Sword Art Online - Imergentes escrita por And990


Capítulo 10
A Dança dos Assassinos - Parte 5


Notas iniciais do capítulo

Jennifer e Andy se preparam para o que está por vir. Confrontos intensos são travados. A conclusão da Dança dos Assassinos se aproxima...

Glossário: Sensei - "Professor".



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Direta. Esquerda. Dois golpes. Giro. Reequilibre. De novo. De novo. De novo.

Eu golpeava seguidamente contra Jennifer. Já faziam quase duas semanas de treino. Ela se esquivava, e eu golpeava de novo. Ela também contra-atacava, e eu deixava os golpes passarem em branco com curtos passos e giros.

— Está dando passes muitos longos pra avançar. Vai perder o equilíbrio - ela me disse.

— Ah, é!? - perguntei, com um pouco de escárnio. Avancei com uma rápida investida. Ela deu um passou pra esquerda, firmou o pé direito pra apoio e se agachou, girando. O pé esquerdo dela acertou minha canela, me mandando direto pro chão, também girando. Foi um tombo bem feio.

— Ai, ai… - eu me queixava, me levantando. Ela sorria de forma travessa.

— Você melhorou muito. Já é bom com as shurikens e agulhas, e sua postura em combate é a de um jogador experiente. Não é à toa que alcançou o rank 17 em menos de duas semanas - ela disse. Eu sorri, meio sem jeito.

— Eu tive uma ótima professora.

Acho que ela coraria, mas o avatar não tinha essa função bem calibrada. Pareceu o momento certo pra tentar o que eu queria. Blood Moon havia se mostrado bem mais legal do que eu pensara, mas eu havia entrado no jogo por uma razão…

— Violet… depois de amanhã, às nove… o Slash realmente… - deixei a perguntar pairar, cauteloso. Ela bufou.

— Não sei. Isso nunca aconteceu antes. Ninguém esperava. Ele praticamente disse onde vai estar pra quem quer que queira acertar as contas…

— Clareira do Carvalho…

— Sim.

Fiquei mais algum tempo em silêncio, juntando coragem. Ela já me olhava como soubesse o que eu ia pedir.

— Eu posso ir enfrentá-lo? - perguntei, finalmente.

— Não - ela respondeu, sucintamente.

— Mas…

— Você não está pronto, Devil Hunter. Se formos agora, vamos perder, e ainda desperdiçar o fator surpresa. Não é óbvio que é uma armadilha!?

— Eu sei - disse. - Mas… eu quero acabar logo com isso. Vamos saber quando e onde ele estará. Não vamos ter essa chance de novo. E cada dia que aquele maluco passa solto é um risco maior pra Blood Moon… na verdade, pra toda a rede de imersão…

— Sim, é. Acha que eu não estou preocupada com meu jogo preferido? Com o mundo onde gastei tantas horas a ponto de conquistar o Rank 1? Mas não é o momento certo. Um assassino espera a hora perfeita. Deixá-la passar é arriscado, mas não tanto quanto atacar precipitadamente - ela concluiu, pondo um ponto final na discussão. Ela estava certa. Eu sabia.

Voltamos ao treino.

 

Dois dias depois, às oito e meia da noite, uma figura encapuzada andava solitária sob as luzes fracas da cidade. Passou por ruelas e ruelas em silêncio e calma, caminhando lentamente. Finalmente, alcançou o portão e, atravessando-o, seguiu para a floresta.

— Ei! Você aí! - Ouviu uma voz chamá-la. Virou-se lentamente naquela direção, sem mostrar seu rosto. Um grupo de cinco jogadores bem armados se aproximou. Ela começou a avaliá-los.

— Pode tirar o capuz, colega. Ele e sua mecha colorida já são tão famosos quanto seu rosto. Além disso, não há muitos jogadores que têm coragem de ir até Slash sozinhos. Está indo para a clareira, não é? - perguntou um jogador na frente, alto, em tom de liderança.

— E vocês? O que fazem aqui? - Ela devolveu a pergunta. Não pretendia perder tempo. Além disso, sua paciência não estava no auge.

— Ora, é óbvio! Queremos desafiar o Slash, também! Imagine quanto ouro ele carrega, e mesmo que já tenha gastado tudo, ele é o assassino mais famoso de Blood Moon!

