Luisa Parkinson: A Companheira Fantástica escrita por Gizelle PG


Capítulo 81
Desregeneração


Notas iniciais do capítulo

Hello!!!

YEAH! Pessoa aqui retornando ao Nyah um ano mais velha!!!
Yep! Ontem fiz 21--Ansiosa aqui pelas maluquices que me aguardam kkkk

Então, eu pretendia postar mais cedo semana passada, tipo dois capítulos por semana... Eu já tinha inclusive até corrigido o segundo capítulo para dar sequencia aqui na quinta feira, mas aí, como se a faculdade pressentisse que eu tinha planos, eles vieram e atrapalharam tudo. Tipo, de uns 5 planos que eu tinha feito pra semana passada, só deu pra executar um e meio. Então... enfim, eu ainda planejo postar mais de um cap por semana. Quem sabe comece essa próxima semana mesmo. Vamos ver como as coisas ficam...

Tá bem, agora sem mais delongas, é hora da sinopse:

"Luisa e o Doutor estão se divertindo bastante passeando juntos, olhando e comprando coisas no Estrela Guia; Talvez enfim aquele seja um Natal comum..."



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—Por que a gente continua entendendo o que todos dizem? Pensei que a TARDIS cortaria o nosso “tradutor telepático”, por ter desaparecido.

—Bom, se o tradutor parasse de funcionar, então seria um mau sinal. Neste caso, eu fico tranqüilo, pois a presença do tradutor significa que ela não deve estar muito longe. –ele olhou de um lado para o outro. –Fique de olhos bem abertos... Não me admiraria se nós a encontrássemos materializada na vitrine de alguma dessas lojas... E justo agora que eu gastei minha ultima bolinha-de-gude!

—Isso que dá ser compulsivo por compras! –Luisa brincou. –Não sabe economizar?

E eu lá tenho dinheiro de verdade!?—ele interpôs com ar de riso, ao que ela também sorriu, com o Harmônius á tiracolo.

Estavam caminhando tranqüilamente por um novo corredor quando Luisa deparou-se com a última coisa que acreditou que encontraria naquele lugar bizarro: uma loja de roupas comuns.

—O quê? Como assim tem uma ‘Magazine’ no espaço?

—Você achava que só o seu planeta fabricava roupas?

—Não! É que... Os modelos... São parecidos com os da Terra.

O Doutor fitou-a de canto de olho. Um novo sorriso brotou em seus lábios.

—Quer dar uma olhada?

—Podemos? –ela se empolgou. –Eu juro que não vou comprar nada! Só vou olhar, prometo! Lembre-se que temos que economizar...

O Doutor soltou uma gargalhada.

—Economizar! Essa é boa! –riu e ela o imitou, na mesma freqüência. –Vamos logo com isso! Só que desta vez você paga, fechado?

Entraram em uma loja enorme, com modelos de todos os tipos, cores, estampas, formas e tamanhos. Era o paraíso da moda alienígena.

—Como é que chama esse lugar?

—Acho que a melhor tradução é “Paraíso das Mulheres” –disse o Senhor do Tempo, com ar cômico. –Muito clichê, não acha? 

—Com certeza! –Luisa colocava uma camisola por cima do corpo, só para medir o tamanho. –Até parece que toda mulher se anima á toa com uma lojinha de roupas...

—É. “Até parece”. –o Doutor ironizou, escondendo o riso.

—Ficou bem em mim? –ela perguntou espontaneamente, mostrando-lhe uma mistura de regata com jaqueta de couro. –Essa regata de couro é bem bacana, não acha? Nunca vi uma dessas na Terra. 

—Deve ser coisa do futuro. A galera de lá vibra com qualquer coisa de couro. Até mesmo escova de dentes, o que me parece meio nojento.

—Escova de dentes de couro? Argh!—Luisa pôs a língua para fora. –Por que eles não criam coisas necessárias como “protetor solar com aroma gostoso”? Sério! Você já sentiu o cheiro daquela coisa? É deprimente!

—Já escolheu alguma coisa?

—Já sim. Vou experimentar essa regata de couro e uma saia Mega-Ustra igual aquela ali –ela mostrou o manequim mais próximo. –Só quero ver como fica... Não sei se vai cair bem pra mim.

—Você é jovem. Qualquer coisa cai bem pra você. –o Doutor argumentou. –Sabe, eu ainda me lembro de quando usei meus primeiros trajes de Senhor do Tempo na Academia de Gallifrey... –de repente, ele fez uma careta. -Santo Deus, parecem séculos! É... Definitivamente não sou mais o mesmo...

—Regenerativamente falando ou figurativamente? –Luisa indagou.

—Os dois. –o Doutor sorriu, pacifista. –Vamos! Ali ficam os provadores...

Caminharam até a cessão dos provadores, com Luisa guiando os dois, então inesperadamente, a garota voltou-se para ele e ficou parada em sua frente, inquieta.

—Ah, Doutor... –começou ela. –Isso aqui é um vestiário feminino –ela acentuou. –E... Não sei como te dizer isso, mas... Você é homem.

