...agradeço a preocupação. Mas eu e Carley nos voluntariamos, tá bom? Vamos voltar bem, vamos bem rápido né? – falo e procuro suporte em Carley que logo o dá.

— Sim. Vamos rápido. Vou precisar de alguém na janela, e os outros na porta como o Rey disse anteriormente. – ela diz. Eles se olham, mas depois de alguns segundos acabam assentindo lentamente.

Carley se vira para Tasha e tira jaleco de cima do rosto dela. Todos nós damos um passo para trás em repulsa assim que o cheiro sobe e vemos a professora novamente, a marca do cano metálico que Matt usara para bater na professora estava bem evidente.

— Vou precisar de ajuda. – Carley diz enquanto segura o suporte com ambas as mãos.

— Deixa eu ajudar. – Harry se prontifica. Mas vejo insegurança em seu olhar, ele e Carley se olham cheios de preocupação. Ele se vira e vai pegar um suporte.

— Argh...eu vou ficar perto da janela. – Rob diz e começa a se afastar, ficando a mais ou menos 5 passos de distancia da onde estamos.

— Deus. Deus. Deus. – Mary começa a falar e andar de um lado para o outro.

Eu coloco minhas mãos atrás da cabeça, não tendo a menor ideia se vou ser capaz de ver o que estou prestes a ver.

— Eu e Rey vamos nos sujar primeiro. Vocês não precisam agora, certo? – Carley diz e me olha. Eu balanço minha cabeça em concordância.

— A gente só...bate? – Harry diz se posicionando de frente para Carley, deixando a professora entre eles.

— A-Acho que sim...um de cada vez. Até...você sabe. – Carley diz, encarando a professora.

Eu engulo seco.

Deus do céu, Jesus amado, pai eterno, Cristo, não acredito nisso.

— Deixa eu ir primeiro. – Harry diz – Se não eu não consigo.

— Harry você não precisa- Carley começa a dizer

— Só deixa eu ir primeiro, tá legal? – Harry fala e Carley assente.

Quando me dou por mim, vejo que estou andando de um lado para o outro igual Mary. Matt e Rob estão ambos na janela agora. Me pergunto se eu devo ir pra lá para me precaver do provável vômito.

— No 3? – Carley pergunta.

— Contamos juntos. – Harry responde.

— 1... – eles começam a contar em uníssono.

Deus Deus

— 2... – ambos estão com os suportes levantados

Deus Deus Deus Deus

— 3!

O barulho mais nojento que eu escutei na minha vida é ouvido por todos nós na sala. Se parecia com o barulho de papel molhado sendo arremessado contra a parede, mas eu sabia que isso não era papel.

Harry desceu o braço contra a barriga da professora, criando um corte profundo ali, o que fez sangue ser espirrado do buraco. Ele deu um gemido e fechou os olhos enquanto puxava o suporte ainda preso no estomago da professora pra fora. Assim que saiu, o barulho foi escutado novamente, mas duas vezes dessa vez, uma pro suporte de Harry saindo e outra para o suporte de Carley entrando, bem ao lado da onde Harry tinha acertado.

Levei ambas as mãos na boca e me dobrei ao meio. Mas nenhum vomito saiu, eu me senti extremamente doente. Fechei os olhos com força enquanto escutava o barulho se repetir e escutava alguém vomitar. Me forcei a abrir os olhos e vi que Rob vomitava na janela, Matt estava com ambas as mãos tapando a boca e seus olhos estavam arregalados. Já Mary estava com as mãos atrás da cabeça e seus olhos estavam marejados enquanto olhava boquiaberta pra “cirurgia” que Harry e Carley faziam. Sempre que um braço subia, outro descia.

Houve um determinado momento que vi por um relance antes de virar meu rosto que a professora estava com o tórax aberto até a metade, sangue se espalhava e encharcava o chão.

 Carley em certo momento não desceu o braço, ela afastou o rosto para o lado e chacoalhou a cabeça com força, provavelmente tentando voltar seu foco para o que estava fazendo. Harry também perdeu o foco durante o processo, ele se virou de costas por um momento e deu dois passos em direção a janela. Ele voltou alguns segundos depois com os olhos arregalados e as bochechas infladas de ar.

E foi assim que Harry e Carley abriram o tórax da professora. Fazendo furos um ao lado do outro até completar uma linha. Demorou mais ou menos uns 20 minutos.

Não aguento mais escutar esse barulho. Oh deus!

— Chega! – Carley gritou na sala e largou o suporte na mesa do lado, depois ela foi rapidamente em direção a janela, respirou fundo com a boca e logo soltou gemendo. Harry se afastou do corpo com o suporte ainda em mãos, até apoiado em uma mesa, ficando de costas para a professora e respirando ofegantemente com a cabeça baixa.

Depois de alguns minutos, Carley se voltou para o corpo, ela estava com a calça toda manchada de sangue, e tinha alguns respingos na camiseta e no rosto, assim como Harry.

— Vamos. – ela disse pra mim. Eu engoli seco e fui com os olhos fechados até a professora. Os abri no meio do caminho e olhei para baixo. Levei minha mão automaticamente na boca e quase fui correndo pra janela ao encarar o tórax da professora inundado de sangue e algumas coisas mais escuras.

— Só abaixa as mãos e não olha em que você tá tocando. – Carley disse olhando pra mim enquanto ela se agachava – Não olha!

Eu fiz o mesmo que ela, não tirando os olhos da janela que estava a minha frente, onde Rob se abanava de olhos fechados e Matt estava de costas com a cabeça baixa respirando ofegantemente. Mary estava com as mãos no rosto, sentada ao lado de Harry que ainda estava na mesma posição que antes.

Levei minhas mãos para o tórax da professora, sem tirar meus olhos da janela, e não pude evitar de soltar um grito de nojo ao tocar em algo gelado. Senti o sangue em minhas mãos e tive que me controlar muito para não correr dali. Carley fixava seu olhar atrás de mim, para o que costumava ser as estantes, enquanto fazia o mesmo que eu. Quando suas mãos tocaram o sangue e as tripas ela tremeu um pouco os olhos e os lábios, e logo em seguida fechou os olhos.

— Não. Passa. Perto do olho ou do nariz – ela disse pausadamente.

— Sim... – foi tudo que eu consegui dizer.

E assim, depois de cinco ou dez minutos que pareceram como uma eternidade, foi como eu e Carley pintamos o nosso corpo com o sangue de um zumbi pela primeira vez.


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