Luisa Parkinson: A Companheira Fantástica escrita por Gizelle PG


Capítulo 128
Poseidon e Atena aparecem para um chá com biscoitos


Notas iniciais do capítulo

Hey Hey!!

Estamos de volta!! *com um nome de capítulo digno dos livros de Percy Jackson* kkkk



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O Doutor e Melissa seguiram Percy, Annabeth e Grover até a Casa Grande –uma das construções mais importantes do Acampamento Meio Sangue. Lá foram recebidos muito bem por uma porção de Ninfas, que lhes forneceram comida e ataduras também, então encaminharam-se para a varanda e esperaram até o Centauro Quiron e os outros campistas retornarem da batalha contra o Minotauro. Isso infelizmente demorou a acontecer, e o quinteto teve que manter a cabeça fria perto do líder do Acampamento, o sr. D (Dionísio) –conhecido por ser o deus do vinho, loucura, orgias e festas –mas que atualmente andava um pé no saco. De acordo com as histórias, o deus deixou de ser fanfarrão, para se tornar o “rei do mau humor” quando Zeus, deus de todos os deuses e também seu pai, resolveu puni-lo por namorar uma ninfa dos bosques. Desde então, ele ficou encarregado de liderar o Acampamento Meio Sangue por muuuuuuito tempo, como penitência por seus atos inconsequentes. Agora entendendo a situação toda, dava para sacar porque ele tinha raiva dos campistas a torto e a direito.

Quando então descobriu que o Doutor não era um legítimo semi-deus, ficou ainda mais aborrecido e começou a olhar torto para o Senhor do Tempo.

—... Usar meu acampamento para se abrigar... Hã! Onde já se viu? Pensam que essa é a casa de quem? Héstia? –levantou-se resmungando, e entrou na casa, deixando-os sozinhos na varanda. Logo depois que o deus sumiu por dentro do ambiente, Percy cutucou o Doutor:

—Não ligue pra ele. Está sempre de mau humor.

—É. Esse cara reclamaria até se você fosse um semi-deus de verdade. Acredite, ele sempre faz isso com o Percy –disse Grover, como consolo. Um consolo não muito inspirador. Percy esfregou a testa.

Enquanto isso, Melissa estava pensativa. Agora que se encontrava no acampamento, várias coisas que a Medusa lhe dissera em sua casa, lhe bombardeavam a mente. Era inevitável não pensar em tudo aquilo, ainda por cima nas circunstancias atuais. Curiosamente, ela estava com uma sensação esquisita... Como se estivesse deixando algo importante passar. Alguma informação ou talvez... uma resposta.

Entrementes, Annabeth, que se sentava em sua frente, tocou seu braço.

—Tudo bem Melissa?

—Aham –ela encarou Annabeth por um momento. Sentiu aquela sensação ficar mais forte... Intrigada, perguntou: –Annabeth... Você disse que entrou para o acampamento com quantos anos mesmo?

—Com sete anos. Por que?

De repente, Melissa ouviu as palavras da Medusa ecoarem com ainda mais clareza em sua cabeça:

“... Acredite, você não é a primeira filha que seus pais tiveram. Na verdade nem será a única: sua mãe já se engraçou com muitos mortais, mais seu pai pareceu tê-la conquistado acima de qualquer outro homem, de modo que foi o único com quem ela aceitou fazer o laço matrimonial. Entretanto, sua primeira filha começou a demonstrar seus poderes desde cedo... E, como sempre fora difícil manter semi-deuses longe de encrencas, com apenas sete anos, a garota foi deixada no Acampamento Meio-Sangue”

Melissa arregalou os olhos. Se levantou da cadeira. Como... Como pudera esquecer daquilo? Bom, talvez em parte fosse culpa da seqüência de eventos catastróficos que lhe aconteceram desde a visita da Medusa em sua casa. Mas mesmo assim, aquilo era surpreendente! Ainda há pouco tempo atrás, Annabeth tivera uma conversa com ela na floresta do acampamento, contando detalhes sobre sua vida, mas Melissa nem percebera a coincidência naquilo tudo. Parando para pensar agora, várias das informações que a Medusa lhe fornecera, batiam com as de Annabeth: A união de seu pai mortal com uma deusa grega imortal, o fato deles terem tido uma outra filha antes de Melissa, e principalmente, o fato desta menina ter sido enviada para o acampamento com apenas sete anos de idade. Não... era coincidência demais. Não podia ser mero acaso... Afinal, quais as chances de uma coisa dessas acontecer?  

E ainda tinha mais: Em sua casa, a Medusa repetiu centenas de vezes que Melissa era filha de Atena. E na floresta, Annabeth dissera que era filha da deusa da sabedoria... Pensando melhor, elas... Não eram a mesma pessoa?

OH! Será que...? OH MEUS DEUS!

Melissa ergueu-se de pé em um salto.

Naquela altura, todos estavam olhando para ela, intrigados.

—Melissa? Tá tudo bem? –o Doutor perguntou, mas ela não respondeu. Sua cabeça estava a mil. –Melissa?

—Oi –ela olhou para ele. Deparou-se com todos os olhares sobre si. –O que foi gente?

—Nos diga você –falou Grover. –Você levantou tão rápido quando uma flecha a caminho do alvo...

