A Chantagem escrita por Kaline Bogard


Capítulo 5
Parte 05


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado especialmente à Evil Kitsune.

PARABÉNS PELO SEU ANIVERSÁRIO!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/748122/chapter/5

Parte 05

 Kiba ficou tão consternado, que o garoto sentado ao lado perguntou se ele estava passando mal e precisava de ajuda.

Incapaz de responder, apenas juntou a mochila e correu pra fora dali. Só parou ao encontrar um banheiro que por sorte estava vazio.

Desbloqueou o celular de novo, lendo a mensagem pela segunda, terceira, quarta vez... sem sombra de dúvidas.  Era uma imagem do sábado, quando invadiu a casa do tal Aburame Shino!

Mas não se lembrava de ter visto nenhuma câmera por lá!

Okay, não era como se tivesse procurado alguma câmera ou filmadora. Estava nervoso demais para ter tal precaução. E que diabo de pessoa teria uma câmera para gravar o próprio quarto?!! Talvez o tipo de depravado que registra coisas indevidas.  O mesmíssimo tipo que agora queria que fosse sozinho encontrá-lo na casa que invadira.

— Calma, só pensa, Kiba! — ele disse pra si próprio. Enfiou o celular no bolso e reclinou-se na pia para jogar um pouco de água no rosto. Só então notou como as mãos tremiam.

Apoiou-se na bancada e respirou fundo duas vezes.

Não devia ir ao encontro daquele homem sozinho. Mas... pra quem podia pedir ajuda? Seria adequado envolver alguém na confusão? Com certeza não chamaria Hinata, principalmente agora que a menina estava livre da chantagem.

Naruto? Péssima ideia. Seu amigo era do tipo impulsivo. Não precisava de dois garotos assim enfrentando um depravado virtual.

Talvez falar pra um adulto?

Claro. E começar o pedido de ajuda explicando como invadira a casa de um desconhecido para mexer nas coisas dele. Podia se justificar? Com certeza cometeu um crime! Pra ajudar uma amiga, mas ainda assim era um crime.

Pegou o celular e viu que faltavam dez minutos para as quatro.  Teria que pegar um ônibus para chegar ao shopping e de lá caminhar até a casa de Aburame. Precisava sair da escola naquele momento, ou não chegaria a tempo para o encontro.

Iria sozinho? E se fosse assassinado?

Bem, era praticante de artes marciais e podia se defender.

Ele não iria sozinho.

Iria...?

E que opção tinha?!!

Sentindo-se complemente acuado saiu do banheiro, foi para a área do genkan coletivo trocar os sapatos e partiu. Esperou pouco tempo no ponto em frente a escola, logo um ônibus chegou. Por sorte o shopping era um destino bem requisitado, por isso várias rotas faziam o itinerário.

Sentado no fundo do ônibus, arriscou pensar nas possibilidades do que enfrentaria. Tanta coisa podia acontecer, que não conseguia fazer a mente fixar-se em uma única opção.  Embora não negasse que a sombra de uma tentativa de assassinato era o que mais o assustava.

Tentou rir de si mesmo e se convencer de que morte era extremista demais. Tipo roteiro de filme. Ali era vida real e muito diferente.

E se passasse no shopping antes e comprasse uma faca?!

Não tinha dinheiro sobrando. No máximo para pagar a viagem de volta para casa.

De qualquer modo descartou a ideia de andar com lâminas afiadas por aí.

Estava tão preocupado que passou direto o ponto no qual deveria descer. Só se deu conta uns dois quarteirões a frente. Teria que voltar a pé, mas havia tempo de sobra. Passava pouco das cinco horas.

Caminhava com passos lentos, sem ânimo, quando sentiu o celular vibrar no bolso. Quase saltou de susto! O sangue gelou nas veias e ele parou no lugar. Talvez o encontro tivesse sido cancelado? Talvez o depravado virtual exigisse alguma coisa a mais...? Talvez...

