Sempre ao teu lado escrita por J S Dumont


Capítulo 4
Capitulo 4 - Plano A e Plano B


Notas iniciais do capítulo

Olá gente... Não, não é domingo eu sei hehe, mas eu não aguentei vocês pedindo para postar antes do domingo e depois de conversar com minha beta eu vi que era bom pelo menos postar 2 nessa semana para elas sairem logo do cativeiro... Estou fazendo isso porque vocês estão sendo um amor, sério, já ganhei uma recomendação, já to com 40 favoritações e passei de 100 comentários, tudo isso em 3 caps, então, vocês merecem e muito, são as melhores leitoras do mundo, e por isso estou aqui com um capitulo extra nessa semana para matar um pouco a ansiedade de vocês e ainda um capitulo grande hein... To sendo boazinha haha então continuem colaborando ai quem sabe mais para frente eu faço isso de novo ;) vai depender de vocês...
Bom quero agradecer a Biah Cullen pela recomendação, dedico esse capitulo a você flor, muito obrigada *-*
E ai vai o capitulo!!!



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         Capitulo 04:

Plano A e Plano B

Renesmee

—  Mamãe para que servem os papais? – perguntei a mamãe, ela parecia estar muito distraída assistindo a TV, mas parecia ter me escutado, pois ela olhou-me rapidamente.

—  Como? – ela perguntou.

—  É... As outras crianças que vivem do outro lado da parede, elas tem papai, não tem? – perguntei.

—  Sim...

—  É, e para que eles servem?

Mamãe ficou calada por alguns segundos, até responder:

—  É... Eles são que nem as mamães, eu não cuido de você, brinco com você, converso? Então, os papais fazem a mesma coisa com os filhos...

—  Então ter um papai é como ter duas mamães?

— É quase isso!

—  Por que o Nick não é o meu papai? – perguntei para mamãe, e ela no mesmo momento começou a tossir e me olhou com uma cara de assustada.

—  Você queria que ele fosse seu pai? – ela perguntou e pareceu ter ficado brava.

—  Ele é real, ele vem aqui, ele existe, esse papai que tenho na TV não serve de nada, ele nunca vem aqui!

—  Ele não sabe que estamos aqui Nessie...

—  Tanto faz! – cruzei os braços e fiquei emburrada. E então eu ouvi mamãe suspirar.

—  Nessie Nick é mal, ele não gosta de nós, você viu o que ele fez com a mamãe...

—  Mas a culpa foi minha, eu que sai do guarda-roupa... – eu disse, voltando a olhar para ela.

—  A culpa não foi sua, ele me prendeu aqui a força, éramos para estar do outro lado da parede e não aqui...

—  Mas eu gosto do quarto, fazemos um monte de coisas aqui!

—  Você gosta daqui porque não conhece o mundo...

—  Eu não quero conhecer o mundo! – eu gritei e senti os meus olhos ficarem molhados, eu queria chorar, eu me levantei do sofá, corri até a cama e me deitei nela,  então fechei os olhos.

Eu preferia quando eu tinha quatro anos, pelo menos nessa época mamãe dizia que eu vivia no mundo, e que todas as outras coisas viviam dentro da TV, ele era como outro planeta, agora que tenho cinco anos eu sei que eu vivo apenas em um pedacinho do mundo, que é um quarto, mamãe diz que é fedorento, mas eu não acho que seja fedorento, eu gosto do quarto, só que a mamãe não quer mais viver aqui e agora eu sei que o Nick é mal, mas ele não parecia ser mal, ele nos traz coisas e até me trouxe uma boneca, só que ele machucou a mamãe e ainda ela disse que foi ele que a prendeu nesse quarto, que é onde vivemos hoje.

Estava difícil de entender e olha que já tenho cinco anos e mamãe diz que já são muitos anos, mas mesmo assim, eram tantas coisas que eu tinha que acreditar que minha cabeça parecia que iria explodir de tantas informações.

Só que a mamãe não falou mais sobre o mundo que fica do outro lado da parede, ela ficou quietinha e triste o resto do dia. Quando a claraboia ficou escura, mamãe me colocou no guarda-roupa, mas eu não fiquei muito tempo, pois Nick não apareceu.

Então eu dormi a noite toda com a mamãe na cama, no outro dia mamãe não quis nem se levantar da cama, eu chamei ela, mas ela apenas resmungou e virou para o outro lado, então eu mesma tive que preparar meu próprio cereal e também subi na cadeira para dar uma xícara de água para a planta para ela não voltar para o céu.

Eu queria fazer alongamento, mas não tinha graça sem a mamãe, então eu deitei novamente na cama e olhei para a claraboia, ela estava branca, era de dia, mas mesmo sendo de dia mamãe não quis se levantar.

—  Mamãe, não vai fazer alongamento?... – perguntei para mamãe.

—  Hoje não Nessie... – ela respondeu e nem se virou na minha direção.

