Sempre ao teu lado escrita por J S Dumont


Capítulo 8
Capitulo 8 - Hospital


Notas iniciais do capítulo

olá gente, VAMOS CONVERSAR haha eu sei que não é domingo, eu estou postando um cap. bonus essa semana que nem fiz no cap. quatro, ai vocês vão perguntar: Por que? O que deu em você? Bom, estou deixando esse cap. especial para dedicar uma leitora MUITO FOFA que fez uma RECOMENDAÇÃO MUITO LEGAL nessa fanfic, então é dedicado a você BECCA SALVATORE, obrigada de coração, e por isso estou postando um capitulo bonus, porque você me deixou muito feliz e animada em postar mais um capitulo essa semana. não é facil postar 2 caps numa semana só, eu tenho caps adiantados tenho escrito até o cap´. 15, mas quanto mais rápido eu posto mais rápido tenho que escrever, os caps dessa fic a maioria são longos e me dão um pouco de trabalho para escrever, então eu costumo postar 2 só em casos especiais como foi no cap. 4, pois estava emocionada com a fofura e carinho de todos vocês e hoje em especial para agradecer a Becca pela sua recomendação linda, dois casos especiais e espero que todo mundo goste, continuem sendo fofos como vocês estão sendo, ainda mais agora, pois estamos acabando essa fase do sequestro e encaminhando para uma nova fase que acho que todo mundo vai se interessar mais, pois começará a nascer o Beward, então espero que gostem e não perca os próximos caps. que a fanfic começará a encaminhar para a parte mais interessante da história, que é o que todo mundo está esperando. Continuem comentando, favoritando e recomendando, pois o carinho de vocês vão me animar mais para eu voltar aqui rapidinho tá, bgs bgs e espero que todos gostem!



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8. Hospital

Renesmee

O carro da polícia voltou a se mover, a polícia mulher foi com o homem polícia na frente, ele dirigiu novamente o carro e eu e mamãe fomos sentadas no banco de trás, para onde estávamos indo eu não sabia, eu somente olhava as coisas andarem rapidamente pela janela do carro.

Quando o carro novamente parou a policial mulher virou-se para mim e sorriu.

 — Aqui é a delegacia... – ela disse.

— Você consegue saltar filha? — a mamãe perguntou. — Não, deixa, eu carrego você...

Ela abriu o carro e o ar frio pulou para dentro. Eu me encolhi. Ela me puxou, me fez ficar em pé́ e eu dei com a orelha no carro. Ela me pegou no colo e eu coloquei minhas pernas em volta de sua cintura, enquanto agarrava-me em seu pescoço.

Estava escuro, mas depois vieram luzes, rapidinho rapidinho, feito fogos de artifício.

— Abutres — disse a policial mulher. Onde?

— Nada de fotos — gritou o homem polícia.

Que fotos? Não vi abutre nenhum, só́ rostos de pessoas com máquinas que faiscavam e uns bastões pretos gordos. Estavam gritando, mas não consegui entender.

A Policial mulher tentou pôr o cobertor em cima da minha cabeça e tudo ficou escuro. A mamãe corria, eu tremia toda, entramos num prédio e assim que tirei o cobertor de cima de mim vi que ali estava mil por cento claro, por isso cobri os olhos com a mão.

O chão era todo duro e brilhante, diferente do piso, as paredes eram azuis e tinha uma porção delas, e fazia barulho demais. Em todo canto tinha pessoas que não eram minhas amigas. Tinha uma coisa feita uma nave espacial, toda iluminada com coisas dentro, tudo nos seus quadradinhos, como pacotes de batatas chips e barras de chocolate, fui olhar para tentar pegar, mas estavam trancadas dentro do vidro. A mamãe puxou minha mão.

— Por aqui — disse a policial mulher. — Não, aqui dentro...

Ficamos numa sala mais silenciosa. Um homenzão largo disse:

— Peço desculpas pela presença da mídia, nós fizemos um upgrade para um sistema de tronco, mas eles têm esses novos rastreadores de redes de rádio... - ele esticou a mão. A Mamãe me colocou no chão e sacudiu a mão dele para cima e para baixo, feito as pessoas da TV. — E a senhorita, pelo que sei, foi uma mocinha de uma coragem notável e inteligência incrível.

