A Chantagem escrita por Kaline Bogard


Capítulo 18
Parte 18


Notas iniciais do capítulo

O próximo é o último!
Tenho planos de fazer um extra, mas até agora não tive tempo de digitar. Acreditem, estou numa onda de azar que parece brincadeira de mau gosto. Meu note faleceu e foi ontem pra assistencia técnica. O PC do trampo também falhou! Talvez volte do concerto semana que vem :/

Enfim...

boa leitura!



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Quem diria que a situação ia acabar assim...?

Era o pensamento de Inuzuka Tsume, sentada na sala de casa, com os braços cruzados e um olhar analítico na direção de Aburame Shino. O homem acomodado na poltrona, que veio buscar seu precioso filhote para um encontro. Ele vestia uma blusa de gola rolê cinza com assentamento impecável, que não chegava a esconder o rosto pálido, calça social preta e sapatos engraxados com maestria. Até os óculos de sol pareciam ampliar o ar de sofisticação daquele homem.

Talvez “acabar” não fosse o melhor verbo para encaixar os fatos. Mas Tsume não saberia qual outra palavra usar.

Não era como se não tivesse tido algum tipo de intuição com a presença um tanto constante de Aburame Shino em sua casa, na desculpa de levar e trazer Kiba para reuniões na empresa e sessões de terapia. A intuição estava lá, muito parecida com o que sentiu quando Hana levou o primeiro namorico para que conhecesse.

Mas, convenhamos, falavam de Kiba. Garoto que em dezessete anos de vida, entre os acertos e as burradas, nunca tinha feito a menor menção a qualquer tipo de interesse romântico que fosse. Não em relação a garotas, tampouco em relação a homens! Era tão desinteressado em relacionamentos amorosos que Tsume se preparava para ter um filho solteirão, provavelmente o tiozão que ia aprontar com os sobrinhos. Bem, exagero e drama eram ingredientes do sangue Inuzuka, veja bem.

E, contra suas expectativas, ali estava Aburame Shino, todo empertigado e sem jeito, aguardando.

Tsume podia ser muitas coisas, inclusive pavio-curto e adepta da palmada educativa para corrigir comportamento dos seus filhos, porém, mais do que tudo, os amava e queria o melhor para ambos.  Ela não era cega a ponto de espantar Shino dali, por questões de preconceito. Se seu filho sentia-se atraído por outros homens, ela não tinha direito algum de ver isso como errado. Essa era a criação da sua família: livre, autêntica, fiel a própria essência. O que podia ser colocado na balança ali era a diferença de idades. Queria que Kiba tivesse muita clareza sobre eventuais obstáculos, somados à sexualidade, que isso acarretaria a qualquer relação amorosa que pretendesse desenvolver. Além disso, seria necessário que o garoto prestasse atenção no coração e tivesse certeza de não estar se deixando levar por admiração ou empolgação ao invés de um sentimento amoroso de verdade. Fora tais ponderações, admitia estar de frente com um homem inteligente, educado, responsável, com uma carreira de sucesso e ótimo emprego. Um partidão para o seu filho desmiolado. Negar isso seria de uma hipocrisia inexistente entre os Inuzuka.

Não entendia bem o que um homem desse porte via em seu moleque! Tá, Kiba tinha lá seus encantos, e Tsume não se deixava enganar por nenhuma visão romantizada de mãe. Nunca diria “meu filho é perfeito”, o que não impedia de destacar suas inúmeras qualidades, que somadas ao igualmente numerosos defeitos, tornavam Kiba um garoto fácil de lidar, desde que se tivesse um saco inesgotável de paciência.

Seria esse o segredo da coisa? Aburame Shino conseguiu, apesar dos imprevistos, manter o sangue frio e agir até na situação mais tensa, que foi ver o garoto em seus cuidados escorregar pela janela. Obviamente, paciência não lhe faltava.

— Olá, mamãe — Hana entrou sorridente na sala, recém chegada da rua. Cumprimentou a mãe e provocou Shino:— Yo, Shota-san.