—Eu sei bobinha! –ele sorriu de satisfação e tocou-a na ponta do nariz com o dedo indicador.

—Não, não! Preste atenção! –ela mudou de abordagem. –Essa é a ala feminina. Você não pode entrar comigo.

O Doutor inclinou a cabeça, confuso. A garota quase pôde ver as engrenagens funcionando dentro de sua cachola.

Mas por quê?—ele perguntou, ingenuamente. –Eu prometo que vou me comportar...

—A questão não é essa! –ela replicou. –Vai ter um monte de garotas se trocando e você pode causar um certo “alvoroço”, entende? -tentou ser o mais clara possível, mas o amigo ergueu as sobrancelhas, como se dissesse: “E Daí?”.

E daí?—replicou, insistente.

Daí que você não pode entrar comigo nos provadores!—exclamou, embaraçada. Então respirou fundo, inclinou-se para ele e sussurrou com precisão: -Tem que bancar o “paciente” e esperar aqui fora até que eu volte adequadamente vestida, entendeu?   

Ah! Humanos exigentes! Nunca entendo essas regras bobas de vocês. –o Doutor bufou e, contra sua vontade, ficou plantado do lado de fora da entrada do corredor dos provadores, enquanto ela lhe dava as costas e se enfiava no primeiro provador desocupado. –“Tentar bancar o paciente” Hã! Eu sou o Doutor, ora bolas! “O mestre da Impaciência”. Afinal, quem estamos tentando enganar...? –discutiu com seus próprios botões. Ou melhor, com os que restaram depois das trocas que andaram fazendo.

 Esperou um tempo, até que um megafone do shopping foi acionado e uma criatura de voz arrastada e preguiçosa começou a anunciar o fim do leilão do relógio de bolso.

—Muito bem, meus caros colegas! São exatamente 45:60/10 horas e o leilão estimado para hoje, acaba de chegar ao fim. E o ganhador do relógio de bolso de uma das raças mais antigas do universo é o participante que ofereceu trinta duns por ele. Você, seja quem for, venha retirar seu objeto da loja antes que ele seja lambido ou devorado. Obrigado pela atenção, e boas trocas à todos!

—Opa! Sou eu!—o Doutor ameaçou dar no pé, mas então olhou para trás, na direção dos provadores, e seus dois corações entraram em conflito.

Poderia gritar o nome de Luisa e avisá-la, mas ele estava certo de que ela não ouviria e que isso só o atrasaria ainda mais. Então, tomou uma decisão impulsiva.

—Eu volto logo –concluiu, articulando na direção dos provadores fechados. –Se der tudo certo, ela nem vai perceber que eu estive fora.

E saiu correndo.

Chegou na loja ainda em tempo de retirar o produto, apanhou o relógio e saiu caminhando satisfeito pelos corredores, carregando-o na palma fechada da mão. Assim que o Senhor do Tempo se afastou da loja, o atendente com cara de preguiça chamou um roda-fone e discou um número, sem levantar suspeitas.

—Olá senhor. Sim! Ele esteve aqui e levou o relógio. –pausa. -Exato. O boboca caiu direitinho.

 

*     *      *

O único problema agora, é que o Doutor não lembrava onde deixara a melhor amiga. Estava tão avoado com a idéia de ter conseguido o relógio que nem prestou muita atenção por quais corredores passou, ao fazer o retorno. Devia ter se afastado muito da Magazine... Não sabia mais onde a loja ficava. Só podia mesmo estar perdido.

—Por que será que os problemas sempre me perseguem? –ele indagou consigo mesmo. –Talvez eu devesse ter leiloado o meu “dom para me meter em encrencas”. Acho que pagariam bem caro por ele, e eu me veria livre de mais um encosto.

Desnorteado, entrou em uma loja de calçados para três pés e sentou-se num dos sofás confortáveis, esperando por uma idéia brilhante. Precisava mesmo de uma.

—E agora... O que eu vou fazer? Sinalizar? Não. Besteira. É proibido usar sinalizadores dentro das lojas. Puxa vida... Eu preciso voltar! –e, num ato casual, tentou abrir o relógio, mas a tampa estava emperrada e por isso não conseguiu. Contudo, contentou-se em conferir as horas em um relógio enorme, da própria loja, pendurado diagonalmente no teto.  

Fez o que queria, mas acabou apenas fitando os ponteiros, aborrecido. Já eram 59:05/10 horas. Isso era o equivalente á 15 minutos. Quer dizer que já faziam 15 MINUTOS desde que ele se ausentou para apanhar o relógio. Luisa devia estar irritada. Não. Devia mesmo estar assustada, vendo-se sozinha em um shopping alienígena, sem seu melhor amigo e protetor, por perto. Puxa! Como ele pôde ser capaz de dar uma mancada dessas? Luisa jamais o perdoaria por tê-la deixado sozinha...

Aborrecido consigo mesmo, o Doutor colocou de lado o relógio de bolso emperrado.

