Anais de Tëmallön; Os Livros Sagrados escrita por P B Souza


Capítulo 22
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

E voltamos a nossa programação normal. Ou quase.



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Havia dezenas de elevadores e estradas cerceando o Pilar. Para Alek, olhar o Pilar era como se homens fossem formigas olhando a coluna de sustentação de uma casa, e nessa coluna houvessem cordas jogadas, caminhos, tuneis escavados subindo e descendo.

Parou em um ponto de checagem militar, os elevadores comuns, naquele horário, sempre estavam com filas pois o dia começava. A mão de obra que movimentava o Pilar estava deixando suas casas, se preparando para subir o grande pico aonde o poder se concentrava. Aonde a Chama esta.

Alek pediu licença ao comandante da base, disse quem era e foi autorizado a passar. Naquele momento já sabia que Gÿrvanza eventualmente saberia sobre sua escapada, então que diferença faria usar o nome dos Turmanos para conseguir evitar as filas matinais dos elevadores comuns?

Então entrou na área privada, havia homens levando containers médios, dois guardas, cada qual segurando uma ponta. Outros, nas amuradas, estavam de sentinelas ainda na penumbra da madrugada, armados e cautelosos, andando de um lado para o outro. O caminhar era para impedir o sono de atacar mais forte ainda. Os de maior patente estavam coordenando o trabalho dos outros. Havia um ou outro sentado jogando conversa fora, provavelmente em descanso.

Chamaram o elevador para Alek, que enquanto esperava foi surpreendido.

— Alek. — A voz familiar soou como uma lembrança agourenta. Sentiu um calafrio, mas sabia que tudo aquilo era passado. Até mesmo a presença de Alagorv estava aprendendo a tolerar, então porque não tolerar os guardas que lhe mantiveram em cárcere.

— Olivar. — Alek olhou para o lado enquanto o guarda, que fora quem mais o vigiara, vinha até ele. — Bom dia.

— O sol sequer raiou, posso saber por que está fora do Pilar? — Perguntou, nem um pouco sútil. — É perigoso aqui em baixo, para gente como você.

— Eu posso me proteger.

— E esse é exatamente o motivo pelo qual é perigoso. — O elevador chegava. Olivar sorriu. — Acha que aqueles tolos em fila correm algum risco? Tem mais simpatizantes dos Carza aqui do que nas multidões.

Alek sentiu-se ameaçado. Não quis, mas pegou-se olhando ao redor procurando simpatizantes dos Carza. Em vão. Não vão acender tochas e levantar placas. Era difícil saber quem lhe odiava por ser apenas o que era e quem não, as expressões mentiam, e muitas vezes de propósito.

— Eu preciso subir...

— Coincidência. — Olivar retrucou. — Não achou que o elevador chegou rápido demais? Eu já havia chamado momentos antes de você chegar. Também estou subindo.

Ótimo. Alek pensou, olhando para o lado e rolando os olhos. Não sentia nenhuma vontade de manter aquela conversa, mas até o elevador chegar no topo do Pilar seria impossível se manter em silêncio sem soar rude e grosseiro e Olivar parecia especialmente inclinado a dialogar naquela manhã, então Alek foi obrigado a ceder.

— Sabe, eles mesmo odiando gente como você, não lhe fariam mal algum. Ao menos não os homens da guarda. O código é bem restrito, eles são impelidos à honra...

— Seus homens da guarda degolaram uma mulher na frente de seu filho, o avô do menino também. E levaram a criança para sabe-se lá onde. Honra, você dizia?

— Criminosos não mais não menos. Eu entendo seus motivos, e não os desvalido, mas você mesmo está vivo. E Zeno poderia ter lhe matado, ninguém o criticaria por tal ação, mas o que parou a mão dele naquele dia? Não sei se sabe, mas ele é membro da Ordem de Carza. Ele não lhe odeia, mas odeia o que você é, mesmo assim o poupou, porque estava cumprindo ordens e você não fazia parte dessas ordens, você não foi julgado, apenas cometeu o crime, então foi preso e trazido para julgamento, o que nunca aconteceu.

— Porque fui absolvido...

— Através de influências das quais os Carza são relutantes em aceitar. Alguns diriam que sua absolvição é, por si só, obra de bruxaria pelas mãos de seu mestre! — Olivar disse e então lançou um olhar para Alek como se o julgasse, mas logo completou. — Apenas repetindo o que escuto por ai.

— Parece que todo soldado só sabe fazer isso, repetir. — Alek cutucou, então se calaram por um momento.

O elevador estava mais devagar que o de costume, Alek não sabia o porquê. Apenas continuou parado esperando o percurso se encerrar. Quando ele começava a pensar que Olivar havia desistido de conversar, o guarda surgiu com outro assunto.

