Sempre ao teu lado escrita por J S Dumont


Capítulo 20
Capitulo 20 - Os últimos dias sem a mamãe


Notas iniciais do capítulo

olá gente, passei do domingo, peço desculpas, eu tive problemas no carregador do meu notebook no fds, e ele só funciona com carregador na tomada, e só arrumei na segunda-feira, mas ai tive monte de fics atrasada para att, então decidi postar hoje na quarta-feira, além do mais tenho que confessar que os numeros de comentários no ultimo capitulo não me agradou muito e decidi esperar um pouco mais para aumentar os comentários, deu uma melhorada, mas ainda senti falta de muita gente, espero que nesse as coisas melhorem mais e os comentários voltem a subir, se sim eu posto domingo agora, então a agilidade da postagem dependerá de vocês ;)
é isso ai espero que gostem, quem está com saudade da visão da nessie? bom teremos que voltar um pouquinho a história, para vermos um pouco da nessie conhecendo o mundo, vendo as coisas, é um capitulo bem fofo, e voltaremos um pouco para leveza da história. mas preparem-se em breve teremos novas emoções, aqui nunca deixamos de ter né?
é isso ai, comentem, favoritem e recomendem, beijos beijos!



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20. Os últimos dias sem a mamãe

Renesmee

Vovó parecia estar muito confusa, ela deve estar achando que eu vi o meu papai de brincadeirinha, mas não foi de brincadeira, foi verdade verdadeira, papai saiu da televisão e estava no lá fora, ele falou comigo, mas parecia bem confuso, eu fico pensando se ele sabia que eu estava falando da mamãe, ou será que ele está pensando que é outra mamãe?

— Do que você estava falando Nessie? Como assim você viu seu pai? – Vovó perguntou para mim, enquanto íamos para casa.

— Eu vi o papai, ele trombou em mim bem forte, eu pensei que era o Nick querendo me pegar para me enterrar, mas ai quando me virei, eu vi que era o meu papai, ele saiu da TV e estava andando no lá fora, só que ai ele sumiu, como magica! – eu expliquei e então fiz bico, será que papai sabia desaparecer e aparecer que nem os mágicos que eu vi na TV? Será que ele também faz coisas aparecerem que nem eu achava que Nick fazia? Mamãe falou que ele comprava, mas Nick não sabia desaparecer que nem o papai, eu acho que o papai poderia fazer aparecer a Dora, a minha cadelinha imaginária.

Vovó de repente me olhou, com olhar confuso, parecido com o do papai, quando lhe contei que ele era meu papai.

— Você pode ter o confundido com outra pessoa! – Vovó me disse.

— Eu confundi não, ele falou que era o Edward, o jogador de basquete e eu sei que os jogadores de basquete jogam bolas na cesta, que nem meu papai faz! – eu falei.

Vovó e eu chegamos em casa, mas vovó não desceu do carro, ficou ainda me olhando com aquela cara confusa. Ela deve estar achando que eu estou mentindo.

— O que você falou para ele? – ela me perguntou.

— Que ele é meu papai, e que a mamãe quebrou as fotos dele e tirou todas do quarto, e que ela tomou remédios ruins porque queria ir para o céu, mas ela não conseguiu, pois os médicos tiraram os remédios da barriga dela! – eu expliquei.

— Ai meu Deus, você falou o nome dela?

— Não, porque na hora que ele me perguntou, você me chamou, ai eu sai correndo para te puxar, para mostrar ele para você, mas ai quando te levei até onde ele estava, ele não estava mais, sumiu como mágica! – eu falei. – mas ele vai voltar vovó, ele vai vir na nossa casa visitar a mamãe...

— Como você sabe? – ela perguntou para mim e eu sorri.

— Porque eu pedi para ele vir visitar a mamãe para ela ficar feliz! – eu disse e sorri.

Vovó então desceu do carro e me ajudou a descer, entramos em casa, e só então vovó continuou a falar:

— Filha, eu já disse que não sabemos se sua mãe vai ficar feliz em rever teu pai! – ela disse para mim.

— Ela vai sim, porque eles já foram namorados, e é por isso que eu comecei a crescer na barriga dela... – eu expliquei, alias como é que a vovó não sabia disso?

— Eu sei, mas faz muito tempo isso... – ela disse.

— Mas fazia muito tempo que mamãe não via você e o vovô, e mesmo assim quando ela viu vocês ela ficou super feliz, tanto que até caiu agua dos olhos dela, e ela disse para mim que as lagrimas eram de felicidade!

— Mas é diferente!

— Não é nada! – eu disse, sentando no sofá, e cruzando os meus braços.

Vovó então suspirou.

— Tá certo, tá certo, vem vamos comer alguma coisa...

Vovó e eu fomos para cozinha, eu sentei a mesa, enquanto vovó esquentava panquecas no micro-ondas, eu gostava de panquecas, e eu comi tudinho, enquanto isso ela voltava me fazer monte de perguntas sobre o meu encontro com o papai, e enquanto eu engolia a panqueca eu respondia todas elas.

