Os Deuses da Mitologia escrita por kagomechan


Capítulo 69
LEO - Dormindo com os carneirinhos


Notas iniciais do capítulo

OLÁAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
cheguei com mais um capítulo para vcs lerem nessa quarentena. vamos dar uma paradinha para respirar um pouco e acompanhar o dia do Leo quando a galera tava indo pro México ♥
bom capítulo pra vcs



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LEO

Sabe aquelas noites que você não consegue dormir porque sua cabeça não consegue parar quieta por dois segundos? Bem, foi assim que eu passei minhas últimas noites. Acho que talvez por isso eu me peguei babando no meu braço às 3 da manhã depois de uma soneca acidental na oficina uma vez. Eu acordei e voltei a trabalhar mas acho que devo ter dormido de novo, pois fui acordado pelo barulho de uma porta se fechando quando o sol já entrava com força na oficina. 

O barulho da porta teria sido suficiente pra me fazer acordar com um susto. Mas não. Apenas levantei a cabeça do meu braço calmamente. Ao meu lado, Festus se remexeu olhando para a porta e talvez um fio de baba tenha ficado ligando meu braço e minha boca por alguns segundos enquanto eu levantava a cabeça e esperava minha alma voltar para meu corpo na minha tentativa de acordar. 

Me virando para ver quem era meu visitante inesperado, não me surpreendi muito ao ver que era Calipso. Que, ao contrário de mim, não estava com cara de quem teve uma péssima noite de sono dormindo por algumas poucas horas em cima de uma mesa.

— Não me diga que caiu no sono aqui de novo! - ralhou ela olhando para mim enquanto fazia carinho em Festus que estava sentado ao meu lado.

— Hum… não digo então… - respondi vendo ela revirar os olhos.

Eu olhei rapidamente para minha mesa e esfreguei minha mão na minha cara tentando acordar enquanto ela puxava uma cadeira para perto. Minha mesa estava o completo caos mas eu juro que tinha uma ordem naquele caos. Aquele caos eram peças aleatórias, começos de ideias, ideias pela metade ou ideias prontas. A coisa que mais chamava a atenção naquela bagunça era talvez a esfera de arquimedes que eu estava usando para tentar algumas ideias.

— Você está trancado aqui praticamente desde ontem quando chegou a mensagem falando que eles iriam para o México? - perguntou ela cruzando os braços me encarando com raiva e Festus até mesmo bufou. Ótimo, até ele tava contra mim.

Desviei os olhos do olhar dela por exatos 3 milésimos de segundo antes de falar… talvez com um pouco medinho de encará-la? Bem… ela já tinha me avisado algumas várias vezes para eu maneirar a quantidade de vezes seguidas que eu virava a noite em alguma das oficinas da Estação Intermediária (algo que acontecia com certa frequência ultimamente). Ela acabou logo percebendo que virar a noite não era tão… saudável… assim e… tem todas as complicações de virar a noite em claro quando à qualquer momento tudo pode explodir e você tem que ir salvar o mundo… então é… já estava aflito sentindo que ela ia reclamar. É normal um cara ter um pouquinho de medo da namorada quando ela tá com raiva? Aposto que o Percy tem medo da Annabeth e olha que a Annabeth não é filha de um titã e nem tem centenas e centenas de anos como a minha namorada. Me pergunto se o Anúbis tem medinho da Sadie. Seria engraçado. Será que todo mundo se sente mal ou desesperado ou envergonhado de ver o olhar de reprovação da namorada? Porquê eu me senti bem mal…

Enfim… voltando a conversa…

— Talvez eu esteja… mas assim, só talvez… - eu disse já sentindo a bronca vir mas, ela não veio. O que veio na verdade foi um suspiro pesado.

— Queria ter ido junto? - perguntou ela.

— B-Bem… - respondi ainda desarmado pela quase bronca e sem ter certeza ainda se estava tudo bem - … por um lado sim… mas entendo que é bom ficarmos aqui caso algo aconteça em São Francisco ou em Nova Iorque ou em Boston… .bem… principalmente Nova Iorque ou Boston. São Francisco é muito longe para o Festus chegar rápido o suficiente para salvar o dia caso algo aconteça acho.