Mamãe estava triste, não queria levantar da cama e eu não gostava de ficar sem a mamãe, não tinha muito o que fazer sem ela, fui para o sofá e assisti TV, assisti a Dora meu desenho favorito, depois fui trocando de canal, até achar aquele jogo de basquete que mamãe assiste para vê o papai.

— Papai! – falei, esperando ele aparecer, mas fiquei um tempão esperando e não vi nenhum homem branco de cabelos marrons. Então desliguei a TV.

Fui até a cama, peguei minha boneca e olhei para mamãe, ela continuava deitada e sequer se mexia, então decidi brincar com a boneca, mas ao olhar para ela percebi que não tinha mais graça, foi Nick que me deu e foi Nick que deixou a mamãe triste. Ele é mal. Puxei a cabeça da boneca até arrancá-la, joguei-a bem longe junto com o corpo da boneca e depois eu encolhi-me na cama e fiquei olhando para mamãe. Espero que ela acorde logo.

Mamãe só foi se levantar bem depois para fazer o almoço, e o almoço  já é bem tarde, mamãe diz que é quando é a metade do dia então é muita coisa.

Enquanto ela cozinhava eu olhava para claraboia, me aproximei dela até ficar embaixo dela e fiquei olhando para cima. Aquela folha que a mamãe disse que era de uma árvore não estava mais lá.

—  A cidade existe? – perguntei para mamãe. Eu a olhei e vi que ela olhava para mim também. Os cabelos da mamãe estavam presos num rabo de cavalo e mamãe estava com os olhos inchados ela diz que os olhos ficam inchados quando a gente chora, então acho que mamãe chorou.

—  Nós vivemos em uma cidade Nessie! – ela respondeu.

—  Onde que é a cidade?

—  Estamos dentro dela, ela fica aqui, logo ali! – ela apontou para a parede da cama.

—  Mas eu não vejo, tem uma parede! – eu reclamei. – Na claraboia não consigo ver nada!

—  É como eu te falei Nessie, a claraboia é virada direto para cima, para o ar, a maioria das coisas de que eu lhe falei fica no chão, por isso, para vê-las, precisaríamos de uma janela voltada para o lado... – mamãe me explicou, ela voltou a mexer algo dentro da panela.

 — Podíamos pedir uma janela para o lado de presente para o Nick!

Mamãe então deu risada, mas eu não entendi porque ela riu. Será que é por que o Nick não apareceu ontem?

—  Ele nunca nos daria uma janela, Nessie! – ela respondeu. - Vem, vamos comer!

Mamãe e eu fomos comer, antes fizemos uma oração para o menino Jesus, mamãe disse que seria bom nós  lembrarmos de Deus e conversarmos muito com ele para que ele nos proteja do Nick. E enquanto comíamos enchi a mamãe de perguntas:

—  Vovó e vovô estão no céu?

—  Eu espero que não...

—  E eles não entram no quarto porque também não sabem o código?

—  Não filha é que eles não sabem onde estou...

—  Você está no quarto comigo...

—  Mas eles não sabem disso, nem que estou aqui e nem sobre você...

— Eles podiam olhar no mapa da Dora, e aı,́ quando vierem, eu pulo na frente deles de surpresa. Eles vão ficar felizes! – eu sorri para mamãe e mamãe deu uma risada, pelo menos ela não estava mais triste.

— O quarto não está em mapa nenhum.

— Podíamos então contar para eles onde estamos por telefone. O Bob, o construtor, tem um...

—  Mas nós não temos telefone!

—  Podemos pedir para o Nick!

—  Nick nunca nos daria um telefone...

—  Ele é muito chato, ele não pode dar uma janela virada de lado, nem um telefone, nem mesmo meu cachorro a Dora! – eu reclamei, terminando de comer, depois eu levantei-me da cadeira.

—  Nessie vê se entende, Nick nunca vai nos ajudar a sair daqui, se ele der uma janela, ele vai saber que vamos tentar pedir ajuda para as pessoas... – ela disse se levantando e aproximando-se de mim.

—  Que pessoas?

—  As pessoas que passam pela rua!

—  Mas que rua? – eu perguntei, estava ficando bem confusa.

—  Nessie, nas cidades existem ruas e as pessoas andam por elas para irem trabalhar, estudar, entendeu? E se elas nos ver elas podem nos ajudar e o Nick não quer isso! E se ele nos der um telefone ele sabe que vamos ligar para vovó e pedir ajuda... – ela disse e se aproximou da porta, eu continuei observando a mamãe. – O único jeito de sair daqui é pela porta, mas não temos os números do código para digitar no teclado externo.

—  Como assim? Tem dois?

—  Sim filha, ele digita um número no teclado que fica do outro lado da porta, aí a porta se abre, e quando ele vai embora ele digita novamente o mesmo número, é como uma chave invisível!

—  Aí ele vai embora para onde? Para a casa que tem a rede?

—  Não essa é a minha casa, ele vai para a casa dele...

—  Nós podemos ir á casa dele um dia?

— Eu preferiria ir à casa da sua avó e do seu avô!

