WSU's: Zenith escrita por Lucas, WSU


Capítulo 9
Capítulo Final - Requiem


Notas iniciais do capítulo

Estou na montanha e vejo a enseada.
Os barcos descansam sobre a superfície do verão.
Somos sonâmbulos. Luas vagabundas.
Isso dizem as velas brancas.
Deslizamos por uma casa adormecida.
Abrimos as portas lentamente.
Assomamo-nos à liberdade.
Isso dizem as velas brancas.
Um dia vi navegar os desejos do mundo.
Todos, no mesmo rumo - uma só frota.
Agora estamos dispersos. Séquito de ninguém.
Isso dizem as velas brancas.



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— Eu amo este lugar e amo vocês. — declarava a Rainha para seus afilhados enquanto conversavam ao lado de fora do Castelo, sentados em cadeiras de bronze maciço e uma mesa escupida em forma de mandala russa por Petrov. 

— A gente passou por tanta coisa juntos, e a senhora sempre nos defendeu. É mais do que digna de todo nosso amor. — declarou Petrov de volta, era o mais velho dos irmãos.

— Preparei vocês para a vida, meninos... Repassei tudo o quê aprendi na minha jornada, minha ambição é fazer meu ideal se espalhar mentes à fora, pois ideias são a arma mais poderosa da sociedade. Quando uma ideia domina o cérebro, é quase impossível erradicá-la. Uma ideia totalmente formada e compreendida penetra fundo. — ela respondeu.

— Vamos fazer, somos uma família não somos? Digo, toda nossa classe! Nossos ideais são diferentes! Existem muitos de nós perdidos, podemos nos juntar e ser muito mais do que apenas 'seres extremamente brancos com presas'! — Vlad era o mais novo, é evidente o por quê dele se empolgar tanto nesses assuntos.

— Benevolência, Vlad. — disse Mihai, o irmão do meio e, inexplicavelmente, o mais sério e pessimista — Um dia fomos como qualquer outro, deixe o mundo se do jeito que é... Quem o povoou que continue povoando, somos o que somos. 

— Não te criei para crescer e pensar desse jeito. Séculos Mihai! Séculos destinados a ficar dentro deste Castelo sem fazer nada de útil à vida? Meu marido faz a mesma coisa e se arrepende! Eu não vou aceitar que meu afilhado viva sem ambições.   

— Certo... Não se irrite, prometo que um dia vou achar algo de útil pra fazer com a minha vida. —Mihai retrucou como um filho adolescente que pensa ser rebelde.

— Inclusive, já decidi para onde irão no fim do ano. Mihai, você vai estudar latim em Viena e depois filosofia em Berlin. Vlad, por ter sido um bom menino e não ter trazido nenhuma biscate pra amarrotar meus lençóis, pode gastar o dinheiro que quiser naquela ilha grega que me disse. Petrov... Há um ótimo curso de comunicação social em Roma, matricule-se, aproveite e vá até Londres aprimorar seu inglês. — não era mãe biológica pois não podia, porém os tratava com as características de uma.

— Nós estudamos, ele tira férias? — questionou Petrov apontando para Vlad. 

— Ele não vai sair por aí para estudar até que eu julgue necessário, Petrov. Meu bebê pode aproveitar por enquanto. — mimou Vlad apertando sua bochecha.

— Não são férias, Petrov. São descansos necessários! — exclamou Vlad, irônico, em defesa.

— Você não faz nada pra se sentir cansado, Vlad! — acrescentou Mihai.

— Eu caço animais nessas florestas todo santo dia, matei cinco veados com uma flecha, esfolei o estômago de um urso com uma faca cega! Vocês ficam trancados ali dentro bebendo chá e discutindo a decadência de Bolshoi!  

— Chega, meninos! Eu ensinei a não gritarem quando estiverem à mesa! 

Imediatamente, o respeito volta junto  ao silêncio.

— Depois da minha vingança — retomou ela — penso em visitar alguns conhecidos na Romênia, não estou certa disto. Finlândia é o meu sonho também... Ficaremos um bom tempo sem nos vermos, meus amores.

— Viajar faz bem para a mente, senhora. É um remédio natural. Cada pedaço de terra é um aprendizado. Precisamos valorizar mais isso, olha que tamanho de mundo... — disse Petrov.

— Infelizmente a maioria da população mundial não pensa como a gente. Aceitemos. — Mihai argumentou.

— Então vamos fazer com que pensem! — empolgou-se Vlad, mais uma vez.

— Não começa de novo, Vlad. — retrucou.

— Meu querido, não pode forçar as pessoas à pensarem do mesmo jeito que você. — interrompeu A Rainha. 

— Pode até tentar forçá-las, desde que não infrinja direitos. Não diga que é errado, a senhora me disse isso quando eu tinha doze anos. — Mihai voltou a conversa. 

— É, ela está certa. A lei é o limite. — Petrov era formado em Direito. 

— Como assim? E a ética? — perguntou Mihai.

