Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 70
PERCY - Um cabo de guerra aquático


Notas iniciais do capítulo

OLÁ! Bem vindos ao capítulo 70!
espero que estejam se cuidando aí e que estejam todos bem. aqui estou tentando apesar da ansiedade estar louquinha.
enfim, aproveitem o cap :3



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PERCY

Bem, depois que o Mick foi embora deixando um trabalho para fazer, estávamos todos bem ferrados. Claro que ele não simplesmente curou os meus olhos, do Nico e da Hazel… não… seria pedir demais né? Tem que achar jeitos de deixar nossa vida mais difícil do que já é! Mas, felizmente tínhamos um filho de Apolo ao nosso lado! Um filho de Apolo que também já estava bem cansado e que, por isso, fomos forçados a escolher bem quem curar.

Entre mim, Nico e Hazel, eu acabei ganhando a votação já que tínhamos ainda uma deusa d’água para enfrentar… Chal..chiuhtlicue o nome dela? Não que ele tenha me curado totalmente também. Minha visão ainda não tava lá a melhor das coisas. Acho que eu passaria raspando pelo exame para tirar a carteira de motorista e o fato do sol estar ameaçando se pôr não ajudava muito também. 

Enfim, deixamos Nico e Hazel lá embaixo, conseguimos chamar de longe a atenção das meninas, a Sadie e a Alícia (ou melhor, só da Alícia porquê acho que a Sadie estava dormindo até acordamos ela), e então juntamos os quatro. Por via das dúvidas. Tudo isso numa incrível pressa pois os barulhos da batalha que ouvia vindo do topo da pirâmide eram bem preocupantes. Eu, Will e Rosa subimos as escadas tão rápido que por um triz não tropeçamos e caímos rolando pirâmide abaixo. Acho que teria sido meio doloroso. Só acho.

Assim que chegamos no topo da pirâmide, demos de cara com a situação de refém da Annabeth e Will imediatamente sacrificou a última flecha dele. Agradeceria muito ele por isso mais tarde. Corremos desesperados até Annabeth mas logo o outro deus asteca explodiu magicamente arremessando a gente para longe. Um mero contratempo que gerou uns arranhões à mais (e um deus fugitivo). Ao menos consegui chegar até Annabeth.

Tenho plena ciência de que talvez minha aparência não fosse das melhores. Meu cabelo estava terrivelmente bagunçado, minha roupa suja de terra e lama e tenho certeza que vou ter que dar perda total nas meias ou simplesmente fingir que elas nunca foram brancas. Quem não estava muito bem também aparentemente era Annabeth, e nem falo isso só pelo sangue seco que estava em seus ouvidos. Mas, apesar de aparentar meio fraca e do ouvido sangrando, ela parecia bem. Especialmente considerando que até segundos antes ela estava presa nas mãos da deusa lá da água.

Por falar na deusa lá da água… ela não ficou nada feliz. Eu, Will e Rosa não fomos recebidos com uma grande boas vindas. Ao menos a cara que olhava para gente e estava se formando conforme a água se juntava não parecia muito simpática.

— Você está bem? - perguntei apressado segurando a mão direita de Annabeth.

— NÃO CONSIGO TE OUVIR! - disse ela talvez alto demais.

— PORQUÊ ESTÁ GR… ah… pera… não consegue me ouvir? - questionei.

— Isso explica o sangue nos ouvidos. - disse Will apressadamente - Fizeram algo que afetou a audição dela.

— Esse apito na mão dela. - disse Anúbis nos ajudando a montar o cenário do que aconteceu ali - Ixquitecatl o usou. É o apito asteca da morte.

— Apito asteca da morte? - eu repeti enquanto nossa nova adversária, a deusa da água lá, tirava dramáticamente a flecha que estava fincada na testa dela como se não fosse nada.

Mas a gente tinha plena consciência também que não estávamos na melhor hora ou lugar para conversar e Chalchiuhtlicue tirando a flecha da cara e olhando para a gente com cara de poucos amigos era uma boa lembrança disso. Uma lembrança melhor ainda foi o jato d’água no qual ela transformou a mão dela repentinamente. Esse jato foi rapidamente na direção de Annabeth mirando na mão que ela usava para segurar o apito. 

Por puro impulso tirei Annabeth do caminho do ataque quase derrubando ela já que seus joelhos não pareciam estar com tanta firmeza quanto imaginava. Ter que impedir que ela caísse complicou levemente a situação, mas consegui impedir que a deusa da água roubasse o apito.

