OverTime - The Overwatch untold escrita por AllBlueSeeker


Capítulo 2
O Natal da Tia Moira




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   -Um pouco mais acima, Olivia. 

   -Tá, peraí que eu vou.

A irlandesa batia o dedo indicador no queixo, inconformada. Enquanto isso, Sombra seguia sua ordem:

   -Não, esse resultado está muito fora do esperado. Droga, eu pensei ter estudado isso da forma devida!

   -Ai, Tia Moira, é Natal. Cê tá se preocupando com ordem de decoração? Só decorar de qualquer jeito e vida que segue. -ela sorriu

   -Na verdade, Olivia, ordem importa sim. Organização atômica é um fator diferencial no que se ref--

    -Não estamos decorando átomos.

    -De toda forma, ponha este ramo com as pombas a 15º leste de onde ele está. Está geograficamente incorreto. 

    -Vale.

Nisso, a porta principal se abriu e fez com que a escada onde Sombra estava caísse. Esta, porém, desapareceu e reapareceu de pé ao lado de Moira:

    -O que está acontecendo no Quartel General da Talon? Exijo explicações. -a voz de Reaper irrompeu das sombras

   -É um experimento sociológico, Gabriel.

   -Eu gostei. Poderria ter feito isso antes. -a francesa esbanjou uma reação que fez a geneticista erguer as sobrancelhas

   -Espero que isso não seja uma distração sobre algum erro que vocês duas cometeram.

 

   -É um experimento. Aqui, vistam seus jalecos.

Moira abriu uma caixa, exibindo suéteres de cores natalinas aos quatro:

   -Jaleco? Isso é um suéter!

   -Vista, Akande. Faz parte do meu experimento. 

   -Ué, cadê o Gabe? 

   -Acho que fugiu depois que a Tia Moirra disse experrimento mais de uma vez. O meu não é longo demais? -questionou Widowmaker

   -O seu é ideal para preservar o meu trabalho, Amélie. Já lhe disse mil vezes para não expor seu corpo ao clima tão diretamente quanto esse seu "traje" -ela fez as aspas no ar - faz. 

   -Merci, Moirra. -ela bufou

   -O meu tem caveirinhas! Amei, tia Moira! É suuuuuper minha cara.

   -Fico feliz que VOCÊ tenha apreciado meu trabalho, Olivia. Terá seu acréscimo contabilizado ao final do experimento.

    -Agora só falta o Gabriel. Sr. Reyes, espero não ter de ir aí buscá-lo como uma criança. 

   -Eu não caio nessa de experimento de novo, Moira. Cansei dos seus joguinhos.

   —Eu dou a minha palavra de que não injetarei nenhuma agulha e nenhum líquido incomum no organismo de nenhum de vocês -a irlandesa fechou os olhos e estendeu a palma da mão

    -Vem Gabe. Olha, o seu tem corvos desenhados. E tem aquele símbolo do seu pij--

Reaper apareceu tomando a peça das mãos da jovem mexicana:

   -Chega, Sombra, cala essa boca. Pronto, satisfeita?

   -Daremos prosseguimento ao projeto, já que você finalmente se juntou. Por favor, por aqui. 

Os quatro seguiram a mulher até uma sala, cuja porta rapidamente se abriu:

   -Muito bem, essa é a primeira simulação. Coordenei uma pequena operação para obter essas coisas e, de acordo com meus estudos, essa etapa é denominada como "compras de natal".

O enorme salão rapidamente formou um grande shopping holográfico. Um painel se abriu e os dedos longos de Moira definiram algumas coisas: Todos eles foram disfarçados como pessoas normais, inclusive Reaper. Bots humanoides encheram o local e suas armas foram tomadas:

   -É exatamente meio-dia. Vocês têm até o pôr-do-Sol visto da abóbada deste ambiente para pegarem e pagarem pelo que lhes for atrativo. Eu vou estar observando e fazendo minhas anotações.

Moira sumiu e a luz do Sol irrompeu o vidro sobre eles. Reyes e Amélie pararam para reverem seus "velhos eus", enquanto Olivia sumiu pela multidão:

   -Yipieeee!!!!

   -Uh, é a Good For Sports! Goeie! 