—  É lá tem uma rede, podíamos nos balançar nela, e eu podia brincar com seu gato...

—  Sim, você poderia fazer muitas coisas Nessie!

Ficamos quietinhas por um tempo até que perguntei a mamãe:

—  Você acha que o Nick vai vir hoje?

—  Por que a pergunta?

—  É que é ele que traz a comida e se ele tiver com muita raiva e não voltar nunca mais? Nunca, nunquinha! Vamos morrer de fome...

—  Ele não vai fazer isso, ele vai aparecer antes da comida acabar, ele sempre volta!

—  Então quando ele voltar a gente podia machucar ele, a gente podia cortá-lo até ele falar qual é o código que abre a porta! – eu disse.  

—  Machucá-lo não adianta, uma vez eu tentei, quando ainda estava grávida de você...

 — E você o machucou?

—  Quase, eu tirei a tampa do vaso sanitário, e também fiquei segurando a faca lisa, e uma noite, pouco antes das nove, fiquei encostada na parede do lado da porta...

—  Mas o vaso não tem tampa...

— Costumava ter, em cima do reservatório de água, ela era a coisa mais pesada que havia no quarto, por isso que não tem mais...

— A Cama é mais pesada!

 — Mas eu não podia levantar a cama, podia? – ela perguntou e então discordei com a cabeça. – E então, quando o ouvi entrando...

— O bipe bipe...

 — Isso, eu dei com a tampa do vaso na cabeça dele, mas não bati com força suficiente, a tampa caiu no chão e quebrou em dois pedaços, e ele, o Nick, ele conseguiu fechar a porta com um tranco... Eu sabia que a minha única chance era fazer com que ele me desse o código, por isso, eu encostei a faca no pescoço dele, assim. — e então mamãe colocou a unha embaixo do meu queixo, eu não gostei. — E falei: “Me diga qual é o código?”.

— E ele disse?

— Ele disse uns números e eu fui lá teclá-los.

— Que números?

— Acho que não eram os números verdadeiros, ele se levantou de um salto e torceu meu pulso e pegou a faca.

— O seu pulso ruim?

— Bem, ele não era ruim antes disso... Por isso, Nessie, nós nunca devemos tentar machucá-lo de novo, quando ele voltou na noite seguinte, ele me disse que nada jamais o faria me revelar o código e se eu voltasse a tentar uma gracinha daquelas, ele iria embora e eu ficaria com mais e mais fome, até morrer...

— Então nunca vamos sair daqui... - eu disse, a mamãe então passou a mão em meu cabelo.

—  Quase perdemos, mas ainda existe uma chance Nessie, a unica forma de sairmos daqui é enganando o Nick! – mamãe disse.

E então começamos a pensar.

—  Como poderemos enganar o Nick? – perguntei a mamãe.

— Eu não sei, não sei, só sei que a porta é o único jeito, pois a claraboia é blindada...

—  O que é blindada?

—  Não dá para quebrar Nessie, mamãe já tentou, sabe eu fico obcecada com o momento em que a porta se abre, se nós cronometrássemos o tempo certinho nessa fração de segundos, quem sabe conseguiríamos passar correndo pela porta...

— Ah, essa é uma boa ideia mamãe, a gente pode correr como o Flash!

— É se você conseguisse ao menos escapulir para o lado de fora, enquanto eu partia pra cima dos olhos dele... — A mamãe discordou com a cabeça. — Não dá.

— Dá, sim.

— Não, ele agarraria você, Nessie, ele a alcançaria antes de você correr metade do quintal e... – mamãe parou de falar. – Tem que ser outra coisa...

—  Qual outra coisa?

—  Não sei filha, as ideias ficam aqui girando e girando feito ratos numa roda, mas acho todas arriscadas demais... – disse a mamãe e então fiquei me perguntando, por que os ratos giram numa roda? Como será que é a roda? Será como a roda-gigante num parque de diversões?

—  Temos que ser espertas, mamãe...

—  Sim, o truque tem que ser esperto!

Enquanto mamãe pensava eu fui comer uma banana e enquanto eu comia eu disse a mamãe:

— Se você tivesse pedido um cachorro para o Nick, podíamos falar que ele estava doente e que queríamos acompanha-lo até o médico de cachorros e lá podíamos fugir do Nick! – eu disse a ela.

— É veterinário Nessie, e ele nunca deixaria nós sair por causa de um cachorro... – mamãe disse com aquela cara que ela fazia só quando está pensando. – Mas... A ideia não é ruim, não a parte do cachorro, mas você, você sim poderia ser a doente...

—  Como o cachorro?

—  É... Uma doença de mentirinha... Quando ele vier... Eu poderia dizer que você está muito doente.

— Que tipo de doença?

— Talvez uma gripe muito, muito forte. Experimente tossir muito...

E então eu tentei tossir e ela escutou.