Voltou a olhar para Annabeth.

—Não, é que... –Melissa sentou-se, sem tirar os olhos da outra. –Você acreditaria se eu dissesse que acabei de perceber uma coisa extraordinária?

—Eu acho que sim –Annabeth deu de ombros. –Mas, de que se trata?

—Lembra que na floresta eu te contei que a Medusa foi até minha casa e me revelou coisas sobre minha mãe ser uma deusa, e eu disse que não sabia quem era? Bem, eu menti, mas não foi de propósito. Eu tava muito chocada com toda essa mudança, mas o fato é que é verdade, e agora a ficha finalmente caiu! –Melissa disparou, falando. –A Medusa queria se vingar da minha mãe, por causa de uma maldição. Ela falava de Atena. E você, Annabeth, me disse na floresta que era filha da deusa da sabedoria...

Annabeth arregalou os olhos.

—Pelos deuses... Nós duas somos irmãs?!

—Wou! Isso é sério? –Percy surpreendeu-se.

—É sim –Melissa garantiu. –As informações batem. Só pode significar isso!

—Nossa! Então vocês duas são irmãs por parte de mãe? Legal... -o Doutor arqueou as sobrancelhas, sorrindo, ao que Melissa balançou a cabeça.

—Não é bem assim. A Medusa me disse que minha mãe e meu pai tiveram uma primeira filha antes de mim. Os dois juntos, como casal. –voltou a encarar Annabeth. –Você lembra que a gente tava falando mais cedo sobre DNA de semi-deuses, e da Luisa e do Percy serem filhos de Poseidon... –Annabeth assentiu.

—Você está desconfiando de algo?

—Acredito que sim. Na verdade, só preciso de uma última informação para poder solucionar de vez esse caso: Annabeth, qual é o nome do seu pai?

—Frederick Chase Alcântara –respondeu a outra loira.

Melissa levou as mãos ao rosto.

—Caraca! Também é o nome do meu pai!

Não acredito! Jura?—Annabeth ficou pasma. –Não... sério? Então nós duas somos mesmo irmãs legítimas?

—É! –Melissa confirmou. –Parece que sim. Que loucura né...?

—Bota loucura nisso! –riu Annabeth. –Eu sempre pensei que fosse filha única. Quero dizer, por parte de Atena, eu tenho muitos irmãos, só que de pais diferentes... Mas isso... Caramba. Essa me pegou mesmo de surpresa!

—A mim também!

—Puxa gente... Tá cheio de coisas pegando a gente de surpresa hoje, olhem só! –Grover apontou para um chafariz de pedra rústica, que começou a jorrar água com muita pressão, do nada. Logo depois, uma coruja aterrissou ali perto também. O Doutor encarou a cena com estranheza.

—O que uma coruja e água jorrando tem em comum?

Percy se empertigou. Ficou de pé. Annabeth fez o mesmo. Grover soltou um balido de Sátiro.

—Não pode ser... –arfou Annabeth, segurando o braço de Percy. –Pelos deuses, são eles!

—Sim... –Percy concordou. –O meu pai e a sua mãe. –então olhou para Melissa. –A mãe de vocês duas.

Melissa imediatamente se pôs de pé. Parou ao lado da nova irmã e encarou a coruja, esperançosa. Em poucos segundos, a água jorrando ganhou a silhueta de uma pessoa, e a coruja fez o mesmo. Como em um passe de mágica, um homem e uma mulher apareceram. Ele vestia camisa havaiana, bermuda e chinelos, portava também um magnífico tridente. Ela usava uma túnica branca, e um elmo na cabeça. Ambos sorriram ao ver os campistas.

—Olá Percy –saudou Poseidon.

—Oi pai –Percy cumprimentou, meio sem jeito.

—Annabeth. –Atena disse.

—Mãe –a garota lançou-lhe um aceno de cabeça. Estava mais do que claro que eles não tinham uma relação, digamos... íntima. Mas estavam se esforçando.

Atena então voltou-se para Melissa.

—Olá Mel.

Melissa se espantou. Apesar de já esperar que a mãe a cumprimentasse quando a visse, aquela história toda de ter uma deusa grega como mãe ainda lhe soava inacreditável.

—Ah... Olá. Oi... Mãe.

Atena sorriu para as duas filhas. Entrementes, o Doutor sorriu ao observar Poseidon. Bom, na verdade sorriu pela cena inteira: jamais imaginou que encontraria com deuses gregos pessoalmente. Contudo, seu motivo de maior empolgação foram as roupas bem à vontade do deus dos mares. Certa vez, o Senhor do Tempo ficou morando na casa de Luisa e acabou vestindo as roupas do pai dela. Bem, digamos que já conhecia o estilo da figura, e ficou animado ao constatar que ele realmente curtia uma moda “surfista”.

Esse era o Doutor: se divertindo em todas as situações. Entretanto, enquanto ele se empolgava, um breve silêncio se instalou, em que os demais presentes ficaram um pouco apreensivos: o que traria os deuses à Terra?

Poseidon tomou a palavra:

—Acredito, que vocês todos estejam se perguntando o motivo de termos vindo até aqui –começou. –Bem, não se preocupem, nós só viemos conversar. Já adiamos muito esse momento, e Atena e eu decidimos que é chegada a hora de esclarecer tudo a vocês, de uma vez por todas.