— Hey! Assim… Senhora deusa, - eu disse enquanto me botava entre ela e Annabeth que segurava o apito com força provavelmente pensando em assoprar ele (o que certamente era uma ideia boa, não acho que Annabeth tenha ideias ruins) - … assim.. qual seu nome mesmo?

— Chalchiuhtlicue. - respondeu ela ao menos sendo civilizada o suficiente para se apresentar sem atacar a gente.

— Prazer, Percy Jackson. - respondi preparando a espada em minha mão caso necessário - Tava querendo confirmar seu nome. Tava com dúvida. Seus nomes são muito complicados. Você não tem nenhum apelido não? Seu nome me lembra Chihuahua.

Previsivelmente, a tia Chihuahua me olhou com cara feia de novo mas consegui ouvir a risada de Rosa com minha comparação. Se a tia Chihuahua tinha intenção ou não de lançar outro ataque, eu não sei dizer, pois, atrás de mim, Annabeth soprou o apito com um olhar determinado. Duvido que o que ouvi foi o mesmo que Annabeth ouviu antes de seus ouvidos aparentemente explodirem, pois tudo o que eu ouvia era um sussurro levemente irritante. O importante, no entanto, foi que a deusa começou a se contorcer de dor no chão colocando as mãos nos ouvidos enquanto partes do corpo dela ameaçavam se desfazer em água.

— Onde estão Frank e Sam?! - perguntou Will provavelmente aproveitando a deixa para fazer pequenas ameaças.

— Q-QUEM?! - exclamou a deusa com uma voz contorcida de dor.

— Embaixo da gente. - respondeu Anúbis - Parece ter uma sala escondida. Eles estão vivos, é tudo que eu sei dizer.

Foi nesse segundo que a Annabeth parou para puxar o fôlego e que a tia Chihuahua aproveitou para lançar outro jato d’água para tentar roubar o apito. Uma mistura de jato d’água e onda que, apesar da situação dela, a força ainda era considerável. Dessa vez, eu impedi que a onda acertasse os outros desviando a onda e diminuindo a força do ataque me molhando um pouco de propósito numa tentativa meio desesperada de me curar um pouco já que não queria abusar do Will, podíamos precisar dele mais tarde.

— Como vamos para onde eles estão? - perguntou Rosa.

— Acho que aquelas luzes roxas no chão são como um alçapão. - disse Anúbis - Esse pilar de luz roxa saindo do meio do chão pode ser algo também… mas algo nele me incomoda. Não gosto dele.

— Vamos tentar o alçapão mágico então. - disse Will.

Ao mesmo tempo eu avancei na direção de Chalchiuhtlicue desviando o caminho de suas águas e tentando atingi-la com algum golpe de espada. Os problemas pra conseguir fazer isso eram dois, primeiro que, por mais que o apito estivesse sendo assoprado, ela estava resistindo muito bem agora. Os ataques continuavam. Segundo, ela era feita de água. Até eu sei que não dá pra simplesmente cortar a água. Assim, decidi aproveitar que ela era feita de água mesmo e tentar controlar o corpo dela de algum jeito bem… sei lá… doloroso? Mas a água não é como um pedaço de pedra, tudo o que eu parecia estar fazendo era conter mais ou menos os movimentos dela, tentar impedir seus ataques ou que explodisse em água para tudo quanto é lado. Mas ela era forte, seus ataques ainda chegavam até mim. Era um cabo de guerra estranho de quem tinha mais poder sobre aquelas águas que pareciam não ter fim, e ela ganhava na maioria das vezes. A raiva pela situação parecia a deixar mais determinada.

Os jatos d’água dela iam em minha direção mesmo com o apito perturbando ela. Eu desviava deles e não deixava eles atingirem os outros, tentava me aproximar para atacá-la ou tentava contra-atacar com a própria água dela. Era uma dança estranha talvez também e as coisas não pareciam muito do meu lado, não parecia que meus ataques faziam muita coisa.

Enquanto eu desviava e atacava a tia Chihuahua notando que muitos de meus ataques pareciam não tão úteis assim, notei com o canto do olho que Will, Annabeth e Rosa pareciam estar discutindo sobre algo enquanto Annabeth continuava soprando o apito o máximo que podia. Eles estavam pé ao lado de um quadrado roxo que brilhava no chão, eu esperava que isso tivesse a ver com como achar Frank e Sam. Isso significava que minha única ajuda era Anúbis, que considerando que era um deus, acho que era uma ajuda boa.

