A Chantagem escrita por Kaline Bogard


Capítulo 17
Parte 17


Notas iniciais do capítulo

Hohohohohoho



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Nas semanas que se seguiram a animação quase incontrolável de Kiba foi esmaecendo, tudo o que restou foi um adolescente pensativo e distante, a tal ponto que Hinata e Naruto acharam melhor interferir.

Numa sexta-feira pela hora do almoço, arrastaram o amigo para o telhado e decidiram que não desistiram até que Kiba se abrisse em suas preocupações. Perguntaram em outras ocasiões, mas ele foi esquivo e fugiu de dar respostas.

— Desembucha — Naruto exigiu assim que sentou-se no concreto, o bento pouco nutritivo logo sendo aberto e devorado.

Kiba aceitou ajuda de Hinata com o sanduíche de recheio duplo. Faltava pouco pra se livrar do gesso (que por um milagre inexplicável continuava branco, apesar dos inúmeros pedidos para assinar que recebia), fato que aumentava sua ansiedade. Aquilo coçava de modo desesperador. E esquentava.

— Desembucha o quê? — Kiba desconversou dando uma mordida enorme no lanche, arrancando um naco de pão tão grande que teve dificuldade de mastigar.

— Por que está tão triste? — Hinata reforçou.

— Não é nada…

— Não tá metido com nada estranho de novo? — Naruto apontou o par de hashi na direção do amigo — Você contaria pra gente, ne?

Kiba suspirou. Hinata e Naruto se entreolharam.

— Não, nunca mais faço essas burrices.

— Mas você estava tão feliz, Kiba-kun. Tanta coisa deu certo pra você…

— E continua dando! — o garoto falou com firmeza. Ia à psicóloga toda semana, depois Shino o levava para tomar sorvete ou comer alguma coisa. Era um ritual que adorava! Também fez a primeira palestra, para a sede das Empresas Konoha, cujos funcionários ouviram com atenção. Quer dizer, a palestra foi ministrada por um profissional. Depois Aburame Shino deu um testemunho e, por fim, Kiba falou sobre a experiência. Começou um tanto tímido com todos aqueles pares de olhos atentos, mas logo se empolgou em ser o centro das atenções e se saiu muito bem! O jeito jovial, meio selvagem conquistou a simpatia de todos. A parte que falou do medo e do ferimento comoveu, pela simplicidade e sinceridade do relato. Em resumo, foi uma experiência que ajudou a todos e serviu de alerta e conscientização. Um sucesso que já tinha data marcada para ser repetido na primeira filial.

É, essa parte das coisas estava indo bem. O problema era a outra parte.

Suspirou de novo.

— Não sei o que está acontecendo comigo — confessou — Tenho sentido umas coisas estranhas quando to perto do Shino.

Nesse ponto Hinata se inclinou e tocou o gesso com cuidado.

— Ele está te intimidando?

A pergunta preocupada devolveu um pouco do bom humor de Kiba.

— Não. Nada disso. Nem durante a chantagem, a maior parte do tempo, não me senti intimidado. Mas eu comecei a sentir uns treco engraçado aqui no estômago. Acho que é dor de barriga — e mordeu o sanduíche de novo.

— Dor de barriga? — Naruto desdenhou — Então cagar resolve.

— E você acha que eu não tentei? Mas quando eu fico longe do Shino não sinto nada demais. Nem dor de barriga, nem mãos suando ou o coração disparado. Acho que ele deve ter algum tipo de radiação que me deixa doente. Se continuar assim é melhor ficar longe, não posso ficar de cama agora.

— Caralho, Kiba! Fica longe dele, antes que você piore.

Hinata sorriu de leve, divertindo-se com o diálogo dos amigos. Os “sintomas” de Kiba tornaram a situação muito clara.

— Aburame-san parece doente também? — ela indagou.

Kiba refletiu na questão por alguns segundos.

— Não. Ta do mesmo jeito. A gente sai depois das sessões e vai comer alguma coisa, mas ele não é de falar muito. Ele me escuta bastante, adoro isso. Se bem que às vezes sinto ele me olhando e eu fico um tanto sem jeito.

— Caralho, ta parecendo alguém apaixonado! — Naruto debochou.

— Vai tomar no cu. Eu to aqui falando sério e você me zoa? — Kiba perdeu a paciência.

— Kiba-kun… — Hinata pensou em dizer que Naruto acertou em cheio, mas mudou de ideia. Não adiantava nada tentar empurrar algo na cabeça de Kiba. Ele tinha o próprio tempo para entender as coisas.

— O que foi?

— Aburame-san é uma boa pessoa?

Kiba sorriu largo. Gesto que aliviou tanto Hinata quanto Naruto. Ambos preferiam a versão animada de Inuzuka Kiba.

— Acho que ele é uma boa pessoa sim. Cada vez eu conheço um pouco mais dele. Não é como se o Shino fique falando muito, mas toda vez que ele fala algo, eu o conheço melhor. Até o jeitão sério, só de ver como ele levanta a sobrancelha ou ajeita o óculos eu já sei dizer como está o humor dele e… e… caralho.

A essa altura Hinata o olhava com um sorriso carinhoso enquanto Naruto gargalhou após lhe acertar um tapão nas costas.

— Parabéns, Kiba! Você tá caidinho pelo tio chantagista.

— Mas… não pode ser! Pode? Eu posso gostar de alguém que eu conheci faz tipo um mês?

Hinata balançou a cabeça.

— Sentimentos não se medem em tempo, Kiba-kun. Não estou dizendo que seja ou não alguma coisa, mas você andou diferente esses dias. Deve prestar atenção no que sente e conversar com Aburame-san.

Tais palavras, vindas de alguém com a índole introspectiva de Hinata, causaram um profundo efeito em Kiba.

— Gostar de outro cara não é esquisito? E ele é mais velho do que eu. Deve me achar um pirralho tapado, por causa da primeira impressão que eu deixei. Se bem que agora ele já deve ter visto como eu sou foda pra caralho.

Naruto tomou impulso e jogou-se sobre o amigo. O bento vazio foi ao chão e Kiba se equilibrou precariamente, caso contrário teria caído também, junto com Naruto.

— Você é esquisito e o tio dos óculos é mais esquisito ainda. Gostar de um cara ou gostar de uma garota não tem nada demais, desgraçado.

— Aa — Kiba sentiu o rosto esquentar. Lembrou tarde demais que Naruto estava dando uns pegas num moleque no primeiro ano. Quando soube, não achou estranho. Pelo contrário. Ficou feliz que o amigo encontrou alguém de quem gostar.

— Domingo tem o Tanabata — Hinata informou — Por que não convida Aburame-san e conversa com ele? É o melhor jeito de esclarecer as coisas.

— É o que eu vou fazer — a voz de Kiba soou decidida — Não quero saber de mais nada escondido na minha vida.

Nesse momento o sinal soou, lembrando ao trio que precisavam voltar para a sala de aula, para dar sequência às aulas do período da tarde, antes das atividades extra. A conversa distraiu tanto Kiba, que ele ainda tinha um pedaço de sanduíche inacabado na mão boa.

Guardou para comer escondido na sala, decisão da qual se arrependeria um bocado. Lanchar na sala lhe eu um sono danado, acabou cochilando na aula de Iruka sensei, descuido do qual se arrependeria, pois quando acordou algo terrível tinha acontecido.


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Notas finais do capítulo

O que será que aconteceu...?

Palpites...? Hohohohohho



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