Castle e Beckett almoçaram na suíte do hotel e seguiram para a Delegacia, entretanto, no caminho, Castle teve a brilhante ideia de passarem no Remy’s a fim de comprar almoço para Javier e Ryan, pois sabia que os dois meninos se empenhavam tanto nas pesquisas que até se esqueciam de comer.

Quando o casal chegou ao Distrito Policial, Castle foi direto à Sala de Descanso acomodar as embalagens do almoço dos meninos, sem nem mesmo saudá-los, enquanto Kate foi logo cobrando dos mesmos acerca dos resultados das pesquisas que ela mandara fazer.

— Ainda estamos esperando o resultado das pesquisas, Beckett, pois, dependemos de outros órgãos. – Ryan justificou meio constrangido, no entanto, como queria mostrar serviço, acrescentou — Mas conseguimos outras provas que dispusemos no Quadro de Evidências.

— Ah, sim! Que ótimo! Bom trabalho, rapazes! Vou lá ver.

Kate seguiu em direção ao tal quadro quando Esposito, mais sapeca, a interrompeu — Vocês demoraram, Detetive Beckett! – o detetive latino a confrontou — Vocês dois foram aonde, eihm? – o moço deu um sorriso indicando que desconfiava de algo entre o Escritor e a Detetive.

Sem demonstrar tensão ou mesmo perder a classe, ela respondeu — Eu e o Castle fomos almoçar...

— Ah, é? Foram almoçar? Eu e o Ryan aqui com fome e vocês dois sozinhos em um almoço... – Javier continuou insinuando que havia algo entre Kate e Rick.

Com a fisionomia ameaçadora, Kate se dirigiu aos meninos de modo quase brusco — Realmente, meninos, eu e o Castle demoramos. Mas o motivo da demora, vocês não sabem, é que eu e o Castle deixamos para pedir o almoço de vocês somente quando terminamos de comer o nosso almoço para que a comida de vocês não esfriasse. Tá bom assim?

Aquela declaração de Kate deixou os meninos sem graça.

Castle ouviu a conversa e se aproximou dos meninos e avisou — Vão lá na Sala de Descanso. Coloquei lá o almoço de vocês. Ainda está quentinho. Bom apetite.

Constrangido pelo seu comentário maldoso com a chefe da sua equipe de detetives, Javier agradeceu — Ah, obrigada, chefinha! – percebendo o olhar atravessado do Castle, Javier também agradeceu a ele — Você também, brother! Valeu!

Ryan ficou muito contente com a notícia do almoço — Valeu mesmo, Castle! Que maravilha, Beckett!

— Vão logo almoçar antes que as respostas das pesquisas cheguem. – Kate sugeriu com um tom de voz mais grave do que seu normal.

Os dois rapazes foram quase correndo para a Sala de Descanso e durante o almoço eles próprios se recriminaram pela forma como falaram com a chefe.

— Que gafe, eihm! – Ryan demonstrou estar arrependido.

— Pois é, amigo... A Beckett se preocupou com a gente e a gente fazendo nosso showzinho mesquinho, né? Que vergonha! – Javier confessou.

Os dois continuaram almoçando, enquanto Beckett e Castle, sozinhos, apreciavam as fotos e os dados expostos no Quadro de Evidências.

— Castle, esta foi por pouco. – Beckett comentou bem baixinho para seu namorado, enquanto fingia arrumar as fotos no quadro.

— Uaauuwww!!! Foi por pouco mesmo. – Castle concordou. — Ainda bem que tive a ideia de passar no Remy’s e comprei o almoço deles.

— Obrigada, amor! – ela sussurrou e deu um amplo sorriso para ele demonstrando sua felicidade por estarem juntos.

— Finalmente eu vejo a Beckett dando um sorriso para o Castle! – a voz do Capitão Montgomery foi ouvida por todos na Delegacia, assustando o casal.

O Capitão saiu de sua sala e chegou perto dos dois.

Ainda que pega de surpresa, Kate conseguiu disfarçar — Ah, Capitão! Não atribua ao Castle este meu sorriso.  – ela torceu a boca e desdenhou do Escritor a fim de disfarçar — Estou contente porque trouxemos almoço para os meninos e eles estão lá se deliciando com a refeição. – ela continuou a encenação e acrescentou — E quanto ao Castle, Capitão, espero que o Prefeito não o mantenha aqui por mais tempo. Um ano... Já chega, né? – A detetive novamente torceu a boca demonstrando impaciência.

— Não vai rolar, Beckett! O Prefeito telefonou para mim esta manhã e me informou que o Castle vai ficar para escrever mais três livros.

— Três livros!? Sério? – Mesmo sabendo anteriormente deste fato pelo próprio namorado, Kate aparentou estar chateada e se dirigiu ao Escritor — Esta notícia acabou de estragar o meu dia. Obrigada, Castle, por agir na surdina. – Kate ironizou de forma bem teatral e convenceu a todos.

Obviamente que o Castle captou a encenação e entrou na brincadeira e respondeu também com ironia — De nada, Detetive Beckett... Ou devo te chamar de “Musa”?

— Você sabe que eu ando armada, não sabe? E o seu joelho é o um ótimo alvo. – A voz de raiva de Beckett era assustadora.

— Calma, Kate! – o capitão tentou acomodar a raiva da sua melhor detetive — Você bem que podia tentar melhorar a relação de vocês. – Montgomery aconselhou.

Demonstrando estar realmente chateada, Kate deu um longo suspiro — Capitão, apesar de eu achar isso muito difícil, aliás, quase impossível, eu vou tentar seguir seu conselho, mas enquanto isso não acontece, vou analisar as provas e as evidências para solucionar este caso o mais rápido possível, assim esse Escritor vai logo para casa dele.