Irritado consigo mesmo pegou o aparelho e desbloqueou a tela.

Era Naruto. Ele queria marcar de jogar videogame na casa de Chouji.

— Que porra, Naruto idiota! Quase me matou do coração. Tomar no cu — resmungou para o aparelho, sem se dar conta de que alguns transeuntes se afastavam um pouco, incomodados com o linguajar vulgar e agressivo.

Nem se deu ao trabalho de responder. Além de tudo não tinha créditos mesmo.

Chegou no shopping e entrou.  Foi direto ao banheiro para lavar o rosto e as mãos suadas. Usou o tempo que restava para circular nas alas das lojas e reunir coragem. Quando faltavam vinte minutos para as seis, se pôs na rota da forca.

Reinava a sensação de que devia ter feito sua última refeição. Mas como não tinha mais dinheiro para isso, se conformou.

Facilmente recordou o percurso até a casa de Aburame Shino.

Pontualmente às dezoito horas tocou o interfone da casa de dois andares, cuja janela aberta tinha escalado sábado passado, numa investida digna de filmes. Aventura da qual colhia os frutos naquele exato segundo.

Para sua surpresa o receio desapareceu como mágica. Não sentia as mãos tremendo nem suando, nem o coração apertado de medo. Pelo contrário, agora que estava prestes a encarar o maníaco virtual, raiva eclodia em pontinhos controláveis, tornando-o irrequieto.

A porta se abriu e Aburame Shino encarou Kiba.

O garoto quase recuou um passo. Se esquecera como a figura daquele homem era sinistra e esquisita. O par de óculos escuro cobria os olhos e trazia a sensação de inquietação; porque, apesar disso, dava pra sentir o impacto do olhar penetrante.  E a gola alta do casaco escondia metade da face e qualquer possibilidade de sondar-lhe a expressão. Embora Kiba concluísse sem dificuldade que não veria sequer a sombra de um sorriso ali.

Se encararam em pesado silêncio por alguns segundos, até o morador afastar-se um passo para o lado, deixando claro que Kiba deveria entrar.

O convite trouxe parte do medo de volta. Assim como a intuição de que se aceitasse adentrar a residência estaria indo por um caminho sem volta, sabe-se lá para que tipo de situação.

— Hesitou tanto para invadir minha casa no sábado?

A pergunta irônica fez Kiba trincar os dentes.

— Claro que não! — respondeu irritado, todo receio esquecido por hora — A casa estava... vazia...

Parte do ímpeto diminuiu quando ele viu as sobrancelhas de Aburame se erguerem por trás dos óculos, em um gesto que não soube interpretar. Resolveu calar a boca, sem querer dar mais cartas para as mãos daquele homem.

— Entre — a ordem veio clara.

Kiba segurou as alças da mochila com força.  O coração bateu rápido no peito e boca secou tanto que não conseguiu engolir saliva.  Os olhos foram rápido de um lado ao outro da rua. Numa das casas vizinhas, uma mulher batia o pó de um carpete, sem disfarçar algumas espiadas que enviava na direção dos dois.  Pela calçada, uma garota com uniforme ginasial vinha caminhando distraída com fones nos ouvidos, mal olhou para os dois enquanto avançava.

Bem, pelo menos duas testemunhas veriam que entrou na casa de Aburame Shino. Se, por algum motivo, acabasse desaparecendo, haveria pistas para orientar a polícia e dar esperanças à família de descobrir a verdade sobre...

Kiba se chutou mentalmente. Não era hora para ter aquele tipo de fantasia!

Respirou fundo para acalmar um pouco o coração. E em seguida obedeceu. Tirou os tênis no genkan e avançou apenas de meia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Para quem acompanha "A Lei do Amor", devo postar no período da tarde. Tenho uma reunião no período da manhã.

No mais: Feliz Natal!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Chantagem" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.