—Droga! Pior é que isso é tão a minha cara... “Perdido em um Shopping Alienígena”. Hum... Poderia virar um bom enredo de filme. –bufou, impaciente, passando a mão pelos cabelos. –Tudo por causa de uma velha lembrança do meu povo, que nem existe mais. Devia ter comprado uma bússola ao invés de um relógio de bolso idiota –bateu na própria coxa, com uma das mãos. -O que eu estava pensando? “Que isso ia trazer o meu povo de volta?” Eles se foram, Doutor. Séculos e séculos de isolamento e você ainda não entendeu isso? –indagou-se. –Tudo que sobrou agora foram as lembranças daqueles tempos, e a certeza de que eu não conseguiria trazê-los de volta com a contribuição de um relógio de bolso, nem mesmo se eu quisesse. –ele suspirou, voltando a apanhar o objeto. Alisou-o distraidamente, então, sem mais nem menos, começou a rir de si mesmo. –Que deplorável, Doutor... Agora deu para ficar falando sozinho em local público! Ham... Que beleza.

Num impulso súbito de razão, ele guardou o relógio (decidiu que já havia perdido tempo suficiente com ele), e dali por diante, concentrou-se unicamente em encontrar a loja onde Luisa estava. Ergueu-se devagar, deixando o sofá para trás, e rumou para os corredores externos, refletindo sobre a melhor maneira de refazer o trajeto. Estava tão avoado que nem notou quando o relógio recém adquirido caíra de seu bolso. Do lado de fora da loja, encostou-se na vitrine de calçados (que não era gelatinosa), cruzou os braços e continuou a pensar.

Do lado de dentro, uma atendente de aparência insetílica (um metro e cinqüenta de altura, rosto claro, asas, antenas na cabeça, coque repuxado para trás, olhos com efeito de prisma –como os das moscas –, nariz de borboleta, boca pequena, e pelagem macia na cor preta e amarela por todo o restante do corpo –usando um micro-uniforme da loja) correu até o sofá e apanhou o relógio de bolso, olhando para todos os lados que seus olhos com efeito de prismas conseguiam detectar ao mesmo tempo. Rápida como um raio, pergunto para outros atendentes se algum deles vira a pessoa que estivera sentada naquele sofá, há pouco tempo atrás. Muitos negaram, mas apenas um assentiu e apontou para o homem de All Stars, plantado do lado de fora da vitrine, distraidamente. Uma afirmação era o suficiente, e Kyra saiu correndo para alcançá-lo.

—Ei! Você dos tênis estrelados! –chamou-lhe a atenção. –Isso por acaso é seu?

—Ah! –imediatamente o Doutor bateu as mãos nas regiões dos bolsos do paletó, tateando por um volume que não se encontrava lá. –Nossa! Que distraído! Isso é meu sim... Na verdade, é recente. Imagine só: acabei de comprar e já ia dar um chamado nos “achados e perdidos”.

A garota com asas riu.

—Você esteve na nossa loja, não é? –ela sondou. –Esteve olhando os catálogos? Chegaram uns ótimos pares de tripés, hoje.  –ela fitou-o da cintura para baixo, procurando uma terceira perna.

—Não. Na verdade entrei mesmo para ver as horas. –ele disse, sincero.

—Oh. Que incomum. –ela riu, balançando os ombros. –Bem, se mudar de idéia, o meu nome é Kyra. Pode me chamar se precisar de mim para atendê-lo, está bem?

—Está combinadíssimo, Kyra! –ele riu, estendendo a mão sem olhar, para apertar a dela. Mas antes que ele ao menos tocasse direito em sua palma, ela retirou a mão, ás pressas.

—Cuidado! –grunhiu. O Doutor olhou melhor para as mãos dela e reparou que haviam pequenos ferrões no lugar das unhas. –São ferrões super sensíveis... Se eu me zangar, eles soltam veneno. Se você esbarrar neles por acidente, vai fazer um machucado bem feio.

—Opa! Foi bom você ter avisado –ele articulou. –Estou tão descuidado hoje, que nem me admiraria se fosse parar no hospital antes do fim do dia.

Ela riu do jeito dele.

—Hã... Você não me disse o seu nome ainda.

—Ah! É isso mesmo! Eu sempre me esqueço dessa parte... Eu sou o Doutor. Me chame de Doutor, se quiser. Todos me chamam assim.

—Está certo, Doutor. –ela disse, com ênfase. Sabia que tinha que voltar para seu posto na loja, mas sentia que alguma coisa de interessante a mantinha vidrada na conversa com aquele homem.

—Você é uma Abeliana, estou certo? –o Doutor adivinhou.

—Nossa! Como é que sabe? –ela ficou impressionada.

—Eu conheço muitas espécies e já ouvi falar do seu povo. Vocês são uma família bem unida. Tem ‘colmeias’ por toda a galáxia e descendentes em vários planetas, nos mais distintos tamanhos e formas. Sabia que existe um planeta chamado Terra, que tem umas primas de vocês que fazem polinização por lá?

—É mesmo? –a outra parecia cada minuto mais envolvida na conversa.