 Era pra mim que ele estava olhando. Mas não me conhecia, e por que disse que eu era uma mocinha? A mamãe sentou numa cadeira que não era das nossas e me deixou ficar no colo dela. Tentei balançar, mas não era a cadeira de Balanço. Estava tudo errado.

— Bem — disse o homem grandão — Reconheço que é tarde, e a sua filha está́ com umas escoriações que precisam de cuidados, e já́ estão à espera de vocês na clínica Cumberland, que é uma instituição excelente.

— Que tipo de instituição? – perguntou mamãe

— Ah, psiquiátrica... Eles poderão lhes dar toda a assistência apropriada, é um lugar de muita privacidade. Mas, por uma questão de prioridade, realmente preciso repassar o seu depoimento ainda hoje com mais detalhes, na medida em que lhe for possível. - a mamãe concordou com a cabeça. — Bem, algumas das minhas linhas de questionamento podem causar certa angústia. A senhora prefere que a policial Sara acompanhe esta entrevista?

— Tanto faz, não — disse a mamãe, e deu um bocejo.

— A sua filha passou por um mau pedaço esta noite, talvez ela deva esperar lá́ fora enquanto abordamos...

hã... Mas nós já estávamos no lado de fora.

— Está tudo bem — disse a mamãe, me embrulhando no cobertor azul. — Não feche a porta — ela disse muito depressa à policial que agora lembrei que se chama Sara, que estava saindo.

— É claro — disse a Sara, e deixou a porta ficar meio aberta. A mamãe ficou conversando com o grandão, que a chamava por um dos outros nomes dela.

Fiquei olhando para as paredes, que tinham virado meio creme, como se fossem sem cor. Havia quadros com uma porção de palavras, um deles tinha uma águia e tinha algumas palavras que eu ainda não conseguia ler. Alguém passou pela porta, dei um pulo. Eu queria que estivesse fechada. Abracei mamãe mais forte e encostei minha cabeça no peito dela, eu não conseguia ouvir direito o que eles falavam, meus olhos estavam pesando, pesando e pensando. Até que eu me desliguei.

+++

Eu acordei com a mamãe se mexendo, abri os olhos como se tivesse tomado um baita de um susto, e logo senti minha bexiga cheia.

Puxei a blusa da mamãe, ela ainda falava com o homem grandão.

— A gente precisa mesmo voltar para o quarto — eu disse. — Preciso do vaso.

— Tudo bem, eles têm banheiros na delegacia.

O homem grandão nos mostrou o caminho, passando pela máquina incrível, e eu toquei no vidro, quase nas barras de chocolate. Queria saber o código pra fazer elas saírem. Depois entrei no banheiro e ele era diferente Tinha um, dois, três, quatro vasos sanitários, cada um num quartinho dentro de um quarto maior, com quatro pias e tudo com espelhos. Era verdade, os vasos do mundo que fica do outro lado da parede, tinham tampa em cima do reservatório de água, eu não podia olhar para dentro.

Quando a mamãe fez xixi e levantou, veio um ronco horrível e eu chorei.

 — Está tudo bem — ela disse, enxugando meu rosto com a parte chata das mãos — É só́ uma descarga automática. Olhe, o vaso enxerga com esse olhinho quando a gente termina ele esguicha a água sozinho, não é esperto?

Não, não gostei de um vaso esperto olhando pro nosso bumbum. A mamãe me fez tirar a calcinha.

— Eu fiz um pouquinho de xixi sem querer quando o Nick me carregou — contei.

— Não se preocupe com isso — ela disse, e fez uma coisa esquisita, jogou minha calcinha numa lata de lixo.

— Mas...

— Você não precisa mais dela, vamos comprar outras novas.

— De presente de domingo?

— Não, no dia que quisermos.

Era esquisito. Eu preferia que fosse num domingo. E então eu fiz xixi. Assim que sai do quartinho, fui para o maior, vi que a torneira era igual às de verdade no quarto, mas tinha o formato errado. A mamãe me levantou para que eu lavasse a mão, mamãe também lavou a dela.