— Ah teremos que melhorar isso! Não, esqueça a tosse, tem que ser algo mais grave e também algo que você poderia ter pegado de Nick já que é o único que traz micróbios para cá e ele não está gripado, nós na verdade precisamos de algo que dá na comida, será́? — mamãe olhou para a banana que eu estava comendo. – Febre, isso, muita coisa dá febre, uma febre muito alta, que faça você não poder falar e nem acordar direito...

— Por que eu não posso falar?

— Será mais fácil você fingir se não falar Nessie... É, isso mesmo — a mamãe disse, com os olhos todos brilhantes e sorriu. — Eu digo a ele: “Você tem que levar a Nessie ao hospital na picape, para os médicos poderem dar o remédio certo a ela”.

— Eu, andando na picape? Qual é a cor da picape dele? – perguntei a mamãe.

—  Marrom!

E então sorri, mas logo mudei de ideia.

—  Não, não eu não quero que me cortem e abram minha barriga...

— Não, os médicos não farão nada com você de verdade, porque não haverá́ nada de errado com você lembra?

Eu terminei de comer a banana e joguei fora a casca, depois aproximei-me da mamãe e ela fez carinho na minha cabeça.

— Quando você chegar ao hospital quando você encontrar o primeiro médico ou enfermeira você grita por socorro! – ela disse.

—  Mas e onde você vai estar?

 — Bem aqui, no quarto!

—  Não mamãe, olha eu tive uma ideia melhor, você também pode ficar doente de mentirinha, como naquela vez que a gente teve diarreia ao mesmo tempo, aí ele vai levar nós dois na picape.

— Ele não vai cair nessa. Sei que vai ser bem estranho você ir sozinha, mas estarei falando com você na sua cabeça a cada minuto, eu prometo...

— Como você vai falar comigo na minha cabeça? Você não é uma X MEN!

—  É só você pensar em mim Nessie...

—  Não, não gosto desse plano, eu não quero ir para o mundo sem você!

—  Nessie... Por favor!

—  NÃO, NÃO, NÃO, NÃO, NÃO, NÃO, NÃO, NÃO, NÃO, NÃO, NÃO, NÃO...

—  Tá bom, esqueça por enquanto...

—  Sério? – olhei surpresa para mamãe.

—  Sim, porque você precisa estar preparada para que o plano dê certo!

Mamãe e eu comemos um sanduiche e depois mesmo não sendo de manhã fizemos alongamento, mamãe e eu brincamos também de amarelinha imaginária, eu tinha que pular com uma perna só e depois com duas, depois com uma de novo, depois com duas e pulei muitas e muitas vezes.

Depois deitamos no chão e assistimos as novelas da mamãe, perguntei se papai ia aparecer na TV hoje, mamãe disse que não. Droga, eu até queria vê-lo.

— Nessie... – mamãe começou quando acabou sua novela. – Eu vou te ensinar uma coisa, para quando você tiver preparada para pôr em ação o nosso plano!

—  Não tem como fazer outro plano?

—  É o único plano viável filha, você primeiro vai ao hospital e depois volta com a polícia...

—  Eles vão me prender?

—  Não, eles vão voltar para salvar a mamãe e voltaremos a ficar juntas para sempre...

Eu não sabia o que dizer, mas ela ficou esperando, esperando.

 — Está bem.

— Isso quer dizer sim?

— Sim.

 Ela me deu um beijo enorme e então fomos comer uma lata de tangerina, e enquanto comíamos mamãe ia pensando no plano e ia passando a ordem para eu decorar, ela disse que eu tinha que decorar certinho para quando ser a hora eu saber tudo o que tenho que fazer quando ir para o hospital

 — A polícia não vai saber o código secreto pra tirar você daqui — eu disse.

— Eles pensarão em alguma coisa.

— No quê?

— Sei lá, um maçarico?

— O que é...?

— É uma ferramenta de onde sai uma chama, capaz de queimar a porta até ela abrir.

— A gente pode fazer um — eu disse, dando pulos.  — Pode, a gente pode pegar o vidro de vitamina com a cabeça de dragão e botar ele no fogão aceso até ele pegar fogo e...

— E morrermos queimadas...

 — Mas...

— Nessie, isso não é brincadeira. Vamos rever o plano...

Eu me lembro de todas as partes, mas continuo pegando elas na ordem errada.

— Olhe, Picape, Hospital, Polícia. Repita.

 — Picape, Hospital, Polícia.

— Não, não, não, não, são na verdade cinco passos: Doente, Picape, Hospital, Polícia, Salvar a Mamãe. Repita!

Demorei um tempinho para conseguir lembrar.

— Picape, Hospital, Policia, Salvar a mamãe!

— Você se esqueceu do doente...

— Ah é! – eu disse.

E então mamãe e eu continuamos treinando um tempão, até que a claraboia ficou escura, mamãe novamente me colocou no guarda-roupa, mas novamente o Nick não apareceu.

Quando acordamos no outro dia, mamãe e eu continuamos com o plano, tínhamos que planejá-lo muito bem, pois ela disse que era fácil do plano dar errado.

