A Chantagem escrita por Kaline Bogard


Capítulo 16
Parte 16


Notas iniciais do capítulo

Tá acabando povo!!

Já vão se preparando para dizer "sayonara" Ç.Ç



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/748122/chapter/16

Na quarta-feira, Kiba recebeu uma mensagem de texto que o animou bastante.  Era um Line de Aburame Shino, e vinha sem a estranha marca de restrito. Dessa vez o número a vista permitia que não apenas salvasse o contato, mas que retornasse a qualquer instante.

 A tal mensagem vinha questionando se podia se encontrar com a equipe do projeto no dia seguinte, no período da tarde. O presidente da empresa estava empolgado com o andamento das coisas.

 Kiba nem precisou pensar muito. Com o braço quebrado estava suspenso das atividades obrigatórias, apenas cumprindo horário como observador. Seria ótimo poder sair da escola mais cedo. Respondeu informando que consultaria a mãe e avisaria. Depois de toda essa confusão, o que menos queria era a mãe decepcionada de novo.

 –--

 Logo chegou quinta-feira e Kiba passou um dia e tanto, repleto de ansiedade e de fantasias sobre a tal reunião.  Pois Naruto ajudou a por tanta lenha na fogueira que pelo fim do período Kiba já estava sonhando até com palestras na Lua, na estação Inuzuka (nome dado em homenagem ao primeiro estudante colegial a pisar em solo lunar).

 Quando Shino estacionou em frente ao ponto de ônibus, conforme combinado, o garoto parecia um vulcão prestes a entrar em erupção, a hiperatividade o obrigando a andar de um lado para o outro, ansioso e animado.

 — Está tudo bem?

 — Sim! — Kiba respondeu, acomodando-se no banco do carona. Esperou que Shino travasse o cinto, gesto que o homem sempre fazia — Não era melhor trocar de roupa? O uniforme da escola pode acabar com a minha imagem profissional.

 Shino observou em silêncio por um segundo.

 — Temos pouco tempo, mas se vai se sentir mais confortável nós podemos…

 — Não. Não tem problema, vamos direto pra lá. Não deve ser grande coisa. E… — então observou o outro dando a partida e manobrando, ele vestia roupas comuns, ou melhor, aquelas roupas esquisitas de sempre e a imagem lhe deu uma dúvida — Você vai participar da reunião?

 — Sim — Shino respondeu, dessa vez atento ao trânsito.

 Kiba relaxou no banco. As roupas de Shino eram muito piores do que um uniforme do colegial. Que tipo de pessoa vai pra reunião com uma blusa que escondia quase todo o rosto? Será que ele ia tirar aqueles óculos? Kiba queria muito ver como eram aqueles olhos.

 Um tanto surpreso com o rumo dos pensamentos, ele virou o rosto na direção da janela e tentou distrair-se assistindo o movimento intenso de carros.

 –--

 A sala de reunião era enorme. Bem digna da imaginação de Kiba. A mesa longa abrigava trinta profissionais sem dificuldade alguma. Ainda que tivesse apenas dez pessoas presentes ali. Todos vestindo ternos de corte impecável, com maletas grandes e aparelhos eletrônicos sofisticados nas mãos (aquelas coisas high tec não podiam ser celulares, podiam?) e o clima formal, de algum jeito, intimidou um pouco Kiba.

 Antes que tivesse sequer a chance de sentir o quão perdido estava, Shino já tornava evidente sua presença ao lado dele, segurando com cuidado no cotovelo do braço saudável e o ajudando a sentar-se em um lugar da mesa. Foi um gesto gentil e providencial que lembrou a Kiba que ele não estava sozinho. Tê-lo ao lado deu uma segurança confortável que o encheu de coragem! Mesmo sem dizer uma palavra, mesmo sem nada além de um toque direcional. Aquele homem misterioso conseguia transmitir muita coisa. Era um tanto impressionante.

 Apesar do cenário sóbrio, os empresários logo se mostraram menos empoados do que Kiba temeu. Ele não sabia, mas a experiência deles na área dos negócios fez com que desenvolvessem esquemas para tratar as pessoas. Todos ali sabiam que não podiam conversar com um garoto de dezessete anos como falavam com um negociante do ramo acostumado a fechar acordos e ditar termos.

 Inclusive, a certo momento, o presidente Sarutobi chamou a secretária pessoal que, como já estava orientada previamente, trouxe alguns petiscos para o garoto que veio direto da escola.

 Ao final da reunião, quando passava das seis horas, já tinham traçado um plano de ação para a primeira palestra. Kiba mal podia acreditar em como tudo estava caminhando tão bem!

 –--

 Seguindo a tradição, quando saíram da empresa, Shino convidou Kiba para comer alguma coisa.

 — O que acha de um lamen? — o garoto perguntou. Os petiscos estavam deliciosos, mas só serviram pra abrir o apetite (mesmo ele não se fazendo de rogado).

 — Parece bom.

 — Ainda bem que você estava lá! No começo eu fiquei meio perdido, mas depois foi legal.