—Bom, elas não são tão evoluídas a ponto de “falarem”, e na real, são bem pequeninas, mas contribuem bastante para o equilíbrio do meio ambiente.

—Você diz coisas tão diferentes –articulou, interessada. –“planeta Terra?” Acho que já vi um boxe pequeno vendendo objetos dessa tal de Terra, em algum desses corredores...

—Mas é claro que já deve ter visto... Esse é o Shopping mais famoso do Universo! Há produtos de todos os tipos de planetas, por aqui.

Kyra observou o interior da loja, momentaneamente. Aparentemente, ninguém percebera que ela se ausentara. Bom! Isso era bom... Queria mesmo continuar conversando mais um pouco.

—E você, é de qual espécie?

—Senhor do Tempo. –o Doutor disse. –O último dos Senhores do Tempo, na verdade.

—Senhores do Tempo? –ela pareceu vasculhar a memória. –Desculpe... Nunca ouvi falar.

—Isso não me admira. Os Abelianos são muito mais recentes que os Senhores do Tempo. Meu povo se extinguiu há muito tempo atrás em uma guerra que levou-nos a ruína. As duas raças em conflito, na verdade. Mas uma coisa é fato: naquela época os Abelianos nem sequer existiam. Não passavam de pequenos suspiros de vida, no meio da poeira estelar.

—Que poético! –ela se entusiasmou. –E você vem sempre aqui no Estrela Guia?

—Não. Na verdade, é a primeira vez. Eu sempre recebia os panfletos, mas nunca tive tempo de vir até aqui. Sabe como é... Coisas pra fazer, pessoas pra salvar... O dever sempre me chamava e me tirava do curso dessa maravilha de lugar. Bom... Apesar de ter um defeito bem grotesco.

—Defeito? Qual?

—Esse lugar não tem PLACAS! Na boa, parece um labirinto! Agora mesmo eu estava aqui pensando como faria para encontrar minha amiga... Sabe, eu a deixei em uma loja de roupas, enquanto ela se trocava, e fui buscar esse relógio de bolso que comprei num leilão. –explicou. –Mas então me perdi, e não consigo mais encontrar o caminho para aquela Magazine.

—Então... Você está precisando de um guia? –ela sugeriu. Esperou que ele confirmasse, então mordeu o lábio, ansiosa. -Ah... Espere um instante. 

Sem se descuidar, Kyra olhou por cima dos ombros. Viu uma lula prateada com três tentáculos, usando uniforme de marinheiro e boné, sentada no sofá, esperando impacientemente para ser atendida; Depois voltou-se para o Doutor, de novo. Era óbvio que não perderia uma folguinha forjada durante o horário do trabalho.

—Então é seu dia de sorte. Conheço esse lugar como a palma da minha mão preta e amarela –ela ilustrou. –Se quiser, eu posso ajudá-lo a encontrar sua amiga.

Foi a vez do Doutor checar o movimento da loja.

—Mas... Não vai prejudicar você largar o trabalho por fazer?

Ela deu de ombros.

—Tá quase na hora do meu intervalo. E, pelo duro que andei dando ultimamente, eu bem que mereço uma folguinha...

O Doutor pensou por uma fração de segundos, então sorriu para ela.

—Está certo Kyra. Mas seremos breves... Não quero de modo algum atrapalhar seu trabalho.

—Certo, então vamos. –ela sorriu, tomando a frente e guiando-o pela extensão do corredor.

Enquanto andava, Kyra ia papeando. Ela era muito falante e extrovertida –se usasse e abusasses dessas artimanhas para vender calçados, ela já estaria milionária –mas ela era jovem. Tinha muito tempo pela frente, e com certeza, não ficaria a vida toda como “atendente de uma loja de calçados”. Não que fosse um mau negócio, mas normalmente, os Abelianos costumavam ser mais insatisfeitos. Nunca ficavam muito tempo no mesmo emprego... Por isso era difícil serem contratados. Geralmente, os contratantes queriam alguém com uma fama melhor do que a de “desistência”, deles. E também, alguém menos estourado. A espécie de Kyra, especialmente os machos, costumavam logo perder as estribeiras e aplicar seu ferrão, por tudo e por nada, na primeira pobre alma que cruzasse seu caminho. Ao todo, eles tinham 14 ferrões, contando com os das mãos e dos pés. E tinham uma vantagem, perante ás abelhas terrestres: se eles perdessem todos os ferrões, novos nasciam depois de algum tempo e eles não morriam por causa disso. Uma boa notícia para as abelhas; uma péssima notícia para as pobres almas que os irritassem.

Enquanto andavam juntos, o Doutor começou a tentar abrir novamente a tampa do novo relógio de bolso. Mas esta, como anteriormente, encontrava-se emperrada.

—O que está fazendo? –a Abeliana virou-se para trás e pegou-o tentando forçar a escotilha com os dentes.

—Estou tentando abrir essa tampa. Queria conferir o horário, mas a tampa está emperrada... –foi então que olhou para os ferrões de Kyra, e uma idéia se formou, somando um mais um. –Kyra, será que seria muito incômodo se eu te pedisse para tentar abrir essa escotilha pra mim?