Mamãe pôs as mãos embaixo de uma máquina que soprou um ar quente, como as nossas entradas de ventilação, só́ que mais quente e barulhenta.

— É um secador para as mãos, olhe, quer experimentar? - ela sorriu pra mim, mas eu estava cansada demais para sorrir e eu não quis por a mão naquele troço. — Está bem, então seque as mãos na camiseta.

Depois que saímos do banheiro, ela me embrulhou no cobertor azul. Eu queria olhar para a máquina onde todas as latas e pacotes e barras de chocolate ficavam na cadeia, mas a mamãe foi me puxando para a sala onde estava o homem grandalhão para mais conversa.

Por que as pessoas do mundo que fica do outro lado da parede gostam tanto de conversar? Eu estava era querendo uma cama quentinha para dormir.

 Depois de centenas de horas, a mamãe me botou de pé, eu estava toda bamba. Dormir sem ser no quarto me deixava enjoada. A gente despediu-se do homem grandalhão e agora estávamos indo para uma espécie de hospital. Mas isso não era o velho Plano A? Doente, Picape, Hospital?

Agora a mamãe estava enrolada num cobertor azul, achei que era o que estava em mim, mas esse continuava em mim, então o dela devia ser diferente.

A radiopatrulha parecia o mesmo carro, mas não sei, as coisas no lado de fora da parede são complicadas. Tropecei na rua e quase cai, só que a mamãe me agarrou, e fomos andando até o carro.

Entramos nele e enquanto seguíamos em direção ao hospital, eu ficava olhando as coisas passarem pela janela, quando eu via um carro chegar perto, espremia os olhos todas as vezes.

— Eles estão do outro lado, sabe? — disse a mamãe.

— Que outro lado? – perguntei.

— Está vendo aquela linha no meio? Eles sempre tem que ficar do lado de lá́ da linha, e nós ficamos do lado de cá, por isso não batemos.

De repente, paramos. O carro abriu e uma pessoa sem rosto olhou pra dentro. Comecei a gritar.

— Renesmee, Renesmee — disse a mamãe.

— É um zumbi.

Fiquei com o rosto na barriga dela.

 — Eu sou o dr. Clay, sejam bem-vindos a Cumberland — disse o sem-rosto, com a voz mais grave que já́ ressoou. — A máscara é só́ para mantê-los em segurança. Quer dar uma espiada por baixo? — Ele puxou o treco branco pra cima e era uma pessoa homem sorrindo, ele era bem branquinho e seus olhos eram azuis e os cabelos escuros. — Aqui está uma para cada um de vocês.

A mamãe pegou as máscaras.

— Temos que usar? - mamãe perguntou.

— Sim principalmente a menina, soubemos que ela nunca esteve em contato com outras pessoas antes, ela não tomou nenhuma vacina, ela precisa se prevenir até todas as vacinas serem tomadas e todos os exames serem feitos, pensem em todas as coisas que flutuam por ai...

— Está bem — a mamãe concordou.

Pôs uma máscara nela e uma em mim, com alças em volta das orelhas. Não gostei do jeito que ela me apertava.

— Não estou vendo nada flutuando por aí — cochichei para a Mamãe.

— Micróbios — ela disse.

Eu achava que eles só́ existiam no quarto, não sabia que o mundo também era todo cheio deles. Fomos andando num edifício grande e iluminado, achei que era a delegacia de novo, mas aı́ não era. Tinha um alguém chamado Coordenadora de Internações batendo num... Ah lembrei, era um computador, igualzinho aos da TV. Eram todos parecidos com as pessoas do planeta médico, tive que ficar me lembrando de que eram reais.

Vi a coisa mais legal do mundo, era um vidro enorme com cantos, mas em vez de latas e chocolate tinha peixes vivos, nadando e se escondendo em pedras. Puxei a mão da mamãe, mas ela não quis vir, continuou falando com a Coordenadora de Internações, que também tinha um nome na etiqueta, era Pilar.