Ela ficou em silêncio por um tempo.

— E vocês acham que comigo, teremos todos mais chance…? - disse.

— É claro! Com cinco bons jogadores e a Ranking 1, não temos como perder!

Mais silêncio.

— Escutem. Deem meia volta. Essa luta não é sua. Eu tenho contas a acertar com aquele jogador. Vocês vão ser só um peso morto. E não vou deixar ninguém ficar no meu caminho.

— Ei, ei, ei… não seja tão orgulhosa, amiga… - disse o líder alto, aproximando-se e segurando repentinamente o ombro de Violet.

Antes que qualquer um pudesse se dar conta de qualquer coisa, a mão dele explodiu em fagulhas, deixando um toco no lugar do pulso.

Ele gritou, recuando, cambaleante. Os outros quatro jogadores sacaram suas armas. Violet sabia que não tinha volta.

Sacou a segunda adaga.

 

Feito o estrago, guardou as armas de novo. Fora um bom aquecimento. Mais tarde teria tempo de se arrepender daquilo.

Agora, tinha um amigo pra vingar.

Retomou a caminhada para a clareira, agora um pouco mais acelerada. Não encontrou mais ninguém disposto a confrontar o “Assassino Mais Famoso de Blood Moon”.

Finalmente, chegou. Adentrou lentamente o lugar. Slash tinha a vantagem. Era inútil tentar formar uma emboscada num lugar onde o adversário estava te esperando.

Então, foi até o centro da clareira e esperou.

Em pouco tempo, ouviu um farfalhar nas folhas de uma árvore próxima. Voltou-se naquela direção, assustada, mesmo que já o esperasse.

Slash veio ao chão, pousando graciosa e prontamente.

Levantou-se, meio se apresentando, meio se exibindo. Como sempre, seus braços e barriga definidos estavam à mostra. Suas cores branca e vermelho-escarlate na máscara e nas roupas reluziam sob a pálida luz da lua.

Violet fez menção de dar um passo, mas ele ergueu um dedo, sinalizando a ela para que parasse onde estava. Então, agachou-se e puxou um fio do chão, e uma série de outros ergueu-se das árvores e do terreno em uma reação em cadeia, formando uma teia mortal que cercava o centro da clareira, exatamente onde Jennifer estava.

“Burra. Burra. Idiota.” Ela se martirizava. “Achou o que, que teria um duelo justo e que os dois combatentes se empenhariam na grande Dança dos Assassinos sob o luar!?” Ela se perguntou, repetindo exatamente a mesma frase que havia lhe ocorrido em um momento poético daquela tarde.

Foi tirada de seu devaneio por uma shuriken que passou rente ao seu rosto, deixando um corte fino, suave e vermelho.

Sacou suas adagas. Se ia cair, ia cair lutando.

Slash voltou a disparar shurikens em alta velocidade, se posicionando para não cortar um único fio. Violet desviava e as repelia com as adagas na medida do que podia em seu apertado confinamento. O assassino, por outro lado, girava, saltava e dançava por entre as árvores, disparando shurikens e kunais de todas as direções, livre como um pássaro.

“Limpe sua mente. Expanda seu campo de consciência e deixe seus movimentos fluírem”. Jennifer agachou e relaxou os ombros, pescoço e quadris. Sentiu-se solta e tranquila, dona de seu minúsculo metro-e-meio de espaço.

Despertou quando uma kunai se cravou no seu ombro esquerdo. Mas agora, estava focada. Arrancou a arma do ombro e voltou a repelir os projéteis, dessa vez com uma boa margem de tempo.

Slash começou a se mover acima dela, cobrindo repetidamente uma trajetória circular, e não mais aleatória. Aumentou a velocidade de seus arremessos, dificultando ainda mais para Violet.

Mas ela conseguiu se igualar à velocidade do oponente, e quando se sentiu confiante, correu para um dos fios que a cercava, cortando-o num movimento rápido, ainda atenta aos projéteis. Aqueles fios eram perigosos e até muito resistentes, mas as adagas de Jennifer eram finas e afiadas, e ela sabia usá-las de forma a maximizar o poder de corte.

Partiu outro fio. E mais outro.