Depois fomos para a sala e sentamos no sofá, vovó ligou a TV para mim e logo apareceu o hospital que mamãe e eu estávamos e que ela voltou por ter tomado o remédio ruim, vovó então trocou de canal com o controle e agora eu estava vendo desenho do bob o construtor.

— Iam falar da mamãe, não ia? – perguntei, olhando para vovó.

— Você já sabe como sua mãe está, eu falei que ela melhorou... – vovó disse para mim.

— Mas e se você tiver mentindo? Se tiver falando que ela está bem só de brincadeira? – perguntei para ela.

— Nessie, você confia na vovó não confia? – ela perguntou, eu concordei com a cabeça. –Então vovó não ia mentir para você, a mamãe melhorou...

— E cadê ela? Por que ela não voltou para casa ainda? – perguntei.

— Porque ela precisa ficar mais um tempinho no hospital, até ficar forte suficiente para vir para casa... – vovó disse, sorriu para mim e deu um beijo em meu rosto.

— Quanto tempo? – perguntei.

— Só mais um tempinho! – ela disse, depois ficou calada por um tempinho antes de continuar. - Que tal agora a gente aproveitar e cortar um pouquinho do seu cabelo, já passou muito da cintura não acha? – ela me perguntou, mas eu não entendi.

— Vai doer? – eu perguntei.

— Não, não dói! – ela disse.

— E se eu perder a força que nem o sansão? – eu falei.

— Não vai perder, vamos cortar só um pedacinho... – ela disse.

E então eu concordei com a cabeça, vovó então me levou até o banheiro, ela pegou uma tesoura pontuda de dentro do armário e depois soltou meu cabelo, mexeu nele e cortou um pedacinho dele com a tesoura, na hora eu fechei os olhos bem forte, mas realmente eu não senti nada, é não doía, olhei para baixo e vi um monte pedaço de cabelo meu caindo no chão. Por que furar a gente dói e cortar o cabelo não dói? Aposto que se eu cortasse o dedo ele iria doer!

— Vovó por que não dói quando a gente corta o cabelo? – perguntei para ela.

— Porque o cabelo aqui embaixo filha são células mortas... – ela disse, enquanto passava a mão no meu cabelo. – O que está vivo é só o que está aqui em cima, na raiz...

Eu fiquei confusa.

— Meu cabelo está morto? – eu perguntei.

— É, mais ou menos isso! – ela disse, mas eu não entendi direito, eu vivo com algo morto na minha cabeça? Mas antes de eu perguntar para vovó, ela já trocou de assunto. – Que tal amanhã comprarmos um guarda roupa para você?

— Tem o da mamãe! – eu disse, virando-me para vovó.

— Mas agora você vai ter o seu quarto, o quarto de visita vai ser seu, vamos decorá-lo como você quiser, vai ser um quarto lindo de princesa!

— Mamãe vai poder dormir lá? – perguntei.

— Não, mamãe vai dormir no quarto dela, as mamães dormem nos seus quartos e os filhos dormem em outro... – ela disse.

— É por isso que você dorme no quarto com vovô? – perguntei.

— É, quando somos casadas dormimos no quarto com nossos maridos... – ela disse.

— Então se mamãe casar com o meu papai, eles vão dormir em um quarto, que nem você e o vovô... – eu disse, e vovó contorceu sua boca.

— Sim, mas... – ela dizia.

— Então eu quero um quarto, vou aprender dormir sozinha, para quando mamãe casar com o papai eu já vou estar dormindo no meu quarto! – eu falei, sorrindo.

— Nessie... – vovó começou, mas depois soltou um suspiro. – Está bem, vem! – ela disse, e então pegou o cabelo do chão e jogou no balde de lixo. – Vai para sala brincar mais um pouco, enquanto eu faço a janta!

Enquanto vovó fazia janta eu ficava penteando o cabelo de uma das minhas bonecas, e assistia o bob o construtor. Na janta eu comi peixe, e depois vovó deixou que eu dormisse no quarto com ela e com vovô.

Vovô chegou bem tarde em casa, e depois nos contou que mamãe já está melhor, isso é bom porque quer dizer que ela não vai para o céu e que vai voltar logo para casa, espero que o papai não demore também para nos visitar.

Novamente eu tive que dormir no colchão, ouvi durante a noite vovô fazer barulho, era um barulho parecido com que eu já havia escutado quando dormia no guarda-roupa, eu sabia que o barulho era de Nick, porque mamãe nunca fazia ele quando dormíamos juntas.

Eu fiquei contando e contando até apagar.

+++

Assim que acordei, vovó, vovô e eu tomamos café, comi o meu cereal favorito de bolinha de chocolate e vovó disse que hoje iriamos sair, ela parecia feliz, disse que compraríamos um guarda-roupa só para mim, eu nunca tive um guarda-roupa só para mim, mamãe sempre misturava as minhas coisas com as dela, será que eu poderia dormir dentro dele quando eu quisesse?