—Claro que não. Eu acho que consigo... –ela apanhou o objeto e começou a tentar abri-lo. Não conseguindo com sua força habitual, apertou o espaço entre a tampa e o relógio, com um dos ferrões. Imediatamente, um líquido venenoso e corrosivo começou a gotejar e ela espalhou-o ao redor da tampa, como se estivesse espremendo um tubo de cola branca. Então, esperou alguns segundos, depois tentou novamente abrir a tampa. Desta vez, porém, apenas deu um estalo e essa praticamente saltou para cima, precisamente veloz. –Pronto. Aqui está –e entregou-o de volta ao Doutor. –Era isso que você queria?

 -Era sim, obrigado. –o Doutor apanhou o objeto nas mãos e observou seu próprio reflexo refletido na tampa, agora aberta. -Caramba... Esse veneno é mesmo muito perigoso –o Senhor do Tempo encarou o resíduo seco ao redor da tampa, perplexo. -Lembre-me de nunca irritar um Abeliano!

—Não se preocupe com isso. As marcas vão ficar pra sempre no relógio. Se precisar de um lembrete é só olhar o “estrago” em pequena escala, que meu ferrão fez na tampa, e se lembrará bem rapidinho –ela disse em tom brincalhão.

Os dois estavam rindo do comentário e nem notaram quando um brilho dourado muito forte, como uma fumaça brilhante, escapou de dentro do relógio, e foi de encontro ao Doutor. Passaram-se dez segundos e nada aconteceu, então pouco depois o Doutor começou a sentir uma dor forte na cabeça, e as risadas tornaram-se gemidos.

—Ai... –ele levou a mão á testa, semi-cerrando dos dentes. –Ui...

—Doutor? –as antenas da Abeliana estremeceram e sua fisionomia foi aos poucos perdendo a cor.

O Doutor começou a ficar tonto. Estava vendo tudo girando ao seu redor e, por causa disso, ficar em pé tornou-se uma tarefa complicada. Logo perdeu o equilíbrio e desabou de joelhos. Só não tombou diretamente no chão porque Kyra prontificou-se em segurá-lo. Ela era muito boa de reflexo.

—Doutor? Ah, não... O que você tem? Está passando mal?

—Não sei. Me senti mal de repente... Não sei o que está havendo –ele tossiu, então sentiu uma fraqueza inigualável e precisou segurar-se firme em Kyra, para não desmaiar. –Eu não... Ah, desculpe. Não sei o que estou fazendo.

—Você parece doente. –ela avaliou. –Quer que eu alerte a emergência?

—Não. Não, não... Eu não quero. Não vai precisar. Eu vou ficar bem... –ele disse por entre uma respiração acelerada e outra.

—Tem certeza? –ela não se convenceu. O Doutor teimou que sim e ela, contrariada, ajudou-o a se levantar. –Vamos. Assim... Cuidado agora.

—Viu? Eu estou perfeitamente... –ele ia dizendo, mas então suas pernas bambearam e ele caiu de quatro no chão. –Ah, deixa pra lá.

—Você não está nada bem. –a Abeliana replicou, fazendo-o se apoiar nela. –Deixe de teimosia! Você precisa de uma enfermeira. Nós temos uma boa ala de primeiros socorros aqui no Shopping... Fica aqui perto, na verdade. Não vamos demorar a chegar lá.

—Mas eu preciso encontrar Luisa! Não posso deixá-la... E também tem Melissa! Ela se separou de nós dois para ir á uma barraca de aperitivos faz tempo. Não tenho idéia de onde ela possa estar agora... 

—Não se preocupe. Eu prometo que assim que o deixar na ala médica, irei procurá-las pra você, está bem assim?  

—Não, mas... –ele já ia arrumar uma desculpa, mas a solução apareceu primeiro. -Ai! Não... O quê? –gemeu, ao perceber os membros acenderem-se em uma tonalidade dourada. Primeiro as mãos, depois a cabeça e, em seguida, todo o resto do corpo começou a adquirir um brilho incomum: o processo de regeneração.

—O quê? O que está acontecendo? –Kyra afastou-se dele, assombrada. 

—Não! Não! Aqui não! Agora não! Que história é essa agora de se regenerar sem motivo, hein? Eu nem me machuquei... Que vergonhoso! Sempre imaginei que algum dia me regeneraria após tropeçar em um piso de tacos, ou embaixo do chuveiro... Mas nunca levei realmente a sério. AAAAAAH!

—Regenerando? Mas do que é que você está falando? –Kyra franziu o cenho.

De repente, ele começou a sentir os resultados de apenas alguns segundos do processo todo: primeiro foi seu cabelo, que pareceu crescer para os lados e alongar-se na região da testa, de modo que os fios começaram a cair-lhe sob os olhos; de repente o topete estava muito maior e tinha muito mais conteúdo. Percebeu as roupas se ajustarem melhor no corpo e veio a descobrir que não tinha mais a cintura de um palito de fósforos; mesmo assim, não chegou a sentir as roupas apertarem. Esse era um ponto positivo.