— Espero que funcione… - ouvi ele resmungando com um suspiro enquanto apontava seu cetro mágico para Chalchiuhtlicue.

Com todos os golpes de água indo de um lado para o outro enquanto eu tentava limitar os movimentos de Chalchiuhtlicue, eu não tinha muita oportunidade para prestar atenção em todos os detalhes do que ele fazia, só sei que repentinamente Chalchiuhtlicue começou a gritar e se contorcer de dor. Tá, ela já tava assim antes por causa do apito da morte, mas agora foi diferente. Ela levantava o peito com se um gancho estivesse puxando ela dolorosamente por ali. A deusa parecia estar numa dor tão aguda e profunda, que Annabeth até parou de apitar por alguns segundos, imagino que por surpresa, não para pegar fôlego.

— O que está fazendo? - perguntei curioso olhando para Anúbis que parecia extremamente concentrado apontando o cetro para ela.

— Provavelmente não vai funcionar mas… - disse ele - Tentando arrancar fora a alma dela. Por mais que aqui seja um lugar de morte, ela ainda é uma deusa. Não deve funcionar até o final.

O grito da deusa só aumentava e ela parecia que ia explodir a qualquer momento. Principalmente quando centenas de litros d’água começaram a vazar dela infinitamente inundando o chão da pirâmide e criando cachoeiras pelos degraus e faces da pirâmide. A tia Chihuahua nos olhou com um olhar de puro ódio e foi nessa hora também que Will pegou o apito das mãos de Annabeth e soprou ele com força recomeçando o som irritante. 

Mas mesmo aquilo claramente não era o suficiente. Embora debilitada e com dor, Chalchiuhtlicue ainda estava ali e eu não sabia como derrotar alguém feito d’água. Criando ondas fracas e pequenos jatos d’água dignos de um parque aquático, Chalchiuhtlicue se debatia e eu felizmente deixava a água me molhar e curar ao menos alguns ferimentos.

— OLHA ALI! - gritou Annabeth medindo o volume necessário da voz bem erradamente - A ÁGUA ESTÁ EVAPORANDO QUANDO TOCA NO PILAR ROXO! NÃO É SÓ UMA LUZ ESTRANHA AQUILO! TENTA JOGAR ELA LÁ!

Imediatamente eu soube qual seria a próxima coisa que eu tinha que fazer, controlar a água que era Chalchiuhtlicue e jogar ela dentro do pilar roxo. Mas claro que isso não se provaria tão fácil quanto eu queria. Eu tentava controlar o formato da água, limitar seus movimentos, jogar ela no pilar de energia, mas nada dava tão certo assim. Apesar de Anúbis estar fazendo a magia arrepiante dele e do apito, a deusa ainda era mais forte (talvez por estar claramente com muita raiva da gente e incrivelmente determinada). Ela esperneava, gritava e provavelmente estava xingando a gente em algum idioma que eu não conhecia nem uma palavra.

Notando que tínhamos que debilitar ela ainda mais, Anúbis se empenhou mais ainda. Notei como ele começou meio que a brilhar e uma figura bem mais alta e com cabeça de chacal se formou ao seu redor. A expressão dele se tornou bem mais concentrada e o grito da tia Chihuahua se tornou ainda mais agudo e dolorido. Comecei a pensar que talvez conseguiríamos especialmente quando a pele dela começou a rachar na bochecha esquerda e na ponta das mãos e pés emitindo uma luz dourada.

Já que não sabia quanto tempo poderíamos manter ela naquele estado, usei toda a força que ainda tinha para manipular a água e ela na direção do pilar de luz roxa. Em algumas situações, manipular água, oceano e coisas do tipo, já era bem cansativo. Mas manipular a deusa em si? Tenho certeza que se não fosse o fato de que eu estava ficando molhado, eu não teria aguentado. Já sentia meus joelhos ameaçarem ceder sob meu peso quando, com um puxão repentino de toda a força que eu ainda tinha, consegui jogar Chalchiuhtlicue para dentro do pilar mágico.