— Ética é uma ideologia porca. Ética é um recurso de defesa usado persuasivamente. Respeito é importante, Mihai. A sua moral trará respeito, sua ética trará retardo, atraso. Vocês me respeitam ou são apenas éticos? É fato, me respeita. Caso fossem somente éticos, já teria os matado. — para ela, cada fala era a oportunidade de conquistar atenção. 

— All hail, the Queen. — disse Mihai ironicamente.

Ficaram ali, dissertando aleatoriamente, como toda família faz. Esperavam logo a reunião familiar que não tardaria, o acerto de contas. É comum que as pessoas perdoem, mas é raro que esqueçam. Condições podem ser esquecidas, em situações são até aniquiladas. O erro é uma situação, e variante de como é cometido, jamais pode ser esquecido. O onze de setembro foi um erro causado pelo fanatismo, nunca esquecerão. Os problemas sociais, a fome, a miséria, erros causados por sabe-se bem quem, ignorados.

***

Nina caminha pelos corredores escuros. Boca seca, são visíveis os cortes delineados em seus lábios. Ativou o único e vermelho botão do controle que fechava todas as janelas da casa. O barulho da engrenagem funcionando é tão amedrontador quanto uma garota possuída por um demônio.  

Bocejou. Deslizou a palma da mão direita do nariz para baixo. Viu o tapete ao chão desarrumado na borda, com a ponta do pé direito arrumou-o. Ia seguindo o curso até o quarto, passando cômodo por cômodo. Ouviu um barulho estranho na cozinha, semelhante ao de um copo se quebrando. Intrigou-se, deu meia volta e foi até lá.

Antes, conferiu na segunda porta à esquerda do corredor se seu filho estava bem. Ele estava, dormia como um anjo. Teve uma rápida tranquilização, ver o rosto do filho é analgésico para as mães.

Mas, não durou muito, novamente algo se quebrava alguns metros à frente. Nina se assustou, levantou as sobrancelhas e por consequência arregalou os olhos. Decidida, ela foi de uma vez. Escorava-se nas paredes, e andava devagar, com medo. Ofegante, procurava euforicamente pelo interruptor. Cheiro ruim, amargo, lugar escuro. A um dos cantos superiores das paredes, algum ser estava grudado nas paredes de cabeça para baixo, percebia-se pois apenas os olhos vermelhos eram possíveis de ver. De costas, Nina não viu. Assim que Nina conseguiu acender as luzes, a criatura por trás dela sumiu, passou por um balcão de mármore maciço e viu duas xícaras quebradas. 

O desespero. Mais barulhos e Lýkos começa a chorar.

Nina voltou correndo ao quarto, esquivando-se entre os inúmeros móveis, quadros e retratos quebrados cruelmente. Em situações desesperadoras a pressão arterial aumenta, a visão de Nina fica turva, nem ela bem entende o quê está acontecendo. Lâmpadas explodidas. Pegou sua criança do berço e a segurou em seu colo.

— Quem está aí?! — gritou —Socorro!

Da sala ao lado veio o rugido que estremecera cada centímetro daquele lugar. Correu até a porta e tentou fechá-la, apenas tentou. A menina de corpo deformado, olhos vermelhos e voz descomunal não deixaria Nina fechar a porta.

— Omnes moriemur... — sussurra o diabo.

— Não! Não! — continuou gritando Nina.

Foi pega pela garganta e arremessada junto com seu filho à uma estante coberta por livros. Não existe perdão quando há maldade, Zagan matou uma mãe e seu filho, para ele aquilo era uma evolução, transformaria sua hospedeira no que ela precisava ser, O mal. Não, não é assim que se evolui. Evolução não significa melhora, mas é pela melhora que a evolução se preza. Ela caiu de braços abertos, seu filho em seu peito, de onde brotava o amor que sentia por ele e o marido. 

Zagan era o protagonista da tragédia, mas não iria arcar com a consequência. Deixaria a posse de Mia por alguns instantes, ela teria que ver o que fez com as próprias mãos. Foi indo embora, deixou Mia de pé em frente aos dois cadáveres. Apagou a vermelhidão dos olhos e a deixou.

Sozinha agora, Mia começou a tremer e pronunciar incansavelmente a palavra 'Não'. Nesta mesma medida, puxava os cabelos a ponto de arrancar alguns muitos fios. Caiu diante das vítimas, e seguinte aos incontáveis 'Não' vinha um 'Meu Deus'.  

— Não! Não! Meu Deus!

E gritos. Humanos desta vez. Ela realmente gritou muito com o que havia feito. 

— Por que!? 

Bem, não se podia mais voltar atrás. Zagan ficou observando aquilo, fazia parte de algo que ele planejava dentro de um outro planejamento. Deixemos Mia sofrer sozinha a desgraça que cometeu, isso é pessoal. Era uma garota dotada de incríveis poderes. Para ter poder, precisa passar por muitos perrengues. Esse é o caso dela. Sofrer com a perda da namorada, sofrer com assassinato da mãe e de um filho... Por um ponto de vista: Dor e sofrimento. Por outro: Parte do processo.