 A afirmação fez Shino dar uma olhadinha meio de lado para o garoto que observava a rua, distraído. Aquela cena era bem familiar. De repente, era como se ele sempre tivesse estado ali, sentado no carona do seu carro.

 — Tem algum lugar específico que quer ir? — tratou de mudar o foco dos pensamentos.

 — Desse lado da cidade? Você acha que eu ficava de bobeira pra cá? Não conheço nada, cara.  Conheço só o meu bairro e a área do shopping.

 Shino concordou balançando a cabeça de leve.  Tinha um restaurante ali perto em que as vezes o pessoal da empresa se reunia depois do expediente. A comida era boa, o atendimento era rápido. Tanto que, pouco tempo depois de estacionar, eles entraram e já conseguiram uma mesa vaga.

 — Caralho! O cheirinho bom já chegou aqui — Kiba foi dizendo enquanto se sentava. Foi apoiar o braço bom sobre o tampo, mas Shino se moveu veloz e o impediu — O que foi?

 — Está molhado — o rapaz apontou a mesa. Havia água respingada.

 Uma garçonete, atenta aos clientes recém chegados, correu para secar e pediu mil desculpas pela sua falta de atenção. Pediu tantas desculpas que deixou os dois meio sem jeito.

 — Que caralho! — Kiba exclamou ao, finalmente, ficarem sozinhos. Não era a primeira vez que sentia como se o outro estivesse lhe cuidando. A sensação era engraçada — Sugere alguma coisa?

 Shino analisou o cardápio e decidiu o mesmo para ambos.

 — Misso lamen. O daqui é muito bom — explicou assim que a garçonete foi providenciar os pedidos.

 — Você não se incomoda em fazer essas coisas? — Kiba perguntou de repente.

 Shino não compreendeu.

 — Que coisas?

 — Tipo, me levar pra comer e ficar me buscando na escola… não te atrapalha?

 — Não — Shino respondeu de sobrancelhas franzidas. Dizia a verdade.  Alias, se pudesse ir além, diria que gostava bastante desses momentos. Sua vida era normalmente muito calma, toda ajeitadinha e cheia de rotinas. Os breves momentos com Inuzuka Kiba se mostravam tão repletos de… de… de alguma coisa encantadora, que ele até mesmo ansiava por encontrá-lo.

 — Você tem família? — desviou os olhos para a garçonete que veio trazendo dois grandes copos de chá de pêssego gelado.

 — Cortesia da casa — ela sorriu — Para compensar qualquer transtorno.

 — Não precisava! — Kiba surpreendeu-se com o atendimento — Mas obrigado.

 — Obrigado — Shino também aceitou a oferta, assim que ela se foi, virou-se para Kiba — Sim.

 O garoto que estava prestes a abocanhar o canudinho, desistiu do ato.

 — ‘Sim’ o que?

 — Eu tenho família. Meu pai mora na rua de trás da minha casa. Minha mãe morreu quando eu era muito pequeno para me lembrar dela.

 — Ah. Sinto muito. Tem irmãos?

 — Não.

 As respostas curtas tiraram um pouco do entusiasmo de Kiba. Ele recostou-se na cadeira, porém não conseguiu ficar quieto por muito tempo.

 — Minhas perguntas te incomodam? Sou meio curioso… desculpa.

 O outro balançou a cabeça, relaxando um pouco a expressão até então tensa.

 — Não me incomodam nem um pouco, pelo contrário. Se eu não gostasse da sua companhia, não estaria aqui para começo de conversa.

 Shino disse a verdade sem afetação ou rodeios. Desde que se envolveu naquela história, a segurança e bem estar daquele menino foram conquistando um espaço significativo em suas prioridades.

 — Caralho! Entendi — Kiba riu — As pessoas costumam gostar da minha companhia mesmo. Acho que o seu jeito é contrário do meu. Eu gosto muito de falar, um dia vou ser um ótimo líder de equipe. Hoje na reunião eu pensei em ser presidente de empresa. Parece legal, não parece?

 — Sim parece — Shino identificou aquele entusiasmo inocente ao qual era difícil não se afeiçoar.

 — Posso continuar perguntando as coisas pra você?

 — Sim, Kiba. Pode perguntar o que quiser saber.

 Por algum motivo incompreensível, ao ouvir seu nome sendo dito por aquela voz marcante, Kiba sentiu um calorão subir pelo rosto, logo dando-se conta de que corava até as orelhas. Deu um longo gole no chá, pra disfarçar, enquanto os olhos iam de um ponto a outro do restaurante, sem se fixarem em nada.

 — Você tem um formigueiro bem legal na sua casa. Nunca tinha visto antes.

Shino ia responder, quando a atendente voltou com os pedidos. A aparência ótima do lamen varreu qualquer outro pensamento da mente de Kiba, de um jeito que quase fez Shino sorrir. Já esperava uma reação similar.  Aquele garoto era demais.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

até quinta!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Chantagem" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.