Os campistas assentiram, porém, continuaram em silêncio.

Tá certo... Puxa, mais que CLIMÃO—Grover foi o primeiro a se manifestar. -É isso aí... Vamos lá gente boa! Alguém quer um suco? Ou café? Ou refrigerante? Alguma coisa pra refrescar? Que tal? Se vamos conversar, é sempre bom ter bebidas por perto... Sabe? Pro caso da garganta secar e a voz sumir—deu uma cotovelada descontraída em Percy.

Os deuses o observaram.

—Você é o sátiro Grover, não é?

—OH! –ele ficou todo empolgado. –Vocês... OH! Os deuses... me conhecem! Ouviu essa, Percy? ELES SABEM MEU NOME!!!

Poseidon e Atena sorriram.

—É claro. Como não saber o nome do sátiro que ajudou nossos filhos nas missões deles?

Grover parecia tão estarrecido que ninguém se surpreenderia se ele desmaiasse a qualquer momento, igualzinho uma donzela meliante.

—Zeus! –Annabeth deu risada, junto com Percy e Melissa. –Vá com calma, Grover... –os deuses riram também.

Ele então encarou os amigos, com ar astucioso.

—Bom, parece que consegui quebrar o gelo entre vocês, pelos menos. –observou, e todos se encararam. Bem, ao menos agora estavam sorrindo. –Licencinha... Eu vou me sentar agora –e foi para junto do Doutor, que lançou-lhe um sinal de positivo com as mãos.

Entrementes, Atena deu um passo na direção das duas garotas loiras.

—Filhas, gostariam de me acompanhar em um passeio pelo acampamento? Podemos conversar enquanto caminhamos...  Será uma experiência agradável.

Annabeth e Melissa se entreolharam, animadas.

—Claro mãe!

—Nós adoraríamos...

—Esplêndido! –a deusa começou a andar. Annabeth e Melissa logo puseram-se a segui-la, porém, antes de irem embora de vez, acenaram para os amigos que ficariam para trás.

Depois que as três desapareceram por uma das trilhas, foi a vez de Poseidon dizer algo.

—Percy... Filho, eu gostaria de poder falar com você. –pôs a mão em seu ombro. –Será que podemos ter uma conversa agora?

—Ah... Claro pai.

—Ótimo –então encaminhou-se para a mesa, sentando-se de um lado, enquanto Percy se juntava ao Doutor e Grover, do outro. Contudo, assim que se acomodaram, Poseidon olhou exclusivamente para Grover. –Hã... Meu caro amigo sátiro, acho que agora é uma boa hora para trazer aquelas bebidas.

Grover se levantou, determinado a ser mais do que eficiente.

—Ah! Sim! Claro! É pra já, Poseidon! O senhor é quem manda! –disparou falando. –Algum pedido especial?

—Ah, sim... Água com gelo pra mim. –sorriu. -Percy, vai querer algo?

—Hã... Refrigerante, por favor.

—Pra mim café forte –pediu o Doutor. –Bem forte, sim? Eu preciso muito ficar acordado...

Grover o encarou. Percy fez o mesmo por um segundo. Poseidon também.

—Hã... Doutor? –Grover fez um sinal discreto, como se dissesse: “Essa é a deixa pra você cair fora também. Poseidon quer ficar a sós com o filho”, mas como Doutor é sempre Doutor, ele não captou a idéia.

—O que foi? Por que está com essa expressão? É algum tipo de tique nervoso de bode?

Ah!?—Grover revirou os olhos. –Mereço!

—O que é? –o Doutor franziu o cenho.

—Não está claro? –ingenuamente, o Doutor balançou a cabeça. Grover então se aproximou do Senhor do Tempo e começou a fazer sinais com as mãos, para ele se levantar. O Doutor então olhou para Poseidon e o filho, e FINALMENTE captou a deixa.

—Oh! Eu... Hã... Desculpe! Eu já ia sair –e começou a se levantar do banco de madeira. Porém, Poseidon o impediu no último momento.

—Não, rapaz. Você fica. –todos o encararam, confusos. –A conversa envolve você também, Doutor.

Surpreso, o Doutor olhou de rosto em rosto, depois sorriu meio embaraçado. 

—Ah... Okay. Então eu fico –e voltou a se sentar. Poseidon voltou-se mais uma vez para Grover.

—Você já pode ir. Não me leve a mal... Mas eu vou precisar de um tempinho a sós com esses dois. Será que poderia demorar um pouco para trazer a água?

—Ah, não, não! Sem problemas! O senhor quem manda! –Grover pareceu igualmente empolgado com a tarefa, porém, quando se afastou bastante, fez uns gestos para Percy (que por acaso Poseidon não viu, pois estava de costas), insinuando que ele teria que lhe contar os detalhes da conversa depois.

Poseidon suspirou.

—Desculpem. Eu não queria ter que despachá-lo assim, mas acreditem: foi necessário. –explicou ele. –É uma conversa bem particular... Logo entenderão porque não pude deixar Grover participar dela.

Encabulado, o Doutor ergueu a mão, como se fosse um aluno pedindo permissão ao professor para falar. 

—Diga Doutor.

—Desculpe... Mas... Eu não entendo... Por que estou aqui?