O rapaz ficou um tanto tenso.

— Não seja assim, Hana — Tsume bronqueou se segurando pra não rir.

— Mas mamãe... meu irmãozinho vai sair com um shotacon — Hana se divertia visivelmente em provocar o pobre rapaz — Fico preocupada! A senhora não?

Tsume tornou-se mais séria, e enquanto a filha ia sentar-se ao lado dela, lançou:

— Aburame-kun, você gosta das suas bolas?

A pergunta foi pior do que um tiro de espingarda.

— Me desculpe...? — a voz de Shino quase falhou. Quase.

— As suas bolas — Tsume indicou com o dedo, para não restar sombra de dúvidas — É que eu fiz dois milagres nessa vida. E você vai ficar responsável por um desses milagres hoje. Se acontece algo com o que é precioso pra mim, acontece algo com o que é precioso pra você.

— Sim — Shino entendeu o recado — Vou cuidar bem dele.

— Mas não precisa cuidar bem demais — Tsume estreitou os olhos — Cuide na proporção idade-lei, rapaz.

— Sim, senhora.

— Excelente.

— Ganhou uns pontinhos, hein, Shota-san? — Hana era a típica irmã mais velha zoeira.

Felizmente Kiba veio descendo as escadas nessa hora, meio barulhento.  Vestia bermuda larga cheia de bolsos, tênis e um abrigo do Konoha’s Angels, seu time de basquete preferido. Assim que entrou na sala, foi como se uma nuvem negra de mau-humor nublasse o ambiente.

— Yo — lançou para Shino.

— Olá. O que aconteceu? — foi impossível segurar a preocupação.

— Isso! — irritado, Kiba mostrou o gesso. Estava todo assinado, de cima a baixo — Eu dormi na... hum... eu me distrai na aula e quando acordei estava assim! Acabaram com a minha imagem profissional. Olha isso, nem conheço esse cara aqui.

Parou perto de Shino e virou o braço pra exibir a parte interna do pulso, riscada com uma assinatura exagerada. O sono pesado fez com os colegas aproveitassem para matar a vontade.

Tsume girou os olhos, Kiba vinha fazendo um drama por isso desde que aconteceu, na sexta-feira. Hana ficou com aquele ar de irmã coruja indulgente com as gafes do caçulinha. Só Shino levou a reclamação a sério.

— Isso quer dizer que você é muito querido, não? — indagou.

— Ee? Tem razão — Kiba estufou o peito — Me imploraram para escrever, o pessoal me adora.

Tsume ergue uma sobrancelha e trocou um olhar com a filha. Talvez aquela relação, apesar de tudo, fosse uma boa combinação.

— Kiba — a mãe pensou em dizer algumas palavras antes que eles partissem, o sermão básico de sempre. Assim que recebeu a atenção do filho, notou de longe a animação que ele sentia, algo muito mais radiante do que quando saia para jogar vídeo-game com os amigos. Sim, bem diferente disso. Reconheceu aquele brilho típico do primeiro amor, que um dia identificou em si mesma. Que soube reconhecer na filha mais velha... e agora via em Kiba, ele apenas demorou um pouco mais, talvez por conta da personalidade tão singular. Ali estava o primeiro passo dado, finalmente, para mais um estágio da vida. Crianças crescem tão rápido — Se divirta, moleque. E esteja em casa às dez horas.

Desistiu do sermão.

— Sim, senhora! Vamos logo, Shino. Já estou sentindo o cheiro do takoyaki! Não podemos deixar esfriar!

Shino levantou-se e reverenciou de leve na direção de Tsume, em seguida na direção de Hana e caminhou junto a Kiba para fora da casa. Um casal que não podia ser mais contrário: Kiba era um show de gestos e palavras animadas, a pura descontração. Shino parecia a encarnação da seriedade refinada, mais do que prestando atenção, absorvendo cada detalhe.

Um casal muito diferente, todavia bem agradável de se ver.


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Notas finais do capítulo

até quinta!!!!



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