 Akande também disparou em meio ao público, restando apenas os outros dois. Reyes ouviu Amélie dizer algumas coisas para as próprias mãos em francês e limpar os olhos, seguindo para uma loja fina. Ele ficou só. Só. De novo. Para os olhos de Reaper verem outra vez o rosto de Gabriel Reyes sem qualquer marca era como retornar ao passado antes de querer esquecê-lo. Talvez aquilo fosse tudo uma jogada de Moira para avaliar a condição psicológica dele se submetido a um choque emocional muito forte com o passado. Ou talvez não. Decidiu então ir para uma loja de bebidas, que ficava não muito longe de onde estava. 

De sua sala, Moira observava todos os ambientes. Abriu o holo-comunicador e contactou alguém inesperada até mesmo para ela:

   -Dra. Morrison.

   —Morrison? Eu pensei que você fosse Angela Ziegler. 

   -Ah... É você de novo. O que foi dessa vez?

   —Suas contribuições estão dando um resultado excelente. Eu agradeço. Lacroix conseguiu encontrar suas lembranças antes de ser transformada em Widowmaker. Colomar está extasiada e Ogundimu está tão extasiado quanto. Mas Reyes... Precisarei de algo mais profundo para ele.

   -Está sugerindo simular a Overwatch?

   —Não, estou pedindo sua autorização para simular sua filha e seu marido. A Overwatch e, consequentemente, a Blackwatch, não é algo que o toca tão precisamente. Preciso ser incisiva. Sei que ele se encontra com a jovem Hana. 

   -Certo, certo... Mas só porque é Natal, Moira. 

   —Fascinante. Muito obrigada, doutora Ziegler.

A comunicação foi cortada. Moira reabriu seu painel e inseriu uma série de códigos, alterando fisicamente alguns dos bots inseridos no shopping. Reuniu alguns amigos mexicanos para Olivia e algumas garotas para Akande. Os resultados foram excelentes. Na loja de roupas, uma atendente segurava diversos casacos e era xingada em francês até que: 

   -Pardon. Amélie Lacroix, s'il vous plaît?

Aquela voz foi como uma bala no coração da francesa. Tinha que ser ele, mas não podia ser. Ele estava morto. Ela o matou. Largou os sapatos de qualquer jeito no provador e atropelou a jovem que a auxiliava para ter o vislumbre daquele homem que a tomou como sua um dia, bem ali, diante de seus olhos: Gérard Lacroix, em carne e osso (talvez não):

   -Não... Moira, o que você...

   -É um belo vestido, mademoiselle. Acho que vou dar um desses pra minha esposa. Será que eu teria uma recomendação sua?

   -Gé-Gérard, você está... Você...

   -Oui. —ele sorriu, estendendo seus braços para ela

De sua sala, Moira tomou mais notas:

   -Ah, Amélie... Depois da calebração de Natal, teremos de rever o seu projeto. Sua exposição prolongada acabou corrompendo o propósito real do meu experimento, e eu acabo de por um fim nisso. Prometo que dessa vez será indolor. Por ora, lembre-se de Amélie Lacroix e esqueça Widowmaker. Agora, para a cereja do bolo isolada na loja de bebidas.

O painel surgiu e mais uma vez Moira fez suas edições. 

Na loja de bebidas:

   -Uma tequila. 

   -O senhor deseja consumir aqui mesmo?

   -É o que parece, não?

   —Gente, gente, é a D.Va! Aquela streamer famosa! Olha! 

   -Peraí que eu tô passando, galera. Tô com compromisso marcado. 

Reyes deu a primeira golada no drinque. Do jeito que ele precisava que fosse. Na segunda, o copo foi virado na pia do lado interior do balcão:

   -Tsc tsc tsc tsc, tio Gabe. Você sabe que álcool faz mal. E é Natal, época de ficarmos felizes e ganharmos mais dinheiro nas streams. Vem, vamos dar o fora daqui. -ela estendeu a mão

A única pessoa que, no presente, podia chamá-lo de Gabe por merecimento, ali estava. Com um olhar fixo no sorriso da "sobrinha", Reaper praguejou Moira em todas as línguas que ele podia lembrar naquele momento:

   -Cai fora, projeção. Eu não quero essa merda de Natal.

   -Projeção? Vem cá, querido, tá achando que eu não sou 100% Hana Morrison não? Hmm... Vou provar. No seu aniversário do ano passado, eu fiz um unboxing de um pij--

   -Tá, tá, chega! Cala a boca você também. Não tem como a Moira saber desse detalhe. O que é que você quer?