Então, Slash acelerou. Acelerou o máximo que pode. Violet não conseguia mais dar conta das duas frentes, mas ali, a vantagem era totalmente de Slash. Ela precisava chegar nele. Precisava contra-atacar. E rápido.

Então, redobrou seus esforços contra os fios. Finalmente, viu-se quase livre da teia, e assim que teve a chance, escapou dela por uma brecha que abriu. Porém, tinha cortes por espalhados por todo o corpo, principalmente braços e pernas.

Sua vida estava pela metade.

Sabendo disso, correu com tudo para as sombras da floresta, e, quando sabia que tinha saído do campo de visão de Slash, esperou. Dessa vez, ele viria. Tinha certeza.

E veio. Veio rápido, correndo agachado, achando que ela estava fugindo. E ela estava pronta.

Num bote veloz, saltou. Ia descer a adaga bem no centro de sua espinha. Se acertasse a medula, era fim de jogo. Slash ia ser eliminado bem ali, na frente dela, e se Zeny viesse a tempo, poderia rastrear e chegar ao console do assassino. E seu jogo favorito estaria a salvo.

Mas ele a enxergou vindo pelo canto do olho, e girou para esquerda no último segundo. A adaga abriu um longo e fundo corte na lateral de suas costas, e as fagulhas vermelhas jorraram, mas ele rolou pelo chão e se levantou de novo.

Os dois se encararam. Era agora. O confronto direto.

Avançaram um na direção do outro, e se atacaram com uma tempestade de golpes. Slash sacou duas de suas lanças escarlates, e Violet usava suas adagas.

Enquanto ela tentava contorná-lo e atacar seus pontos vitais, ele golpeava frontalmente, com poucos arcos, mirando tronco, braços e pernas. Geralmente não a acertava, mas com a vantagem de alcance, ela era forçada a recuar mesmo vendo brechas abertas.

E continuaram. Ora a distâncias médias, ora muito próximos, continuaram o embate corpo-a-corpo. Poucos golpes acertavam, e os que o faziam, eram de raspão.

Mas esse foi só o primeiro momento. O combate direto não era a especialidade de Violet. Mas era a de Slash. E ele a pressionava cada vez mais.

Até que aconteceu. Ele conseguiu enterrar a lança no calcanhar dela, que, gemendo de dor, se desequilibrou.

E outra estocada a acertou no ombro. E para o terceiro golpe, ele a chutou frontalmente na barriga, com força total.

Violet soltou todo o ar de seu corpo e rolou pelo chão. Para um golpe virtual, os danos posteriores foram bem realistas. Ela não conseguiu se levantar.

Dessa vez, não houve cerimônia. Não houve caminhada lenta e dramática. Slash avançou num bote certeiro, mirando a jugular de Violet. Ela estava totalmente indefesa.

Mas o assassino foi interceptado. Por um soco. Um punho certeiro que atingiu a máscara com um grande impacto, fazendo-o rolar todo o caminho de volta. Afinal, por mais que Jennifer tenha sido convincente, eu gostava de upar força.

Foi um momento bem dramático. Agora parado, de pé, mas ainda de capa, voltei os olhos pra Violet. Ela me encarou, estupefata.

— Descanse, Sensei. Eu assumo daqui.

Me virei de volta pra Slash. Já de pé, vi algo novo nos olhos de seu avatar.

Raiva. Ele estava furioso.

— Zeny, desligue meu áudio externo. Sem música dessa vez, mas ainda quero o som do jogo. Preciso me concentrar - eu disse, aparentemente para o nada.

— Tudo bem. Boa sorte, Andy - ele respondeu, e, de repente, eu só ouvia os sons do cenário. Que no momento, era o vento noturno passando pela vegetação da floresta e causando um farfalhar ritmado.

Respirei fundo.

— Meu nome é Devil Hunter, Slash. Sou um Beta Tester do Projeto Imergentes, do qual você ainda vai ouvir falar. Fui mandado aqui pra acabar com a sua raça e, futuramente, te assistir entrar algemado em uma cela de prisão - saquei uma adaga curta - prepare-se.


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo: O confronto final! Devil Hunter contra Slash!!! ( E aí... estão ansiosos? :3 )



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