Quando o Rei Retorna escrita por Lady Nymphetamine, yasminchung


Capítulo 5
O Dia Em Que o Mal Acabou




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Apenas quando o sol já havia nascido de novo, quase na hora do almoço, Regina abriu os olhos. Estava tonta e confusa, olhando para os lados sem entender nada naquele quarto que não era o dela, até avistar Emma.

— Emma… - Chamou com a voz fraca.

— Regina! 

A loira levantou da cadeira do acompanhante e pegou na mão da mulher:

— Como você está se sentindo? Você está bem? Eu estava tão preocupada… - Falava tão rápido que mal dava tempo de responder.

— Minha cabeça dói - a outra disse. - O que aconteceu? Onde está Leopold? - Perguntou olhando ao redor com certa preocupação, para ter certeza que estavam sozinhas.

— Não se preocupe, meu amor, está tudo bem - falou tocando no rosto da morena. - Ele está morto - foi direta, não tinha porque dar rodeios com isso.

— Morto? - Ela ajeitou-se na cama, ficando sentada, sem acreditar no que estava escutando. - Como? Quem o matou?

— Enfartou aqui no hospital - Não sabia se deveria contar a verdade naquele momento, achou melhor contar a história que todos, ou quase todos, estavam acreditando. - Você está segura agora, é o que importa, eu te garanto. O pesadelo acabou.

Regina recostou-se na cama novamente e suspirou, fechando os olhos por alguns instantes. Finalmente sentia-se segura.

— Acabou - ela repetiu o peso das palavras. Voltou-se para Emma mais uma vez - Eu quero ir para casa. A última coisa que desejo é que essa cidade comece a me ver como… - Engoliu as palavras "vítima de violência doméstica”, não eram da conta de ninguém e não queria arriscar o quanto a loira sabia.

— Claro. Vou providenciar com Wale sua saída daqui - a Salvadora disse rápido. Beijou a testa de Regina com cuidado, ela ainda estava muito machucada - Eu já volto.

Foi procurar o médico para agilizar a liberação. Enquanto isso, Gold entrava no quarto.

— Posso entrar? - Perguntou da porta.

— Acho que não posso impedir - ela o respondeu um pouco estúpida, mas bem menos que o normal, claramente constrangida pela forma como se encontrava. Então não dava rodeios. - Quem o matou? 

Ela perguntou pouco impressionada. Já imaginava que a conversa de Emma era mentira, mas não a confrontaria e entendia os motivos. Restava saber quem fora, esta era a única questão agora e pedia em seu íntimo para que não tivesse sido a loira.

— Malévola tomou as providências e Sidney fez os finalmentes - respondeu com igual frieza.

Regina concordou ainda sem olhá-lo diretamente, respirando muito mais leve. Depois precisou mudar de assunto, havia coisas que apenas Gold poderia fazer e ela o utilizaria para isso:

— Eu preciso lhe pedir algo. Preciso que suma com todos os registros médicos. Eu não quero que essa história se espalhe, não quero que ninguém saiba o que houve.

Enquanto isso, do lado de fora, Sidney estava parado esperando por Wale, que logo chegava acompanhado de Emma.

— Doutor - ele o parou -, eu fui quem presenciou toda a agressão e preciso saber se fizeram alguns exames nela.

— Como o que? - O médico perguntou. - Desculpe, mas eu não posso liberar qualquer informação para quem não seja da família.

— Ela não foi só espancada - Sidney abaixava o tom de voz. - Ela foi violentada, mas não vai admitir isso, eu acho que ela nem ao menos se lembra.

Wale ficou pensativo, passando uma mão pelos cabelos, isso era muito complicado, não tendo a informação antes, não haviam utilizado um quite de estupro nem tomado quaisquer providências.

— Vou ver o que posso fazer - o médico afirmou.

Emma estava preocupada, isso iria gerar mais confusão. Teve uma ideia:

— Wale, diga que precisam fazer mais alguns exames antes de liberá-la, mas por favor, não se demore, ela está agoniada e não quer que esta história vaze. Ela só quer ir para casa descansar. Eu vou retornar para o quarto, assim que tiver uma posição por favor me avise. Me chame aqui do lado de fora, será melhor.

A loira então entrou no quarto, agora com Sidney, e Gold saiu, ia fazer o que havia sido pedido.

— Olá, Regina. Se sente melhor? Não irei ficar muito tempo, só queria saber como está - o Espelho se adiantou, não queria incomodar.