   -Vim dar um rolê no shopping com o meu tio preferido. Sabe, o de sempre... Jogar video-game, fazer as melhores zueiras e tal. 

Aquilo arrancou um sorriso no cavanhaque dele, e o fez ceder:

   -Tá, Hana. Vamo lá.

   -Ah, eu amei o seu suéter! É tão dark. Vou fazer um pra você que nem eu fiz pro papai. 

   -Não. Não dá pra usar rosa com a Sombra no mesmo ambiente. Esqueça.

   -Ai, qual é! Desde quando a Olivia te faz desistir das coisas?

Ele evitou responder e pontuar todas as vezes que a mexicana o estressou a ponto de fazê-lo desistir de alguma ação. Seguiu ao lado de Hana para a sessão de arcade do shopping. Algum tempo passou, até que Moira refez a programação:

   -Ai merda, eu tô atrasada. Desculpa tio Gabe, mas eu tenho um compromissão com meu namorado hoje... Fica pra próxima?

    -Tsh... -ele deu de ombros - A gente se vê. Sempre nos vemos.

    -Tá bom. Amo você e se cuida. -ela o beijou na bochecha

A sensação de carinho sem a máscara era diferente. Aquilo fez o velho Reyes sentir-se mais Gabriel Reyes do que antes da simulação. Ele acompanhou a jovem irromper a legião de pessoas e sumir na porta. No que ele se virou, outra figura encheu seus olhos:

   -Acho que você me deve uma cerveja.

   -Moira... Eu odeio você. -e sorriu de lado

   -Moira? Tá ficando caduco por acaso? -ele perguntou

   -Eu estava pensando alto. Mas aceito a cerveja, velho amigo. 

   -Nada de Overwatch, nada de crise ômnica... Só dois amigos bebendo como se fosse uma sexta-feira depois do trabalho, certo Gabe?

    -É Jack... É. 

Os dois seguiram para o nível superior, onde estavam os restaurantes. Da sala, a geneticista se deliciava com o resultado dos testes:

    -Os níveis de endorfina e serotonina dispararam em Reyes. Brilhante, Professra doutora mestra O' Deorain! A senhora é mesmo uma mente icônica. Vamos observar um a um agora. Olivia está no cinema com o grupo de amigos, interação social itinerante entre eles. Já Akande está na pista de dança com as garotas. É interessante a forma como ele tenta se exibir para elas. Uma anotação que eu não devo deixar de fazer. -ela parou, apenas assistindo - Ah, Amélie... Você realmente é outra pessoa. Este homem faz você ser a mulher que vive aprisionada dentro da assassina fria criada pelas mãos da Talon. Os franceses possuem costumes intrigantes quanto a seleção de pratos. Hmm... Excelente. E agora, mas não menos importante, ao "sombrio" Gabriel Reyes. Parece que Jack Morrison é a única coisa capaz de fazê-lo se abrir por completo, de modo a aceitar o que lhe é oferecido. Mas Hana não foi uma falha total... Talvez ela não seja tão impactante quanto o pai. Hmmm... Até que "Natal" é uma época próspera para experimentos. Fiz bem em contactar a doutora Ziegler e abusar de seu vasto conhecimento para elaborar meu esquema. Vou deixá-los aqui e preparar a segunda parte o mais rápido possível. 

As horas passaram e o pôr-do-Sol atingiu sua posição. Havia chegado a despedida. Doomfist e suas garotas já estavam no ponto de encontro. Logo depois apareceu  Sombra e sus muchachos com os milhares de presentes para ela. Em seguida, o casal Lacroix com algumas sacolas e sorrisos sinceros:

    -Ui, Amélie... Quem é o gato?

   -O meu Gérard. A tia Moirra jogou sujo, mas não dirrei uma palavrra de reclamação quando isso terminarr. Estou suficientemente feliz. 

   -Você está sentindo? -puxou Doomfist

   -Estou. E sei que terrei de passarr pelo experrimento de novo. Mas com esse prreço... eu não ligo. 

   -Cadê o Gabe?

Um apoiando o outro, dois bêbados e risonhos vinham na direção deles. Ainda com as canecas do restaurante nas mãos, rindo de alguma coisa dita antes:

   -Opa, é a Overwatch. Que merda é...

   -Abaixa essa mão aí, caralho. O Jack é meu irmão, porra. -Reaper balançou a cabeça 

   -É, issaí mesmo!