Ela ficou por confabular um pouco mais a situação. Zagan levará ela de volta para o Castelo, uma grande comunhão os aguarda. Todos os envolvidos tinham seus motivos. E Mia continuava berrando. A Rainha reuniria eles, explicaria com toda teatralidade do mundo o quê ela havia planejado. 

A imagem vai escurecendo conforme Mia se contorce no chão, ao lado dos dois corpos. O último 'Não!' ecoa após a escurindo total preencher a tela.

***

— Miandrya! Acorda, Miandrya! — chamava Vlad.

— O quê é... — acordava confusa.

— Se arrume, já vamos servir o jantar! 

— Quê jantar? — sentou-se à beira da cama — Como eu voltei pra cá?

— Está todo mundo lá embaixo. Olha, essa é sua roupa, um presente nosso. — Vlad entregou à Mia um vestido preto, não muito longo para os padrões da sociedade, bastante justo e aberto nas costas. 

Ainda confusa ela pegou aquela peça de roupa envolta num plástico transparente e agradeceu.

— Obrigado...  

— A Rainha está te esperando! Todos estamos! — exclamou.

— Sei... Eu vou me arrumar... — ainda não havia se situado.

Vlad se retirou do quarto.

Mia, por sua vez, foi até o banheiro banhar-se. Fez muito bem, sensualmente, lavou as tatuagens, cabelo, partes íntimas, despertou-se. A água tem o poder de despertar.

Tinha todo o aparato necessário. Pentes, perfumes, cremes, quatro espelhos, tudo para deixá-la mais bela do que já era. Se arrumou perfeitamente, reajustou algumas partes do vestido, calçou um par de botas over também pretas. Saiu do abstrato quarto com a estranha sensação de nada estar ligado a nada. Enquanto rodava a maçaneta, acreditou ter a mente percorrida pela amnésia, e tinha. 

Deslizando suas mãos pelo corrimão, Mia se deslocou até o andar à baixo, de onde se ouvia vária vozes. Ao chegar, viu todos que havia conhecido. A Rainha sentada na ponta da mesa, de costas para Mia, Petrov cozinhando, Mihai e Vlad também sentados à mesa comendo, Viktor marcava presença.

De repente todos pararam de conversar, A Rainha não entendeu muito a situação. Petrov tirou seu avental e indicou para a Rainha com a cabeça onde ela deveria olhar. A grande Rainha, então, girou seu tronco para trás, e se surpreendeu. 

— Miandrya! — levantou-se da cadeira e foi até ela. 

— Oi... — Mia ficava tímida com tantos olhares.

— Eu jamais erro nas minhas escolhas, você está linda! — disse esfregando as mãos nos braços de Mia — Sente-se!

Mia foi até a outra ponta da mesa e se sentou. Imediatamente, Petrov a serviu.

— Gosta de Petit gâteau? — perguntou A Rainha.

— Ah, eu?! Claro! — respondeu Mia.

— Fui eu que fiz! — disse Vlad.

— Parabéns... Está ótimo. 

— Viktor, Miandrya é um prodígio. Para mim, para nós, para você e para todos nesse mundo, é um enorme misto de prazer e sorte conhecê-la! — exclamou A Rainha.

— Percebo isso olhando nos olhos dela, Erszébet. — falou Viktor colocando vinho em sua taça.

Mia ficara ainda mais envergonhada.

— E também é cinéfila, senhor Viktor... — Mihai puxou o assunto.

— Então isso a torna mais incrível do que aparenta ser. Conte-me, Miandrya! O quê gosta de assistir? — Viktor questionou-a.

Há poucos temas capazes de desencadear sede por discussão e debate de maneira saudável. A Sétima Arte é um deles. Um filme vai muito além de uma mídia digital sendo mostrada sequencialmente numa tela. Um filme pode mudar o pensamento. 

— Tarantino! — filmes faziam Mia perder a vergonha, era o assunto que mais a animava.

— OH, Espera aí! — se animou Viktor — Reservoir Dogs ou Bastardos Inglórios?!

— Pulp Fiction, desculpe! — falou Mia, arrancando risos de si própria e de todos que ali estavam.

— Ela está certa, Viktor. O plano da Shoshanna não faz sentido algum! — a Rainha entrou na conversa.

— Faz todo sentido! — disse Mihai.

— É claro que faz! — Viktor concordou.

— Eu só assisto os filmes do Adam Sandler, não posso participar dessa discussão. — Vlad não estava brincando, era verdade. 

— Em um mundo onde o Sacha Baron Cohen existe nenhuma outra pessoa pode ser considerada humorista. — Mihai era entusiasta da comédia britânica.

— Somos da época do Monty Python, não é, Viktor? — explicara a Rainha.

— Sim, todo o humor que temos hoje é influência deles. — continuou Viktor — Mas, Mia, e Kubrick? Gosta?