Mamãe é muito esperta, agora ela disse que o novo passo é praticar a parte em que fico doente que é o mais importante, pois Nick tem que acreditar nisso se não ele não me leva para picape.

—  Eu tive uma ideia eu vou deixar a sua testa quente pra valer, e vou deixar que ele a toque...

— Não.

— Está tudo bem, eu não vou queimar você...

 —Eu não quero que ele toque em mim!

 — Ah — disse a Mamãe. — Só uma vez, prometo, e eu estarei bem do seu lado, ah talvez você possa se deitar encostada na saída de ar quente... — mamãe então ajoelhou-se e colocou a mão embaixo, perto da parede da cama, depois franziu o rosto e disse — Não é quente o bastante. Quem sabe um saco de água bem quente na sua testa, logo antes dele chegar? Você ficará na cama e, quando ouvirmos a porta fazer bipe bipe, eu escondo o saco de água.

— Onde?

 — Não tem importância.

— Tem, sim

— É tem razão, nós temos que imaginar todos os detalhes, para que nada estrague o nosso plano. Eu deixo o saco de água embaixo da cama, certo? Depois, quando o Nick puser a mão na sua testa, ela estará superquente. Vamos experimentar?

— Com o saco de água?

— Não, apenas deite na cama, por enquanto, e pratique ficar toda molinha, como quando brincamos de cadáver.

 Sou muito boa nisso, consegui fingir até que estou tremendo, mamãe também era muito boa para fingir que é o Nick, ela falava com uma voz grave e imitava direitinho ele.

— Puxa, está quente... – ela disse e eu ri. – Nessie!

— Ahhh desculpa mamãe!

Então fiquei super quieta e praticamos muito mais, aí́ eu enjoei de brincar de doente de mentirinha e a mamãe me deixou parar. O almoço foi cachorro-quente. Mas a mamãe mal comeu o dela e então me deixou comer o dela também.

— E então, você se lembra do plano? — perguntou. Fiz que sim. — Diga-me.

Engoli meu bico do pão.

— Doente, Picape, Hospital, Polícia, Salvar a Mamãe.

— Que maravilha! Então, você está pronta?

— Para quê?

— Para a nossa fuga do inferno... Podemos fazer essa noite!

 Logo à noite. Eu não sabia que era hoje de noite. Eu não estava pronta.

— Por que é esta noite?

— Não quero esperar mais...

— Mas o Nick não aparece há dois dias! Como você sabe que ele vai vir hoje?

— Por isso mesmo, porque já faz dois dias que ele não aparece! E se ele aparecer nós vamos estar prontas para pôr o plano em prática...

Eu estava com medo, com muito medo, mas eu não falei nada para mamãe, eu não queria deixa-la triste. Eu só concordei com a cabeça.

Mas quando estava ficando de noite e vi a mamãe esquentando a água quente eu não consegui ficar calada, eu queria ser corajosa que nem a mamãe, mas eu não sou.

— Mamãe... Não podemos deixar para outro dia? Quando eu fizer seis anos talvez? É...  Aí eu vou estar pronta para tapear ele e ir para o lado de fora!

— Você não quer fugir?

— Quero. Só que não de verdade.

 — Nessie! – mamãe então se afastou do fogão

— Vamos só continuar aqui...

— Está ficando pequeno demais.

— O quê?

— O quarto.

— O quarto não é pequeno. Olha — falei, subi na minha cadeira, pulei de braços abertos e rodei, e não bati em nada.

 — Você é pequena e não entende, filha estamos vivendo presas, como animais enjaulados em zoológico!

— O que é isso?

— Viu! Você não conhece do mundo, você precisa ver coisas, tocar em coisas...

— Eu já faço isso.

— Mais coisas, outras coisas. Você precisa de mais espaço, você precisa ver gente, precisa conhecer sua família, sua vovó, seu vovô...

— O papai? – perguntei.

— O teu pai não Nessie, mas você poderá conhecer muitas pessoas, poderá estudar numa escola, conhecer outras crianças da sua idade...

— Má ideia.

— É um bom plano.

— É um plano burro idiota.

— É o único que temos — disse a mamãe, muito alto.— Eu sou sua mãe — ela quase rugiu. — Isso significa que às vezes tenho que escolher por nós duas.

E então mamãe continuou com o plano, mesmo eu não querendo. Ela esquentou vários panos quentes e até uma bolsa quente que ela tinha, ela esperou esfriar um pouco e foi colocando no meu rosto, aquilo doía, mas mamãe disse que era necessário, ela falou que meu rosto estava vermelho e eu não consigo pensar como que ele estaria.

A gente esperou, mamãe estava bem ansiosa, mas o Nick não apareceu de novo. Eu até fiquei feliz, eu não queria ir para o hospital sem a mamãe.

Já mamãe ficou chateada, e no outro dia, ela falou que iria repetir, ela ia esquentar meu rosto de novo. Quando novamente mamãe esquentou a água, eu já comecei a pensar no Nick me carregando para a picape e fiquei tonta, como se fosse cair.