Como que para estragar o momento, sentiu uma fisgada no estômago e fechou os olhos com força; quando voltou a abri-los, eles haviam perdido o castanho e assumido completamente o esverdeado. Suas orelhas encolheram, assumindo um tamanho convencional, e o nariz ficou mais triangular. O queixo avantajou-se bastante e a tonalidade de voz soou mais escandalosa, entre um grito e outro que deu, totalmente sem controle.

Então, de um instante para o outro, o brilho foi se apagando até não existir mais.

—Ah! Ah... Ah. –aos poucos, o Doutor foi recuperando o fôlego, mas continuou bem quietinho, no lugar em que estava. –Nossa... Essa foi por pouco. Quase perco o controle...

—POR CLUN! –Kyra levou a mão aos lábios, estupefata. –Você mudou de fisionomia!

Não brinca—ele gemeu.

—É verdade! –ela exclamou, perplexa. –Que chocante!

—Se ao menos fosse fácil –ele gemeu. –Preciso de um processo menos dolorido...

Mas você MUDOU! Mudou mesmo!—ela continuava incrédula, fazendo sinais ao redor de áreas do rosto, como orelhas e queixo.

—É, eu sei. Captei a referência –ele assentiu, exausto.

—É o seu rosto! Ele está completamente... MUDADO!

—Sim, sim! Eu já entendi! Já deu pra sacar...

—Não acredito que vi isso acontecer com meus próprios olhos! –ela arregalou os olhos. -Só posso ter enlouquecido! –e andou de um lado para o outro, como se estivesse ficando biruta.

—Será que você pode falar sem andar em zigue-zague ao mesmo tempo? -ele pediu. -Tá começando a me deixar tonto outra vez...

—Ah! Desculpe. –ela parou, aquietando-se finalmente. –Como se sente? Está melhor agora?

—Estou. Eu acho. –ele massageou o estômago. –Mas minha cabeça ainda lateja. Isso é normal na verdade... Faz parte do ciclo de regeneração.

—Hã! –ela tapou a boca de novo e abaixou-se, perto dele. –Então quer dizer que você é de uma espécie que realmente se regenera? Sempre pensei que fosse só uma história...

—Não. É real. Eu sou a prova viva disso. –ele destacou. –Já me regenerei onze vezes e meia... O Três em Um conta como “meia” porque não foi uma mudança completa... Tá mais pra colcha de retalhos—suspirou. –Então, no placar total: onze vezes e meia, afora alguns casos que eu realmente preferi deixar de lado.

—Mas e quanto ao seu antigo rosto? Você não pode mudar novamente?

—Não sei. Normalmente a resposta é negativa... –ele se arrastou até perto dela e Kyra o ajudou a ficar de pé, claro que, apoiado nela. –Que coisa mais deprimente. Me sinto um inútil te dando todo esse trabalho...

—Não se sinta. –ela sorriu. –Não foi culpa sua... Foi?

—Não. –ele admitiu. –Na verdade eu quase perdi o controle. Foi como se o processo tivesse se iniciado sem motivo. Pois eu sempre me regenero quando estou prestes a morrer, mas esse não foi o caso de hoje. Você viu! Eu estava andando tranqüilamente pelo corredor, acompanhado por você, e então de repente... Zupt!

—É. –ela pensou um pouco. -Definitivamente você não provocou isso.

—Olha, eu sei que parece bobeira, mas será que podia me levar até algum espelho? Quero ver no que resultou a mudança.

—Como quiser –ela olhou torto. –Mas seu eu fosse você, eu não faria isso tão cedo...

—Por quê? –ele intrigou-se.

—Não sei. Você ainda está muito debilitado... Não quero que leve nenhum susto e tenha um troço!

—SUSTO? –o Doutor engasgou. –Não me diga... Deu tão errado assim? –ele empalideceu feito papel, achatando as bochechas com as palmas das mãos.

A Abeliana fez cara de quem comeu e não gostou.

—Olha... Pra ser bem sincera... Você estava melhor antes. –ela franziu o nariz. –Mas não é nada pessoal... Talvez goste de coisas avantajadas.

—O QUÊ? –ele tossiu, preocupado com o que poderia ver pela frente.

—Vamos! Ali tem uma vitrine espelhada... –e Kyra o arrastou até lá. Literalmente. Depois da avaliação que a Abeliana fez sobre ele, o Doutor já não estava mais tão animado assim para conferir o novo visual. Andando feito um bandoleiro, o Doutor parou de frente para um reflexo-trine e respirou fundo antes de olhar o resultado. Kyra lhe deu cobertura. –Prontinho. O que acha? Esquisito, né?

O Doutor abriu os olhos... E deixou o queixo cair.