A deusa continuou a fazer o que havia feito até então, gritou e gritou enquanto seu corpo fazia o mesmo barulho de quando você coloca um hambúrguer na frigideira bem quente. O grito dela foi apertar o coração de tão sofrido que foi. Will até parou de apitar e ficou encarando boquiaberto, mas eu e Anúbis continuamos. Não sei quanto à ele, mas eu estava com receio de mesmo assim ela conseguir sair dali para mais briga, e eu não tinha certeza se aguentaríamos mais outra agora. Na verdade, eu já mal aguentava segurar ela ali.

Sinceramente, eu estava doido para me livrar dela de uma vez mas ela continuou gritando por mais alguns segundos. As rachaduras em seu corpo se espalharam mais enquanto também ia se desintegrando como se tivesse fritado demais. Precisou de mais alguns segundos até ela simplesmente sumir. Fritando ou evaporando, não sei. 

Numa mistura de alívio repentino e do cansaço finalmente me atingindo, senti meus joelhos ameaçando ceder e eu com certeza teria caído dolorosamente no chão se não fosse o mero detalhe que Anúbis me segurou pelo braço no último segundo.

— Tudo bem? - perguntou ele.

— Sim… - respondi achando meio estranho o momento porque aquela forma brilhante com cabeça de chacal ainda estava ao redor dele -  Não é todo dia você mata um deus.

— Não. - concordou ele e então me soltou quando fiquei de pé direito de novo.

— Você não vai ficar encrencado por ajudar a gente nessa bagunça toda? - perguntei notando a forma ao redor dele sumir lentamente - Matando outros deuses e tudo mais.

— Provavelmente. - disse ele dando de ombro - Vou aproveitar enquanto Hórus não está por perto para me perturbar.

— Que Hórus fique mais tempo longe então. - respondi.

— Gente, uma ajudinha aqui seria bem vinda. - disse Will.

Deixamos nossa conversa de lado e nos juntamos aos demais. Cada passo doeu em mim, meus braços também estavam pesados. Acho que Annabeth deve ter notado minha cara de dor em algum ponto, pois ela segurou minha mão repentinamente me olhando com olhar preocupado.

— Tô bem. - respondi torcendo pros ouvidos dela terem melhorado ao menos um pouco.

— Estamos com um problema… - disse Rosa - Não sabemos como abrir esse… alçapão? - disse ela acho que em dúvida de como chamar aquele provável buraco mágico no chão - Não sabemos se precisa de uma… senha… ou magia… ou algo do tipo…

Nos juntamos ao redor do tal alçapão mágico que tinha escrito sei lá o que usando desenhos astecas de luz roxa. Rosa e Will estavam de joelhos ao lado do alçapão com expressões pensativas no rosto e talvez torcendo para a gente ter alguma solução. Eu sinceramente não achava que tinha, se Annabeth não tinha conseguido pensar em nada, duvido que eu conseguiria.

— O que está escrito? - perguntei.

— A melhor tradução que posso dar é, “Trancado”. - disse Rosa dando de ombros.

— SABE ALGUMA MAGIA PARA ABRIR ISSO? - perguntou Annabeth, ainda alto demais, o que dizia muito sobre se a audição dela tinha voltado, olhando para Anúbis.

Anúbis se agachou segurando o cetro dele com uma mão apoiando a base dele no chão enquanto passou o dedo indicador da mão livre pelos traços da magia no chão. Ele pensava e olhávamos para ele esperançosos. Uma resposta positiva seria bem interessante.

— Sei uma magia para abrir coisas do tipo… - disse Anúbis - Mas se funciona com magia asteca… não sei dizer. 

— Talvez não custe nada tentar. - eu disse.

— É. - concordou ele.

Ele estendeu a palma da mão para os desenhos brilhantes no chão e murmurou alguma palavra egípcia que não sei reproduzir. Olhamos com expectativa os desenhos desenhos brilharem com mais força correspondendo. Eles brilharam cada vez mais fortes até que o brilho se apagou por completo e os desenhos sumiram. No centro de onde os desenhos estavam, o chão começou a ficar transparente. Essa área transparente foi se abrindo e sumindo cada vez mais até virar um buraco perfeitamente quadrado. Estava muito escuro, não conseguia ver nada, mas identifiquei a voz de Frank.

— Conseguiram então?! - disse ele aparentemente aliviado - Achamos que íamos ficar presos aqui até algum dos outros deuses astecas abrirem de novo.

 


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Notas finais do capítulo

até o próximo capitulo :3



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