Vovô não ia com nós, vovó disse que ele ia tirar as coisas do quarto de visitas e montar uma cama nova lá dentro. Então assim que tomamos café, ela me vestiu com um dos meus vestidos novos, prendeu meu cabelo num rabo de cavalo e entramos no carro do vovô, e enquanto ela dirigia eu ia olhando o lá fora pela janela, vovó me falou que a cama que ele ia colocar no meu novo quarto era da mamãe quando ela tinha o meu tamanho, eu gostei, pois pelo menos eu ia sentir o cheirinho dela dentro do meu quarto novo.

Vovó parou o carro em frente a uma casa que tinha um vidro, que dava para ver lá dentro, ela era diferente, pois quando entramos lá dentro tinha moveis repetidos, varias camas, vários guarda-roupas, varias estantes. Por que os moveis são repetidos?

— Tem muitas pessoas que moram aqui? – perguntei para vovó enquanto observava ela olhar os moveis.

— Ninguém mora aqui Nessie! – vovó me falou.

— Mas então quem dorme nessas camas? Quem usa esses guarda-roupas? – perguntei.

— Eles estão para vender e não para alguém usar! – ela disse.

Um homem se aproximou de nós, eu segurei na vovó enquanto eu o ouvia falar com ela, ele levou nós até os guarda-roupas, começou a abri-los e mostrar para vovó, eu cansei de esperar, então sentei numa cama que vovó disse que não era de ninguém, ainda fiquei ali um tempão até minha vó me puxar para o final da casa.

Tinha outras pessoas que ficavam ali dentro, elas usavam roupas parecidas com a do homem que falava com a vovó, essas pessoas falavam com outras e estavam perto dos moveis, depois que vovó ficou um tempão falando com outra mulher que ficava atrás de um balcão, vovó me puxou pelo braço para sairmos de lá de dentro.

— Você viu seu novo guarda-roupa Nessie, ele é lindo, não é? – vovó falou para mim.

— Aquele guarda roupa que você estava olhando é meu? – perguntei.

— Sim, eles vão entregar em casa amanhã! – ela disse.

— Por que eles deram para você? Eles não querem mais? – perguntei.

— Não, eu comprei, eu passei meu cartão de crédito! – ela disse.

— Se você dá um cartão para eles, eles dão coisas para você? – eu disse.          

— É mais ou menos isso, isso se chama compras! Para termos nossas coisas, precisamos compra-las, e foi o que fizemos hoje! – vovó disse, saímos da loja e então ela abriu a porta do carro e eu entrei, ela colocou o cinto de segurança em mim e depois entrou no carro, sentando no banco do motorista, enquanto ela dirigia de novo, fiquei observando as coisas passarem bem rápido pelos meus olhos, vovó dirigia rápido, porque tudo estava passando correndo, um carro passou pelo nosso lado e eu vi uma pessoa menino lá dentro, ele me olhou e acenou para mim e sorriu.

— Vovó porque aquele menino acenou para mim? – perguntei para vovó.

— Que menino? – ela perguntou.

— Naquele carro preto! – eu disse.

— Bom, ele pode ter acenado porque quer ser seu amigo... – ela falou.

Mas como vou ser amigo dele se não sei se vou vê-lo de novo?

Quando chegarmos em casa, vovô não estava mais, vovó me levou até o novo quarto que será meu, e já tinha uma cama branca lá e uma cômoda, mas não tinha mais nada, vovó disse que ia colocar os meus brinquedos lá dentro.

Durante a tarde, eu fui no lá fora, eu fiquei me balançando na rede, enquanto vovó me observava, sentada no banco, eu fiquei observando aquele céu azul bem grandão e então lembrei da mamãe, ela tinha me dito que íamos nos balançar na rede juntas e observar as estrelas, mas ela não estava aqui agora.

—Mamãe ainda não voltou! – falei para vovó.

— Ela vai voltar em breve Nessie! – disse ela.

— Ela tem que voltar antes do papai... – eu falei, mas vovó não me respondeu, acho que a vovó pensa que nem a mamãe e acha que papai não vai sair da TV, mas eu sei que vai, porque ele saiu uma vez e pode sair de novo.

+++

            Vovó me acordou logo cedo no dia seguinte, vovô foi cedo para o hospital ver a mamãe, já vovó foi limpar meu novo quarto, ela já tinha tirado os meus brinquedos da sala e levado para o corredor lá em cima. Para eu brincar, ela havia me dado folhas com desenhos já prontos e lápis de cor para eu pintar, eu achei legal, já que quando eu vivia no quarto, eu tinha que fazer meus próprios desenhos, agora não, eu só precisava pintar eles.

Eu estava pintando uma sereia, quando ouvi barulho de campainha, vovó desceu as escadas e foi em direção á cozinha para abrir a porta, eu continuei pintando até que comecei a escutar vozes, vovó estava falando com algum homem, até que não demorou muito para eu ouvir alguém falar comigo:

— Oi... – ele disse, aproximando-se de mim, eu levantei o rosto bem rapidão e ao ver quem era eu sorri. Novamente era o papai, ele estava ali, na minha frente, de verdade, eu sabia que ele iria aparecer de novo.