— Adoro! — exclamou enquanto levava um pedaço à boca — Laranja Mecânica, O Iluminado e Odisseia são filmes obrigatórios para qualquer um! 

— Meu filme favorito do Kubrick é "A chegada americana à Lua" — dissera genialmente a Rainha.

Eles riram tanto, mas tanto, a ponto de terem que colocar a mão na boca para que não cuspissem toda a comida.

— Isso foi genial! Só um gênio pensaria em algo assim! — Vlad batia palmas e ria.

— O que é pior, invadir o oriente médio em busca de petróleo usando a desculpa de armas de destruição em massa ou uma bandeira tremulando em solo lunar? — Mia deu seguimento as provocações.

— Pior é dar close na tal bandeira em todos os filmes! — Mihai acrescentou mais uma.

— Joguei dinheiro fora assistindo Pearl Harbor, se fosse pra ver propaganda guerra eu veria O Eterno! — enfatizou a Rainha, pondo a mão no braço de Viktor.

— Esse sim é uma ótima propaganda! — disse Viktor. 

— O Eterno? — perguntou Mia.

— Sim! — respondeu a Rainha — De Fritz Hippler, nunca assistiu?

— Não, nunca assisti... Fala sobre o quê? — perguntou novamente.

— Você tem que descobrir isso sozinha, é um filme que ensina bastante. — desta vez, Mihai foi quem respondeu. 

— Mihai está certo, Mia. — falou Viktor — Filmes tem o poder de ensinar, e isso é incrível, não?

— Exato. Cinema, música e literatura. Se você exercer domínio por essas três áreas, meu amor, será o que uma pessoa deve ser em essência: Culta! — ensinou a Rainha. 

— Nós quase não falamos sobre livros! — Vlad chamou a atenção.

— Temos nosso livro preferido em comum! — disse a Rainha, referindo-se à Mihai e Vlad.

Momentos houve em que, cheio de pressentimentos e absorto na tua obra de "rei", viste brotar da morte e da luxúria carnal um sonho de amor. — recitara Mihai.

Será que também da festa universal da morte, da perniciosa febre que ao nosso redor inflama o céu desta noite chuvosa, surgirá um dia o amor? — Vlad prosseguira.

— Thomas Mann talvez seja o mais sincero contador de histórias que já existiu. — disse Viktor.

— O quê costuma ler, Miandrya? — questionou a Rainha.

— Alice, O Mágico de Oz, Drácula, Frankenstein, O Retrato de Dorian Gray... Foram os últimos que li, eu gosto de romance com contornos trágicos. — Mia respondeu soltando os talheres.

— O Retrato de Dorian Gray é a descrição perfeita do século dezenove, Miandrya. Oscar Wilde discursou sua época como em uma imagem só, amor, arte, tudo! — a Rainha possuía um vasto conhecimento sobre este tipo de literatura.

O homem pode ser feliz com qualquer mulher, contanto que não a ame. — declamou Petrov colocando pequenos pratos na mesa e em seguida sentando-se. 

— Brownie! — exclamou Vlad. 

— Quê chocolate usou, Petrov? — indagou Viktor.

— Meio amargo. A senhora Erszébet prefere que o percentual de gosto natural do chocolate seja mantido! 

— Ela está certa! Afinal, o chocolate vai ser extinguido um dia. — devolveu Viktor.

— Eu sempre estou certa! — disse a Rainha gargalhando — Traga aquele jogo, Mihai!

Ele se levantou e subiu rapidamente as escadas, cada passo que Mihai dava eram ouvidos, até mesmo ele abrindo e fechando as portas de armários no andar de cima.

— Qual jogo? — questionou Mia.

— Você vai ver na minha testa! — devolveu a Rainha, pensando que havia feito um bom trocadilho.

Mihai retornou com seis papéis e seis canetas, distribuiu um de cada para cada um à mesa. 

— Você escreve o nome de alguma pessoa, e passa o papel virado para baixo para quem está do seu lado direito. Então, pegue o papel... — Mihai demonstrou como se fazia lambendo a parte de trás e grudando em sua testa — Entendeu?

— Sim! Já joguei este! O que valerá? 

A Rainha pôs o braço debaixo da mesa.

— Palinca aditivada! Perdeu: Uma dose!

— Oitenta e sete por cento de teor alcoólico! — se animou Viktor — Não estranhe, Miandrya, é normal beber com chocolate no leste europeu!

— Na verdade, senhor Merezész, é normal bebermos com qualquer coisa por aqui! — riu Mihai.

Então começaram a escrever. Mia e Viktor ficaram pensativos por um instante, os outros quatro estavam decididos, e esperaram Mia definir qual nome colocar, já que começariam por ela.

Viktor escreveu o nome que lhe veio a mente. Mia também.

— Miandrya, você primeiro. — disse Petrov.

Movimentaram-se na seguinte ordem:

Mia passou para Mihai.

Mihai passou para Vlad.

Vlad passou para A Rainha.

A Rainha passou para Viktor.

