Sempre ao teu lado escrita por J S Dumont


Capítulo 3
Capitulo 3 - Cinco de Novembro


Notas iniciais do capítulo

Olá como prometido é domingo estou postando um novo capitulo, e no POV da Bella, é um capitulo mais esclarecedor, espero que gostem e não deixem de deixar comentários, bgs bgs :)



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Capitulo 03:

Cinco de Novembro

"Garrafas quebradas no lobby do hotel, parece-me que eu só estou com medo de nunca sentir isso de novo, Eu sei que é louco de acreditar em coisas bobas, mas não é tão fácil, Mas eu só tenho a mim mesmo pra culpar por isso, e aceito isso agora, Mas não é fácil..."

Kodaline – High Hopes

Isabella Swan

Já faz seis anos que tudo aconteceu, mas eu consigo lembrar-me de tudo como se tivesse sido ontem mesmo.

Lá estava eu, dois meses após completar dezessete anos de idade com um teste de gravidez na mão, ele havia dado positivo, no momento eu não sabia o que fazer. Comecei a pensar na minha vida, eu queria ser advogada e então eu pensei o quanto uma gravidez indesejada iria mudar os meus planos que foram muito bem arquitetados. Eu iria para faculdade, me formar, abrir meu escritório e viver no mínimo muito bem economicamente. Quem sabe no futuro eu até iria me casar com Edward? Quando isso acontecesse, aí sim nós poderíamos pensar na possibilidade de ter um filho.

Edward queria ser um atleta de sucesso, aqueles jogadores da NBA, queria ser como Michael Jordan, o seu maior ídolo, que o inspirou a jogar basquete. Edward jogava muito bem, tinha futuro, e eu sabia o quanto ele lutava para ser um bom atleta. Quantas vezes ele reclamou de dores, cansaço, mas sempre estava lá, na quadra brilhando como nunca.

Edward e eu namorávamos desde o começo do ensino médio, éramos tipo aqueles casais perfeitos, que todos olhavam e suspiravam, no baile do segundo ano ganhamos como rei e rainha o que me deixou bastante surpresa. Eu não era uma líder de torcida, na verdade eu jogava vôlei na escola, embora não tivesse altura para isso. Mas mesmo eu não sendo uma patricinha, eu ainda consegui chamar a atenção o suficiente dele para ser a namorada do astro do basquete da escola, e a nossa boa relação era o suficiente para que todo mundo nos invejasse. Sem muitas brigas, sem traições, sem términos, sem nada de ruim que eu pudesse apontar em nosso namoro. Tínhamos aquela sintonia incrível, aquela que conseguíamos se comunicar até mesmo com o olhar. Edward era como meu príncipe encantado, o único namorado de verdade que tive. No máximo antes dele eu só havia dado uns beijinhos e nada mais, com Edward foi tudo novo, tudo era uma novidade, usar uma aliança, ganhar presentes de dia dos namorados, chamar uma pessoa de meu amor, sentir aqueles ciúmes que faz quase você querer explodir, amar. Sim, Edward foi tudo isso e principalmente foi o primeiro da minha vida, foi uma primeira vez inesquecível.

E nossa vida sexual era tão boa que aí veio a Renesmee. Eu não podia negar que a primeira coisa que me venho na minha cabeça assim que descobrir estar gravida foi não seguir com a gravidez, eu era imatura, eu era muito jovem e ainda eu estava preocupada com o meu futuro e também com o futuro de Edward, mas eu sabia que não poderia tomar essa decisão sozinha, Edward precisava saber. É eu não poderia simplesmente decidir por nós dois.

Foi quando no dia cinco de novembro tudo aconteceu, Edward me mandou uma mensagem que queria se encontrar comigo, marcamos de se ver numa lanchonete que íamos com frequência, eu estava preparada para contar da gravidez naquele dia mesmo. Fui tão estupida que ainda treinei no espelho, falei sozinha tanto em casa como no caminheiro inteiro, eu pensei em pegar o carro da minha mãe, mas cometi o pior erro da minha vida, decidi caminhar para assim poder pensar melhor nas coisas.