Dessa vez foi a minha hora de soltar um pesado suspiro. Toda aquela situação me preocupava. Tantos deuses e monstros que nunca tinha ouvido falar surgindo de tudo quanto é lado. Quem iria garantir que não tava o caos em algum lugar tipo… sei lá… na China! E a gente não sabia disso? Se principalmente Ártemis tá tão preocupada com os rios se levantando… quem garante que não tem… algum monstro mitológico… ou rio...  indiano… ou … ou… tailandês… ou algum país assim bem longe daqui também tocando o terror por lá? Não tinha como saber. Se tinha hora que só a distância até São Francisco parecia grande o suficiente para me deixar preocupado com quem estava em Nova Roma, imagina daqui até a China?

— Eu sei que está preocupado… - disse ela descruzando os braços e deixando para trás a expressão que anunciava a chegada de uma bronca à qualquer momento - Mas vamos dar um jeito nisso.

— Exatamente pensando nisso que não consegui dormir. - eu disse me levantando e mostrando para ela o que havia em minha mesa - Não é muito mas… estou preparando alguns pergaminhos holográficos em branco no meio da noite para mandar para Boston, Nova Iorque, Nova Roma e pro México. Não podemos simplesmente ficar dependendo dos poucos que conseguem usar celular sem pedir para morrer ou de mensagens de íris. Uma opção B seria bem vinda. C na verdade... 

— Pode mesmo ser útil. - disse ela pegando um dentre dezenas de tubinhos dourados pequenos do tamanho de um giz de cera um pouco grosso demais - E o que é isso?

— Ah! Isso é meu teste de flechas. Acho que as caçadoras e toda a coleção de filhos do Apolo vão gostar. - eu disse pegando um outro dos tubinhos e fazendo pressão em sua base bem onde uma linha branca o contornava.

A ideia era aquele mero tubinho se abrir pela outra extremidade formando uma flecha. Mas claro que só porquê ela estava ali para ver ele decidiu não funcionar de primeira. 

— Eu juro que funciona. - eu disse apertando seguidas vezes até que a flecha se abriu de repente fazendo nós dois darmos um pequeno pulinho.

— Olha, eu sei que está preocupado com os demais, mas você precisa descansar. - disse ela.

— Não é como se eu não tivesse tentado dormir. - admiti com um suspiro devolvendo a flecha para a mesa e me jogando de novo na cadeira.

— Não está conseguindo? - perguntou ela tirando parte da bagunça de um dos cantos da mesa e então sentando-se lá.

— Não. - admiti - Ao menos na maioria das vezes.

— Podemos ver algum dos filmes que você disse que dá sono para ver se você dorme. - ela sugeriu com um pequeno sorriso e admito que ri da ideia.

— Por mais que La La Land tenha cara de um filme que dá MUITO sono, acho que vou ter que passar a oferta. - eu disse dando uma risada fraca.

— Leônidas… - disse ela fazendo eu sentir que já tava vindo bronca - Você tem que dormir!

— Ai… ela usou o nome todo… não usa ele… - resmunguei eu deixando meus ombros caírem enquanto Festus bufava provavelmente com dó de mim enquanto olhava de mim para Calipso e então para mim de novo como se fosse aquelas cenas de filmes e desenhos que alguém fica olhando uma discussão de um lado para o outro como se os argumentos fossem uma bola de ping pong.

— Mas e se precisarem da gente? E se alguma coisa que eu inventar possa fazer a diferença? Não quero que aconteça como aconteceu com o Jason.

— Se precisarem da gente, vai ser bom você não ter virado um zumbi por ter ficado tanto tempo sem dormir. - disse ela.

— Uhh… aprendeu o que é um zumbi! - exclamei notando isso e talvez tenha sido também uma tentativa inconsciente de mudar de assunto.