Viktor passou para Petrov.

Petrov passou para Mia.

— Eu começo! — falou Vlad — Eu sou uma mulher?

— Não! — responderam todos em coro.

— Então sou um homem?

— É, talvez... — Mia ficou em dúvida.

— Eu não sei o que acho. — disse Viktor. 

— Eu acredito que seja. — respondeu a Rainha.

— Sim! — Mihai falou ironicamente.

— É "o" que queria ser "a". — Petrov deu a dica.

— Eu existo? — Vlad voltou às perguntas.

— Não! — responderam.

— Hum... — pensou — Eu tenho aids?

— Não! — Mihai respondeu efusivamente.

— Também acho que não. — disse Viktor.

— Não! — Mia seguiu Mihai.

— Não até onde sei. — devolveu Petrov.

— Parece ter, mas... — Viktor tentou deixar a dúvida noa ar.

— EU SOU UM CIENTISTA!? — gritou e levantou-se da cadeira, jogando-a para trás.

— SIM! — responderam de novo.

— Doutoooooooooooooor Frank-N-Furter! — gritou mais ainda.

— Não coloquei um tão difícil assim. — Mihai sorriu e deu um tapa na cabeça de Vlad — Eu agora!

— Homem ou mulher? — Mihai fez a primeira pergunta.

— Homem! 

— O quê eu faço da vida?

— Canta! — responderam Mia, Vlad, Viktor e Petrov.

— Ele ainda está vivo!? — surpreendera-se a Rainha.

— É claro que está! — retrucou Mia.

— Certo, quê tipo de música eu canto?

— Metal! — rles responderam. 

— Para te ajudar: Gritos germânicos! — acrescentou Mia.

— Estou na dúvida em duas... é... Minha banda se alterou alguma vez? 

— Não!

— Eu sou o vocalista!?

— Sim!

— Till Fucking Lindemann! — tirou o papel da testa e o jogou na mesa — Seriam a melhor banda alemã, caso Scorpions não existisse.

— Minha vez! Sou mulher, real e histórica? — iniciou a Rainha.

— É ou era... — disse Mia.

— Foi histórica. — respondeu Petrov.

— Infelizmente não é mais. — disse Viktor em nome dele, Vlad e Mihai.

— Peguei o Arthur Miller?

— Pegou!

— Desculpem, mas eu jogo isso com o Vlad desde que ele tinha sete anos. Eu sou a maravilhosa e icônica Marilyn Monroe!

— Sua vez, senhor Mereszész! — Mia conduziu o jogo.

— Muito bem, eu aposto que sou um homem. — ele começou.

— Sim!

— Pelo que sou conhecido?

— Guerras! 

— Eu matei muitas pessoas?

— Sim!

— Eu tenho um bonito bigode?

— Sim!

— Eu sou o Hitler!? 

— NÃO! — gritaram.

A Rainha apenas dava risadas.

Petrov entregou um copo à Viktor. Ele virou de uma vez, e a careta foi instantânea.  

— Você era o Stalin. O Hitler não tinha um bonito bigode. — falou a Rainha, sarcástica.

— Senhora, prato principal está pronto. — avisou Petrov.

— Ah! Por favor, Petrov, sirva-nos. Algum problema em continuarmos depois? — interrogou a Rainha.

Petrov foi até a cozinha, que ficava ao lado. Voltou com uma grande bandeja, que continha um grande pedaço de carne, tão gorduroso que brilhava. Ele os cortou e serviu para Mia e Viktor.

— Nos deem licença, meninos. — pediu a Rainha.

— Não irão comer? — Mia intrigou-se.

— Essa noite é para vocês dois! — a Rainha queria os a sós.

— Pensei que fosse para todos... — disse Viktor.

A esta altura, Petrov, Vlad e Mihai já haviam deixado o lugar.

— Pensou errado. É para vocês. Eu quero esclarecer algumas coisas com vocês. — aos poucos ela ia perdendo os traços de alegria.

— Então diga... — proferiu Viktor, que não desfez do jantar e levou um oleoso pedaço a boca.

— Muito tempo atrás, tudo o que eu fazia parecia triste, nada era muito real. Infelizmente, as pessoas me veem como alguém arrogante, soberbo e adjetivos do gênero... É mais triste ainda ter que afirmar para elas que eu não sou nada disso. — ela desabafou por um pouco. 

— Eu entendo. E sabe, senhora, minha tristeza ainda não foi embora, eu acho que me acompanhará para sempre. — disse Mia.

— Com tudo isso, Erszébet? Uma família que te respeita, mesmo não sendo paridos por você... Olha a sua casa, olha a influência que você consegue exercer... — refutou Viktor.

— Sei de tudo, mas reuni ambos, pois queria que você Mia, alguém tão jovem e com fardos tão grandes, assim como eu fui um dia, e você Viktor, teve tanta sorte na vida, mas também teve tanto medo, teve tanta sorte que acabou tendo azar, nem mesmo Deus explicaria algo assim...