— Você está pensativa... Com que parte você está preocupada neste momento? — a mamãe perguntou para mim.

— O hospital. E se eu não falar as palavras certas?

— Vocês só́ tem que dizer a eles que a sua mãe está trancada e que foi o homem que levou você que fez isso.

— Mas as palavras...

— O que é que tem?

— E se elas não saírem de jeito nenhum?

— Fico esquecendo que você nunca falou com ninguém, a não ser comigo. Espere! Vamos fazer o seguinte, eu tenho uma ideia, vou escrever um bilhete para você guardar escondido, um bilhete explicando tudo.

— Boa!

— É só́ você entregá-lo à primeira pessoa... Quer dizer, não a um paciente, à primeira pessoa de uniforme.

— O que a pessoa vai fazer com ele?

— Ler, é claro.

— As pessoas da televisão sabem ler?

Ela me encarou.

— São pessoas reais, lembre-se, iguaizinhas a nós...

A Mamãe escreveu o bilhete num pedaço de papel pautado. Foi uma história toda sobre nós e o quarto. Quando ela foi assinar ela falou: Isabella Swan, mamãe já tinha me ensinado que o nome dela é Isabella, é assim que todo mundo lá fora a chama, sou só eu que a chamo de mamãe. Minha barriga doeu, não gosto de ela ter outros nomes que eu nunca nem conheci.

— Eu tenho outros nomes? — perguntei a mamãe.

— Não, mamãe as vezes te chama de filha, mas todos vão te chamar de Nessie ou Renesmee, ah você também teria um sobrenome, que seria o meu, Swan!

— Pra quê?

— Bem, para mostrar que você não é a mesma que todas as outras Renesmee do mundo.

— Que outras Renesmee? Como nos contos mágicos?

— Não, meninas de verdade. Há milhões de pessoas lá fora, e não há nomes suficientes para todas, então elas têm que dividir.

— Eu não quero dividir meu nome, ele é só meu! – eu disse, mamãe riu e beijou minha testa.

— Filha, quando você for lá para fora, você vai entender, pensa você vai conhecer milhares de meninas da sua idade e vai poder brincar com elas! – mamãe sorriu para mim só que a minha barriga doeu. Como será ver outras meninas iguais a mim?

A claraboia já estava começando a ficar bem escura e mamãe se apressou para esquentar meu rosto novamente, novamente doeu um pouquinho.

— Filha, você tem que ser valente como a mulher maravilha!

— A super Nessie?

— Isso, super Nessie!

— Não, é a Nessie maravilha! – eu disse, mamãe riu.  

— Então você tem que ser corajosa, se não isso não vai funcionar...

Eu chorei um pouco, enquanto ela continuava esquentando o meu rosto, mas não por causa do calor, mas sim porque o Nick ia chegar, caso viesse nessa noite, e eu não queria que ele viesse, achei que eu ia ficar doente de verdade.

Mamãe se aproximou e então cheirou meu cabelo.

— É está parecendo bem oleoso, mas está com um cheiro muito bom, você precisa cheirar pior — ela disse, e olhou seu relógio de pulso. — Estamos ficando sem tempo — falou, toda tremendo. — Eu sou uma idiota, você tem que cheirar mal, você realmente... Espere aí. –ela debruçou sobre a cama, fez uma tosse esquisita e colocou a mão na boca e continuou fazendo o som estranho. Aí caiu um treco da sua boca, parecido com cuspe, mas muito mais grosso, eu vi os palitos de peixe que a gente tinha jantado. Ela esfregou aquilo no travesseiro e no meu cabelo.

— Para! — berrei, tentando me desvencilhar.

— Desculpe, tenho que fazer isso...

Ela esfregou aquilo na minha camiseta, até na minha boca. O cheiro era o pior do mundo, parecia coisa podre.

— Ponha o rosto de novo na bolsa de água quente.

— Mas...

— Ande logo, Nessie, depressa.

— Agora eu quero parar.

— Não estamos brincando, não podemos parar, faça o que eu mandei...

 Eu estava chorando por causa do fedor e por causa do meu rosto, ele estava tão quente que achei que ele ia derreter.

— Você é má.

— Tenho uma boa razão — a mamãe disse.

Bipe bipe. Bipe bipe.

A mamãe tirou o saco de água que estava arrancando o meu rosto fora e escondeu embaixo da cama.

— Psssiu. — apertou meus olhos pra eles fecharem, empurrou meu rosto no travesseiro horroroso e puxou o edredom até em cima, cobrindo minhas costas. O ar mais frio entrou com ele. A Mamãe foi logo dizendo

— Ah, você chegou.

— Fale baixo — disse o Nick, baixinho feito um rosnado.

— Eu só...

— Pssiu.

Outro bipe bipe, depois o bum.

— Você conhece a rotina — ele disse— Nem um pio até a porta fechar.

— Desculpe, desculpe. É só que a Nessie está muito mal. – a voz da mamãe estava trêmula e, por um minuto, quase acreditei. Ela é até́ melhor para fingir do que eu.