— Papai, você veio! – eu disse sorrindo, vi que papai estava com os olhinhos brilhando, que nem quando mamãe viu vovô e vovó, mas eu já aprendi que ás vezes os olhos enchem de lagrimas quando estamos felizes. Foi então que eu me lembrei de uma coisa, papai venho antes da hora, não tinha como ele ver a mamãe hoje. – Mamãe não saiu do hospital ainda! – eu falei.

— É eu sei...  – ele disse sentando-se no chão, em frente a mim e a mesa de centro que eu estava usando como mesa para desenhar, ele colocou uma sacola no chão e ficou me olhando e me olhando, da mesma forma que a minha mãe ás vezes me olhava, eu lembrei-me do dia do tapete, quando mamãe foi me embrulhar com o tapete, ela ficou um tempinho olhando eu assim, e eu não gostei de me lembrar disso, pois me faz lembrar Nick, e ao me lembrar de Nick eu sinto vontade de chorar. – Mas ela vai voltar logo... – ele disse depois de um tempinho em silencio.

— Já tiraram os remédios da barriga dela... – eu falei, voltei a pintar para não ficar observando o jeito que papai me olha. – Ela queria ir para o céu, mas Deus não quis leva-la, então ela vai ter que continuar aqui comigo e agora com você também, papai ela estava enganada, ela me disse que você não ia sair da TV! – eu expliquei, e então voltei a olhá-lo, me lembrando de algumas coisas. – Ela disse que era para eu esquecer o que ela tinha dito!

— E o que ela tinha te dito? – ele perguntou.

— Que você é meu papai... Ela me contou quando ainda vivíamos no quarto... – eu falei.

— Como ela te contou que eu sou seu pai? – ele me perguntou.

— Lá no quarto onde Nick nos prendia, tinha uma televisão e mamãe sempre assistia os seus jogos... – eu fui contando para ele.

— Ela me assistia?

— Sim, ai um dia ela disse que você era lindo, mas eu não sabia o que isso significava, depois ela me contou que você era o meu papai, pois ela namorou você antes de ser presa pelo Nick, e quando ela foi presa eu já morava na barriga dela, ai eu fiquei também te assistindo na TV, mas eu achava chato porque você nunca nos visitava no quarto, só quem aparecia lá era o Nick, mas ele não era o meu pai, ele era mal, ele um dia machucou a mamãe, e também foi ele que deixou o pulso dela ruim... – eu disse e então percebi que os olhinhos do papai estavam todos molhados – Você está chorando, não chora, mamãe disse que as lágrimas podem acabar quando a gente chora...

Ele passou a mão em cima das lagrimas, sorriu para mim e passou a mão nos meus cabelos, deixando-me feliz, ele pelo menos tinha parado de chorar.

— É... Eu comprei um presente para você! – ele disse entregando-me um presente, eu estava começando a gostar de ganhar presentes, já tinha ganhado um montão. Eu tirei do embrulho e logo vi o que era.

— Legal outra boneca, aqui nesse mundo a gente ganha um montão de presentes, quando vivia no quarto eu só ganhei uma boneca do Nick, depois eu arranquei a cabeça dela com raiva, porque mamãe vivia triste por culpa dele! – eu disse.

— Eu vou te dar vários presentes agora, papai dão vários presentes aos filhos...

— Você vai me dar a Dora?

— Como assim?

— Um cachorro menina, quer dizer, mamãe me ensinou que se chama cadela, eu sempre quis um, mas mamãe dizia que não podíamos ter uma cadela no quarto, porque ele era pequeno e ai ela nunca pediu para o Nick de presente de domingo, agora que não vivemos mais no quarto, mamãe disse que podemos ter um... – eu disse, ele sorriu para mim.

— Eu vou te dar uma cadela! – ele falou, me deixando muito feliz, tanto que eu levantei e aproximei rapidamente do papai.

— LEGAL! – eu disse dando-lhe um abraço. – Obrigada papai, viu mamãe estava errada você consegue sair da televisão...

— É o papai consegue... – ele falou bem baixinho.

— Quando saímos do quarto e viemos para casa da vovó, mamãe e eu fomos para o quarto dela e lá tinha um montão de fotos suas grudadas na parede, ela quebrou uma delas e mandou a vovó tirar todas, depois ela me disse que era para eu esquecer você, pois você não ia aparecer, pois fica muito tempo jogando as bolas na cesta... – eu fui contando para ele.

— Ela estava errada, pois eu estou aqui, certo? Sempre vou ter tempo para vocês... – ele falou.

— Então quando mamãe sair do hospital e ver que você tem tempo para nós ela vai ficar muito alegre, e não vai querer nunca mais voltar para o céu! – eu disse sorridente, eu já queria contar para mamãe que papai apareceu, pois mesmo que vovó fale que não, eu sei que mamãe vai ficar feliz, que nem quando ás vezes o assistia na televisão, porque tinha outras que ela ficava era triste, mas eu sei que era porque ela sentia saudade do lá fora.

Ele me deu um beijo na testa e levantou-se do chão.