— Bem, Sidney - ela falou com um sorriso sarcástico, ainda não estava muito a fim de perdoá-lo, então o provocava. - Então você decidiu abrir a boca e chamar a cavalaria? Achei que iria só ficar assistindo.

Logo depois o médico batia na porta e chamava por Emma, sussurrando-lhe já do lado de fora:

— É impossível fazer de uma forma que ela não saiba, mas eu vou tentar.

— Coloque um sedativo na medicação, assim ela poderá dormir e não saberá. Acho que será menos traumático - a loira sugeriu.

— Emma, eu não posso fazer isso - ele disse muito sério, finalmente entrando no quarto. - Regina, se pudermos falar um minuto a sós.

Sidney saiu do cômodo e foi puxando Emma para que o acompanhasse, já sabia o que iria ser falado. Poucos instantes após a porta se fechar, gritos histéricos eram ouvidos do lado de dentro. Wale saiu correndo e atrás dele voavam bolas de fogo.

— Essa mulher é louca! - Ele disse se afastando.

Regina saía do quarto logo em seguida, já inteiramente vestida com um terninho que fizera aparecer e falando alto:

— Vou embora dessa espelunca com ou sem autorização! Nunca fui tão humilhada em minha vida!

Emma segurava a mulher no braço para dar apoio depois de tanto estresse. Pelo visto, a ideia não tinha dado certo. Entrou correndo no quarto, pegou seus pertences e a levou em direção ao Fusca. Levaria-a para casa, tudo deveria ficar bem. Ocorre que, no caminho da saída do hospital, Mary Margaret ainda chorava resolvendo o funeral do pai. Ao ver a filha e Regina, a mulher falou com uma voz triste:

— Ele será enterrado hoje no final da tarde. Posso contar com vocês?

— Já foi tarde. 

Emma respondeu seca, passando direto e largando uma mãe desolada. Ajudou Regina a entrar no carro e dirigiu de volta para casa. Ao chegarem, estava tudo uma bagunça. Arrumou rapidamente as coisas com magia e a ajudou a deitar na cama, ficando ao seu lado e a abraçando.

Em casa, a Rainha só pensava em uma coisa: Que o inferno carregasse o seu ex-marido. Sentia-se cansada, mesmo tendo dormido tanto. A loira a envolvia e Regina via-se finalmente em um ambiente seguro dentro de sua própria casa. Ainda estava indignada, não com Wale, mas com a situação. Agora sabiam do estupro, claro que fora Sidney que abrira a boca, só ele tinha como saber. Isso significava que Emma também sabia. O problema era o quanto sabiam, pois a Rainha não tinha certeza do que havia acontecido na última noite, mas sabia ter sido violentada nas duas noites anteriores. Tomou coragem e falou para a loira:

— O que Sidney te disse que viu, não importa o que seja, é mentira.

Preferiu tratar de forma genérica. Ela não seria uma vítima, não se deixaria ser tratada como uma e negaria até a morte o que havia sofrido.

— Tudo bem. 

Emma falou sorrindo de forma compreensiva. Se Regina preferia lidar desta forma, não havia porque pressioná-la. Apenas a beijou na testa e a segurou com carinho. Não queria apertá-la nem segurá-la de maneira que a fizesse lembrar de alguma forma o terror que passara nas noite anteriores.

— Eu posso te deixar a sós se preferir - sabia que talvez a Rainha preferisse ter seu espaço. - Senti saudades.

— Não, eu quero que fique. Podemos dormir no outro quarto esta noite? - Pediu deixando transparecer algo de sua fragilidade. - Amanhã eu vou planejar alguns projetos, vou redesenhar esse andar da casa, mudar as paredes de lugar e trocar toda a decoração. Pode me ajudar, se quiser, você com certeza tem magia suficiente para isso. Depois Henry pode voltar a morar aqui e você também.

— Claro, podemos ficar aonde quiser - beijou seu rosto. - E sim, claro que irei te ajudar. No que precisar. Acho que está na hora de mudarmos um pouco as coisas por aqui mesmo. Venha… - Levantou da cama e puxou Regina com os braços, carregando-a. - Vamos para o outro quarto.

Foi levando a namorada. A Rainha riu quando Emma a carregou nos braços, era a primeira vez que ria em alguns dias.

— Emma, cuidado! Eu vou cair!

A loira sorriu ao ver que provocara alguma mudança de humor positiva.