— Escute, Renesmee — disse o Dr. Clay, que dobrou as pernas para baixo e ficou parecendo um sapo gigante, por que ele estava fazendo aquilo? Ficou com a cabeça quase do lado da minha, ele não estava mais de máscara, só́ eu e a mamãe. — Precisamos dar uma olhada na sua mamãe naquela sala do outro lado do corredor, tudo bem?

Foi para mim que ele disse isso. Mas já não tinha olhado para ela? A mamãe abanou a cabeça.

 — A Nessie fica comigo! – mamãe disse, e uma outra mulher parou do lado do Dr. Clay, era alta, magra, cabelos amarelos e olhos azuis.

—  Essa aqui é a Dra. Kendrick, nossa residente de clínica geral que está de plantão, ela vai ter que usar o kit de coleta de provas agora mesmo, eu receio. Sangue, urina, cabelo, raspas das unhas, esfregaço oral, vaginal, anal...

A mamãe olhou fixo para ele. Soltou a respiração.

— Vou estar logo ali — ela me disse, apontando para uma porta — E posso ouvir se você me chamar, está bem?

— Não está bem.

— Por favor. Você foi uma Nessie Maravilha tão valente, só mais um pouquinho, sim? -ela disse e eu me agarrei nela.

— Hmm, talvez ela possa entrar e nós colocamos uma tela — disse a Dra. Kendrick. Notei que o cabelo dela tinha uma cor toda cremosa e era enrolado para cima na cabeça.

 — Uma TV? — cochichei para a mamãe.

— Tem uma ali, perto da Pilar. – disse a doutora.

Era muito maior que a do quarto, com gente dançando, e as cores eram muito mais maravilhosas de brilhantes.

— Pensando bem — disse a mamãe — Será́ que ela poderia sentar ali na recepção? Isso a distrairia mais.

A tal Pilar estava atrás da mesa falando no telefone, ela sorriu pra mim, mas eu fingi que não vi. Tinha uma porção de cadeiras, a mamãe escolheu uma pra mim. Fiquei a vendo ir embora com os médicos. Tive que me agarrar na cadeira para não correr atrás.

 O planeta mudou o canal para um jogo de futebol americano, com pessoas com ombros enormes e capacetes. Fiquei pensando se aquilo estava acontecendo mesmo, de verdade, ou se eram só́ imagens, o planeta podia mudar para o jogo de basquete, ai quem sabe eu conseguia ver meu papai, caso ele esteja jogando as bolas na cesta hoje. Olhei para o vidro dos peixes, mas estava muito longe, eu não consegui ver os peixes, mas eles ainda deviam estar lá́, eles não sabem andar.

A porta onde a mamãe entrou estava meio aberta, acho que ouvi a voz dela. Por que iam tirar o sangue e o xixi e as unhas dela? A mamãe ainda estava lá́, mesmo sem eu ver, como ficou no quarto o tempo todo em que eu fazia a nossa fuga do Inferno. O Nick saiu zunindo na picape, agora não está no quarto nem no mundo e não o vi na TV. Existia mais algum outro mundo? Eu sei que existem outros planetas... Será que ele foi para algum deles? Ele pode estar em Saturno!

Gastei a cabeça de tanto pensar, detesto a máscara me apertando, botei ela no alto da cabeça, ela tem um pedaço duro com um arame por dentro, eu acho.

Tirei meu cabelo dos olhos. Faz muito tempo que a mamãe está́ na outra sala, será́ que estão machucando ela? A mulher Pilar continuou falando no telefone. O planeta mudou o canal de novo, agora aparecia homens numa sala giganorme, todos de paletó́, acho que estão brigando, sei lá. Falaram horas e horas.

Aí mudou de novo e eu vi a mamãe ela estava carregando alguém, esse alguém deve ser eu, pois no corpo da pessoa que mamãe estava carregando estava um cobertor azul e eu estou com esse cobertor azul.

Eu fui correndo até a tela para olhar melhor, agora não é só o papai que aparece na TV, mamãe e eu também aparecemos na TV. Mas por que nós aparecemos na TV se nós não sabemos acertar bola na cesta? Como eu estou na TV se eu também estou aqui fora?