—Porque você faz parte disso.

—E “fazer parte”, por acaso significa...?

—Bom, pensei que logo perceberia. Você esteve viajando com a minha filha Luisa, não é? Estiveram juntos... Mais do que isso, na verdade.

O Doutor franziu levemente o cenho.

—O senhor esteve nos vigiando? –corou de leve. Por um segundo, se perguntou até onde ele poderia saber.

—Bem... O que você esperava? Eu sou um pai preocupado –disse Poseidon, trocando de posição. 

Percy fez uma careta.

—Espero que não esteja vigiando a mim e Annabeth, como supostamente anda fazendo com minha irmã e o amigo dela, senão eu vou ficar realmente aborrecido –disse, casualmente.

Poseidon sorriu.

—É. Eu soube que vocês dois começaram a namorar. Bem, já estava na hora!—Percy sentiu as bochechas esquentarem, e contorceu o rosto, encostando a testa na mesa depois.

Ah! Pai... –gemeu, constrangido.

Poseidon trocou sorriso silenciosos com o Doutor.

—“Adolescentes dramáticos” –brincou.

Porém, o Doutor já se encontrava meio sério de novo. Nesse curto ínterim de tempo, sua cabeça não parou de raciocinar, e na real, ele só conseguia pensar que o deus o repreenderia por alguma coisa.

—Algum problema Doutor?

—Com... Todo respeito, senhor, mas... “pais preocupados” não costumam ser exatamente deuses super poderosos que podem jogar uma maldição no melhor amigo de suas filhas, se julgarem ser necessário. –atou as mãos. Poseidon deu risada.

—Não precisa se preocupar, Doutor. Eu não irei puní-lo por nada que tenha feito. Na verdade, gostaria de agradecer.

O Doutor arqueou as sobrancelhas, pasmo. Percy o encarou, impressionado.

Agradecer?—os dois disseram quase ao mesmo tempo. Tinha algo naquilo tudo que não fazia sentido. Porém, logo Poseidon veio justificar a causa:

—Mais é claro! Você deu à ela inspiração. Encorajamento. Motivos para lutar. Se superar. E sonhar também. Como eu poderia puní-lo por isso? Você deu à minha filha um infinito de possibilidades... Apresentou um universo de aventuras... E todo semi-deus precisa de uma boa dose disso na vida! Além do mais, eu já estava ficando preocupado com a não manifestação dos poderes de Luisa; Você com certeza ajudou a despertá-los, Doutor! Então... Eu não tenho mais nada a fazer, senão lhe agradecer por tudo.

O Doutor arregalou os olhos. Por essa ele não esperava...

—Ah... Certo. Então, acho que não serei amaldiçoado. Bom... Isso é bom. –sorriu. –Muito bom por sinal. Na verdade é excelente... Bem, na verdade verdadeira, é um imenso alívio mesmo!—tagarelou, simpático.

Poseidon e Percy trocaram olhares, com ar de riso. Não importava onde estivesse ou com quem conversasse... O Doutor era SEMPRE uma figura.

—Fico feliz que esteja contente com isso, Doutor. Entretanto, não vim aqui apenas agradecê-lo. –ficou sério de repente. –Minha filha está em perigo, mais do que nunca agora... E nós precisamos resgatá-la antes que seja tarde. 

O Doutor ficou inquieto. Durante tanto tempo estivera procurando por pistas... Tentando descobrir onde Luisa poderia estar... E agora, aparentemente o pior acontecera: Ela de fato estava em perigo!

Pretendia perguntar à Poseidon, mas Percy foi mais rápido:

—Pai, onde tá a minha irmã? O senhor sabe?

Poseidon respirou fundo.

—Até pouco tempo, Luisa estava em Hogwarts.

Tanto o Doutor, quanto Percy, franziram as testas.

—Hog o que?

—Hogwarts, é uma escola de Magia e Bruxaria. –explicou. –Bem, nós três sabemos que Luisa tem um lado bruxo, assim como semi-deus. O dom mágico que ela herdou, veio de minha esposa, que estudou em Hogwarts, quando era mais jovem; Teoricamente, era para Luisa ter ido estudar nesta mesma escola, ou então, ter ficado no Acampamento Meio-Sangue junto de Percy, mas como seus poderes não afloravam como esperado, ela continuou a levar uma vida normal, entre a sociedade comum.

—Isso mesmo! –emendou o Doutor. –Em uma conversa que tivemos, Sally Jackson me explicou sobre o passado de Luisa. Depois, Melissa e eu conhecemos um Animago e ele nos contou mais sobre a comunidade bruxa, o que ajudou na compreensão de várias coisas...

—Bom, então você já está bastante familiarizado com o caso. Isso é bom, vai nos poupar tempo –falou Poseidon. –O fato, é que Luisa foi parar nessa Hogwarts quando caiu no Vórtice do Tempo.

Houve um breve intervalo, preenchido por silêncio e assimilação.

—AH! ENTÃO ERA LÁ QUE ELA ESTAVA TODO ESSE TEMPO! –o Doutor exclamou, estapeando a própria testa. Em seqüência, levantou-se do lugar, agitado e ansioso. –O que estamos esperando? Vamos buscá-la agora mesmo! –Percy já começava a se levantar também, quando Poseidon interveio:

—Não se precipitem, rapazes. Eu disse que Luisa estava em Hogwarts. Atualmente, ela não se encontra mais lá.

