WSU's: Zenith escrita por Lucas, WSU
Mia se viu amarrada em uma cadeira. Olhou ao redor e reparou a antiga casa de madeira. Aquele lugar era familiar, tanto em aparência quanto em sentido. Estava capacitada de pouca força naquele momento, tentou se desgarrar dos apodrecidos panos que a seguravam, porém não conseguiu.
— Lembra-se daqui? — perguntava Zagan, não mais criança, agora apenas uma sombra negra com traços humanoides.
— Acho que foi aqui que tudo começou... Zagan!? — Mia se remexia na cadeira.
— Sim. Foi aqui que te ofereceram. As amarras são só para iludi-la, sou eu que estou te prendendo.
— Tem algum motivo... para fazer o que fizemos até aqui? — Mia não deu atenção e continuou a tentar se soltar.
— Santo Deus... Passaram-se seis meses, Mia. Thyra fez com que te exorcizassem, morreu em troca mas te deu uma vida. A coincidência foi um erro que deu certo.
— Talvez...
— Não, é uma certeza. O Inferno é muito mais rígido com as leis do que o mundo de vocês, foi extremamente perceptível. Fui objeto de desejo também, Mia... Lúcifer me desejava tanto, que quando descobriram o que ele queria me tomando de volta puniram-o, mandaram ele para cá. Pior que tudo, mandaram ele como um padre... O resto é história, e só atesta que a coincidência é um erro que deu certo. — Zagan não tinha nenhum interesse em intrigar Mia. Queria ser direto e que ela entendesse.
— Você só me piora... Acabo de descobrir que não fui apenas exorcizada, fui exorcizada por Lúcifer...
— Um dia você vai agradecer, mesmo que não possa. Você vai. Nossa hierarquia é inconsequente, há os que governam depois de Lúcifer... E o que vai acontecer não é planejado. — Zagan criou uma ampulheta com as mãos - Igual ao tempo.
— Você quer que eu adivinhe? — questionou.
— Se achar que tem a resposta certa...
— Acho que tenho todas as respostas possíveis, menos a correta.
— Por muito tempo, o lugar de onde venho foi reduzido à um simples antro de ruindade. Não que seja mentira, mas enquanto Lúcifer ditava não éramos mais que uma legião única de servos estúpidos. Graças a nós dois, o Inferno não mais à ele pertence. — disse.
— Estão livres? Quem é agora? — Mia dava a impressão de ironia, e isso irritava Zagan — Behemoth? Balam? Belphegor? Moloch? Cain!?!
— Astarote. E se isso te intimida, ele quer este mundo, e você ira ajudá-lo.
— Não... Não vou fazer parte disto. — não mais irônica, mas ainda desfazendo dele.
— Não é uma escolha, Miandrya. — vociferou Zagan, assustando-a.
— Eu não vou!
— Vai. E se não for sozinha, sob meu efeito, eu vou junto. E acredite, ainda que isso me atormente, será muito pior. Em troca eu te dou isto ...
Saiu do ponto de vista de Mia e deu lugar a uma veste preta feminina. Uma saia longa mas cortada manualmente em várias linhas verticais. Uma luva para a mão esquerda que cobria a palma e o pulso, deixando os dedos à mostra. A parte da cintura para cima era um justo pano em forma de V, cobrindo os seios e deixando a parte do meio do peito à mostra, ao lado do "traje" um tridente com cerca de um metro e sessenta.
— A Imperatriz. Se aceitar, é seu, Astarote nos dará uma nova era e você fará parte dela. Se não aceitar... acontece a mesma coisa. Você não tem uma escolha, Mia. Mas pode optar pela cooperação, ou pode negar por seja lá qual for o motivo. Mas saiba que tudo o que fiz aqui foi para que você se aliasse à mim assim como me aliei à você. Deixei a Rainha te enganar, te iludi mais do que deveria inclusive... Até criei um garoto com os mesmo entendimentos que você. É, o homem que te levou até seu destino não era real. É esquisito dizer isto, eu não deveria ser passivo de emoções, mas eu acho que realmente sinto algo por você, e não quero te causar o mal de novo. — Zagan fez seu discurso diante do olhares capciosos de Mia.
— Se teve coragem de fazer o que fez, então não confiarei em você, não mais.
— Isso não será um conto, Mia. Fiz você mentir, fiz você matar, mas foi tudo para te preparar, eu não quero vê-la humilhada, não quero ver você sendo menos do que pode ser... Aceite. — pediu.
— Caso eu aceite, o que acontece com as pessoas? Aquelas que não tem nada demais, muitas não podem se proteger... O quê acontece com o mundo, Zagan!? — Mia aceitou uma discussão.
— Ninguém sabe, somente o tempo pode dizer. E se alguma coisa dentro de você não lhe dá a convicção de recusar...
— O que você sabe então? Eu tenho até o dia da minha morte, nada pode ser melhor que isso.
— Eu sei que posso te dar um propósito, Miandrya. É pra isso que existo, é pra isso que todos aqueles iguais à mim existem. Darei 33 legiões demoníacas à seu favor, você as usará de acordo com a situação, do contrário eu as usarei. — Zagan fazia questão de reafirmar.
— Com uma condição, Zagan...
— Não. Sem condições. Eu apenas ofereço. Você aceita, você recusa.
— Pessoas não podem ser sacrificadas em meio disso! — suplicou Mia.
— Vocês mesmo dizem, se quiser fazer um omelete vai ter que quebrar alguns ovos...
— Não não não! Isso não vai acontecer!
— Só morrerão os que merecerem. Certo!?
— C-certo! Os que merecerem, mas não os inocentes. — Mia quis manter a palavra, suas últimas completamente sãs.
— Miandrya, o futuro está em suas mãos. — finalizou a sombra avançando sobre o corpo dela.
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