Caminhei até a lanchonete, Edward já estava lá, parei alguns segundos na porta, olhando a expressão no seu rosto. Foi o primeiro sinal de que algo ruim iria acontecer. Ele estava nervoso, eu conhecia aquele olhar como ninguém. Eu conhecia Edward como ninguém. Aproximei-me dele e consigo me lembrar como meu coração disparou naquele momento, senti que estava suando frio. Parecia ser um mau pressentimento. Edward não iria me falar algo bom e confirmei isso assim quando começamos a conversar e ele disse que tinha algo para me falar.

Meu coração disparou mais forte, e naquele momento eu sabia que tinha que ter falado para Edward que também tinha algo para contar para ele, mas eu fiquei calada, parecia ter travado. Edward se enrolou nas palavras, mexia com as mãos de uma forma agitada, abaixou o olhar e parecia não querer mais me encarar, e então ele fez o seguinte discurso: “É difícil falar isso, mas eu pensei e muito Bella nesses últimos dias, eu amo muito você sabe, mas acho que agora que estamos perto de terminar o ensino médio, temos que começar a focar mais no nosso futuro, você quer ser advogada e eu jogador de basquete, eu tenho que ter muito foco nesses últimos meses para construir uma carreira, é muita cobrança do meu pai e também estou cobrando muito de mim mesmo, estou num momento difícil e eu acho que não vamos mais ter tempo um para o outro, e então eu andei pensando e vi que nesse momento namorar não é algo que eu vou conseguir levar para frente, talvez daqui alguns meses teremos que nos separar mesmo, você poderá ir para uma faculdade em outra cidade e eu provavelmente irei para o outro lugar, e você sabe que eu não curto essa de namoro a distância”. E mais alguns blá, blá, blá.

Não, não era o que eu estava planejando... Eu não queria terminar com Edward, eu acreditava que mesmo que tivéssemos planos diferentes, nós dois conseguiríamos manter nossa relação e sim, eu sonhava em um dia quando entrasse no altar fosse para me casar com ele. Sim, eu fui estúpida em pensar isso, tínhamos apenas dezessete anos, como eu poderia pensar que ele levaria nosso namoro a sério?

Naquele momento tudo que planejei falar, tudo que treinei feito idiota no espelho sumiu da minha mente. Era como se meu cérebro tivesse travado, ele me jogou um balde de água fria e eu não consegui dizer uma única palavra.

Depois de algum tempo eu apenas falei: “Você tem razão, uma hora o nosso caso iria chegar ao fim, não é? Boa sorte, Edward!”. Sim, eu era muito orgulhosa, mas foram três anos com Edward e ele falou do nosso relacionamento como se não tivesse sido nada, como se só tivéssemos apenas passando o tempo juntos. É assim que ele fala: “Eu amo muito você!”. Cadê todo esse amor agora? Foi apenas falado da boca para fora. É eu pensava diferente de Edward e embora eu tivesse falado que ele tinha razão, no fundo eu não achava isso. Eu queria bater nele, xingá-lo e dizer que ele tinha que sim colocar nosso relacionamento como uma prioridade, que se dane que ele quer ser um jogador de basquete, eu vou apoiá-lo, não iria ser eu que ia destruir o sonho dele, assim como ele não iria destruir o meu sonho de ser uma advogada de sucesso. Eu queria ter falado isso, eu queria ter falado tantas coisas, eu queria até mesmo chorar, mas eu não fiz nada.

Eu apenas levantei-me e encarei-o, fui fria todo o tempo, olhei para ele, mas ele estava com a cabeça abaixada e com o rosto todo vermelho e então eu simplesmente virei de costas e fui embora. Um término de três anos de namoro extremamente frio, não chorei e nem sei se ele chorou. Ele estava vermelho, mas todo momento ele não me olhou nos olhos, principalmente depois que soltou tudo, ele estava esperando que eu falasse algo, eu sei que ele estava e talvez eu tivesse que ter falado. Quem sabe se eu falasse algo as coisas poderiam ter sido diferentes? Talvez se eu tivesse falado não teria acontecido o que aconteceu. Mas naquele momento eu não consegui.