Eu ia até a sala da mamãe para avisar para ela, mas de repente nos sumimos e o planeta já mudou de novo. Droga!

— Eu estava na TV! – eu disse para pessoa mulher Pilar.

Ela me olhou.

— Eu vi, nossa, eu sinto muito! – ela disse e então eu franzi as sobrancelhas.

Por que ela sente muito? É ruim aparecer na TV?

Depois que mamãe terminou de tirar todos aqueles negócios lá com os médicos, nós fomos para uma espécie de quarto, mas não parecia nada com o quarto onde vivíamos, esse era maior e era todo branco, eu ia ter uma cama, porque tinha duas, uma do lado da outra, eu nunca tive uma cama, mas eu gostava do guarda-roupa. Lá era bem quentinho.

O Dr. Clay falou um pouco mais com a mamãe e eu não quis escutar o que eles falavam, eu estava gostando de observar tudo a minha volta. Por que o mundo que fica do outro lado da parede faz as coisas tão grande? Para que o quarto é tão grande?

Tivemos que nos trocar, colocamos uns aventais brancos, e me arrumaram uma nova calcinha. O Dr. Clay nos deitou na cama, eu preferia dormir na mesma cama que a mamãe, mas como eu nunca tive uma cama eu quis aproveitar o momento, quando o médico saiu, eu virei o corpo em direção a mamãe e sorri para ela.

— Vamos morar aqui? – perguntei.

— Não filha, eles só estão vendo se estamos bem para irmos para casa... – ela respondeu.

— A casa da rede? A casa que tem um gato? – perguntei e ela sorriu para mim.

— Essa casa mesmo! – ela respondeu.

— Eu vi nós duas na TV, estávamos pequenas... – falei para ela. – Eu só não entendo como eu estava lá dentro e do lado de fora ao mesmo tempo...

— Você não estava dentro da TV, eles apenas gravaram o momento que entramos na delegacia e depois passaram o vídeo na TV, era algo que já aconteceu, não era ao vivo...

— O que é ao vivo? – perguntei.

— Quando estão gravando e já está sendo passado o vídeo na TV ao mesmo tempo!

— E o papai aparece ao vivo?

— Sim, é ao vivo! – ela me respondeu.

— Ele vai aparecer agora que saímos do quarto? – perguntei.

Mamãe ficou me olhando por um tempo em silêncio, parecia pensar, seus olhos ficaram tristes, parecia quando eu falava de Nick.

— Eu não sei, provavelmente ele vai nos ver na TV... – ela respondeu.

— Assim como a gente vê ele! – eu disse sorrindo.

— Não temos porque ver ele, vovó e vovô já são o suficiente! – ela disse depois de um tempo.

— Por que ele não? – perguntei.

— Porque ele tem uma vida muito agitada Renesmee, ele não vai ter tempo de nos ver...

— Ele fica toda hora jogando bola na cesta?

— Quase isso!

Imagino como deve ser chato ficar todo o momento fazendo a mesma coisa, coitado do papai não deve ser fácil ficar dias e dias acertando a bola numa cesta. Mamãe não demorou muito tempo para desligar, eu ainda fiquei algum tempinho olhando para ela, e contando, até que foi minha vez. E tudo ficou escuro.

Quando eu acordei eu estava com curativos em meu joelho que nem do plantão médico. Que horas que eles fizeram isso? Eu não me lembro. Eu só sei que tudo estava bem mais claro do que o dia anterior, mamãe ainda estava dormindo, eu fui me levantando bem devagar, e observei uma enorme janela que havia no quarto, essa era uma janela de lado que nem eu queria pedir para Nick de presente de domingo.

Realmente pela janela de lado dava para ver as coisas, não é igual a claraboia, eu consegui ver os prédios, o céu e até uma praça, tudo era tão grande e a luz era tão clara que doía meu olho, eu fiz uma careta enquanto me afastava da luz e voltava correndo para cama. E acabei fazendo a mamãe acordar.

— Bom dia! – ela disse, sorrindo para mim. – Eu queria acordar antes de você, mas parece que não foi possível...

— Estamos em outro planeta? – perguntei a mamãe.

— Não, é o mesmo só que é diferente...