Os sorrisos do Doutor e de Percy começaram a sumir.

—Como assim... “não se encontra”? –o Doutor não gostou nada daquilo. -Onde ela está agora?

Poseidon juntou as mãos perto do rosto.

—Eu ainda não sei. Meus poderes não ajudam a localizá-la... Aparentemente, ela sumiu do mapa. Não sei o que aconteceu.

Percy voltou a se sentar. Seus olhos estavam cheios d’água.

—Pai... O que tá querendo dizer? –perguntou. A voz tremula, embargada. Poseidon não respondeu. Uma lágrima escorreu dos olhos de Percy. –Pai? Ela ainda está viva, né? Ela está bem... Certo? Pai?

Poseidon ergueu o rosto. Surpreendentemente, ele também estava chorando.

Aquilo deixou Percy e o Doutor extasiados. Ambos sentiram um enorme vazio encher seu peito. Um sentimento meio desesperador tomou conta de si.

—Entendem agora porque tive que dispensar Grover? Sátiros são bastante empáticos. Se ficasse conosco, ele iria descobrir tudo isso no exato momento em que eu começasse a falar. E, entendam que uma notícia dessas não pode ser dada sem uma preparação inicial...

Percy se levantou de repente. Deu as costas ao pai. Poseidon parou de falar. Olhou para o Doutor. Este não tirava os olhos de um ponto fixo. Seu olhar era igualmente triste. Assim como ele, Percy estava arrasado. Não acreditava ter perdido a irmã... Não queria aceitar isso. Não... NÃO IRIA ACEITAR!

—Percy... –Poseidon ficou de pé. –Agora me escute...

—Escutar? –ele se virou. Estava com ar rebelde, indignado. Começou a gritar. –Você quer que eu ESCUTE? Você me mandou pra esse acampamento quando eu era pequeno! Graças a isso, nunca conseguimos ser uma família unida, como as outras! Nunca ficamos REALMENTE juntos! Graças a essa PORCARIA de dom que você me garantiu, eu cresci afastado da mamãe e da Lu! Não vivi tempo suficiente com minha irmã... E agora ela... –ele foi perdendo o ritmo. Sua voz foi falhando. –Poxa... Eu nem... a conhecia direito. –fungou. –Sabe? Eu quase não me lembro dela...

—É... De fato vocês dois eram muito novos quando tiveram que se separar –disse Poseidon, se aproximando. Parou de frente pro filho. –Sinto muito Percy. Eu juro que não quis que fosse assim...

Você não... quis? —Percy o encarou. Mais uma vez parecia irritado com o pai. –Então é assim? Você não quis e fica por isso mesmo? Ela é SUA FILHA! Por que não faz alguma coisa para impedir tudo isso? Por que não tenta salvá-la!?

POR QUE EU NÃO SEI SE ELA AINDA ESTÁ VIVA!!!—gritou Poseidon. O Acampamento todo estremeceu ao som de sua voz irada. Percy se encolheu. Uma lágrima correu pelo rosto do Doutor, em silêncio.

Percy olhou pra baixo. As lagrimas lhe vieram. Poseidon percebeu que não devia ter gritado com o filho, especialmente naquelas circunstancias.

—Ah... Percy... Me desculpe –o abraçou forte. Percy não lutou contra. Depois de todos esses anos sem a presença dos pais, ele realmente precisava de um abraço.

Por entre toda aquela cena, Poseidon se emocionou. Sim, o deus dos mares estava sentido. Não havia como não estar: até onde sabia, ele havia perdido sua única filha; Estava triste e desesperançoso, porém não podia ser injusto a ponto de descontar toda sua raiva em seu filho.

Foi aí que Percy desabou mesmo.

—Pai... –chorou, agarrado a ele. 

—Eu tô aqui Percy. –intensificou o abraço. -Você sabe que eu sempre estive com você. Mesmo que não pudesse me ver... Eu estava sempre acompanhando você, sua irmã, e sua mãe também. –arfou, com o filho nos braços. –Eu sei que nunca fui o pai mais presente e amoroso que você merecia ter... Mas eu juro que me esforcei, Percy, pra estar o mais próximo de nossa família, que eu pude estar. –afastou o menino só por um momento, pra poder olhá-lo nos olhos. –Filho... Escuta o seu velho pai: Você sabe o motivo pelo qual Zeus proibiu todos os deuses de terem contato direto com suas famílias mortais, não sabe?

Percy assentiu.

—Foi você. –respondeu. –Zeus castigou todos os deuses, porque você preferia se dedicar à família do que ao seu trabalho.

—Não pense que me orgulho disso... –Poseidon interveio. –Mas saiba, que eu fiz tudo isso por amor. Eu realmente quis estar com vocês... Quis tanto, que conseqüentemente acabei colocando o futuro de tantos outros semi-deuses em risco.

Percy respirou fundo. Secou os olhos. Poseidon continuou:

—Olha Percy, eu não espero que me perdoe... Por nada disso. Nem por tê-lo deixado no Acampamento, há anos atrás, muitos menos por ter gritado com você ainda há pouco... Eu só espero... Que futuramente eu consiga encontrar uma forma de estar mais presente na sua vida. E que você, talvez considere um dia, a hipótese de não me odiar completamente.