Fui orgulhosa, eu estava com raiva, eu estava mais preocupada por ele ter jogado a nossa relação de lado por causa do basquete, eu estava apenas focada nisso, como se tivesse teclando a mesma tecla, era só isso que se repetia na minha cabeça. “Ele me trocou pelo basquete”, “Ele me trocou pelo basquete”. E quando fui embora daquela lanchonete eu me desabei no choro, tudo que segurei na frente dele eu descontei no caminho para casa, derramei todas ás lagrimas que tinha que derramar.

Eu não falei do bebê em nenhum momento com ele, eu nem tive essa oportunidade, então eu vi que a decisão eu teria que tomar sozinha. Eu não iria atrás dele, eu não iria “estragar” a vida dele, eu estava decidida a abortar.

Mas, foi aí que as coisas aconteceram... Nossas vidas mudam em questões de segundos, é como um piscar de olhos, em um momento eu estava a caminho da minha casa, chorando porque terminei com meu namorado e porque estou grávida, no segundo seguinte, um homem me puxou, assim que eu estava passando por um beco isolado, onde não havia ninguém, ele jogou algo preto em minha cabeça, onde depois vi que era um saco, e em seguida apertou algo entre o meu nariz e minha boca, era um pano, tinha algo nele, pois logo eu desmaiei. Quando acordei, estava no banco de trás de sua picape, com os braços e pernas amarradas e com a boca tampada por um pano. Ele me levou até o galpão que fica no quintal de sua casa e quando entrei lá, deparei-me com o quarto, igual ao que é hoje, tudo já estava planejado.

Quando entrei naquele quarto pequeno e fedorento já havia o código na porta, já havia comida, alguns produtos de limpeza, realmente tudo parecia que já estava arquitetado, porém eu não imaginei que ficaria dentro desse quarto durante tantos anos.

Ele é um quarto que se resumia tudo de básico que há numa casa. Cozinha, banheiro e quarto. A minúscula cozinha se resumia uma pia e geladeira, um micro-ondas, um fogão, um armário de cozinha e uma pequena mesa com duas cadeiras. Próximo do que seria a minúscula cozinha havia uma banheira e ao lado da banheira um vaso sanitário, não havia nem menos uma parede em volta para cobrir o banheiro, simplesmente ficava à vista do lado do que seria a cozinha, depois do banheiro, já no canto do quarto, havia dois guarda-roupas pequenos, uma cama velha de madeira e um criado mudo com um abajur. A única coisa que tinha mudado nesses seis anos é que agora no quarto tem um sofá velho e uma televisão de tubo.

Ele após soltar os meus braços, minhas pernas, disse que era para eu chama-lo de Nick e simplesmente disse: Esse será seu novo lar. E até hoje eu não sei se Nick é seu verdadeiro nome. Quando ele me capturou ele parecia ter em torno de trinta e cinco anos, hoje já deve ter uns quarenta ou mais.

Ele nunca me contou o porquê me manteve tanto tempo em cativeiro, a única coisa que falou e foi nos primeiros meses é que agora eu era dele e que viveríamos juntos, simplesmente ele me obrigou a ser como sua mulher, ele vinha, conversava, falava como sua vida estava uma merda e transava comigo.

Sua personalidade era um tanto estranha, em alguns momentos ele estava extremamente calmo, em outros estava descontrolado e extremamente agressivo. No começo da gravidez eu estava com medo dele, e por isso nos três primeiros meses escondi a minha gravidez, afinal, eu estava com medo dele me bater e socar minha barriga até eu perder o bebê.

No que eu calculei ser o terceiro mês de gestação eu fui obrigada a contar para ele, pois eu já estava bem mais gorda e ele já estava ficando desconfiado, quando abri o jogo Nick ficou nervoso, porém permitiu que a gravidez continuasse, e nesse quarto sem ajuda de ninguém eu tive a Nessie em um parto normal, eu mesma tive que cortar o cordão umbilical, cuidei dela desde recém-nascida ali mesmo, sem médico, sem nenhuma assistência, sem nem ao menos saber como se cuida de um bebê.