— Isso aqui está fedendo.

— É que ela está vomitando muito...

— Deve ser só um desses vírus de vinte e quatro horas — disse o Nick.

— Não, já faz dois dias!

— Dois dias? – agora Nick parecia mais preocupado, parece que ia funcionar.

—  Sim, ela está ardendo em febre...

—  Você já deu remédio para ela? Você sabe que sempre trago remédio!

—  Acha que não tentei? Ela está vomitando todos! Ela consegue reter nem água.

— Me deixa dar uma olhada nela.

— Não — disse a mamãe.

— Ande, saia da frente...

— Não, eu disse que não...

Deixei o rosto no travesseiro, que estava grudento. Fiquei de olhos fechados. O Nick estava ali, bem do lado da cama, podia me ver. Senti a mão dele na minha bochecha e fiz um som, porque eu estava com muito medo, a mamãe tinha dito que seria a minha testa, mas não foi, o que ele tocou foi a minha bochecha, e a mão dele não era como a da mamãe, a dele era fria e pesada, e aí então depois ele saiu.

— Droga! – o ouvi falar. – Ela está com muita febre... Você tentou o remédio para febre?

— Eu já disse que sim!

— Eu vou arrumar uma coisa mais forte...

— Não, ela só tem cinco anos, está desidratada, se você dar qualquer coisa, ela pode ter convulsão! Ela precisa de antibióticos!

— Certo, eu vou arrumar antibióticos, trago amanhã a noite...

E logo comecei escutar aquele barulhinho bip bip.

— Amanhã? Ela não tem tanto tempo... Se você não a internar agora, ela vai, ela pode...

 — Chega de histeria — ele disse.

— Por favor. Estou implorando.

— De jeito nenhum.

— É só́ você falar que ela é uma imigrante ilegal, sem documentos — disse a mamãe, ela falava com uma voz tão desesperada que parecia as atrizes da TV. — Ela não está em condições de dizer uma palavra, você pode trazê-la de volta direto para cá, assim que a tiverem hidratado... — a voz dela ia andando atrás dele. — Por favor, eu faço qualquer coisa.

— Não tem conversa com você — ele disse. Parecia estar perto da porta.

— Não vá. Por favor, por favor...

 Caiu alguma coisa. Fiquei com tanto medo que acho que nunca mais vou abrir os olhos. A mamãe deu um gemido. Bipe bipe, bum, a porta fechou, ficamos sozinhas.

Ainda de olhos fechados eu contei até dez, depois levantei a cabeça e olhei para mamãe. Ela estava sentada no tapete, com as costas apoiadas na parede da porta. Olhava para o nada. Cochichei:

— Mamãe? – ela fez uma coisa estranhíssima, meio que sorriu. — Estraguei o fingimento? — perguntei.

— Ah, não. Você foi uma estrela.

— Mas ele não me levou para o hospital.

— Tudo bem.

A mamãe levantou, molhou uma toalha na pia e veio limpar meu rosto.

— Mas você disse... Doente, Picape, Hospital, Polícia, Salvar a Mamãe.

A mamãe concordou com a cabeça.

— Esse foi o Plano A, valeu a tentativa, mas, como eu imaginei, ele ficou assustado demais...

— Ele ficou assustado?

— Com a hipótese de você falar do quarto com os médicos e de a polícia enfiá-lo na cadeia, torci para ele correr o risco, se achasse que você estava em grande perigo, mas como eu imaginei, ele não tem sentimento nenhum, nem em ver uma criança doente...

— Você me enganou! — rugi. — E eu não andei na picape marrom.

—  Nessie! – ela sorriu para mim. – Você ainda vai andar naquela picape, vem, deixa eu te dar um banho...

Eu me encolhi dentro da banheira, enquanto mamãe passava sabonete em mim e lavava meu cabelo com shampoo.

— Eu não gostei, eu não gostei nadinha desse plano, meu rosto ficou muito quente e eu fiquei fedendo com aquele vômito...

—  Eu sei filha, mas foi necessário!

—  Necessário como?

— Agora ele imagina que você está doente, isso é preciso para por em prática o plano B!

—  Você não falou de plano B!

— É muito complicado, faz alguns dias que estou queimando meu cérebro com isso...

— Mas eu posso queimar o meu também, tenho milhões de cérebros para queimar...

 — Tem, sim — disse a mamãe.

— Muito mais do que você, que deve ter queimado muito mais do que eu, por ser mais velha!

— É verdade. Mas eu não queria que você guardasse os dois planos na cabeça ao mesmo tempo, podia ficar confusa.

— Já́ estou confusa, estou cem por cento confusa...

Mamãe me ajudou a me levantar da banheira, e me ajudou também a sair dela, em seguida começou a me secar com a toalha.

— Deixe então eu lhe falar do Plano B...

—  Não quero ouvir mais planos! – disse, colocando as mãos no ouvido.

— Está bem, vamos deixar para amanhã!