Mas sou eu mesmo!—ele arregalou os olhos, tocando os cabelos compridos da testa e o queixo volumoso.   Espantou-se e, ao mesmo tempo, alegrou-se ao ver seu reflexo: seu rosto não era mais uma versão misturada de sua 9ª, 10ª e 11ª regenerações. Era simplesmente a numero 11. Finalmente, o Doutor voltara a ser o que era antes daquele dramático período de luto, em que perdera os Pond; seus companheiros, melhores amigos, e também, sua família. Desconfiava que fora a tamanha tristeza e o vazio que preencheram-lhe o peito naquela época, que causaram um tipo de falha na regeneração atual, da qual ocasionou em uma mistura improvável de seus três últimos rostos. Apesar da dor incômoda do processo para desfazer aquela maluquice de “três estilos diferentes em uma só regeneração”, ele estava aliviado por tudo aquilo ter finalmente acabado. –Rá-rá! Eu voltei! Voltei a ser o que era antes daquela regeneração maluca! Isso! Adeus manias misturadas e paladares controversos! Bye Bye ternos apertados e cabelo rebelde! Até mais orelhas avantajadas! Ao revoar olhos multicoloridos! —ele comemorou, saltitante. -Yes! EU VOLTEI! 11ª regeneração... Aqui estou eu de novo! –ele deu uma voltinha ajeitando o casaco de um jeito “mais maneiro”, penteou a franja comprida toda para um lado só, formando um volumoso topete; piscou os olhos verdes algumas vezes, feliz pelas íres terem finalmente se decidido; depois sorriu, conferiu os dentes, fazendo careta no espelho e ajeitou a gravata borboleta, no pescoço. –É disso que eu estava falando... Gravata-borboleta vermelha! Ainda bem que ninguém cortou minha onda... Eu adoro gravatas borboletas. Elas são legais.

—Hã... Então tá. Se você diz! –Kyra deu de ombros. –Só não entendo o motivo de toda essa alegria... Eu particularmente não achei grande coisa.

Ei! —ele protestou, caminhando encurvado na direção dela, com um dedo acusador apontado exclusivamente para Kyra. -Isso me faz lembrar de dizer: “Ei! Não me chame de esquisito!” Por que esse é o me verdadeiro eu. Bom, o último eu, pelo menos...

—Não entendi. –Kyra atou os braços. –Que história é essa de “verdadeiro eu / último eu”?

—Bem, não importa. O fato é que eu voltei a ser o que era. –ele voltou-se exclusivamente para ela, dando as costas para o espelho. –Acontece que eu andei chateado com umas coisas... Então, já há bastante tempo atrás, eu me regenerei assim como hoje, sem motivo de morte aparente. E me tornei uma mistura dos três últimos rostos que esse corpo utilizou. O terceiro, obviamente, era minha versão atual, ou seja, “o meu último eu, antes dessa regeneração bagunçada”. Então, seguindo a linha de raciocínio, eu definitivamente voltei ao meu “verdadeiro último eu”, entendeu?

A Abeliana assentiu por educação, com a boca entreaberta.

—Mas... Se realmente não importava, então porque me disse tudo isso? –estranhou, dando-se conta do bug.

Eu não sei! —ele gargalhou. –Olha só pra mim: sou um idiota! Estou nas nuvens!—riu, abrindo os braços, mas durante o movimento repentino, seus joelhos cederam inesperadamente e ele tornou a cair no chão. Kyra correu para acudi-lo. Enquanto ela se desesperava, ele continuava sorrindo e dizendo coisas aleatórias, como: -Luisa tem que me ver agora! Ela não vai acreditar quando eu explicar tudo isso. Na verdade, não vai nem mesmo me conhecer... Caramba! Isso é esplendido!

Santo Clun! Você não pode ficar andando por aí desse jeito. –ela avaliou, mantendo-o apoiado em seus ombros, enquanto andavam. –Todos vão achar que você está bêbado! Os seguranças do Estrela Guia tem uma norma bastante severa quanto a se embebedar por aqui... Se eles desconfiarem de você, estará em maus lençóis muito em breve... Se eles tiverem certeza, então você será banido para sempre.

—Puxa, não me lembro da justiça ser tão rápida e precisa...

—Pois é. Aqui eles trabalham com a administração mais veloz da galáxia. –ela explicou.

—Na verdade, acho que é a mais perspicaz de todos os universos. –ele enfatizou. –Nunca vi coisa igual...

—Se quiser parar para vomitar, me avise. –ela avisou.

O Doutor fez cara de consternado.

—Vomitar? Quem aqui quer vomitar? Eu não!

—Foi só um aviso...

—Nossa! Que dia maluco... Primeiro a TARDIS sumiu, depois encontrei um relógio do meu povo, e aí levei-o num leilão, então encontrei você e... Pouco depois, me regenerei de volta ao que eu era antes de tudo isso começar... Deus! Jamais pensei que o processo de regeneração pudesse retroceder feito uma “fita cassete”... Que loucura! Parece até Natal...

Kyra parou de chofre.

Mas hoje é véspera de Natal—ela interpôs, com uma sobrancelha erguida para ele. –O Natal é amanhã, Doutor.

De repente, o Doutor parecia que tinha visto um fantasma comendo uvas.

—Não... Mesmo!?—ele franziu o cenho. -Fala sério!

—Estou falando sério. –ela insistiu. –Amanhã é Natal.

