Anais de Tëmallön; Os Livros Sagrados escrita por P B Souza


Capítulo 18
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Essa parte está QUASE acabando também!!!!
E eu acho que devia isso pra vocês, no final do capítulo tem uma surpresa que tenho comigo desde o primeiro capítulo xD



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Elas estavam sendo protegidas durante todos os dias. Traziam comida e traziam roupas, só não podiam deixa-las sair, não tinham confirmação da segurança, e o Capitão Ninsiel não arriscaria a vida de três mulheres à toa, por pressa ou capricho, era experiente demais para cometer aqueles erros.

O reencontro fora de lágrimas mais que de palavras, e Gÿrvanza deixou a família conversar em paz durante todo aquele dia. Alek contou para sua mãe a história, sem economizar nos detalhes, mostrou suas cicatrizes e seus dentes arrancados, mostrou a cabeça aonde cabelo voltava a crescer lentamente e o tubo inserido em seu corpo, já cicatrizado, retirar daria trabalho e com medo do possível risco de dar errado, Alek optou por continuar vivendo com aquilo dentro dele, vendo o sangue deslizar pela pequenina mangueira saindo de seu corpo, mas tão pouco agora que sequer lhe incomodava.

Talvez Gÿrvanza fosse se zangar, mas Alek contou todas as histórias, contou tudo para sua mãe, pois temia perde-la agora mais do que nunca. Quase a perdi, e nunca mais lhe esconderei a verdade ou ocultarei fatos. Queria prometer, mas apenas pensava naquilo.

Então disse sobre Kaedra, Orfeu, e a prisão, tal como havia contado para Tomiam e Gÿrvanza. Contou sobre a fuga de Orfeu e contou como usara magia naquele dia, e nos dias seguintes enquanto brincava com Tomiam, de forma inocente no começo, mas depois sentia-se excessivamente culpado. Contou sobre Gÿrvanza e seu papel naquilo tudo e contou sobre as Ordens e o que cada uma delas queria, mas mais do que tudo; contou sobre o próprio pai, a história de Talmer e como tudo aquilo chegava àquele ponto. Foi ele, mãe. Se não fosse o pai não estaríamos aqui hoje, talvez se ele não tivesse feito o que fez, ele mesmo ainda estivesse vivo.

Então naquela mesma noite Gÿrvanza organizou o jantar para todos eles no salão principal de sue casarão. Alek conduziu a família, as duas irmãs sentiram demais sua falta, Tessara mesmo o abraçara mais de doze vezes desde que chegaram ao Pilar.

— Se aprouver a todos vocês, podem, inclusive, ocupar os quartos da Ala Sul da casa, estão vazios, exceto pelo quarto aonde Alek vem dormindo. — Gÿrvanza ofereceu no jantar. — Já que voltar para Alnia-Saar não é a mais segura das saídas e o Anel menos ainda.

— É bondade sua, mas o incomodo que já causamos...

— Não há incomodo em cumprir meu dever com Talmer. Só lamento a tardia. Ele e eu juramos proteger um ao outro e nossas ideias e nosso povo, e vocês sendo quem são... É o mínimo que posso fazer!

— Mãe, eu vou ficar também, para trabalhar. Não vou mais para a madeireira, falamos sobre isso.

— Mãe, o Alek é rico agora? — Inara, a irmã mais nova de Alek, perguntou. Era uma menina de catorze ciclos e cabelos encaracolados como os da mãe, diferente de Tessara e Alek que tinham cabelos lisos, como os do pai.

— Não, e ele não vai ficar. Não assim! — Saedra olhou com represálias silenciosas para Alek.

— Com todo respeito, mas o que meu pai oferece é uma chance única...

— Quieto, Tomilliam. — Gÿrvanza disse para o filho. Então olhou para a mulher de trinta e nove ciclos. Saedra o encarava com certo gosto em vê-lo repreender o filho, o tipo de olhar que parentes trocam quando veem boa educação sendo feita. — É verdade, ofereci um caminho melhor para seu filho, não apenas por dinheiro, ele é moral demais para aceitar minhas ofertas apenas por dinheiro. Na verdade; sequer discutimos pagamento...

— Mas trabalhando no que? Nessas Ordens...

— Com política como um todo, ele seria como um aprendiz meu dentro da Ordem dos Turmanos, e o mesmo fora, nas cúpulas do Rei dos Reis. O objetivo é manter a paz dentro das Ordens.

— Meu marido morreu fazendo exatamente isso! — Alek ouviu a sentença de sua mãe como uma espada fria contra o peito nu.

— Mãe, ele conhecia o pai, eles fundaram isso juntos porque acreditavam em algo em comum. Algo que eu acredito também! — Alek disse.

— Algo que custa vidas, e isso não era o que seu pai acreditava, nunca foi! — Ela se levantou então. — Eu agradeço a sua generosidade, mas nenhuma benção de homens vem sem custos, e o preço é alto demais para meu coração. Não suportaria ver minha família mais uma vez despedaçada. Eu não concordo. — Saedra então olhou para Alek diretamente. — E não apoio!