Achei que nunca mais ia desligar. Já são 8:21, dormi muito, mas assim que eu acordei eu me lembrei que hoje é sábado, é dia de biscoitos. Mamãe e eu comemos biscoitos todos os sábados, ela diz que é muito difícil convencer Nick a compra-los, mas valia a pena. Eu adorava biscoitos.

Logo no café da manhã eu estava saboreando o primeiro, junto com a mamãe, e ela me olhava com um sorriso no rosto. Logo então lembrei-me, eu já tinha esquecido: O plano B.

— Já está pronta para ouvir? – não falei nada. — Bem, lá vai — a mãe pigarreou. — Tenho pensado e repensado nele de todas as maneiras, acho que é capaz de funcionar. Não sei, não posso ter certeza, parece loucura e sei que é incrivelmente perigoso, mas...

— Só me conta.

— Está bem, está bem. — ela respirou alto. — Se lembra do conde de Monte Cristo?

— Ele ficou trancado num calabouço numa ilha.

— É, mas você se lembra de como ele saiu?

—  Ele fingiu que era o amigo morto, se escondeu na mortalha e os guardas o jogaram no mar, mas o conde não se afogou, livrou-se da mortalha e saiu nadando. Agora conte o resto da história.

A mamãe abanou a mão.

 — Não vem ao caso. O importante, Nessie, é que é isso que você vai fazer.

— Ser jogada no mar?

— Não, fugir como o conde de Monte Cristo.

Tornei a ficar confusa.

— Não tenho um amigo morto.

— Eu só quis dizer que você vai se disfarçar de morta. - olhei fixo para ela.  — Na verdade, é mais parecido com uma peça que assisti na escola secundária. Uma mocinha chamada Julieta, para fugir com o rapaz que ela amava, fingiu que estava morta, tomando um remédio, e dias depois acordou, ta-rá!

— Não, esse foi o menino Jesus.

— Ah... não exatamente. — A mamãe esfregou a testa. — Na verdade, ele ficou morto por três dias, depois voltou à vida. Você não vai ficar morta, de jeito nenhum, vai apenas fingir, como a garota da peça.

— Mas não temos mortalha.

— Arrá, vamos usar o tapete.

 Olhei para o tapete, com todo aquele desenho vermelho e preto e marrom em ziguezague.

— Quando o Nick voltar hoje à noite, ou amanhã à noite, ou seja, lá́ quando for, vou dizer a ele que você morreu e lhe mostrar o tapete todo enrolado, com você lá dentro.

— Por quê?

— Porque seu corpo já não tinha água suficiente e acho que a febre fez seu coração parar.

— Não, por que no tapete?

— Ah — disse a mamãe — É o seu disfarce, para ele não adivinhar que na verdade você̂ está viva... Sabe você̂ se saiu super bem ontem de noite, fingindo que estava doente, mas morta é muito mais difícil. Se ele notar que você̂ está respirando, nem que seja uma vezinha, vai saber que é um truque. Além disso, os mortos ficam frios que só eles. A gente podia usar um saco de água gelada... – ela abanou a cabeça. — Frios no corpo todo, não só́ no rosto, ah, e também eles ficam duros, você precisará se deitar como se fosse um robô.

— Não mais molenga?

— O contrário de molenga, por isso, eu acho que enrolar você̂ no tapete é a única maneira de impedir que ele descubra que na verdade você̂ está viva. Aı́ eu digo que ele tem que levar você̂ para algum lugar para enterrá-la, entendeu?

— Por que ele tem que me enterrar?

— Porque os cadáveres começam a feder muito depressa.

— Os vermes rastejam pra dentro, os vermes rastejam pra fora...

— Exatamente

— Não! Eu não quero ser enterrada e ficar gosmenta, com os vermes rastejando.

A Mamãe afagou minha cabeça.

 — É só um truque, lembra?

— Feito uma brincadeira.

— Mas sem rir, uma brincadeira séria — ela disse. Fiz que sim, achei que ia chorar.

— Preste muito a atenção, isso é muito importante... — disse a mamãe — Vou lhe contar como vai ser para você̂ não ficar com tanto medo. O Nick vai teclar os números para abrir a porta, depois vai carregar você para fora do quarto, toda enrolada no tapete.

— Você também vai estar no tapete?

— Estarei bem aqui, esperando — disse a mamãe.

— Ele vai carregá- la para a picape e colocar você na traseira, a parte aberta...  Na primeira vez que ela parar num sinal de transito, você̂ vai se soltar do tapete, pular para a rua, sair correndo e trazer a polícia para me salvar. – fiquei olhando para ela. — Então, dessa vez o plano é Morta, Picape, Fugir, Polícia, Salvar a Mamãe. Diga!

— Morta, Picape, Fugir, Polícia, Salvar a mamãe!

—  Muito bem!

Continua...


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Notas finais do capítulo

N/A: DEIXEM COMENTÁRIOS E FAVORITEM *---* Ai domingo eu volto ;)