   -O quanto vocês beberram?

   -O suficiente pro Conselho de Comandantes da Overwatch-Blackwatch se satisfazer. Cadê a ruiva lá?

Moira apareceu, surpresa:

   -Gabriel, você realmente esqueceu de seus problemas. Estou surpresa e satisfeita com esse resultado. Todos vocês, aliás, me surpreenderam. 

   -Então, esse era o seu experimento? -perguntou Sombra

   -Eu pesquisei bastante sobre como era de fato um "natal" e até mesmo usei recursos para atingir meu objetivo. Vocês responderam fora do que eu esperava, porque ultrapassou o meu planejamento. Se quiserem, posse permitir que continuem conectados a essa aparência até o fim da celebração. 

Reyes e Amélie deram um passo à frente:

   -Levarei isso como um sim de vocês dois, e um não dos outros. Muito bem, monsieur Lacroix e... Comandante. Por favor, sigam conosco. -Moira bateu palmas, fazendo o resto todo sumir - Armazenem seus pertences e sigam para o final deste corredor estarei aguardando na frente da porta de abertura dupla. 

A irlandesa aguardou por vinte minutos até Sombra e Doomfist retornarem com seus suéteres. Logo depois, Reyes e Morrison com seus trajes de batalha:

   -Mas que...

   -Shhh. Não estrague o Natal dos outros, Olivia. -advertiu o africano

Momentos depois, o casal Lacroix surgiu bem vestido, porém levemente mais casual do que anteriormente:

   -Muito bem, todos, por favor.

As portas se abriram. Uma enorme mesa de banquete estava posta e era variada por toda sua extensão. Contava com oito lugares, e todos se sentaram próximos para comer. Jack e Gabe competiam para ver quem comia mais rápido, enquanto Akande destruía um leitão assado. Sombra conversava no holo-pad, o casal Lacroix aproveitava um vinho tinto conhecido por eles e Moira observava tudo. 

No badalar da meia noite, Moira pediu um minuto:

   -Reyes, Amélie, está na hora de acabar.

Primeiramente, Gabe encarou o amigo de longa data com um sorriso e os dois trocaram um toque de punho único: 

   -Valeu pelo momento, parceiro. 

   -Sempre que precisar, segundo em comando -Jack piscou

O Comandante da Overwatch desmaterializou-se e Gabriel Reyes voltou a ser o Reaper. Depois, foi a vez de Amélie:

   -Eu... Não sei o que lhe dizerr, mon amour. 

   -Não prrecisa. Sabe que sei lerr seus pensamentos apenas olhando em seus olhos. 

   -Oh, Gérard... Porr que tem que acabarr assim?

   -Je t'aime, Amélie. —ele a beijou e desmaterializou

Ela voltou a ser Widowmaker, congelada na posição de um beijo. Ao abrir os olhos e ver que tudo aquilo acabou, ela recobrou a postura morta. Sombra foi a primeira a se levantar:

   -Gracías. Foi um Natal incrível, Tia Moira! -e seguiu para seu dormitório

Em seguida, saiu Doomfist:

   -Dankie, Moira. 

Logo depois saiu Widowmaker:

   -Merci, Moira. Mas amanhã... Eu prrefirro não me lembrrarr disso.

   -Tudo bem, farei com que isso aconteça.

E por fim, Reaper, que a encarou:

   -Moira...

   -Sim, Reyes?

   -Feliz Natal. E... obrigado. Cuide da Amélie e dos outros. Eu me cuido sozinho. 

   -Gostaria que eu reservasse aquela sala de vez em quando?

   -Não sou do tipo que se prende ao passado.

   -Pode me dizer então porquê tem tanto apreço pelo Comandante Morrison?

   -Não existe nada entre mim e aquele miserável. Só desprezo depois que ele me deixou pra morrer. 

   -Certo, Gabriel... Me encontre amanhã junto com os outros. Será um novo dia.

E saiu. Finalmente ela poderia comer o que reservara para si. Mas, de repente, uma... não, quatro pessoas retornaram e a abraçaram:

   -Feliz Natal, tia Moira!

Assim que se sentou, encarou sua taça de água por um tempo:

   -Mas vejam só... a Professora doutra mestra O' deorain... chorando por mero afeto. Tsc. Isso não estava nos meus cálculos. -disse, limpando os olhos com um guardanapo

 


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