A Chantagem escrita por Kaline Bogard


Capítulo 9
Parte 09


Notas iniciais do capítulo

O Shinão está deixando vocês confusos? Não se preocupem... o Kiba se sente do mesmo jeito. É o objetivo do jogo...

Hohohohohohohohohohohoho

No capítulo de hoje tem tiro. Abaixa, gente. Não quero nenhum leitor precioso morto. Mas... ferido? Why not?

:D



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A cama era surpreendentemente macia. Tanto, que ao recuperar a consciência, Kiba despertou de uma vez. E não aos pouquinhos como costumava fazer.

Abriu os olhos e os fixou no teto desconhecido.

Eita.

Então as lembranças da noite anterior vieram todas de uma vez. Ele tinha ido a casa de Aburame Shino e de lá para um pub beber. Sua memória só alcançava a terceira dose de bebida. Depois, branco total.

Sentou-se na cama deixando o edredom macio escorregar.  Apalpou o próprio corpo em partes aleatórias, conferindo se tudo estava onde deveria estar. Vai que alguém lhe roubou um rim...?

Pelo jeito não era o caso, não encontrou nada suspeito. Até as roupas, com exceção do casaco, eram as mesmas que trajava no dia anterior.

Com um suspiro olhou em volta. Não teve problema em reconhecer o quarto de hóspedes da casa de Aburame Shino, aquele que espiou no dia da invasão.  Descobriu a mochila perto da porta, junto com o casaco cinza de gola de pelo.

Ficou alguns segundos sem saber o que fazer. Tempo suficiente para respirar fundo algumas vezes, recolhendo fragmentos inexistentes de coragem no ar. Saiu da cama, pegou a mochila e o casaco. Notou o celular num dos bolsos externos, com a bateria descarregada.

Testou a porta. Estava aberta.

— Ohayooou — falou baixinho espiando o corredor vazio.

Olhou para dentro do quarto, calculando se era melhor pular a janela e... balançou a cabeça. Péssima opção.

Caminhou pelo corredor, passando em frente ao quarto principal cuja porta estava fechada e desceu as escadas. A casa estava tão silenciosa que das duas, uma: ou Aburame ainda dormia ou ele saira de casa.

Fosse qual fosse a situação, Kiba não perdeu mais tempo. Lançou uma olhadinha curiosa para o formigueiro (queria poder espiar de perto!!), percebendo as horas no relógio digital. Eram oito e meia.  Caminhou devagar, com passos leves para testar a porta da sala. Foi um alivio descobrir que estava aberta!

Hesitou por dois segundos.

E se Aburame ficasse irritado por ter fugido?

Bem, ele não deu nenhuma ordem em sentido contrário, não? A requisição dizia: passar a noite. E ele passou a noite todinha. De um jeito ou de outro, bem literalmente falando.

Resolveu ir embora e arriscar-se. Calçou o tênis e partiu.

—--

Os horários dos ônibus eram terríveis no domingo. Por isso chegou em casa quando passava das dez horas da manhã. Foi recebido por Akamaru e uma festinha a base de latidos e ganidos animados. Pelo que podia se lembrar era a primeira vez que dormia fora de casa desde que o mascote viera morar com eles.

— Tadaima! — exclamou feliz com o aroma do almoço sendo feito, junto com a sensação incrível de voltar pra casa, um lugar seguro e familiar.

— ‘Kaeri — Tsume respondeu surgindo pela porta — E aí moleque, aprontou muito?

— Não! Claro que não! — a resposta veio um tantinho rápido demais, e com uma convicção que fez Tsume erguer as sobrancelhas — Juro que não aprontei nada! — não era uma mentira total, no fim das contas.

— Comecei a preparar o almoço. Vai demorar um pouco.

Kiba balançou a cabeça, concordando. Não tomou café da manhã, por isso sentia um pouco de fome. Mas conhecia a mãe bem o bastante para não ir se encher com besteiras antes da refeição.  O melhor era esperar.

Foi para o quarto desfazer a mochila. Tinha levado apenas um pijama, porque não sabia nem o que esperar.  Colocou o celular para recarregar e foi trocar de roupa.

Ainda se sentia meio aéreo, imerso numa nuvem de irrealidade que não queria abandoná-lo.  A primeira noite fora de casa, regada a álcool e uma incursão a um pub! WOW! Que incrível. Bem, não devia achar tão incrível assim, porque quem proporcionava essas experiências era um chantagista virtual, e as ações dele eram inesperadas e surpreendentes.

Kiba tinha que admitir que estava lidando com tudo muito melhor do que esperava. Talvez aquele cara não forçasse muito a barra, porque entregar a invasão e o suposto roubo era correr o risco de que a história de Hinata viesse a tona. Kiba tinha mais a perder, claro. Embora sempre houvesse o risco de que alguém acreditasse e investigasse.