— E não vamos voltar para o quarto? – perguntei.

— Teremos outro quarto agora...

A Dra. Kendrick então entrou no quarto, e mamãe começou a dar atenção para ela, eu entendi que ela queria me examinar, mas eu não queria que ela me tocasse.

— Não aconteceu aquilo que vocês devem estar pensando que aconteceu, eu sempre a protegi, nunca deixei que ele tocasse nela! – mamãe disse. Parecia brava.

— Nós sabemos, mas não são esses tipos de exames que é a nossa preocupação, todas as crianças precisam realizar exames anualmente, você sabe disso, e no caso de sua filha ela nunca nem esteve em um hospital antes, nem mesmo quando nasceu... Além de que ela nunca tomou uma vacina! Por essa razão é necessário, o laboratório tem que fazer um hemograma completo de sua filha, só com ele nós poderemos verificar se ela tem alguma infecção, deficiências nutricionais, qualquer coisa que precise de um tratamento imediato, é para o bem estar dela...

Mamãe suspirou, acho que ela ficou convencida.

— Eu sei... – mamãe então olhou para mim, seus olhos estavam um pouco molhados e isso me deu medo. - Você sabe o que é uma agulha, Renesmee? – mamãe perguntou.

— Ela tira sangue, não, não quero! – eu disse assustada.

— Você pode ser uma super heroína por mais um minuto e deixar a Dra. Kendrick espetar o seu braço? – mamãe perguntou.

— Só preciso de um pouquinho assim — disse a Dra. Kendrick, exibindo um tubo. Era muito mais do que o cachorro ou o mosquito, não ia me sobrar quase nenhum. — E depois, você vai ganhar... Do que ela gostaria? — ela perguntou para mamãe.

— Eu gostaria de ir pra cama.

— Ela está falando de uma guloseima — a mamãe me disse. — Como um bolo ou coisa parecida...

— Que tal um chupa-chupa? – Dra. Kendrick disse.

Então a Pilar trouxe um pote cheio de pirulitos, era isso que era chupa-chupa. Mas tinha muitos demais, tinha amarelo e verde e vermelho e azul e laranja. Eram todos chatos feito círculos, não bolas como o do Nick que a mamãe jogou na lixeira e eu comi assim mesmo. A mamãe escolheu para mim um vermelho, mas abanei a cabeça, porque o dele tinha sido vermelho e eu achei que ia chorar de novo. A mamãe escolheu um verde. A Pilar tirou o plástico. A Dra. Kendrick espetou a agulha dentro do meu cotovelo e eu gritei e tentei fugir, mas a mamãe me segurou, pôs o pirulito na minha boca e eu chupei, mas a dor não passou nada. Então de que adiantava o pirulito?

— Está quase acabando — ela disse.

— Não gosto disso. – reclamei.

— Olhe, a agulha já saiu.

— Bom trabalho — disse a Dra. Kendrick.

— Não, o pirulito.

— Você está com o seu pirulito — a mamãe disse.

— Não gosto dele, não gosto do verde.

— Não tem problema, cuspa-o. - mamãe mandou.

A Pilar segurou ele.

— Experimente um laranja, é do laranja que eu mais gosto — Pilar disse.

Eu não sabia que podia ganhar dois. Mas Pilar me deu mesmo assim, então acho que eu podia ganhar. A Pilar abriu um laranja para mim e era gostoso.

Depois a Dra Kendrick disse que precisaríamos fazer mais exames agora não doía.

Ela me levou em uma outra sala de hospital junto com a mamãe e eu tive que ficar em pé́ numa máquina que mostrava o meu peso. Quando encostei na parede sem querer, a mamãe me endireitou. Aı́ parei encostada nos números, igualzinho ao que a gente fazia para ver minha altura, só́ que tinha mais números e as linhas eram mais retas.

— Você está indo muito bem — disse a Dra. Kendrick e ela anotou uma porção de coisas. Apontou aparelhos para os meus olhos e os meus ouvidos e a minha boca, e disse. — Parece estar tudo brilhando.

— Nós escovamos os dentes toda vez que comemos.

— Perdão, o que disse?