— Muito bem, Beckett! – O Capitão a elogiou.

Continuando a fingir estar muito chateada, Kate olhou para o namorado e o admoestou — Vai ajudar ou vai ficar fazendo gracinhas, Escritor?

— Detetive Beckett! – O Capitão a repreendeu e, sem disfarçar, ela revira os olhos e dá um sorriso bem teatral, visivelmente fingido e isso é captado pelo Montgomery — Melhore este sorriso, Beckett, porque vai ser melhor para o ambiente e, consequentemente, para a solução dos casos. Seu sorriso forçado não vai fazer com que o Castle saia daqui. Ah, garota! Tente! Você consegue.

Kate respirou fundo e soltou de vez o ar— Ok! Tudo bem! Vou fazer o possível e o impossível, Capitão. Tá bom assim?

— Linda! – Castle a elogiou alto em tom de provação.— Aliás, mesmo carrancuda você fica linda, Detetive!

Kate ficou de frente para o namorado e retirou sua arma do coldre, mas o Capitão, mais uma vez, a repreendeu — Detetive Beckett!

— Ah, Capitão! Mas ele me provoca o tempo todo. Ele se comporta como um garoto de nove anos no parque de diversão.

O Capitão acha razoável o comentário de Kate e adverte o Escritor — Ah, Castle! Colabore para sua permanência aqui, ok? Às vezes você abusa! – ele aconselha.

— Às vezes?? Ele abusa sempre, Capitão.

— Castle, repito, colabore para sua permanência aqui, ok?

— Ah, ta... – Castle assente em respeito ao Capitão Montgomery.

— E você, Beckett, sorria, porque o trabalho rende mais.

Kate deu um sorriso bonito e voltou ao Quadro de Evidências.

— Boa menina – O Capitão a cumprimenta ao ver o sorriso da Detetive e logo depois retorna para a sua sala fechando a porta.

Novamente sozinhos diante do Quadro, Castle a cumprimenta com ironia — Parabéns! Não sabia que minha namorada era uma excelente atriz.

— Acho melhor não abusar da sorte, Escritor. – ela respondeu e deu uma discreta piscada de olho para ele.

O telefone celular de Kate tocou. Ela se afasta para atendê-lo e o Castle se aproxima dela quando a ouve concluir a ligação. — ... está certo! É estranho...

Castle chega ao lado dela e pergunta — O que é estranho?

— A Lanie fez os exames e constatou que no corpo da vítima não há sinais de violência ou atividade sexual. Há todas as características de crime sexual, sem envolver sexo.

— Talvez o criminoso seja um psicopata que acredite em abstinência. – Castle opinou.

— É mais provável que tenha problema de desempenho...

Ao ouvir aquele comentário sobre desempenho sexual, Castle olha discretamente para os lados e, constatando estarem realmente sozinhos, fala baixinho somente para sua namorada ouvir — Graças a Deus eu não sofro disto.

Kate também olha para os lados e, com olhar e sorriso maroto, concorda com ele — Uaauuwww!!! Eu que o diga! Graças a Deus! – e sorri discretamente para ele.

Logo depois, usando seu tom de voz normal, ela atualiza o Quadro de Evidências, pondo as informações passadas pela Médica Legista.— Lanie também não conseguiu identificar a vítima, pois suas digitais não estão no sistema. – Kate fala para Castle em tom de lamentação.

Os meninos terminaram o almoço e retornam à pesquisa nos seus respectivos computadores.

Kate e Castle seguem conversando sobre o caso, mas são interrompidos pelos gemidos de Ryan e Esposito que, juntos, estavam à frente do monitor do computador do Ryan assistindo vídeos relacionados à cenas de mulheres usando vestimentas e apetrechos eróticos parecidos com os utilizados na vítima.

Eles assistiam as cenas e faziam comentários...

— Quanta elasticidade! – Ryan comenta.

— Não sei como ela consegue fazer isso! – Esposito completa.

Ao ouvir os gemidos dos meninos seguidos daqueles comentários, Castle vai quase correndo para assistir ao vídeo junto com os meninos, deixando Kate enciumada.

— Como elas conseguem ficar nesta posição? – Castle pergunta e cada um dos três rapazes faz um trejeito divertido no rosto, demonstrando dúvidas e desejo.

— Acho isso impossível! – Javier avalia.

Kate se aproxima dos três rapazes e dá uma rápida olhada na tal cena e, com simplicidade e naturalidade comenta — Eu consigo.

O comentário de Kate deixou os três homens pasmos.

— Bom saber! – Castle pensou alto, chamando atenção dos dois meninos, deixando Kate irritada e preocupada.

— Porque você achou “bom saber” o que a Becket diz que consegue fazer, eihm, Castle? – atrevido, Javier o inquiriu com cara de mau.

— Ah... Ah... Ah... – Castle fez cara de paisagem e olhou para a namorada que estava irritada — Ah, não sei... Falei por falar... Você sabe que eu gosto de provocar a Detetive Beckett... Olha a cara de raiva dela!

— Não liguem para o que o Castle fala. — Beckett se senta ao lado deles e corta a conversa — E aí, descobriram algo importante para o caso?

O assunto se voltou completamente para o caso de homicídio e Ryan confirmou a informação anteriormente dada por Kate, de que em Manhattan só havia seis lojas que vendiam algemas sob encomenda, similares àquelas usadas pela vítima e Kate disse que ela e Castle iriam fazer uma visita a tais lojas, levando a tal algema para ver se encontrariam o fabricante.

Óbvio que o Castle adorou a notícia e antes de sair com a Beckett ele falou para os meninos — Ah! Pesquisa de campo em Sex Shop... Adoro este caso!

Continua...