—Como? Isso é um absurdo! Ninguém poderia forjar uma coincidência dessas... Ninguém poderia saber!

—Todo mundo sabe! –a outra retorquiu. –É um feriado universal. Tudo bem que os dias da comemoração podem variar, mas de um modo geral, é uma celebração bem conhecida, apesar de mudar de significado de acordo com as crenças de cada espécie. –explicou. –Mas deste lado da galáxia, o dia exato da festa é amanhã.

O queixo do Doutor ficou dez vezes maior conforme despencou de espanto.

—Isso é sério mesmo? Não é uma piada de mau gosto, é?

—Claro que não! –ela pareceu ofendida. –Por que você acha que eu te enganaria sobre isso? Que eu saiba, não há nenhum sigilo sobre manter essa informação em segredo dos clientes. Afinal, isso aqui é um shopping, e são eventos como este que nos fazem faturar, no fim das contas. 

—Certo. Vou lembrar de acrescentar o “Natal” na minha lista de coisas incompreensíveis –o Doutor reclamou. –Porque eu juro que esse evento só me causa problemas... Todos os meus natais, até hoje, foram cheios de perigos, ameaças e correria exaustiva para permanecer vivo. Para mim não é uma data de descanso, mais sim uma data cheia de incógnitas, mistérios e confusões nada reconfortantes... Sinceramente, acho que não viverei o bastante para presenciar uma coisa mais estranha que o Natal...

—DOUTOR! –a Abeliana deu um passo para trás. Só então, o Doutor percebeu que novamente estava emanando uma luz dourada dos membros. Aparentemente, a regeneração ainda não estava totalmente concluída.

De repente, outra pontada no estômago e a dor de cabeça aumentou de escala. Quando deu por si, o Doutor havia trincado o maxilar: sua pele começou a ficar dourada novamente. Desesperado, ele segurou-se ainda mais firme nos braços de Kyra.

—Tá legal... Eu vou retificar.—fez uma nota mental. Talvez o Natal não fosse realmente o pior de seus problemas... -Tem alguma coisa errada comigo –disse, observando a mão direita oscilar. –Eu já devia estar entrando na fase das 15 horas de recuperação pós-regenerativa... Não devia começar a brilhar de novo.

—Mas não há algum engano? Quero dizer, isso está acontecendo de verdade? Você jura que não sabe o que significa?

—Não! Eu jamais vi coisa igual... –ele afirmou, mas foi interrompido por uma explosão de luz que cresceu ao redor de seu rosto e mãos e, logo tomou-o por inteiro. Conforme a intensidade da luz aumentou, ele não conseguiu mais se conter: com medo de machucar Kyra, ele afastou-a com espetacular agilidade e, em meio a uma respiração acelerada, murmurou, antes de dar continuidade ao processo de regeneração: -Tudo bem... Lá vamos nós de novo... Gerônimo!

E a prosa deu lugar à segunda regeneração do Senhor do Tempo, naquele mesmo dia. Desta vez, uma luz ainda mais forte banhou o estabelecimento; a Abeliana cobriu os olhos, enquanto outros alienígenas próximos dali deram um passo para trás ou saíram correndo, apavorados.

Logo, o brilho foi diminuindo de intensidade, e a atendente pôde descobrir o rosto. E o que viu, deixou-a ainda mais intrigada:

—Você... Você... Está diferente de novo! –ela exclamou, assustada.

A essa altura do campeonato, o Doutor já estava meio grogue. Tudo em seu corpo doía, e ele só queria mesmo era deitar em uma cama bem macia e dormir por uns mil anos.

No lugar do queixudo amistoso, encontrava-se um magricela de costeletas grossas, cabelos castanhos espetados, olhos também castanhos, sardas, nariz fino e boca ligeiramente torta, bem no cantinho. Ele tomara a forma de sua 10ª versão. De alguma forma, não estava “vestindo novos rostos”, as regenerações estavam retrocedendo... Inexplicavelmente, o Doutor estava se “desregenerando”, e num intervalo de tempo cada vez menor.

—Que deselegante –ele blefou, mal conseguindo manter-se em pé. –Ah, olha: o “homem palito” está de volta! E está tudo girando... Espera... Isso devia acontecer? Por que raios está tudo girando?—então fez uma cara de enjoado. –Kyra, qual era mesmo aquela sua proposta sobre vomitar? Acho que um lembrete viria bem a calhar, agora... –então seus olhos giraram nas órbitas e ele desmaiou, caindo duro no chão.


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Notas finais do capítulo

É... bem, não foi dessa vez kkkk.

Mais uma véspera de Natal insana a caminho... O que será que vem por aí?

*Só pra conhecimento geral, a Abeliana é uma espécie inventada por mim (assim como tantos outros aliens locais presentes no Estrela Guia). Porém, há uma coisa em comum entre Kyra e os Hipnóts (de Theia Nova) --ambos estão presentes em outra história minha, original, que não tem ligação com essa. Talvez algum dia vocês cheguem a conhecer :)

Enfim, até quinta feira --eu espero!!



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