— Mãe...

Saedra então chamou suas filhas, pediu para que elas fossem ao quarto e preparassem suas coisas para partir.

Alek se levantou para ir atrás delas, impedir. Imediatista como era, teria saído andando, mas sentiu as pernas pesadas e não à toa. Gÿrvanza mexia os dedos, prendendo-o naquele local.

— Deixe-as ir por enquanto. — Então, quando abaixou os dedos, as pernas de Alek se soltaram do chão, como se sapatos perdessem a cola. — Escute rapidamente... Sua mãe esta temerosa que você morra nessa jornada, e não a tiro razão, o que peço é de um risco sem igual, mas os devidos cuidados serão tomados, estamos juntos, e por isso sobrevivemos! Ainda hoje a farei mudar de ideia, mas quero que entenda; a chantagem não é minha arma comum, mas hoje é o meio para um fim.

— Como?

— Oferecerei a cura de sua irmã em troca da estada de sua mãe, garantindo a segurança dela e de suas irmãs, assim como sua tranquilidade o que melhorará por inércia a sua capacidade de pensamento uma vez que não estará dividido entre preocupações e ações. E como promessas vazias se vão com o vento como balões de ar quente, colocarei Alagorv para buscar a cura imediata de sua irmã, ele e toda sua equipe!

— Isso é uma ação de desespero. — Alek respondeu. — É uma promessa que você não sabe se poderá cumprir...

— A magia é sem fim, altera o inimaginável. Não há promessas impossíveis, apenas difíceis. Quanto a você, será duro, mas caso a ordem venha de mim não será possível que cheguemos a um entendimento e você entende a intrínseca necessidade que tenho de sua ajuda nisto tudo, não entende?

Alek anuiu.

— O que quer?

— Sua mãe, neste instante, prepara as malas. Ela é livre, não a roubarei desta liberdade, mas pretendo fazê-la ver a razão. Se ela partir, porém, como o farei?

— Quer que eu a force a ficar...

— Apenas até que ela se contente em não partir.

— Como?

— Ninsiel é meu Capitão, ele rege os guardas sob meu comando na Ordem, e faz minha proteção particular também. Sua deve ser a ordem e sua mãe deve vê-lo dando tal ordem, doerá em ti e nela, mas é para o bem maior. Ela deve pensar, e acreditar, que mantê-la aqui é sua ideia, porque você crê piamente que é o melhor, que se ficar você estará fazendo o certo, assim ela acreditará e aceitará.

Alek olhou para Gÿrvanza com um misto de desgosto e raiva enquanto em seu intimo borbulhava aquela fagulha que dizia; isso é lógico e preciso. Alek entendera qual tipo de mago Gÿrvanza era. O tipo que invadi sua mente e descobre tudo sobre você, com ou sem seu consentimento. No entanto, guardara aquela observação para si mesmo, temendo, porém, que se estivesse certo de pouco valeria não vociferar seus pensamentos.

Então deixando de lado sua frustração em tão nitidamente acatar ordens, ele anuiu. Gÿrvanza se levantou e apontou para o corredor.

— Ela está descendo as escadas...

— O que você ganha comigo aqui, com tudo isso? De verdade! — Alek perguntou então. Naquele momento encontrou um ponto de impasse. Gÿrvanza dependia daquela ação para que tudo seguisse em linha reta, para que seus planos sucedessem como planejava, e Alek podia simplesmente não agir levando tudo tão meticulosamente planejado a irrelevância total.

— A cidade não cai na mão dos Carza, não explode como consequência... Em suma; sobrevivemos mais um dia! — Gÿrvanza respondeu com a voz imutável, monocórdica.

Alek sentiu fúria, não gostou da forma que o homem tratou sua família ou da forma que tratou ele mesmo, dando ordens como se fosse o próprio Rei dos Reis. Mas é sua casa, e seu jogo. E por mais descontente que estivesse, via razão na jogada, então seguiu seu papel, mas não cegamente.

— Ninguém, Gÿrvanza, ninguém, é assim tão altruísta! — E sem mais foi para a saída da propriedade, certo de que aquilo seria a coisa mais difícil que já havia feito. Incerto se, de fato, seria capaz de cumprir seu dever.

Enquanto Alek ia, porém, o jovem Tomiam ficou a sós com seu pai.

A mesa ainda repleta de comida intocada e os pratos sujos. Dois criados e uma criada vieram para limpar tudo assim que Tomiam se levantou também. Caminhou até seu pai e olhou o homem nos olhos. Gÿrvanza cedeu após uns instantes e olhou para o filho.

— O quê?

— Foi por isso que a mamãe foi embora. — Sem mais, o garoto também se retirou.

E Gÿrvanza ficou sozinho, como sempre estivera.


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Notas finais do capítulo

Ps. Já viram a capa nova? Ficou tão linda :D



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