Ela revirou os olhos com um sorriso pequeno no rosto que tentou esconder rapidamente. Eu já estava torcendo para ter conseguido deixar ela com menos vontade de me dar uma bronca. Por alguns segundos ela não disse nada e nem eu. Eu estava só esperando a tempestade vir ou passar de vez enquanto ela batia os dedos de uma das mãos na mesa e corria os olhos pelas coisas jogadas em cima dela.

— Façamos assim então… - disse ela - você envia já os pergaminhos holográficos que tem…

— Ainda não fiz muitos. Só tem três. - eu disse.

— .. então enviamos eles para Nova Roma, Nova Iorque e Boston. Um para cada ao menos. É melhor do que nada. - sugeriu ela dando de ombros.

— Lembrando que Nova Iorque tem aquela mansão toda lá dos egípcios e o Acampamento Meio-Sangue… - avisei - Só um não dá. Só se enviarmos pros egípcios. Não sei se eles sequer conseguem usar as mensagens de íris.

— Pode ser. - concordou ela - Aí depois você vai dormir.

— M-Mas… - comecei mas ela logo me cortou.

— Sem “mas”. - ralhou ela descendo da mesa e me encarando - Vou ter que te amarrar na cama por acaso?

Todo aquele papo sobre dormir tinha sem dúvida me deixado com sono. Ou talvez eu só estivesse começando a sentir o peso dele nos meus ombros agora que não estava debruçado quase que desesperadamente sobre algum projeto.

Eu comecei então a agarrar as coisas que precisava. Com os pergaminhos e a esfera de arquimedes, meus braços já estavam até um tanto cheios. Depois disso, eu precisava de uma invenção extremamente avançada e recente da humanidade, algo incrível que vocês provavelmente nunca ouviram falar… chama-se janela. 

Assim, tendo espaço para os pergaminhos saírem, foi até relativamente fácil fazer todas as frescuras necessárias para eles irem cada um para seu destino junto com um bilhetinho escrito em post-it falando que eram presentes para serem usados quando necessário. Claro, também ensinando como usar. Em algum tempo eles chegariam em Nova Roma, na Casa do Brooklyn e em Boston. Provavelmente o pessoal já saiu para o México, mas é melhor do que nada.

Antes de eu pensar em o que fazer em seguida, Calipso me arrastou para meu quarto meio que à força enquanto eu ainda segurava a esfera de Arquimedes nas mãos. Com ela impedindo que eu mudasse o caminho, em alguns poucos minutos chegamos no meu quarto. 

É com orgulho que digo que meu quarto é uma bagunça mesmo que a maior parte da minha bagunça fique na oficina. Não era um quarto muito grande. Uma cama, um armário, uma mesa e uma cadeira parcialmente enterradas de projetos parados ou peças que podiam virar algum outro projeto… essas coisas bem normais de quartos.

Depois de entrarmos, com o rosto sério, Calipso apontou para a cama.

— E me dê a esfera. - disse ela olhando para a esfera em minhas mãos.

— Tem certeza? - perguntei.

— Tenho. - disse ela com um suspiro - Você precisa dormir. Está com olheiras nas olheiras. Não precisa ficar a cada segundo tentando pensar em alguma coisa nova para criar.

— Se bem que bem que queria ter alguma ideia no meio da noite… - respondi com um suspiro enquanto dava a esfera para ela e começava à desamarrar meus sapatos - Me acorda se alguma coisa acontecer?

— Só se for importante. - disse ela esperando que eu me deitasse.

— Quero deixar salientado que almoço é importante. - respondi e ela abriu um sorriso revirando os olhos.

— Vou pensar no seu caso. - disse ela se sentando na beirada da cama depois que, meio à contragosto, me enrolei no cobertor - Vai precisar de histórinha de ninar? - perguntou ela com um leve tom debochado.

— Haha. Muito engraçado. - eu disse sem realmente achar engraçado - Mas, falando sério, pode ser que eu acorde pouco tempo depois ou nem consiga dormir…

— Certeza que não quer ver algum filme chato? - sugeriu ela.