Desde que Aburame exigiu notas melhores no colégio foi impossível manter a guarda alta e os dois pés atrás. Seu jeito selvagem e impulsivo lhe valia uma intuição afiada. E em momento algum sentiu medo de verdade, não aquele medo primordial de quem está com a vida em risco.

Foi um pouco emocionante, não podia negar. Sair a noite, quebrar as regras, beber... não devia pensar assim, mas era mais forte do que ele. O sentimento era confuso, pois sabia que devia repudiar o contato em absoluto, sem dar espaço para nada mais.

No entanto, saber era uma coisa. Agir, outra totalmente diferente.

Jogou-se na cama e suspirou, sem ânimo para nada além de esperar o almoço. E, num paralelo um tanto irônico, esperar a próxima jogada naquele distorcido “o rei mandou”.

—--

Kiba só foi ter notícias do outro na quarta-feira. Não sabia que proposital para deixa-lo ansioso ou não, mas logo pensou que a primeira opção era mais próxima da realidade.

Preencheu os dias estudando pra valer, atitude que fazia a cabeça esquentar e doer, mas que lhe rendia alguns elogios dos professores pela mudança de atitude. Ser elogiado o estufava de orgulho. E, se fosse bem sincero consigo mesmo, admitiria que apesar dos pesares estudar não era lá tão ruim assim.

Apesar da dedicação, havia certa inquietação nos gestos dele, já normalmente agitado, talvez por isso não chamou a atenção dos colegas. Embora estivesse sem sossego por outros motivos: sua primeira ida a um pub e a primeira vez que bebeu até cair e não podia falar pra ninguém! Nem pra Naruto, nem pra Chouji ou Shikamaru. Muito menos pra Hinata.

E nesse clima de tudo dando certo e emoções proibidas, com a quarta-feira chegando ao fim, Kiba recebeu uma mensagem no Line, poucas e inconfundíveis palavras. Sábado, 18h.

Mais uma vez sairiam para beber à noite, quem sabe?

O pensamento veio sem receio algum, o garoto já abandonara a postura defensiva por completo. Por isso, a bem da verdade, o que Aburame planejou atingiu como um golpe do qual só pode recolher os cacos.

—--

— Tem certeza que não tá aprontando nada, moleque? — Tsume perguntou quando viu o filho pronto para sair e passar o segundo final de semana fora de casa. Observou o garoto atentamente, com os olhos estreitados de leve, desconfiada.

— Não estou aprontando nada — Kiba respondeu com toda a segurança que sentia. E que não era pouca, pois se sentia muito senhor da situação.

Tsume não pareceu lá muito convencida, porém permitiu que ele fosse para a casa do tal amigo, com o casaco cinza favorito e a mochila nos ombros. Assistiu por alguns segundos, até que o filho sumisse na distância. O pirralho tinha apenas dezessete anos e achava que a enganava. Quanta ingenuidade.

Alheio às conclusões da mãe, Kiba pegou um ônibus cujo percurso o deixou próximo ao shopping. De lá seguiu a conhecida rota até a casa de Aburame. Não havia vizinha xereta nem estudante ou qualquer outra testemunha quando tocou a campainha, mas já não sentia receio algum de ser atacado e ter que lutar pela vida.

O dono da casa atendeu rápido. Para espanto de Kiba, não usava aquele estilo de blusa com gola alta, e sim uma camiseta comum, exibindo o rosto de traços marcantes e tez pálida, um conjunto mais bonito do que Kiba esperava. Apenas o par de óculos escuros impedia a visão completa de suas feições.

Abriu a porta e deixou recém-chegado entrar, assim que ele tirou os tênis no genkan. Em silêncio, foram direto para a cozinha, onde Aburame fez um gesto indicando que Kiba deveria se sentar.  Enquanto obedecia, o garoto notou uma sacola com o logotipo de uma loja de roupas que conhecia apenas de nome.

— Preste atenção, não gosto de repetir as coisas — Aburame falou direto, usando um tom seco. Assim que Kiba olhou de volta, continuou: — Aquele pub não é um lugar comum. Ele serve para a apresentação de... mercadorias. Levei você lá porque é a única forma de recuperar meu dinheiro.

Kiba aguardou o resto da explicação. Quando o silêncio predominou longo demais, resolveu se pronunciar.

— Não entendi.

Aburame suspirou.

— Você tem um cliente — pescou um cartãozinho do bolso da calça e o empurrou pelo tampo da mesa junto com a sacola de grife — E vai passar a noite com ele neste hotel, usando essas roupas. Faça tudo o que ele mandar, seu dever é agradá-lo.


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Notas finais do capítulo

Hohoho?

Posto na semana que vem? Ou dou um hiatinhus pra deixar vocês angustiados?

Hiatinhus cheio de amor...



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