— Eu tenho que ir, mas eu volto quando sua mãe voltar para casa, para vê-la também! – ele disse fazendo-me sorrir.

Ele então vai vim mesmo visitar a mamãe.

— Obrigada papai! – eu disse e papai me deu outro abraço, era quentinho, quando ele me soltou eu voltei a sentar novamente no chão e comecei a pintar, bem que eu queria que mamãe falasse na minha cabeça, que nem quando eu estava fugindo da picape do Nick, se conseguíssemos conversar pela mente, eu poderia contar para ela que papai saiu da TV, mas como ela não me responde, vou ter que esperar ela voltar.

+++

Quando terminei de pintar, percebi que estava tudo silencioso, acho que papai parou de falar com a vovó e voltou para a TV. Pois logo vovó entrou na sala, eu percebi que ela sorria, mas seus olhos estavam molhados.

Ela sentou no sofá, então eu levantei-me do chão e me aproximei dela, sorrindo também.

— Não é que seu papai apareceu mesmo? – ela disse para mim.

— Eu não disse vovó que ele ia voltar! – eu falei. – Ele vai vim ver a mamãe... – eu disse, sentando ao lado dela;

— Mas pode demorar um pouquinho, então você vai ter que ter paciência...

— Por que vai demorar? – eu perguntei.

— Sua mamãe ainda está muito sensível, e ver teu papai vai ser uma emoção enorme, temos que ter paciência! – ela disse.

— Eu queria que fosse logo, eu queria que papai viesse morar aqui conosco! – eu disse, e vovó então deu risada.

— Se um dia sua mãe casar com seu pai, eles provavelmente não vão morar aqui...

— E aonde eles vão morar? – perguntei.

— Vocês três vão morar na casa dele, que deve ser bem maior do que essa... – ela falou

— Ai eu vou me perder lá dentro, vou precisar de um mapa, isso se a casa dele tiver no mapa, porque o quarto do Nick não estava no mapa! – eu falei, e então vovó riu e me deu um beijo no rosto. – Mas se mamãe, papai e eu morar na casa dele aonde você vai morar? – perguntei.

— Vou continuar aqui, com seu vovô e vou visita-los todo fim de semana, se não vou morrer de saudades de você! – ela disse e então me abraçou. - Você quer muito que seu pai e sua mãe fiquem juntos não é? – ela perguntou para mim.

— Sim, sim ai eu vou ter duas mamães! – eu falei e ela deu um sorrisão.

— Vou te contar um segredo... – ela disse, então olhei para ela, vi que havia um sorriso no rosto dela bem parecido com o sorriso da mamãe e isso me deixou feliz. – Eu também quero que eles fiquem juntos, e eu acho que sua mãe ficaria muito feliz se eles voltassem a namorar...

— Verdade? – perguntei, sorridente.

— Sim, mas é nosso segredo, não fala que te falei isso para sua mamãe, vamos esperar quando seu papai voltar daqui uns dias, ou semanas, como que vai ser... Só que você tem que ter paciência!

— Que é ter paciência? – perguntei.

— É esperar, porque não quer dizer que eles já ficar felizes logo que se verem, tudo leva um tempo, as vezes vai demorar um pouquinho para eles voltarem a ser amigos, voltarem a namorar, então Nessie, vamos ter que esperar!

— É vamos esperar! – eu disse, então vovó ligou a televisão e colocou nos desenhos, eu fiquei feliz ao ver que estava passando Dora.

Legal! Mesmo sem a mamãe eu estava tendo um ótimo dia.

+++

Durante a tarde o meu guarda-roupa novo chegou, um homem venho trazer ele. Assim que o vi eu percebi que ele não chegou como eu havia visto na casa de moveis, ele estava todo coberto por papelão e estava pequenininho, não estava grandão como eu havia visto.

Vovó disse que era porque ele estava desmontado, e iria vir outro homem montar, mas ele não ia vir hoje, só amanhã, então vovó me falou que íamos sair novamente no mundo, ela ia me comprar mais roupas, e também roupas para mamãe.

Fomos de carro até o que vovó falou que se chama shopping, ele era grandão como um prédio, só que mais largo, vovó parou o carro num lugar onde tinha um montão de carros parados, ela disse que era o estacionamento, entramos por uma porta enorme e vi que estávamos num lugar grandão, na frente tinha uma escada onde os degraus andavam sozinhos como se fosse mágica, dos lados tinham varias coisas presas em um vidro, mas logo depois eu vi que tinha uma porta, então dava para entrarmos lá dentro se quiséssemos, aproximei-me rapidamente de um deles, e observei pelo vidro vários tênis um do lado do outro, de varias cores e tamanhos, na porta que havia um lado, tinha uma mulher parada, ela olhava para gente e sorria, eu acenei para ela e sorri e ela acenou de volta para mim.

— Por que tem vários tênis um do lado do outro? – perguntei para vovó.

— É para as pessoas verem, para comprar se quiser... – ela respondeu.

— E para comprar a gente precisa dar um papelzinho ou um cartão? – perguntei para ela.