— Sua amiga e o outro prisioneiro, ela foi presa primeiro sabe, tinha atitude suspeita e foi presa em caráter preventivo porque o chefe investigativo acreditava que ela não estava agindo sozinha. Prender ela foi uma ideia de chamar a atenção de seu parceiro. E como ninguém sabia se ela era mesmo culpada de algo, não podíamos tortura-la ou nada do tipo. Não muito depois um homem fez de tudo para ser preso, era o parceiro dela, que esperávamos ser o real culpado, talvez tivesse até aliciado Kaedra. Juntamos os dois na mesma cela, mas não deu em nada. Eles sequer trocavam palavras, mas o homem fazia desenhos estranhos, então o chefe investigativo começou a buscar sentido nos desenhos. Nada mudava até termos uma ideia... foi um acaso combinado com sorte e momento certo. Por que não um bruxo?

— Vocês me usaram...

— Todos usam a todos em Tëmallön, eu acho. — Olivar disse. — Conforme os desenhos de Orfeu iam se esgotando o general Aticus previa que uma tentativa de fuga seria tentada, por esse motivo mesmo que ele estava indo até as celas. Na verdade, a fuga aconteceu momentos antes do que Aticus previu, fora quase perfeito, para Orfeu e para Aticus.

— O que foi perfeito se Orfeu quase morreu e Aticus perdeu o prisioneiro?

— Quase não significa perfeito, e entre mortos e feridos salvaram-se todos. Aticus estava certo e Orfeu não perdeu sua parceira, já que você conseguiu a soltura dela também. Mas o que mais me chamou a atenção foi à forma da fuga. Aticus não previu isso, ninguém previa. Eles disparam um tipo de canhão contra a parede rochosa do Pilar. Do Anel até o Pilar, como? E o disparo sequer fora o pior, o projétil era explosivo e essa foi a segunda explosão que sentimos naquele dia. Talvez você não saiba, duvido que Gÿrvanza tenha falado, é ignorado até mesmo entre os soldados e guardas, mas depois desse incidente... todos estão comentando!

— O que você está falando?

— Bandidos e arruaceiros são presos todos os dias. Tëmallön não sente falta deles, são milhares ou milhões em um país de bilhões de habitantes. Mas bandidos pequenos não possuem canhões de porte militar com balística explosiva e rápida capacidade de locomoção, porque embora saibamos de onde o disparo foi feito, quando chegamos lá não havia sinal de canhão algum. E um canhão de tal porte não desaparece sem deixar vestígios em vinte minutos.

— Eles estão organizados, é isso que quer dizer?

— Eles... E quem são eles?

— Bandidos e arruaceiros. — Alek respondeu. Mas começava a entender o que Olivar queria dizer. Então o elevador chegara ao destino. As portas se abriram e os dois desceram. Mas continuaram parados um olhando para o outro.

— De qualquer forma, naquele dia três fugiram, você, Orfeu e Kaedra. E embora você tenha alcançado estrelato junto de Líder dos Turmanos, Kaedra não teve a mesma sorte, foi libertada, mas não em vão. Sua influência e a de seu mestre parecem aos seus olhos ser o resultado de tal liberdade, mas não é. Se lembra do que mais escapou aquele dia?

Alek olhou para os lados, uma expressão confusa. Então, como um lampejo, viu as criaturas desumanas.

— O que eram aquelas coisas?

— Alek, os Carza buscam destruir os Hasgyz, os Hasgyz querem o livro que a Ordem dos Cinco tomou deles, empresas querem manipular o Rei dos Reis e Tëmallön no meio disto tudo definha, mas sobrevive. São infinitos os perigos, mas há um sendo postergado por tempo demais. Orfeu e Kaedra, tenho motivos para acreditar, são membros notórios de uma organização que pretende destrinchar a nação com objetivos próprios, uma agenda particular e obscura que não trará nenhum benefício. Caos não trás paz, apenas guerra. E guerra nós já temos, para que mais?

— O que você quer de mim? — Alek recuou um passo. Olivar parecia temeroso e sombrio, como se trouxesse notícias ruins.

— Aquelas criaturas que estavam na prisão, no escuro e balbuciavam feito monstros, são experimentos, cobaias para uma eventualidade. Gÿrvanza deve ter o pergaminho de Alastor, falso-príncipe de Qenati. Leia-o se tiver oportunidade, e então repense minha proposta.

— Que é?

— Você deve encontrar Orfeu, eu preciso falar com ele, o mais rápido possível, ou Aticus soltará os monstros daquela noite. Os insurgentes possuem canhões excepcionais, mas você sequer imagina as armas que o Exército Real de Onmere possui!


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Notas finais do capítulo

Gostaria de dizer aqui que TERMINEI!!!!
Ou melhor... terminei o roteiro. Serão 5 partes mesmo. 50 capítulos no total. Talvez um epílogo para contar uma coisinha muito importante... mas acho que nem vai ter!
Já estamos meio caminho andado né, 22 capítulos postados, eu já tenho mais de 50% escrito.
E 100% planejado. Então agora é só escrever e postar.
E como sempre não pode faltas a mendigagem de cada capítulo né? Deixa um comentário ai, vai? :)



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