A Chantagem escrita por Kaline Bogard


Capítulo 8
Parte 08


Notas iniciais do capítulo

Capítulo agendado! :D

Boa leitura.



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Kiba chegou na casa de Aburame pontualmente no horário combinado. Dizer que estava uma pilha de nervos era recorrer ao mais simplório eufemismo para explicar como ele se sentia.

Foi recebido pelo rapaz, com aquele traje estranho preferido, que cobria metade do rosto pálido. E o inseparável par de óculos escuro.

— Entre — assim que foi obedecido apontou o sofá — Sente-se e espere. Ainda estou trabalhando.

O garoto foi acomodar-se e assistiu enquanto Aburame desaparecia pela escada.  Só então relaxou, espirando todo o ar que mantivera preso nos pulmões.   O corpo estava tão tenso que o sentia todo dolorido.

Puxou o capuz da blusa cinza, rodeado por pele falsa marrom, era um dos mais quentinhos que possuía, o adorava e... e... espantou os pensamentos desconexos, culpa do nervosismo.

Nem podia acreditar em quão fácil foi conseguir permissão da mãe para passar a noite fora de casa! Aparentemente, Tsume não estranhou que seu garoto por fim quisesse fazer o que garotos na idade de Kiba costumavam fazer: sair com os amigos, quebrar um pouco as regras, esse tipo de coisa adolescente. O menino era tão caseiro, passando o tempo vago com Akamaru ou jogando vídeo-game por aí; que ela consentiu deixa-lo dormir fora do ninho.

E ali estava Kiba, abraçado à mochila, cheio de pensamentos complicados, enquanto esperava um maníaco chantagista terminar o “trabalho” para que passassem a noite juntos.

Kiba engasgou com ar.

Sem pensamentos bizarros. Sem pensamentos bizarros”.

Tentou controlar a mente traidora. Afinal, Aburame usou seu talento hacker para invadir o sistema da escola e descobrir tudo sobre a vida acadêmica de Kiba, inclusive suas notas baixas, e o estava obrigando a estudar muito em troca de manter o vídeo em sigilo.  Isso, apesar de vir de chantagem, de certo modo, era favorável para Kiba... não...?

Então existia possibilidade de passarem a noite jogando videogame, talvez? Ou estaria sendo muito ingênuo?

Apreensivo, apenas aguardou pelo que pareceu ser uma eternidade (mas beirou os trinta minutos), até que Aburame desceu a escada, pelo visto após terminar o que estivera fazendo lá em cima.

— Deixe a mochila aí. Vamos sair.

— Pra onde? — Kiba perguntou desconfiado, mas não obteve resposta. Não restou opção a não ser seguir o outro, que aguardava perto da porta, pronto para trancá-la.

Depois disso, Aburame seguiu para um carro popular estacionado na calçada. Kiba tinha chegado tão nervoso que nem notou o veículo. E devia se surpreender? Um cara que tinha quinhentos mil dólares em casa podia muito bem bancar um carro.

— Coloque o cinto — a voz indiferente comandou assim que Aburame bateu a porta e deu a partida no carro.

— Aonde vamos...? — Kiba, sentado no lado do carona, insistiu em perguntar, mesmo sem esperança de ser respondido.

— Sair pra beber.

O queixo do garoto caiu.

— Não posso beber. Ainda sou menor de idade!

— Claro — Aburame respondeu manobrando em uma curva — Até porque você respeita muito a lei.

A acusação seca deixou Kiba sem argumentos.  Ele conformou em se calar e virar o rosto na direção da janela, para observar a paisagem, distraído; enquanto tentava ignorar as gotinhas de suor frio que juntaram em sua fronte. Que enrascada! Já tinha lido um mangá certa vez... e a pobre protagonista era enganada com uma bebida cheia de drogas e depois... depois... bem... a história era hentai...

Balançou a cabeça, irritado com a própria imaginação.

Aburame aproveitou a distração do carona para observá-lo discreto. Parecia incrível, coisa de filme. Mas aquele menino estava totalmente na sua mão.

—--

O lugar escolhido ficava em um bairro agitado de Konoha, que reunia a maior parte da vida noturna local.  Kiba nunca tinha ido para aqueles lados, muito menos depois das seis da tarde.  Não ia negar: a visão dos barzinhos e pubs iluminados chamaram-lhe a atenção. Havia uma quantidade surpreendente de pessoas indo de um lado para o outro, a grande maioria era de adultos, embora Kiba reconheceu um ou outro da sua idade, por causa do uniforme colegial.

Parecia outro universo!