— Ele tem razão, Rainha... — Mia mastigou — A senhora me fez atravessar o continente com uma carta de três linhas, eu nunca tinha ouvido falar de você, mas... Eu não consigo explicar, não é motivo para se sentir assim.

— Mia, nada ocorre pelo que estamos sentindo, em presente. Mas sim pelo que sentimos, ao passado. É provável que daqui dez anos eu me arrependa do que fiz... ou não. 

— Sim, a noção do erro vem com o tempo, não é motivo para que conspire contra si mesma. — Viktor foi redundante em sua fala.

— "A noção do erro vem com o tempo", bonita frase... Muito bonita mesmo. O tempo te fez aprender que não deveria ter me abandonado?! — ela perdeu toda a feição alegre que havia demonstrado instantes antes.

— Esta não é a hora, Erszébet. — esquivou-se Viktor.

— Qual é o assunto entre vocês? — Mia voltou ao estado confuso.

— Vejo que ele me falou a verdade sobre fazer você se esquecer de tudo. Você acha certo um homem abandonar sua mulher? Não há nada pior que isso. Uma mulher sim pode abandonar um homem, mas nunca o contrário, por nenhum motivo, pelo menos não comigo, eu não aceito. — ela bateu a mão contra os talheres.

— Nós decidimos juntos! Você concordou na decisão que eu tomaria caso acontecesse de novo! — ele se defendeu.

— Não interessa! Você deveria se impor como um verdadeiro homem deve fazer! Impor-se! O quê fez por nós? Foi embora, Viktor. Foi embora! Sabe o que é estar na sarjeta? Pior, sabe o que é ser abandonado por quem ama? Não, não sabe! Eu tenho certeza que não sabe, você nunca se esquecerá desse dia! — ela batia com o dedo no peito de Viktor, que ficou em silêncio, acuado. Era extremo que ficasse realmente bravo. 

— O que está acontecendo!? — Mia gritou.

— Cale a boca, sua puta! — devolveu a rainha também gritando — Você pensa que pode vir na minha casa e agir do jeito que bem entender? Quer se lembrar do que fez? Você foi uma marionete, como todos na história, você foi enganada pelo seu enteado espiritual, eu precisava me vingar do ódio que esse desgraçado me fez passar. Então o quê Zagan faria? Ele me prometeu mais, ele faria você matar, Mia! Sabe... — a Rainha cravou uma faca na mesa — Há duas coisas que mantém nossa cultura viva: Filosofia Grega, Moral Judaico-Cristã e o Direito Romano. Não suporto ver nenhuma delas sendo quebrada...

— Me fazer matar? Zagan? Eu posso não me lembrar do que fiz e do que aconteceu nas últimas horas, sua imunda! Mas eu sei que nós não faríamos algo assim, ele não aceitaria matar alguém apenas para satisfazer a porra do seu desejo, Zagan é muito mais do que isso! — retrucava Mia, babando de raiva.

— Você é mil vezes mais corajosa do que eu imaginava, garota... Não é apenas uma "porra de desejo" à ser satisfeito, Miandrya. Não, são sentimentos destruídos... Fui imunda sim, pois demorei dez anos até perceber que o Ministro de Relações Exteriores da Hungria — arrancou a faca da mesa e apontou para Viktor — Possuía o mesmo sobrenome que você, é claro foram quatro anos para descobrir, meu querido... mas eu o encontrei! Deszo Merezész, Báthory, na verdade! Esconderam o nome para se livrar do estigma de fazerem parte da família de uma assassina, é muita frouxidão para apenas dois homens!

— Ele disse que você queria apenas um reencontro... — Viktor argumentou com a faca em sua jugular.

— Eu queria sim... — disse a Rainha maleficamente e rangendo os dentes — Você também queria, e, mais do que nós, ele queria... O viajante solitário das políticas húngaras traficava garotinhas imigrantes, Viktor... Sabe que sou contra a imigração porquê prezo pelo preservamento da cultura europeia, mas não, não... Traficar crianças e  adolescentes para qualquer mercado não é algo que eu suporte ver e não fazer nada. Seu primo implorava que alguém livrasse a cara dele das acusações que estavam para surgir... E, então, depois de descobrir que havia ligações com você, me ofereci a usar minhas influências para ajudá-lo, isso é estranho não é? A única coisa que eu pedi em troca foi um jantar com o primo dele, demorou mas aqui está você! Mais uma coisa: Eu fiz questão de tratar Deszo muito bem, cortei ele em pedaços, depois o coloquei no freezer à 30 graus negativos, quando fui cozinhar adicionei sal grosso e molho da melhor qualidade! Como se sente comendo ele? — os dois que comiam largaram os talheres no mesmo instante, e não tomaram demais reações.

— Como pôde... — disse Viktor com a voz trêmula.

— Pois é, matei um dos políticos mais influentes do país. Sem problemas, ninguém desconfiará de nós quando derem ele como desaparecido. Sou um patrimônio histórico sócio-cultural da Hungria. — justificou ela.