— É mais ou menos isso! – ela disse, pegando minha mão e começando a me puxar em direção a escada que os degraus anda sozinho. Parei em frente a ela, mas fiquei com medo de subir.

— Vovó se eu cair dessa escada ai? – perguntei para ela. – Ela se mexe sozinha...

Vovó deu risada.

— É uma escada rolante, você não vai cair eu vou te segurar vem... – ela disse.

Esperei aparecer um novo degrau e antes dele começar a andar, eu subi nele, vovó também subiu, o degrau foi subindo e começamos então a subir com ele, fiquei olhando tudo ficar mais pequeno, até chegarmos em um novo lugar, o lá em cima, agora nesse também tinha coisas presas no vidro, mas depois de cada porta as outras coisas eram diferentes, eu me aproximei de uma onde tinha bonecos sem rostos, todo branco, vestidos com roupas de gente, não era roupas de boneca o que era estranho, alguns desses bonecos sem rostos tinham cabelo, coloquei minhas mãos no vidro, e fiquei pensando se alguém poderia comprar um boneco desse para mim.

— Vovó, vovó, você pode me dar um papelzinho para eu levar esse boneco grande para mim? – perguntei apontando para o boneco sem rosto.

Vovó deu risada.

— Nessie, esse boneco não está á venda, só a roupa que ele está usando... – ela falou.

— Então porque ela está no vidro? – perguntei.

— Para as pessoas poderem ver a roupa que ele está usando, esse boneco se chama manequim! – ela disse sorrindo para mim.  – olha lá, uma loja infantil vem!

Vovó me puxou para um novo vidro, lá tinha bonecos também, só que menores, e com roupas pequenas que nem eu, vovó passou pela porta e logo uma mulher aproximou-se de nós ela era loira e bem alta, olhou para mim e sorriu.

— Mais que menininha linda! – ela disse. – Venho comprar roupas novas?

Abanei a cabeça, afinal,não era eu que ia comprar, não tenho papelzinho e nem cartão, só quem tem é a vovó então era ela que ia comprar.

— Não? – ela perguntou.

— Não, é a vovó que vai comprar! – eu disse.

— Ah sim! – ela olhou para vovó. – E então, posso ajuda-las? – ela perguntou.

Vovó me puxou até um balcão, e a mulher foi pegando um monte de roupas do meu tamanho, eu nunca tinha visto tantas antes, eram vestidos, calças, saias, blusas, e vovó foi pegando e pegando e perguntando se eu gostava, eu dizia que sim, e vovó depois de pegar um montão de roupas, me levou para um lugar onde tinha um pano preto, ela puxou para o lado e vimos um lugar pequenininho, com um espelho, vovó me puxou para dentro dele e puxou novamente o pano nos tampando lá dentro, lembrei de quando eu brincava de casinha no quarto e pegava cadeiras e colocava o cobertor por cima delas, lá ficava apertado, escuro e quentinho, eu adorava.

— Vem, vamos vestir algumas das roupas para ver se fica legal! – vovó falou para mim.

Vovó então me ajudou a tirar a roupa, e me vestiu outra, depois outra, depois outra, e eu comecei a cansar de brincar de trocar de roupa, eu pedi para vovó para pararmos de tirar roupa e colocar outra, vovó concordou, ela então me vestiu com a roupa que eu estava e ela abriu o pano preto para sairmos de lá de dentro.

Vovó voltou para o balcão e ficou falando com a mulher, vi que ela deu um cartão para ela, era o cartão para conseguir levar as coisas, é o que vovó e mamãe chamam de comprar, e então eu pensei, quando será que eu vou ter um desses?

A mulher colocou as roupas dentro de uma sacola e deu para vovó e saímos de lá e fomos para outra porta, a que entramos, eram dos bonecos grandes, mas ali ninguém foi ao pano preto para trocar de roupa, vovó disse que era porque era para mamãe e mamãe não estava com a gente então não tinha como ela vestir, mamãe estava no hospital com Dr. Clay, será que estão enfiando agulhas nela e lhe dando pirulitos logo depois?

Vovó pegou algumas roupas e dessa vez não entregou o cartão e sim o papelzinho, depois achei que íamos embora, mas vovó antes me levou para outro lugar, agora onde fomos tinha mesa, vovó me explicou que era praça de alimentação, lá havia fotos de hamburguers e pratos de comida por todo canto, vovó me levou até um balcão, onde tinha fotos de hambuguers, ela pediu o hamburguer para o homem e também batatas fritas e suco de laranja, eu adoro batatas fritas e já pensava que iria comer um montão, mas tivemos que esperar e então sentamos numa mesa próxima daquele balcão, ficamos um tempinho ali até o homem nos trazer uma bandeja com hambúrguer e batatas fritas, eu o comi todinho e bebi meu suco de laranja e comi também as batatas-fritas, se mamãe tivesse aqui falaria que eu estou com olho gordo, pois eu comi mesmo até minha barriga doer de tão cheia.

— Você gostou do shopping Nessie? – vovó perguntou para mim.