Percy ergueu a cabeça para contemplá-lo.

—Eu não te odeio. –falou, para sua surpresa. Poseidon ergueu os olhos.

—Não... odeia?

—Não –Percy balançou a cabeça. Poseidon se animou:

—Então você entende, filho!

—Eu entendo que você fez um montão de burrada na vida –disse Percy, fazendo seu velho pai rir. –Mas... Também sei que foi tudo por uma boa causa. Então... Acho que não seria justo te culpar por tudo isso ter acontecido.

—Obrigado filho –Poseidon o abraçou novamente. Desta vez, sem lágrimas. O Doutor, que assistia quietinho aquilo tudo, também estava feliz e aliviado pelos dois terem se entendido. Já estava imaginando onde se abrigaria se ambos começassem uma “batalha naval” no acampamento. Contudo, ainda estava triste por causa de Luisa.

Subsequentemente, eles o encararam.

—Ah... Doutor. Desculpe tê-lo feito assistir a tudo isso.

O Doutor fungou, sorrindo de leve.

—Náá... Tudo bem. Eu gosto de finais felizes. Ou quase felizes—disse, ainda de coração partido. Percy e Poseidon também sentiram a falta de Luisa. Devagar, pai e filho voltaram a se sentar à mesa, junto do Doutor. Eles ainda tinham uma conversa para terminar. –E então? Você, digo, o senhor realmente acha que a Luisa... Quero dizer, o que o faz crer que isso seja o fim?

—Bem... O fato de eu não conseguir mais captar sua alma em lugar algum. Ela simplesmente tornou-se indetectável, até para os padrões de um deus, e isso nunca pode significar um bom sinal...

—Ah... entendi. E o senhor...

—Por favor, Doutor, me chame de Poseidon.

—Okay. Certo. E você, Poseidon, acredita que isso simbolize o fim da vida de sua filha.

—Doutor... Será que precisa ser tão franco?

—Ora, se estamos averiguando os fatos, então talvez devamos fazer por inteiro, não acha? Sem medir as palavras. Afinal, foi o que aconteceu, não é? Luisa está perdida. Esteja onde estiver... Ela está perdida.

—Sim, não deixa de ter razão –o deus concordou, esfregando a nuca.

—Mas! Quer saber o que eu não entendo? –o Doutor deu um grito tão inesperado que ambos os dois companheiros estremeceram. –Se a Luisa realmente se foi... Então porque não conseguimos chorar feito condenados?

—Fale por você, Doutor –interveio Poseidon. –Eu já sofri muito pela perda dela... –virou até o rosto ao dizer. O Senhor do Tempo revirou os olhos.

—Ora, Poseidon! Não está me achando insensível, está? Eu era o melhor amigo da sua filha... Ou melhor: continuo sendo. Eu sempre serei. Como acha que eu poderia não sofrer pela perda dela?

—Me diga você. Não estou mais vendo você chorar...

O Doutor passou os dedos abaixo dos olhos. Percebeu que sua pele estava seca. Curioso... Luisa e ele eram tão ligados um ao outro, que ele poderia jurar que desabaria se recebesse a notícia de sua morte. Contudo, lá estava ele agora... agindo como se nada tivesse acontecido. Bem, na certa chorara anteriormente, mas agora estava com os sentimentos normalizados. Por outro lado, poderia muito bem estar agindo assim pela ficha ainda não ter caído por completo. Talvez não estivesse querendo ver a verdade, e por isso houvesse começado a imaginar outras possibilidades de saída. Na certa, ele era um homem muito persistente. Raramente alguém o veria desistir de algo, ainda por cima quando tinha um pressentimento altamente otimista para se agarrar. Mesmo que não tivesse absoluta certeza de que fosse verdadeiro, ou então mera ilusão de seu cérebro, ele pelo menos tinha algo à se agarrar: a esperança. Sempre a esperança de um dia melhor. De uma solução surpreendente. De uma estupenda reviravolta.

Por fim, voltou-se aos seus amigos, mais determinado do que nunca.

—Poseidon –o Doutor inclinou-se para frente, (na direção onde o deus dos mares estava sentado, de frente pra eles). –Se não for pedir demais... Eu gostaria de saber qual foi o último registro que o senhor teve de Luisa, antes dos sinais vitais dela de fato desaparecerem.

Poseidon parou um pouco para pensar.

—Bom... Aconteceu uma luz. Uma espécie de Luz, que a envolveu por completo e depois... nada.

—Hum... Uma luz? Isso poderia ser mais bem especificado, mas não vou forçá-lo a se lembrar. Só queria perguntar mais uma coisa: de onde essa luz veio?

—Bem... Não veio. Pelo que vi, ela simplesmente a envolveu. Não foi como um raio gerado por algum tipo de força... Ela simplesmente a envolveu, e depois a engoliu.

—Hum... –o Doutor esfregava o queixo, refletindo. –Uma luz que surge do nada... Não sei... Mas está me parecendo tecnologia alienígena.

—Sério? –Percy perguntou.