Mia ficou observando a discussão conjugal assustada. Não se lembrava da brutalidade de horas atrás e para piorar via a mulher que tinha a acolhido agir como uma lunática-sociopata-mimada.

— Rapazes! — a Rainha chamou seus afilhados, que entraram na sala de jantar — Deixem-me conversar em particular com ela.

Viktor foi arrancado da cadeira. Puxado por três animais que pareciam querer saciar a fome. Rasgaram o blazer cinza de Viktor de tanta força que era exercida para tirar o sofrido homem dali.

— Me soltem, desgraçados! — Viktor tentou se desprender das garras vampíricas dos três irmãos. Só tentou.

— Tirem a roupa dele e joguem-o na arena. — ordenou a Rainha.

Com Viktor se debatendo, os três o tiraram dali. Era esquisito, Mia se sentia em um sonho. Quando chegou, como foi tratada, o que conheceu na sua jornada sobre história e amizade, seu desenvolvimento como pessoa. Antes um conto de fadas, coberto de felicidade e bondade. De repente, é um pesadelo, e ela se vê mastigando o Ministro Húngaro e diante de um antigo casal em discussão.

— Acalme-se, minha linda. — a Rainha sentou ao lado de Mia, pegou na mão dela e a beijou —Essa não é a pior coisa da sua vida.

— Por quê a senhora fez isso? — questionou Mia com os olhos travados. Seu rosto brilhava com tanto suor que se formava.

— Porque você precisava, ragazza. A vida te leva pra onde tem que ir, é o acaso que forma o mundo em que vivemos. Eu não quero te ver chorar, Miandrya... — já estava vendo — Se o tornado não tivesse ocorrido, Dorothy não teria ido para a Terra de Oz.

— Eu não sou a personagem de um livro. — respondia Mia.

— Se concorda que livros, assim como filmes, são capazes de capturar a realidade, todos fazemos parte de uma infinita narrativa. Não tenha medo do mundo, não tenha medo do que você é. Faça seus medos terem medo de você.

— Não, você não é ninguém, a senhora não tem moral alguma para dizer essas palavras... — Mia olhava para frente, quase igual a uma estátua, não teve coragem para encarar os olhos da Rainha.

— É claro que sou, conheci sua família uma vez, eu sei o peso que jogaram em ti e sei o porquê, um dia você descobrirá tudo... Eu dou a palavra que pode confiar em mim, você me irrita, Miandrya, parece ser tão irresponsável, mas é uma criança ainda, nessa idade eu já sabia que o amor era a força mais poderosa do universo... O quê você sabe aos vinte anos? — perguntava a Rainha. 

— Sei que os nossos desejos não devem ultrapassar a racionalidade. — respondeu novamente.

— É claro que devem! Por isso se chama desejo, derivado do latim 'Desiderare'. 'De' mais 'Siderare', astro e estrela, olhar atentamente as estrelas, é disso que se trata um sonho, mirar no impossível. Não se deve ultrapassar a racionalidade, se deve ignorá-la. A racionalidade é um atraso quanto aos anseios. — ensinara.

— Você fala como se fosse esse o objetivo, o problema é que não vejo objetivo nenhum no que a senhora fez.

— Não é um objetivo, Miandrya, é um conceito. Essa é a moral da história que cativa o público ao mostrar o quão ruins podem ser os sentimentos humanos.

— E qual é a moral da história? — Mia fez sua última pergunta.

Maior é o que está em vós do que o que está no mundo. — a Rainha deu sua última resposta.

Ela foi cavalheira, segurou a mão de Mia e a ajudou a levantar. A velocidade das ações voltam a ser diminuídas, Mia vai escorada no ombro direito da Rainha, ambas caminha rumo a escuridão. No fim do túnel, Zagan esperava Mia para a conclusão do último ato, não precisava ser completo e complexo como os outros tentaram ser, a epopeia estava consumada. 

***

Mia voltava mais uma vez de um adormecimento. Sentiu que estava ao chão pois sentiu o frio proveniente do gélido piso. Mia encontrava-se de bruços, apoiou os dois braços paralelamente e ficou de joelhos. Ao ver, percebeu estar ainda no castelo, já que a atmosfera do lugar nunca seria esquecida por ela, mas num lugar que não imaginava haver ali.

Uma gigantesca área em forma de círculo. Era bastante escuro, porém também era possível notar que as seis pilastras que demarcavam as bordas eram pintadas de branco, bem como um pequeno altar que ficava aproximadamente oito metro acima do solo, e onde a Rainha estava. 

— Tudo bem? — perguntou ela para Mia. Devido a miopia, a Rainha, do alto, enxergava Mia como uma formiga.

— O que é agora!? — Mia ficou de pé. O eco era forte.

— Preparar para a Ultra-violência. Tragam ele!

A porta de aço que ficava no fundo se abriu com um estrondo. Os três irmãos apareceram segurando Viktor nu e com correntes de metal envoltas no pescoço, nas pernas e nas mãos. 