— Sim, sim pena que eu não pude levar o manequim! – eu disse, eu queria um boneco também sem rosto que nem tem nos vidros do shopping.

— É, mas compramos um monte de roupas bonitas! – ela disse, e então eu fiquei olhando para o lá fora, pela janela.

+++

Eu ainda não podia dormir no meu quarto, vovó disse que ainda estava o arrumando, eu achei bom, porque eu estava com medo, eu preferia dormir com a mamãe, mas eu sabia que precisava aprender dormir sozinha, pois quando mamãe e papai forem morar juntos, eu tenho que dormir no meu quarto, só que não vai ser esse quarto, vai ser um quarto na casa do papai.

— Vovó quando eu dormir no outro quarto da outra casa eu vou poder levar a Dora comigo? – perguntei para vovó, estávamos no quarto dela e vovó estava colocando um pano no meu colchão, para que eu pudesse dormir nele.

— Quem é Dora? – minha vovó perguntou.

— A minha cadelinha! – respondi subindo na cama dela.

— Mas você ainda não tem cachorro!

— Papai vai me dar um, quando eu for morar na casa do papai, eu vou poder levar ela? – perguntei, começando a pular na cama dela.

— Sim, se ele te der é claro que você vai poder levar... – ela respondeu, eu dei risada e continuei pulando alto e alto.

— Nessie, desce dai! – ela pediu, pegando-me no colo e me colocando num chão, eu resmunguei, eu queria pular mais alto. – E então... Que tal você dormir um pouquinho?

Eu então sentei no colchão, não estava com muito sono, mas era a hora de dormir, que nem quando mamãe me colocava no guarda-roupa.

— Eu vou ligar para seu vô para ver se ele vai demorar para chegar, já venho! – vovó falou para mim.

Deitei no colchão e comecei a olhar para o teto do quarto, fechei os olhos e então pensei na mamãe, ela vai ficar feliz quando ver as novas roupas dela e mais feliz ainda por saber que papai venho me visitar e que vai voltar quando ela sair do hospital, eu sorri bastante ao pensar no papai e na mamãe e em mim, todos juntos, como as famílias das novelas que mamãe assistia no quarto.

 Agora não somos mais em duas, mais sim em três, na verdade em cinco se contar vovó e o vovô. Abri os olhos sorrindo.

— Éramos duas, depois viramos quatro com vovô e vovó, agora somos cinco com papai, e logo seremos seis com a Dora! – eu falei e então me lembrei da oração que mamãe me ensinou. – Meu anjo da guarda, minha doce companhia, não me desampare nem de noite e nem de dia, amém!

Fechei os olhos novamente e logo apaguei.

+++

Assim que amanheceu vovô e vovó tomaram café da manhã comigo, e enquanto eu comia rosquinhas eu explicava para vovô o que vi no shopping.

—... E lá tinha uma escada que anda sozinha, e tem monte de vidros com coisas dentro, eu achei que elas estavam presas mais não estavam, pois tinha uma porta e dava para nós entrarmos lá, nos vidros também tinham bonecos sem olho, sem nariz, sem boca, eles ficam parados assim... – ai eu me levantei e virei estatua para vovô entender. Ele então deu risada.

— É eles são feios né, não tem rostos... – ele disse.

— É eles são todos brancos, mas usam roupas de gente! – eu expliquei. – Eu queria trazer um, mas vovó disse que não estava a venda!

— E que tal hoje você ficar comigo? Vovó vai visitar sua mamãe! – ele disse para mim, eu sorri e concordei com a cabeça.

Legal, hoje é dia de ficar com o vovô.

+++

Logo eu vou dormir no meu quarto, e estou com medo disso, sei que preciso dormir lá para quando mamãe e papai morarem juntos poderem dormir em um quarto como vovó e vovô, porque pessoas quando se casam tem que dividir o mesmo quarto, ainda não sei porque disso, mas acho que é mania de gente grande.

Enquanto vovô e eu assistíamos televisão, a vovó foi visitar a mamãe, vovô falava sobre eu dormir no meu quarto, ele me disse que eu não tinha que ter medo, pois não existe bicho papão, eu sei que não existe, pois nunca nenhum bicho papão apareceu dentro do meu guarda-roupa, mas ás vezes eu acho que se eu pudesse dormir no guarda-roupa seria menos assustador. Ali é mais pequeno e mais quentinho.

Não demorou muito tempo para um homem vir em casa montar o meu guarda-roupa e vovó também comprou um monte de decoração infantil, agora eu tinha a Dora na minha parede e isso sim gostei de montão.

Eu queria que mamãe tivesse aqui, eu queria que ela pudesse ver meu quarto e ver a boneca que papai me deu, não dá certo conversar com ela pela minha cabeça, pois ela nunca me responde, eu gosto de ficar com vovó e vovô, mas eu queria também ficar com a mamãe e com papai.

Eu estava no meu novo quarto, penteando o cabelo da boneca que papai me deu, estava ficando bem bonito, mas lembrei da mamãe e meus olhos ficaram molhados. Vovó estava na porta do meu quarto e me viu, ela então se aproximou.