—Sim. Eu sou meio que perito nessa área –disse o Doutor. –Bom, “digamos” que tenha sido um tele-transporte. Um muito evoluído, de mais alto alcance e perfeita exibição ótica –hipotetizou. –Se fosse cuidadosamente programado para causar essa impressão... Para que todos pensassem que ela está morta...

—Bem, nós definitivamente deveríamos apertar a mão do inventor, porque ele conseguiu nos desesperar –disse Percy.

—De fato –concordou o Doutor. –Entretanto... Esse trapaceiro não contava com uma falha em sua programação.

—Uma falha? Que quer dizer?

—Quero dizer que ele não contava que EU estivesse no caminho e começasse a dizer tudo isso a vocês, e com isso, começasse a abrir seus olhos para uma segunda hipótese: a de Luisa continuar viva em algum tipo de lugar, onde as leituras telepáticas e sensoriais não são capazes de penetrar –ele se levantou da mesa. –Querem saber? Eu serei a RUÍNA do cara que nos pregou essa peça!

 O Doutor disse, cheio de fibra. Houve um momento de impacto... Então o silêncio caiu, e Poseidon e Percy se entreolharam.

—Olá meninos –Atena retornava com Melissa e Annabeth. –Tiveram uma boa conversa?

—Sim... Sim. É claro. –Poseidon ficou de pé. Percy fez o mesmo, e o deus pousou o braço em seu ombro.

—Olá gente bonita! –Grover chegou também, trazendo bebidas e biscoitinhos para todos. O Doutor suspirou, esfregando a nuca; de repente todo mundo deu de aparecer ao mesmo tempo. 

Quando dera por si, estavam todos sentados na mesa, conversando e tomando “chá com biscoitos”. Bem, pelo menos Atena pedira chá. Todos conversavam sobre o desaparecimento de Luisa, e a cada segundo o Doutor se sentia mais inquieto.

Tsc—Melissa fez ao seu lado, apoiando a cabeça no punho fechado. Parecia deprimida.

—Você está bem? –o Doutor perguntou num sussurro gentil, só para ela ouvir.

—Não acredito que as coisas tenham chegado a esse ponto... Como pudemos deixar isso acontecer?

—Se refere ao sumiço da Luisa?

—Não, a Independência do Brasil... Claro que estou falando da Luisa!           

O Doutor não se ofendeu com a retrucada rude dela. Ele sabia que, assim como ele, Melissa estava sofrendo muito, pois até aquele atual momento, ela conservara esperanças de que eles logo resgatariam a amiga, onde quer que estivesse.

—Ora, Melissa... Não vai me dizer que está se deixando abater por uma informação incerta? –ele pôs a mão nas costas dela. –Lembre-se que não temos provas. Por enquanto, isso são apenas especulações...

Melissa o fitou. Estava com os olhos cheios d’água.

—Eu... sei –fungou. –Olha, me desculpa por ser grosseira com você... Não foi minha intenção.

—Eu sei –ele sorriu, compreensivo.

—Sinceramente, não sei como você consegue continuar otimista, e me agüentando também...

Ele sorriu ainda mais.

—Bom, otimismo é meu nome do meio. E por acaso alguma vez eu já te abandonei em algum planeta inabitado por ter dado chilique comigo? Não se preocupe com isso...

Ela sorriu um pouquinho. O Doutor inclinou a cabeça de leve, enquanto a contemplava. Não podia deixar de sentir pena. Nunca vira Melissa naquele estado: Tão abatida, e desesperançosa... Sim, ele sabia que ela e Luisa eram melhores amigas, e naturalmente ela ficaria morta de preocupação com tudo o que estava sendo dito. Entretanto, o Senhor do Tempo odiava ver sua “Menina Irritante” se sentindo assim.

Enquanto pensava nessas coisas, Melissa deitou a cabeça em seu ombro e começou a chorar em silêncio. O Senhor do Tempo esticou o braço que estivera repousando nas costas dela e a abraçou. É isso que amigos de verdade fazem nessas horas: dão apoio uns aos outros.

Em meio a uma explosão emotiva, uma mensagem de Íris aconteceu (elas têm esse nome, pois são gerenciadas pela deusa do Arco-íris). Essas mensagens são muito comuns entre deuses e semi-deuses, mas em geral, poderia ser utilizada por qualquer um que possuísse um dracma de ouro, e contasse com um recipiente com água e a projeção de um arco-íris.

Não muito longe de onde eles estavam sentados, estava o mesmo chafariz por onde Poseidon surgira no acampamento. A partir deste, surgiu a imagem de um rosto conhecido: Sally Jackson, a mãe de Percy e Luisa.

Imediatamente, Percy se levantou, mal acreditando em seus olhos.

—Mãe? –correu até ela. -Mãe!

—Percy! –ela sorriu largo. –Estou tão feliz em ver você! –olhou mais adiante e viu Melissa e o Doutor. –Olá meninos!

Eles acenaram, secando as lágrimas.

—Sally –Poseidon se aproximou do chafariz também. Os olhos dela fixaram-se no marido.

—Minha nossa... Faz tanto tempo... –sua voz embargou um pouquinho. Fazia anos que não via sua família reunida. Ou quase; –Desculpe... Eu liguei o mais rápido que pude –seu sorriso se desfez imediatamente. –É verdade, meu amor? A nossa Luisa... Desapareceu?