— Claro que não vai cair! Já esqueceu o tamanho de meus braços? - Brincou com algo que sabia que a namorada gostava.

Ria mais ainda com as palavras de Emma, sendo levada para o quarto de visitas. Foi colocada sobre a cama e se ajeitou nos travesseiros.

— Você é um amor, sabia? - Disse.

— Eu só... gosto muito de você - a Salvadora respondeu.

Não iria repetir mais uma vez que a amava. Já estava bastante envergonhada por ter dito duas vezes anteriormente sem resposta. Tirou os sapatos da morena, desabotoou sua calça e a cobriu para ficar aquecida. Aproveitou para mudar de assunto:

— Quer comer alguma coisa? O que acha deu mandar uma mensagem para Henry e comermos algo vendo um filme aqui no quarto, os três juntos? 

— Eu acho uma boa ideia, mas eu gostaria de passar o dia com você hoje. 

Falou, mas não deixou que Emma tirasse sua roupa. Cobriu-se primeiro, depois tirou a calça e o suéter. Suas mãos adquiriram um brilho dourado e ela foi passando sobre a pele, curando cada uma das suas feridas com máximo de cautela para que nada fosse deixado para trás.

— Então só irei mandar uma mensagem dizendo que você está bem. Ele está preocupado. Vou pegar uma roupa mais confortável para você em suas coisas.

Saiu do seu quarto e foi para o de Regina, pegando um pijama. Achou melhor deixá-la sozinha um minuto, sabia que ela estava desconfortável com os machucados e não queria que ela se sentisse pressionada. Retornou e deixou o pijama, saindo novamente sob o pretexto de ir na cozinha fazer um suco e pegar algumas besteiras, assim daria tempo da mulher se trocar.

Apenas quando a loira deixou o pijama e saiu de novo foi que a Rainha colocou a roupa e, logo depois, foi também para a cozinha. Abraçou a namorada por trás, encostando a cabeça em seu ombro.

— Me desculpe por ter te feito passar por tudo isso - disse com a voz baixa.

De imediato, Emma se assustou um pouco ao ser abraçada por trás e sorriu com a surpresa agradável.

— Ei, não era para você levantar - ela disse. - Quero que fique em repouso. E por favor, não tem que se desculpar por nada. Eu que sinto muito por não poder ter feito mais, não ter te protegido como gostaria. 

— Você me protegeu o bastante - falou com carinho. - A propósito… - E ria. - Que história é essa de você ser namorada de Robin? Aquilo foi a coisa mais absurda que já vi na vida. E vocês brigaram logo depois, até imagino o que deva ter acontecido.

Emma também achava, realmente era absurdo.

— Foi o que conseguimos imaginar na hora. Mas acabamos saindo na mão do lado de fora da Granny's, eu estava bêbada e contei que estava apaixonada por você, ele não gostou. Aí já viu a confusão... Babaca - pontuou no final, lembrando que ainda estava com raiva do ladrão.

— Você... Disse a Robin sobre nós? - Regina fora pega de surpresa.

— É.... Disse - falou com medo de ser repreendida. - Você está chateada comigo?

— Não, só... - Ela não sabia exatamente como se sentia. Mudou de assunto - Vocês brigaram mesmo? Que babaca.

— É. Mas deixa isso para lá. Eu não tenho medo e só não arrebentei a cara dele porque ia ser um problema ainda maior que eu não podia comprar naquele momento - falou um pouco irritada, mas logo respirou fundo, não queria estressar Regina com tudo aquilo.

— Eu me pergunto se tem algum homem nessa cidade que você nunca tenha batido - Regina brincou.

A Salvadora riu e pegou a Rainha mais uma vez nos braços, carregando-a em suas costas desta vez, como uma criança, levando-a correndo para o quarto. Com a mão, segurava alguns salgados e sucos de caixinha. 

— Emma! - Reclamou, mas se prendia às costas da namorada fechando as pernas ao seu redor enquanto a loira subia as escadas.

Entraram no cômodo e a Xerife colocou tudo em uma bandeja na cama, tendo cuidado com a morena e descendo-a no chão. Poderiam passar um dia tranquilas jogadas na cama assistindo besteira. Como havia dito, enviou uma mensagem para Henry dizendo que estava tudo bem e que no dia seguinte pegava o garoto.

— Obrigada - Regina agradeceu de forma sincera.

Assim passaram o resto da tarde e noite abraçadas.

 


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