—Fale devagar e alto — a mamãe mandou.

— Nós escovamos os dentes depois de comer.

— Quisera eu que todos os meus pacientes se cuidassem tão bem...

Depois eu achei que não ia mais ter mais agulha, mas depois eles me espetaram de novo só que não tiraram sangue, em vez disso foi no braço, o liquido ardia e eu gritei, eles me deram outro pirulito, agora era amarelo. Será que toda vez que somos furados ganhamos pirulitos?

— Você sempre é muito valente minha filha... – mamãe disse, agora estávamos deitadas na cama do quarto e estávamos vendo TV, a TV do hospital é bem maior que a que tínhamos no quarto. Ela me deu um beijo na bochecha.

— Eles vão concertar seu pulso mamãe? – perguntei a ela.

— É provável que ele precise ser quebrado de novo, em algum momento.

— Não!

— Shhh, está tudo bem — a mamãe me disse. — Eu estarei dormindo quando isso acontecer,  os cirurgiões vão colocar um pino de metal para ajudar a articulação a funcionar melhor...

 — Feito um ciborgue?

— Sim, é meio parecido com um ciborgue — disse a mamãe, sorrindo pra mim.

Mamãe foi trocando de canal da TV, e passamos pelo jogo de basquete, logo apareceu meu papai, o branco de cabelos marrons, ele apareceu bem grande na TV.

— Olha o papai! – então eu olhei para mamãe e vi que os olhos dela molharam e então rapidamente ela trocou de canal de novo. – Mamãe, por que você tirou?

— Não quero ver ele hoje! – ela respondeu.

— Mas você sempre quer... – eu disse.

— Mas hoje não Nessie! – ela disse novamente.

Foi quando escutamos um barulho, eram vozes, parecia um homem discutindo com outra pessoa e rapidamente mamãe e eu olhamos para a porta, ela se abriu e então duas pessoas entraram no quarto, um homem e uma mulher, mamãe no mesmo minuto se levantou da cama e saiu correndo na direção deles. E os abraçou e começou a chorar.

O Dr. Clay entrou no quarto e os observou. Então a mulher que abraçava a mamãe disse:

— Me desculpa, ele não poderia mais esperar... – a voz dela era de choro e depois ela desviou o olhar para mim, eu continuava encolhida, deitada na cama, assustada, pois eles fizeram a mamãe chorar. – Obrigada Renesmee... Por salvar a nossa filha! – ela disse, eu era Renesmee, ela estava falando comigo, depois ela voltou a abraçar a mamãe e os três choravam. Por que eles choravam?

Logo depois descobri que eles eram o vovô e a vovó, eram Charlie e Renéé. Eles vieram falar comigo e darem um abraço em mim, mas eu não gostava que outra pessoa me tocasse que não fosse a mamãe e então eu me desvencilhei.

— Calma Nessie. Eles também são da família, lembra? – disse a mamãe e eu olhei para eles. Eles estavam com os olhos cheios de lágrimas, pareceriam tristes se não estivessem sorrindo, então eu não entendi porque as pessoas grandes choravam quando sorriam também.

E a única coisa que eu pude fazer foi sorrir e eles sorriram de volta para mim.

Eu estou no mundo a trinta e sete horas, eu já vi panquecas, escadaria, pássaros e janelas, e um monte de carros, polícia, médico, árvores, cachorros e um monte de coisas mais, eu vi pessoas de vários tamanhos e de rostos diferentes, falando todas juntas, eu vi que o mundo parece o planeta da TV, todos ao mesmo tempo, eu não sei para que lado olhar e o que ouvir. Tem portas e mais portas, e atrás de todas as portas, tem outra do lado de dentro e outra do lado de fora e as coisas acontecem acontecendo. Elas nunca param, além disso, o mundo sempre muda de brilho e de calor, tem micróbios invisíveis flutuando em todo o lugar, quando eu era pequena eu só sabia de coisas pequenas, mas agora que eu tenho cinco anos, eu sei de tudo.

Continua...


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Notas finais do capítulo

N/A: COMENTEM, FAVORITEM E RECOMENDEM, até domingo bgs bgs