O deus desviou os olhos.

—É uma pena que as mensagens de Íris não permitam que a pessoa se materialize de corpo inteiro onde deseja. Eu queria muito poder abraçá-la agora, Sally...

A imagem da mulher tremeluzia de leve, pois era composta por água corrente, porém, ainda sim era possível ver seu rosto se contorcer em lamentação.

—Não diga isso... Por favor... Não diga que não há esperança...

—Eu infelizmente não sei dizer, Sally. Isso ainda é um mistério. –disse Poseidon. O braço novamente no ombro do filho. –Você sabe, eu sinto a presença dos nossos filhos desde que eles nasceram. Não importa onde estivessem, eu poderia sentir se estavam bem ou não. Se precisavam de auxilio. Mas... Sem sinais vitais... –Sally balançou a cabeça.

—Não há uma chance de sua intuição estar errada?

Poseidon crispou os lábios.

—Eu gostaria muito que houvesse –admitiu. –Mas... Você é a mãe dela. O que a sua intuição diz?

Sally demorou um pouco para responder. O Doutor percebeu os olhos dela recaírem sob ele por um momento.

—Eu tenho que ter esperança... Haja o que houver... Eu preciso acreditar que ela está bem.

Poseidon assentiu. Lá atrás, o Doutor se levantou, sem chamar atenção. Sentiu uma coisa estranha no bolso. Enfiou a mão dentro e puxou para fora o que havia lá: o papel psíquico.

Ele o abriu e quase instantaneamente, uma de suas sobrancelhas arqueou-se o máximo que conseguiu. Por estar próxima dele, Melissa foi a única que percebeu:

—O que houve? –perguntou.

—Eu recebi um pedido de socorro –ele sussurrou, apenas para ela ouvir, e esticou o papel para que pudesse ler também a mensagem.

Socorro!

Há alguém que possa me ouvir?

Não sei que lugar é esse...

Estou sozinha e com medo...

Por favor, por favor... Venha me ajudar!!!

Ao terminar de ler, Melissa tinha a testa franzida. Voltou a olhar para o amigo, e se espantou ao notar que ele tinha uma expressão determinada no rosto. Rapidamente, o Senhor do Tempo guardou o papel psíquico no bolso. Não disse nada... Mas na real, nem precisava: estava bastante claro que sua cabeça estava fazendo conexões. Isso deixou a garota bastante preocupada.

Sem dizer uma palavra, ele lhe deu as costas e começou a caminhar na direção da longa trilha que levava à entrada do acampamento.

—Espera... Não! O que vai fazer? –sussurrou, fazendo sinal para ele parar. Ele não parou. Por isso, ela se levantou da mesa, e deixou Annabeth, Atena e os outros para trás, conversando com Sally. –Doutor! Espera!

Naquele momento, eles já haviam se afastado bastante dos demais, de modo a não haver perigo de serem ouvidos. Com isso, o Doutor desacelerou, decidindo dar uma satisfação a ela:

—Nem pense em me seguir. Você é uma semi-deusa. Seus poderes estão aflorando e o mundo lá fora é perigoso para você. Seu lugar é aqui no acampamento, com eles.

—Nada disso! –ela correu e entrou na frente dele, abrindo os braços, e impedindo a passagem. –Você tá estranho... Ficou assim logo após ler aquela mensagem –ela o encarou, perplexa. –Por favor, não me diga que está pensando em ir ver o que é...

—É claro que eu estou! –ele cruzou os braços.

—Mas... –Melissa estapeou a própria testa. –Será que você nunca aprende? Não pode correr atrás de qualquer mensagem que recebe... E se for uma armadilha?

—Bom, é um risco a se correr.

Melissa fez uma careta indignada.

—Doutor, pelo amor de Deus! Não vamos nos separar agora... Não justamente no momento em que mais precisamos dar forças uns pros outros...

O Doutor levou a língua ao céu da boca.

—Me refresca aqui a memória: E estão todos precisando de força pelo quê exatamente?

Ela franziu levemente o cenho.

Como pelo quê? Pela Luisa! Ninguém sabe onde ela está –o Doutor assentiu.

—Aham... E se essa mensagem for da Luisa?—arrebatou. Melissa o encarou. -Não pensou nessa possibilidade?

—É claro que pensei! –arfou. –Eu só não... Acho certo você ir sozinho.

Ele sorriu. Pôs uma das mãos nos ombros dela.

—Eu prometi que traria Luisa de volta, e é isso que farei –insistiu. Depois revirou os bolsos: ergueu a chave da TARDIS com uma das mãos, e com a outra, ativou a chave sônica. -Entende? Eu preciso ir investigar... E vou fazer isso sozinho—num piscar de olhos, a TARDIS se materializou ao seu redor. Não adiantava protestar, o Senhor do Tempo estava determinado a ir a fundo nisso. Logo ele a fez decolar, e Melissa ficou sozinha na trilha do acampamento.

—Arrrrr! –praguejou, chutando o ar. -MAIS QUE CARA TEIMOSO! Ele nunca me escuta... Depois reclama que os companheiros não dão ouvidos pra o que ele diz –suspirou, refazendo o caminho para se juntar aos outros.

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Notas finais do capítulo

Ai ai ai... A onde será que essa mensagem levará o Doutor?



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