Apesar de tudo, verdade seja dita, meus olhos estavam ficando bem pesados. Ela que estava falando mais baixo e mais docemente ou eu que tava começando a cair no sono mesmo? E desde quando aquela cama era tão confortável? Ou isso era um estado que ela magicamente alcançava depois de passar uma noite e meia sem dormir?

— Tenho. - respondi sem conseguir conter um bocejo - Sabe… ouvi falar que aqui em Indianápolis tem um museu com um quadro seu nele.

— Meu? - perguntou ela rindo. 

Aquela risada poderia até ser música para meus ouvidos, mas minha consciência parecia cada vez mais longe conforme ia cair no sono. O fato de ela estar segurando uma das minhas mãos e fazendo carinho nela não ajudava em nada nisso também. Logo logo eu estaria dormindo.

— Sim. - respondi - Podíamos ir lá ver um dia se o autor conseguiu reproduzir bem a sua beleza. Ai as aventuras de ter uma namorada famosa. E depois podemos ir comer umas pizzas em algum lugar.

— Dificilmente me descreveria como “famosa”. - respondeu ela acho que com um sorriso, eu já estava com olhos fechados nessa altura.

— Famosa sim. - respondi sentindo a vontade de continuar a falar morrer lentamente - Quando eu tiver um quadro… meu...

E acho que foi até aí que a gente conversou. Ou ao menos é até aí que eu me lembro. Eu acabei eventualmente caindo no sono e, durante parte do tempo que dormi, tive consciência de que Calipso ficou ali, tendo certeza que eu não iria acordar de repente por alguma preocupação ou pesadelo.

Apesar da cama estar bem confortável e da companhia que eu tinha ser bem tranquilizadora, infelizmente, eu não dormi muito tempo. Só tive algumas poucas horas de sono mas que foram ao menos boas o suficiente para eu me recuperar um pouco mais.  Também não acordei naturalmente. Por incrível que pareça, fui acordado gentilmente por Calipso. Mas, antes de reclamar com ela, calma, ela teve bons motivos. E não, não foi o almoço.

— Leo… Leo… - dizia Calipso tentando me acordar quando abri os olhos.

Fui recebido pela visão dela debruçada sobre mim levemente tentando me acordar com um olhar de preocupação e, atrás dela, estava Olujime parecendo ansioso.

Caso eu tenha que explicar quem é Olujime, deixe-me aproveitar agora então. Olujime, às vezes também chamado de Jaime, é outro dos moradores da Estação Intermediária. Não nos conhecemos das melhores das maneiras. Foi no meio de toda a confusão do Apolo como mortal e que nos levou à conhecer a Estação Intermediária. Olujime, conforme descobri depois, era um bom amigo. E, já como prova de que esse mundo é mais complicado do que imaginamos, ele é um semideus Iorubá nascido na Nigéria. Filho de Xangô, caso eu não esteja confundindo os nomes. Longe daquela confusão mágica de deuses e semideuses, no entanto, ele era só um estudante universitário.

— Que foi? - perguntei com aquela típica voz de sono enquanto abria um enorme bocejo.

— Temos um problema. - disse Olujime - Na verdade, eu estou com um problema e Calipso se ofereceu para ajudar.

— Que tipo de problema? - perguntei sentando-me em minha cama notando que ele tinha uma mochila pronta nas costas como se fosse viajar à qualquer momento.

— Eu tive um sonho estranho… - começou a explicar ele - Acho que não foi só um mero sonho.

— Se tem uma coisa que aprendi com esse lance de ser semideus, - eu disse - é que poucos sonhos são só “meros sonhos”.

— Verdade. - concordou ele soltando um pesado suspiro como se sentisse muito peso em seus ombros - De toda forma… tenho que ir pra Nigéria imediatamente.

— Problemas mágicos? - perguntei.

— Problemas mágicos. - confirmou ele com o olhar pesado.


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Notas finais do capítulo

capítulo q vem estaremos de volta no México :3



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