— Você está triste? – vovó perguntou para mim.

— Eu estou com saudades da mamãe, eu quero que ela volte agora! – eu falei.

— Ah Nessie não é assim!

— Ela não tinha que ter tentado ir para o céu, ela já tá agora no hospital um tempão e sem mim! – eu disse, olhando para o chão e fazendo bico.

— Bom, seu vovô está indo para o hospital, quem sabe ele volte com boas noticias? – ela falou e então sorriu para mim e me deu um beijo no rosto. – Que tal a gente comer alguma coisa?

Vovó com certeza ia arrumar alguma coisa para eu comer e comer, até minha barriga parecer que vai explodir.

Enquanto vovó me dava um pedaço de bolo para comer, o telefone fez “prim prim” que é quando sabemos que tem outra pessoa na linha, vovó foi atender e continuei comendo o bolo, ele é de chocolate e tem uns negocinhos branquinho em cima mamãe uma vez me disse o nome do que era, mas eu esqueci.

— Nessie, vem atender o telefone! – ouvi vovó gritar, eu desci da cadeira e fui até o telefone, eu tinha que colocar aquele troço no ouvido, colocando dá para ouvir a voz da pessoa que está do outro lado, como se fosse mágica.

Peguei o telefone e fiz isso, será que papai saiu da TV e agora está dentro do telefone?

— Fala alguma coisa Nessie! – vovó mandou.

Eu pensei em falar papai, mas ai me lembrei que vovó quando sempre atende fala “alô” é um tipo de cumprimento, que só se fala quando estamos com o telefone no ouvido.

— Alô? – eu falei.

Então eu ouvi a voz, não é do papai e sim da mamãe.

— Alô? Nessie? Como que você está? – eu não consegui responder ela. – Nessie? Nessie?

— Mãe... – a voz saiu finalmente.

— Oi Nessie...

— Volta logo! – eu pedi, e escutei mamãe suspirar.

— Mamãe vai voltar logo, só precisa esperar mais um pouquinho... – ela disse.

Mas eu não queria esperar um pouquinho, eu já tinha esperado um montão.

— Não! Volta agora! – ela disse.

— Nessie, mamãe não pode, você precisa esperar só mais um pouco e...

— Não, eu quero agora, eu decido por nós duas! – eu disse e coloquei o telefone no lugar e sai correndo.

— Nessie! – ouvi vovó gritar.

Subi as escadas bem rápido, ouvi o barulho dos meus pés batendo no degrau, pá pá, e entrei no meu novo quarto e me joguei na cama e abracei o travesseiro, não quero esperar mais a mamãe voltar, ela está demorando um montão de tempo.

— Nessie? – vovó me chamou, senti que ela sentou na cama, próximo de mim. – Por que você falou assim com sua mãe?

Eu olhei para vovó.

— Eu quero que a mamãe volte! – eu falei.

— Mas mamãe vai voltar logo...

— Ela me mandou esperar, mas eu já esperei, não quero ficar mais esperando, esperar é ruim! – eu disse.

— Filha, por favor, não fala assim com sua mãe, olhe eu não quero que quando sua mãe voltar você fique brigando com ela, pois ela já está triste por ter tomado remédio ruim e ainda ela vai se sentir mais triste se você ficar brigando com ela por causa disso, nós não queremos mais que sua mãe fique triste, não é? – vovó perguntou, eu abanei a cabeça. – Você me promete que vai tratar sua mãe bem? – ela me perguntou.

Então eu sorri e concordei com a cabeça.

— Isso ai, boa menina! – ela disse, e então me deu um beijo no rosto, eu o senti ficar molhado.

+++

Hoje, era a primeira noite que eu tive que dormir no meu quarto, mas antes de dormir vovó ficou comigo um tempão no quarto, dormir ali era diferente do que dormir no colchão, era mais gostoso, mais quente, mais era esquisito. Ela me perguntou se eu queria que ela ficasse ali até que eu dormisse, mas eu sabia que ia demorar então disse que não.

— Se precisar de mim é só me chamar, tá bom? – vovó falou.

— Tudo bem! – eu disse.

Vovó deixou a luz do corredor acesa e a porta entreaberta, assim entrava uma luzinha no quarto, eu fiquei olhando o quarto todo, as paredes com desenhos grudados, a parede da cor vermelha, os brinquedos que ganhei, e então comecei “um, dois, três, quatro” e fui contando e contando. Depois eu parei ao me lembrar do menino Jesus, e fiz a oração para ele. Depois fiquei pensando na mamãe, no papai, em mim, e na Dora, imaginei todos nós num parque brincando, o sol querendo queimar nosso rosto, mas estamos protegidos com protetor solar, nos sentados na grama e sendo pinicado por ela, a Dora correndo e latindo, e abanando o rabinho para mostrar o quanto está alegre. Eu sorri, mamãe tem que voltar logo, papai tem que me dar a Dora e ai vamos ser felizes para sempre.

E demorou um pouco para eu apagar de vez.

Continua...


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Notas finais do capítulo

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