Foram tempos difíceis, alguns meses atrás eu não a queria, mas depois que ela nasceu ela foi tornando-se a minha força, a minha razão, o meu motivo para aguentar todos esses anos, ela tornou-se a minha companhia. Eu só a tinha e ela só tinha a mim.

E posso dizer com todas as letras que a única coisa boa que pude tirar desses anos terríveis foi Nessie. Se eu não tivesse sido capturada, talvez ela nunca tivesse nascido, provavelmente eu a teria tirado e não teria conhecido, cuidado, visto crescer essa garotinha tão maravilhosa.

Ela era uma pequena parte minha e de Edward e em todos esses anos de sofrimento, eu pelo menos podia sentir Edward mais perto de mim através dela. Ela tem os mesmos olhos, a mesma cor de cabelo, o mesmo sorriso. É impossível não me sentir confortável na presença dela. Uma por amá-la por ser minha filha e outra por ser também filha do único homem que amei até hoje.

E hoje seis anos depois, sou bem mais madura do que aquela Bella que saiu da lanchonete arrasada por ter terminado com o namorado, tive que amadurecer, Nessie dependia de mim. Hoje eu não sinto raiva de Edward, talvez eu ainda o ame, mas isso não quer dizer que eu gostaria que ele voltasse para minha vida.

Por causa da televisão descobri que Edward conseguiu o que ele queria, ele havia virado um jogador de basquete bem sucedido, tinha conseguido fama, sucesso, dinheiro e no fundo eu fiquei feliz por ele. Às vezes eu choro pensando em como teria sido se eu não tivesse sido capturada, quem sabe ele e eu teríamos tido outra conversa, talvez eu estaria na vida dele nesse momento, talvez eu teria falado da gravidez e Edward teria me convencido a não abortar, talvez Nessie teria uma vida de verdade e não uma vida de fantasia nessa droga de quarto.

É são muitos talvez, mas não existe nenhuma certeza, eu nunca saberei como teria sido, porque essa é a minha realidade. Hoje eu vivo presa dentro de um pequeno quarto, com uma criança de cinco anos de idade que é a minha filha, menti para ela todos esses anos por não saber como explicar essa minha triste história e agora quando tento contar toda verdade a ela, a vejo totalmente arrasada e então me questiono se fiz o correto. Pois é como se eu tivesse quebrado todas as suas fantasias, fantasias das quais eu criei, criei pensando que assim ela sofreria menos, fiz tudo isso apenas para protegê-la, e agora que vejo aqueles olhinhos tristes por não conhecer o mundo percebo o quanto eu estou numa bomba relógio.

Ontem quando vi Nick perto de Nessie quase enlouqueci, eu poderia ter tentado mata-lo, mas assim ela e eu também iriamos morrer de fome, presas naquele lugar por não termos o maldito código que abre a porta, e então eu fui me dando conta do quanto eu estou nas mãos dele e como isso é terrível. É realmente uma bomba relógio, pois a cada ano que Nessie fica mais velha mais eu irei me preocupar, logo eu não vou consegui esconde-la no guarda-roupa, logo Nick ira reparar nela, logo ele irá querer fazer com ela o que faz comigo e se isso acontecer eu sei que irei morrer. Não vou suportar.

Por isso eu decidi tentar explicar para ela, por isso eu quero tanto que ela entenda a realidade, ela precisa saber, ela precisa me ajudar, ela precisa fugir desse maldito lugar.

"...Eu me lembro agora, me leve de volta para onde tudo começou, Mas eu só tenho a mim mesmo pra culpar por isso, e aceito isso agora, É hora de deixar tudo ir, ir para fora e começar de novo, Mas não é fácil...".

Kodaline - High Hopes

Continua...


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Notas finais do capítulo

N/A: COMENTEM E FAVORITEM AI PESSOAL!!!! :) Falem o que acharam, pliz ;)