— Podem soltá-lo, garotos, deixem ele livre, já se divertiram o suficiente. 

Viktor havia sido torturado, os cortes da cabeça aos pés evidenciaram o sadismo praticado por Mihai, Petrov e Vlad. Os três largaram Viktor com um animal, deram as costas e o deixaram agonizando, tremendo.

— Vamos, Viktor! Levante-se, seja um homem de verdade, eu sei que é difícil pra você, mas tente! — a Rainha provocou Viktor — Vamos, seu merda! Levanta! Está nervoso? Eu sei, facas doem quando penetram a pele.

Ele se esforçou, mas não conseguia. Humanamente já não possuía mais força alguma. Cerrou os punhos e os pressionou contra o chão.

— Ezt! Constrangedor te ver assim, te ver gemer, é depreciativo, pois um dia foi o contrário, você que me fazia gemer. É triste falar, meus meninos já falaram à você com certeza... Mas eu gosto de reafirmar que a garota ali do outro lado matou sua mulher e seu filho. Talvez não ela em si decididamente, mas foi pelas mãos dela, então... Se matem! — ela bateu palmas uma única vez — Lutem! Zagan, tome posse. 

Mia se retorceu. Viktor urrou. Tinham algo em partilhado, a raiva que expressavam eram provas concretas de que humanidade, sensibilidade e afeto não existiam quando aquilo que não podiam controlar atacasse. Ela ficou literalmente endiabrada, ele se tornara o líder-mor de uma alcateia. 

— Pelo show! — incentivou a Rainha.

O lobo correu até o diabo. O diabo pulou até o lobo. O lobo colocou seu antebraço esquerdo à frente de seu peito, impulsionou o mesmo para que atingisse a face sagaz do diabo, que foi arremessado contra a parede e acabou por quebrar dois metros espessos de azulejo. 

O diabo, nada gostou. O diabo não fica de joelhos, ele logo se levanta e com as mãos libera nuvens negras de fumaça que sufocam o pobre lobo. Novamente, pobre lobo. Seus olhos azuis-escuros tentam achar o diabo, ele vai dissipando a energúmena fumaça com suas garras. Mas, quando consegue escapar, o diabo não está mais visível. Então, onde está o diabo? Atrás do lobo, pronto para cravar as mãos de fogo ardente nas costas do pobre lobo. Novamente, pobre lobo. Teve a pelagem perfurada pelo diabo e suas mãos sujas. Gritou a ponto de estourar três pequenas lâmpadas que rodeavam a arena. 

O lobo joga o braço direito nas costas e agarra os cabelos descoloridos do diabo. O jogou contra contra o chão, o diabo destruiu pisos de valor único. O lobo não poderia desperdiçar a chance. Caiu por cima do diabo e o espancou. Mordeu, socou, levantou, pisou, chutou e... e não adiantou nada. Pois nada atinge o diabo, é ele quem dá poder a tudo. Poderia o diabo ser uma espécie de deus? 

O lobo vê que, mais uma vez, o diabo desapareceu. Sim, talvez o diabo não tenha coragem de lutar. Furioso, o lobo bate contra si e contra tudo que há pelo seu caminho, o diabo emerge do chão através de um grande circulo preto. Então, o lobo avança. O diabo espera. O lobo ataca. O diabo desaparece. O lobo grita. O diabo foi para trás do lobo, de novo. O diabo planou alguns metros para cima e grudou-se ao pescoço do lobo. O pobre tentou da mesma tática, escalpelar o diabo. Pobre lobo. O diabo originou o fogo de seus próprios braços. Queimou a pele do lobo, o pobre estremecia braços e pernas, remoía-se enquanto tinha a cabeça separada do corpo.

— Öld meg! — incentivou a Rainha.

O corpo do lobo caiu por terra, sua cabeça ficou nas mãos do diabo. Pobre lobo. Se matassem à ele, matariam à Viktor. Mas, afinal, era o que queria a Rainha. Tão impetuosa quanto a luz, ela colocou duas pessoas que amava e odiava ao mesmo tempo para brigarem até a morte. No fundo, sabia quem morreria. Na verdade qualquer um sabia, até o mais do burros, até o que não tem cérebro.    

O corpo para um lado, a cabeça para o outro. Caíram no mesmo trajeto, o que os dividia era um rastro de sangue, rastro que era sobreposto por uma garota debruçada. Os espectadores começaram a bater palmas.

— Acho que é a melhor coisa que já fizemos em família! — disse Vlad

— É a nossa obra prima, Vlad! — Mihai também comentou.

— Estou orgulhoso de nós! — falou Petrov. 

— Bravo, bravo! — elogiara a Rainha.

Eles se abraçaram, a família tinha chegado ao desejo que os atormentava por tempos e mais tempos. Mia continuou jogada em meio ao sangue, o corpo do pobre lobo ficara dilacerado como antes. 

 


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Notas finais do capítulo

Mia retornará em Frente Unida Extraordinária.



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