Assim que estacionaram em uma vaga e saíram do carro, Aburame tomou a direção de uma pequena escadaria, que descia do lado externo levando ao porão de uma construção.  Kiba hesitou dois segundos antes de segui-lo.

Entraram em uma espécie de pub estilo estrangeiro, mais cumprido do que largo. De um lado, um longo balcão de madeira dominava o ambiente, exibindo atrás amplas prateleiras repletas de garrafas de bebidas; e na frente, uma fileira de confortáveis bancos altos, onde alguns clientes já degustavam suas primeiras bebidas da noite.

Havia um espaço para circular e, por fim, algumas mesas onde grupos podiam ter uma reunião mais reservada ao som da tranquila música ambiente que soava.

Aburame seguiu para o balcão e sentou na última cadeira, indicando que Kiba deveria sentar-se logo ao lado dele.

Em poucos segundos um homem usando uniforme preto e vermelho se aproximou para atendê-los.  Tinha cabelos claros e uma peculiar máscara escondia grande parte do rosto.  O único olho visível caiu sobre o adolescente e estreitou-se um pouco.

— Você não deveria estar em casa estudando?

Kiba, que estava meio encantado observando tudo ao redor (afinal era um pub de verdade, com pessoas de verdade, bebendo bebidas alcoólicas de verdade), virou-se para o funcionário e surpreendeu-se com a aparência exótica a ponto de esquecer de responder.

— Um Strawberry Colada Frozen duplo pra ele. E um Fresh Lime Ice simples pra mim — Aburame cortou o assunto ao fazer tal pedido.

A palavra “duplo” arrepiou Kiba. Ficou óbvio que o que quer que fosse aquela bebida viria com duas vezes mais de tudo. Inclusive do álcool.

— Entendido — o funcionário não disse mais nada, indo para o fundo preparar os coquetéis.

Kiba suspirou conformado.  Já tinha bebido sake escondido na casa de Chouji umas duas vezes, junto com Naruto. Mas ali acontecia algo completamente diferente de tudo o que fez na vida.  Estaria mesmo concertando as coisas ou apenas dando corda pra se enformar mais? Se a sua mãe descobrisse a sequência de absurdos que estava cometendo...

Aburame observava o garoto com atenção, um tanto discreto. Podia lê-lo com tanta clareza, que até se surpreendia. Notou logo que estar ali causava no garoto um certo nível de interesse e curiosidade, podia perceber alguma relutância e precaução. Mas... medo real, aquele pavor que paralisa... disso não via nem sinal.

— Aqui — o bartender colocou dois drinks elaborados no balcão, um a frente de cada um dos dois rapazes.

O de Kiba vinha em uma grande taça boleada, com aparência densa rosada e enfeitado com suculentos morangos. O de Aburame era um líquido claro, quase transparente, cheio de gelo flutuando e decorado com uma rodela de limão. Como não vinha com canudinho, Kiba se perguntou como o outro ia beber com a gola esquisita...

E aquele foi o momento em que mais hesitou na noite toda. Sentiu-se meio tonto só de pensar em provar daquilo.

— Beba — Aburame ordenou sem piedade. Ganhou um olhar estranho do funcionário, que assistia em silêncio.

Kiba pegou a taça e sugou um gole pelo canudinho. O gosto vibrante do morango veio forte e desceu pela garganta fazendo cócegas.  Era uma delícia.

— Gostoso... — acabou deixando escapar sem querer, depois de meiar a taça.

Aburame acenou com a cabeça, satisfeito em ser obedecido.

—--

— Quantos anos tem essa encrenquinha...?

Shino olhou para Kakashi que, mais do que bartender, era o proprietário daquele pub. Ambos observaram Kiba meio cochilando sentado depois de três doses duplas da bebida. O pub estava longe de se esvaziar, apesar da noite avançada. Com uma dose do drinque, o garoto soltou-se o bastante para tagarelar em um monólogo animado, do qual Aburame mal participava. A segunda dose o obrigou a começar a ir ao banheiro, esvaziar a bexiga.  A terceira e última dose levou a empolgação embora e trouxe o sono.

— Dezessete — o rapaz respondeu pensativo

— Ee? — Kakashi coçou a nuca. Não queria confusão com menores de idade por ali.

— Não se preocupe, essa noite foi apenas um teste. Essa “encrenca” é meu novo projeto — Shino respondeu. Pelo visto, os limites daquele garoto eram maiores do que calculou a princípio. Pegou o celular e tirou uma foto, de modo que fosse perceptível o lugar em que estavam e a bebida a frente dele — Vou passar para o próximo estágio...


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Notas finais do capítulo

Estou em viagem, talvez demore um pouco pra responder os reviews, mas assim que voltar pra casa eu respondo :D



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